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Com o pior ver�o perto do fim, em 1305, parecia o mesmo com a hist�ria da coroa escocesa.
Edward I, rei da Inglaterra, o legislador, o martelo dos escoceses,
n�o pode ser perdoado por pensar que o reino da Esc�cia estava morto.
William Wallace certamente estava. Virou comida de corvo.
Quanto ao rei da Esc�cia, John Balliol, sua situa��o n�o era muito melhor.
Um homem ausente, exilado na Fran�a, falido e surrado.
Se a coroa pertencia a ele ou n�o, pouco importava. Ele n�o era capaz de us�-la.
Edward era um jogador de xadrez nato, estava preocupado com o xeque-mate.
Sim, a Esc�cia j� era.
3� Epis�dio - Bispo fazedor de rei
Transcripted by Nephilim
Em 1305, a Esc�cia lutava h� 9 anos pela sua independ�ncia da Inglaterra.
Edward I assegurou importantes vit�rias.
Ele havia expulso o rei da Esc�cia, John Balliol, com desonra m�xima.
Ele capturou e eliminou o maior l�der militar escoc�s, William Wallace.
Com crueldade m�xima.
Havia alguns focos de resist�ncia, mas insignificantes.
Nada para se preocupar.
Trabalho concretizado, Edward era o dono da Esc�cia.
O suficiente para o punho de a�o, que agora cal�aria a luva de veludo.
Em 1305, Edward definiu o que queria sobre a domina��o final da Esc�cia.
E ele fugiu �s suas caracter�sticas, visitando um a um, gentilmente.
Edward fez acordos com todos os l�deres da Esc�cia.
Permitiu aos nobres escoceses manter suas terras, contanto que jurassem fidelidade ao rei.
Tamb�m fez acordos com os bispos.
Mas dois desses bispos seriam o bastante para restaurar a coroa escocesa.
Bispo William Lamberton de Saint Andrews, era um estrategista e intelectual.
E o bispo Robert Wishart de Glasgow, que lutava pela independ�ncia h� 20 anos.
A determina��o de Edward era mais forte do que Wallace.
A hist�ria dos bispos, que queriam restituir a coroa escocesa, come�a aqui, em 1301,
quatro anos antes da vit�ria final de Edward.
Pois foi na cidade italiana de Anagni que o Papa fazia seu papado.
O Papa era o maior juiz na terra.
Mais perto de Deus do que reis e imperadores.
Todo o poder terrestre vinha atrav�s dele.
A Igreja Cat�lica alcan�ava toda alma crist� na Europa Ocidental.
Seus poderes espirituais eram pol�ticas nos c�us.
Os tribunais e as varas de Anagni estavam cheios, n�o apenas de sacerdotes,
mas de diplomatas e advogados vindos de todos os reinos crist�os.
E somente o Papa poderia colocar um ponto final sobre as inten��es de Edward.
Ent�o, em 1301, Edward procurou o Papa para acordar que John Balliol n�o era o rei,
pleiteando que n�o havia uma Esc�cia para ser governada.
A pr�pria exist�ncia da coroa escocesa estava em jogo.
Naquele ver�o, um pequeno grupo de sacerdotes escoceses foi enviado a Anagni para defend�-la.
Sacerdotes com experi�ncia jur�dica.
Liderados por um homem chamado Baldred Bisset.
Escolhido a dedo pelo bispo Lamberton para salvar a coroa escocesa.
Mas n�o foi apenas a coroa escocesa, que Lamberton intentava salvar.
A maioria dos bispos ingleses e o Arcebispo de Canterbury,
eram subordinados ao rei ingl�s.
E a igreja inglesa seguia sob a disciplina de Edward.
Na Esc�cia n�o havia Arcebispo.
E a coroa escocesa nunca se sentiu totalmente segura em rela��o �s nomea��es da igreja.
Os bispos possu�am um poder independente da coroa escocesa.
E o privil�gio de recorrer diretamente ao Papa.
Poder e independ�ncia que poderiam acabar, caso a Esc�cia se tornasse uma prov�ncia inglesa.
N�o haver� nada sen�o existir um rei escoc�s.
