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Toda galinha foi um ovo,
todo carvalho foi uma semente,
todo sapo, um girino.
O bolor naquele pedaço de pão
no fundo da sua geladeira,
não muito tempo atrás, foi uma célula solitária.
Mesmo você foi antes nada mais do que um brilho
nos olhos de seus pais.
Todos estes organismos compartilham
o mesmo objetivo básico:
perpetuar a sua existência.
Todas as formas de vida que descobrimos até agora
sobrevivem utilizando,
basicamente, as mesmas regras, materiais e mecanismos.
Imagine uma fábrica cheia de robôs.
Estes robôs têm duas missões:
1) manter a fábrica funcionando,
2) na hora certa,
montar uma nova fábrica.
Para fazer isso,
eles precisam de instruções de montagem,
matérias-primas,
bastante energia,
algumas regras sobre quando trabalhar normalmente,
quando trabalhar mais rápido,
ou quando parar,
e algumas moedas de troca,
porque mesmo robôs precisam ser pagos.
Cada fábrica tem um escritório de alta segurança, com diagramas
para todas as possíveis configurações da fábrica
e um conjunto completo de instruções
para fazer todos os diferentes tipos de robôs
que uma fábrica possa precisar.
Robôs especiais fotocopiam estas instruções
e as enviam
para ajudar a fazer partes de mais robôs.
Seus colegas juntam estas partes
em mais robôs,
que são transportados
para a localização correta na fábrica
e recebem as ferramentas que eles precisam para começar a trabalhar.
Cada robô extrai energia
da estação de energia central,
uma fornalha gigante que pode queimar combustível normal,
e também sucata,
se não há combustível normal suficiente.
Certas zonas na fábrica
têm condições severas de trabalho,
assim elas são muradas.
Mas os robôs dentro dela podem, ao menos, se comunicar
com o resto da fábrica,
através de portais especializados
embutidos diretamente nas paredes.
E como você provavelmente descobriu,
o que estamos descrevendo aqui
é uma célula.
O escritório de alta segurança é o núcleo.
Ele armazena os diagramas e as instruções
como ácido desoxirribonucléico ou DNA.
As instruções fotocopiadas são RNA.
Os robôs são, em sua maioria, proteínas
construídas a partir de aminoácidos,
mas eles frequentemente usarão ferramentas especiais
que são vitaminas e minerais
ou derivados.
As paredes entre as zonas da fábrica,
e em torno dela própria,
são em sua maioria feita de lipídios,
conhecidos também como gorduras.
Na maioria dos organismos,
a fonte primária de combustível são açúcares,
mas com um beliscão,
gorduras e proteínas podem ser quebradas
e queimadas na fornalha também.
Os portais são proteínas da membrana
que permitem que materiais e informações específicas
passem através de paredes nas horas certas.
Muitas interações entre robôs-proteínas
requerem algum tipo de estímulo,
pense como se fosse um salário mínimo de robô.
Algumas pequenas mas cruciais formas de dinheiro
são transferidas entre proteínas
para dar esse estímulo.
Elétrons, prótons, oxigênio e grupos fosfato
são as principais moedas químicas,
e são mantidas em pequenas carteiras moleculares
ou sacolas maiores para mantê-las seguras.
Isso é bioquímica,
o estudo de como cada parte da fábrica
interage para manter a sua vida andando sem problemas
frente a desafios extremos.
Talvez haja muito combustível;
seu corpo armazenará o excesso como glicogênio ou gordura.
Talvez não haja suficiente;
seu corpo usará estas reservas de energia.
Talvez um vírus ou bactéria tente invadir;
seu corpo mobilizará o sistema imunológico.
Talvez você tenha tocado algo quente ou cortante;
seus nervos irão te avisar para que você pare.
Talvez seja hora de criar uma nova célula
ou uma nova pessoa.
Incrivelmente, carvalhos, galinhas, sapos,
e, sim, mesmo você,
compartilham tanto do mesmo
robô básico e projeto de fábrica,
que bioquímicos podem aprender muito
sobre todos eles
ao mesmo tempo.