Caso a Esc�cia fosse convertida em mais um territ�rio ingl�s,
ent�o, os bispos escoceses teriam de se curvar e pedir a ben��o,
em Canterbury ou em York, e eles n�o aceitariam isso.
Na verdade, estavam determinados que jamais fariam isso.
Assim, Bisset teria de arrega�ar as mangas.
Uma coroa para salvar, bem como a independ�ncia de seus bispos.
Ele trouxe consigo, um documento cuidadosamente elaborado, contendo tr�s argumentos b�sicos.
Primeiro, ele contou uma hist�ria, os escoceses eram descendentes de No�,
que haviam vivido na S�ria, perto do Mar ***, longe da Espanha.
Um de seus antigos reis, casou-se com uma princesa eg�pcia, chamada Scota.
Assim, os escoceses eram �nicos, n�o eram irlandeses, galeses, e acima de tudo, n�o eram ingleses.
Segundo, Bisset lembrou Sua Santidade que a Esc�cia possu�a o t�tulo de Filha de Roma,
condi��o que requeria a prote��o do Papa.
E terceiro, Bisset explorou o passado recente de Edward I, dizendo,
"Como puderam maltratar nosso leg�timo rei, explorando a sua aus�ncia, e nossas testemunhas,"
cometendo atrocidades sem limites contra os escoceses, o cl�rigo, camponeses e nobres, homens e mulheres."
"Libertem Balliol", disse Bisset, "deixem-no retornar para a Esc�cia, como o nosso rei."
O Papa foi persuadido.
"J� era tempo de parar a martelada", disse o Papa.
Ele ordenou a liberta��o de Balliol e perante seus olhos, ele era o rei leg�timo dos escoceses.
Bisset resgatou a coroa escocesa.
Mas Balliol estava t�o desmoralizado, que nem se moveu do lugar.
Ele havia se refugiado nas terras da sua fam�lia na Fran�a.
Os escoceses n�o tolerariam mais este rei in�til.
Para os bispos, defender a coroa n�o era mais um problema. O problema era o rei.
Como eles poderiam substitu�-lo?
Foi o bispo Lamberton que deu os primeiros passos.
Ele se reuniu em segredo com o renomado fil�sofo escoc�s, John Duns Scotus.
E Scotus esbo�ou uma ideia com implica��es explosivas.
A aut�ntica autoridade real n�o era adquirida pela heran�a.
A verdadeira realeza era uma comunh�o entre o rei e o povo.
E quando um rei falha, como fez Balliol, o seu povo poderia rejeit�-lo,
substituindo-o por outro.
Finalmente, os bispos da Esc�cia poderiam substituir John Balliol.
Mas o tempo estava se esgotando.
Edward estava pr�ximo de finalizar a conquista da Esc�cia.
Edward n�o sabia que os bispos procuravam por um rei que resistisse a ele.
Estava �s voltas com os atos finais na sua vit�ria definitiva sobre a coroa escocesa.
Ele n�o poupou gastos.
Sua conquista do Castelo de Stirling, n�o chegou a lugar nenhum.
Em 1304, Edward gastou os tubos para seguir em frente.
Ele ordenou a constru��o de uma nova m�quina.
Uma catapulta monstruosa conhecida como "tr�buchet".
Ele mantinha v�rios exemplares. O melhor instrumento para a vit�ria.
Sua nova m�quina foi batizada de Warwolf.
O maior trabuco j� fabricado.
E seus componentes eram transportados em 27 ***�es.
Uma m�quina do terror.
Como contrapeso, Edward usava chumbo, roubado de igrejas locais.
Os infelizes defensores do Castelo viram esta monstruosidade crescendo sobre suas paredes.
E prontamente se renderam.
Edward os ignorou. Ele queria ver Warwolf em a��o.
Ele at� construiu um pequeno abrigo para que as damas da corte pudessem assistir.
A conquista da Esc�cia havia virado uma divers�o.
O primeiro tiro despeda�ou uma se��o do muro do castelo.
As damas ficaram impressionadas.
Mas Edward mirou o pr�dio errado.
Deveria ter acertado a Abadia de Cambuskenneth, cerca de 1,5 km dali.
Enquanto ca�am as paredes do Castelo, o bispo Lamberton fazia outra reuni�o secreta.
Desta vez, com o futuro rei da Esc�cia.
Duas fam�lias reivindicavam a coroa.
Os "Comyns", liderados por John Comyn, Lorde de Badenoch.
Os Comyns possu�am terras por toda Esc�cia, e eram aliados consangu�neos de John Balliol.
E John "Red" Comyn era mesmo seu defensor.
Um homem escrupuloso, met�dico.
Seria dif�cil envolv�-lo em algo perigoso,
ainda mais a lideran�a pelo trono.
Mas havia outra fam�lia, outro clamor.
Havia um homem que carregava uma convic��o inabal�vel de que a coroa
deveria ter sido dada ao seu av�, e n�o a John Balliol.
Assim, Robert the Bruce acreditava que, agora, a coroa era sua por direito.
Mas ele n�o fazia a menor ideia em como adquiri-la.
Como Lamberton, era um simples vassalo do rei ingl�s.
Mas sua lealdade � reivindica��o da fam�lia era consider�vel.
Em Cambuskenneth, the Bruce e Lamberton viram a oportunidade.
Fizeram uma esp�cie de pacto (11 de junho de 1304),
que iria interfirir em todos os neg�cios e assuntos, sem equ�vocos.
S� pode ter havido um �nico prop�sito para este encontro.
Eles haviam concordado que Bruce assumiria o trono escoc�s com a b�n��o da igreja.
Claro que n�o poderiam assinar nenhum papel.
Levar a cabo este plano, seria mesmo um suic�dio.
Sigilo era vital.
Ent�o, a multa para qualquer um que n�o cumprisse o contrato, seria a fant�stica soma de 10.000 libras.
� 10,000. O pre�o do sil�ncio. At� o momento certo.
Mas Robert the Bruce j� tinha 29 anos. E ele n�o estava com a menor paci�ncia.
Por pouco mais de 18 meses, ele conseguiu segurar a l�ngua.
Da� o trem descarrilou.
Para o homem que a igreja resolveu n�o escolher, John "Red" Comyn.
Em 10/02/1306, o grupo de Edward atendia no Castelo de Dumfries.
Seus xerifes, sua justi�a.
O rei estava acampado perto dali.
Todos com qualquer import�ncia recebiam atendimento.
Assim, era perfeitamente natural que Bruce e Comyn estivessem na cidade.
Eles poderiam se encontrar e Bruce at� mesmo poderia dizer,
"Os bispos querem que eu seja o rei."
O encontro se deu na capela de Greyfriars, em Dumfries, e se abra�aram mutuamente.
A reuni�o anterior entre estes dois havia sido menos cordial.
Sete anos antes, eles tinham se estrangulado.
Hoje eles estavam numa cerim�nia.
Deveriam se comportar.
� quase certo que os bispos sugeriram tal reuni�o.
Para que Bruce persuadisse Comyn a apoiar sua decis�o.
N�o fazia sentido mat�-lo.
Bruce esfaqueou Comyn, deixando-o � morte, e se dirigiu ao juiz para deliberar.
Tal ato foi considerado uma subleva��o.
Enquanto estava com o juiz, Bruce recebeu a not�cia de que Comyn n�o estava morto.
Ent�o, ele enviou Roger de Kirkpatrick de volta � Capela, para dar cabo dele.
Isto foi p�ssimo.
Dif�cil de explicar.
Ele havia assassinado algu�m.
Dentro de uma igreja.
Um pecado mortal.
Cometeu um sacril�gio.
Era infinitamente pior.
Ele enfrentou a excomunh�o. Foi expulso da Igreja Cat�lica.
E se ele morresse durante a excomunh�o, sua alma estaria eternamente condenada.
Era um pre�o alto a se pagar por um ato impulsivo.
Sua alma imortal.
Eu derramei o sangue de um inocente...
Bruce fugiu para c�, a Catedral de Glasgow, para se encontrar com o bispo Wishart.
Wishart n�o estava nada contente, ainda era muito prematuro.
Certamente, os bispos tiveram de aguardar as ordens de Edward.
Bruce havia arruinado tudo. Sua batata estava assando.
Por�m, Wishart absolveu Bruce.
Ele n�o tinha escolha.
Eles eram muito amigos.
Ent�o, Wishart fez Bruce fazer um juramento.
Como rei, ele ser� sempre obsequioso aos desejos do clero escoc�s.
Uma vergonha para lembr�-lo de seu grave crime.
Um c�o encoleirado.
A�, tudo come�ou.
Wishart lan�a Bruce como o candidato escolhido pela Igreja.
Dizendo a seu rebanho: "Este � Robert o Bruce, que ser� Robert o Primeiro, o rei."
"Esta � uma cruzada, uma guerra santa. Lutem por ele."
T�o rapidamente quanto secretamente poss�vel, Wishart e Lamberton planejaram
a cora��o de Bruce como rei da Esc�cia.
Not�cias de que bispos escoceses estavam prestes a fazer um rei, chegaram a Edward.
Edward estava com raiva. Mas ele n�o estava preocupado.
Ele estava na posse de tudo o que era necess�rio para a coroa��o escocesa.
Ele estava com a pedra do destino, o capuz preto de Santa Margaret
e at� mesmo o Duque de Fife, que tinha o privil�gio de coroar o rei escoc�s.
Por�m, em 26/03/1306, os bispos independentes, coroaram seu rei.
A Esc�cia tinha um rei, mais uma vez.
Mas n�o era hora de comemorar.
Sem partido, sem dossel, sem parlamento.
O rei Robert se dirige para Methven.
Wishart marchou para o castelo de Cupar, em Fife. Ele tomou o castelo,
como um verdadeiro guerreiro.
Em abril, Edward tinha nomeado um representante na Esc�cia.
Edward mandou empunhar a bandeira do drag�o, ou seja, sem prisioneiros, sem miseric�rdia, sem regras.
E os ingleses partiram para o norte.
Wishart e Lamberton foram rapidamente capturados.
Os ingleses retomaram o castelo de Cupar e marcharam para Perth.
Robert I partiu para encontr�-los com todas as for�as � sua disposi��o.
O rei Robert chegou na floresta de Methven em 18 de junho.
Mas ele n�o conseguiu retirar os ingleses da floresta para uma batalha campal,
respeitando as "conven��es cavalheirescas" de guerra feudal.
Ele tentaria de novo no dia seguinte.
Mas a bandeira do drag�o estava flamulando.
Os ingleses adotariam t�ticas menos ortodoxas.
A abordagem sob a escurid�o foi um massacre.
Robert e uns poucos sobreviventes arrastaram-se para o oeste.
Junto com sua esposa Elizabeth, sua filha e suas irm�s tamb�m.
Enviou as mulheres para o norte, desejando que elas encontrassem prote��o na Noruega.
Mas foram capturadas e entregues a Edward.
Robert e os demais sofreram outra derrota em Tyndrum, que pareceu ser o fim.
Ent�o o rei da Esc�cia foi for�ado a fugir ainda mais a oeste.
Para Dunaverty, no extremo sul da Pen�nsula de Kintyre.
N�o havia mais terra para onde correr.
Ele se lan�ou ao mar e desapareceu.
Ele abusou de sua experi�ncia, pois a coroa estava ficando pesada.
A esposa e a filha de Bruce foram enviadas para um convento em Watton.
Ele n�o iria ver sua esposa novamente por oito anos.
De volta ao continente, Edward promoveu uma orgia de execu��es.
Uma das v�timas foi o irm�o mais novo de Robert, Nigel de Brus.
Enforcado, mutilado, esquartejado. Assim como William Wallace.
A not�cia da morte excruciante de seu irm�o lhe abateu profundamente.
Este infort�nio poderia ser um aviso de Deus, que n�o o queria como rei.
Por seis meses, Robert o Bruce foi obrigado a se homiziar.
Em 1828, o novelista Walter Scott conta que Bruce buscou ref�gio numa caverna,
dando-lhe uma aranha a fim de encoraj�-lo na luta contra os ingleses.
Mas � apenas um conto (Tales of a Grandfather - Chapter VIII).
Onde ele estava, precisamente, n�o se sabe.
Mas n�o importa o lugar, como estava certo Sir Walter,
pois Bruce tinha de tomar uma decis�o.
Desistir ou seguir adiante.
Ele tinha contatos, uma de suas irm�s era a rainha da Noruega.
Ele pode ter se escondido por l�.
Mas depois que ele abandonou a esposa, irm�, filha e os seus bispos em cativeiro,
largou seus partid�rios, seus amigos, seu irm�o morto sem nenhum aux�lio.
O que ele poderia fazer?
Ele escolheu lutar.
Em fevereiro de 1307, reuniu irlandeses e partiu para o Castelo de Turnberry.
No in�cio de mar�o, mais dois de seus irm�os foram mortos.
Pelas m�os de ingleses.
A coroa de Robert cada vez pesava mais.
Ele juntou sua raiva e sua tristeza, e foi para as terras desoladas no sudoeste da Esc�cia.
Ele n�o estava se escondendo, ele estava aprendendo a lutar.
Ele n�o tinha mais do que algumas centena de homens e poucos cavaleiros.
Ele s� tinha lanceiros, soldados a p� e nenhuma inten��o de seguir o fim de Wallace.
Ent�o, s� podia esperar pelos ingleses e reservar uma surpresa para eles.
Em abril, Robert e uma for�a de 300 homens surpreendeu um grupo com 1.500 ingleses,
aqui, junto a Loch Trool em Galloway, foi uma surpresa desagrad�vel.
N�o havia espa�o para manobrar a cavalaria, os ingleses n�o podiam fazer nada, exceto morrer.
Ent�o eles fugiram.
Portanto, foi uma vit�ria.
Bruce se deliciou.
Mas n�o foi por acaso. E poderia n�o ocorrer novamente.
Em maio, Robert estava em Ayrshire. Uma plan�cie que os cavaleiros adoravam.
Em vez disso, Bruce preferiu a Colina de Loudoun.
Bruce tinha um trabalho mental para fazer com poucos homens e colocou-os para trabalhar.
Cavando trincheiras para reduzir as oportunidades.
Espremendo os ingleses.
Em 10 de maio os ingleses chegaram.
3.000 homens.
Eles encararam o vale e as trincheiras. Perderam a corrida de Alba.
E muitos deles tamb�m perderam seus cavalos.
Quando Bruce atacou, foi com tamanha viol�ncia que, os ingleses
posicionados atr�s, que ainda n�o estavam envolvidos, decidiram n�o se envolver mesmo.
E sa�ram correndo.
N�o foi por acaso.
Robert I era um vencedor. Deus estava do seu lado.
Deus j� havia se cansado do "Pernas Longas", do "Legislador" e do Martelo da Esc�cia.
Irritado com o fracasso de sua for�a muito superior, Edward pulou
da cama mesmo enfermo e ordenou seu ex�rcito a se reunir em Carlisle.
Mas n�o era mais poss�vel para Edward seguir em frente.
Foi o mais longe que ele conseguiu chegar.
O estu�rio do Fiorde de Solway.
Edward morreu, ou dizem que morreu, na Esc�cia.
Mas o mesquinho rei n�o partiria t�o facilmente.
Ele pediu ao seu filho para enviar o seu cora��o numa cruzada � Terra Santa.
E seus ossos para serem carregados em lutas futuras contra os escoceses.
O rei est� morto, viva o rei.
As b�n��os de Longshanks eram desafiadoras.
Mas n�o constitu�am um problema.
O problema era seu filho, Edward II.
Ele tinha o temperamento de seu pai. E nada mais.
N�o sua intelig�ncia ou seu dom t�tico.
Seu primeiro ato como rei desobedeceu a seu pai, sobre a disposi��o das v�rias partes de seu corpo.
Edward ficou numa abadia, antes de ser enterrado em Westminster (27/10/1307).
Ent�o, da sua maneira, ele se uniu ao ex�rcito ingl�s, na Esc�cia.
Na chegada, n�o recebeu boas previs�es.
Ent�o, ele marchou para o sul, para coisas melhores.
Ele deixaria os escoceses em paz nos pr�ximos tr�s anos.
E agora, Bruce tinha uma quest�o para resolver.
Os atos de Edward I. Bruce tinha de abater alguns escoceses.
A fam�lia Comyn e seus partid�rios ainda eram leais � causa de Balliol.
S� havia uma coisa a ser feita com a oposi��o.
Elimin�-la.
Ele deixou as fronteiras com seu confi�vel tenente James Douglas.
Ele pr�prio marchou para o norte.
Acompanhado de seu irm�o, Edward.
O ex�rcito de Bruce ganhava �mpeto enquanto ele se movia pelo Great Glen.
Seu ex�rcito era pequeno. Mas agora possu�a reputa��o.
Usando t�ticas avassaladoras.
Ele liquidava com um castelo dos Comyns ap�s o outro.
Reduzindo-os a escombros.
Matando os ocupantes. Destruindo tudo e todos.
Um castelo em ru�nas, no entanto, n�o seria utilizado pelos Comyns, pelos ingleses,
se decidissem voltar, e nem mesmo pelo rei caso adotasse tal t�tica de...
"bater e correr".
No momento, castelos n�o eram uma prioridade para Bruce.
Significava ficar parado.
Era melhor destruir o castelo e seguir adiante.
Dois meses se passaram.
Em novembro, ele alcan�ou o nordeste da Esc�cia.
Suas for�as se uniram com as do Bispo de Moray.
Outro homem de guerra, o Bispo de Moray. As vestes eram apenas para os domingos.
E a�, o rei caiu doente.
Uma doen�a misteriosa, que o deixou semanas inativo.
N�o havia m�dicos ou rem�dios.
Ficava cada vez mais debilitado.
O rei est� morrendo.
Era inverno. O ex�rcito estava ficando sem comida
e o Conde de Buchan, primo da m�e de John Comyn, reunia uma
for�a consider�vel, aguardando o tempo certo para atacar.
As for�as de Bruce ficaram esperando nas Highlands.
O rei foi levado a um castelo. Para morrer, pensaram alguns.
E ent�o, magicamente, com a chegada da primavera, o rei se recuperou.
Ele retornou ao abate (maio de 1308).
Ele se dirigiu para a colina de Barra, perto de Aberdeen.
O Conde de Buchan construiu uma pequena edifica��o no cume.
Em meio a restos de uma fortaleza da Idade do Ferro.
Ele pensou que o local era inexpugn�vel.
Ele estava errado. At� agora, a reputa��o de Bruce, o precedia.
O Conde de Buchan perdeu sua cavalaria s� no medo.
E a� ele perdeu a batalha tamb�m.
John Comyn, 3� Conde de Buchan, escapou para a Inglaterra.
Ele morreu um ano depois.
Ainda havia adeptos dos Comyns para exterminar.
O rei Robert foi para o norte.
At� o castelo de Duffus, em Elgin.
E Bruce foi exterminador.
Em seguida, ele envia seu irm�o, Edward, ao leste para Buchan, o cora��o do poder dos Comyns.
Bruce foi impiedoso.
O dano � terra foi de tal ordem que a mesma ficou est�ril por uma gera��o.
Mas n�o foi somente a terra que sofreu avarias.
Ele n�o apenas queimou as culturas, que tornariam a terra f�rtil no ano seguinte.
Ele ordenou a matan�a dos animais. e das pessoas que cuidavam deles.
E de quem manejava a terra, homens, mulheres e crian�as.
Partes de Buchan ficaram est�reis por uma gera��o.
Pelo fato de que ningu�m sobreviveu.
Eu derramei o sangue de um inocente...
Mar�o de 1309, Bruce havia esmagado a resist�ncia em quase toda a Esc�cia.
Em julho do ano passado, o Papa tinha suspendido a excomunh�o,
ent�o ele estava oficialmente de volta ao rebanho. Mais um dos salvos.
Pelo menos por enquanto.
Agora, era a vez de honrar o neg�cio de realeza.
Aqui em St. Andrews, na catedral constru�da depois de 150 anos,
ele convocou seu primeiro parlamento.
Foi um tipo peculiar de parlamento, pelos padr�es modernos.
Durou apenas dois dias e s� fez duas coisas.
Dia um, resposta a uma carta do rei da Fran�a. Ele queria os escoceses numa nova cruzada.
Ainda n�o, replicou o parlamento, pois estamos ocupados.
Dia dois, o parlamento elabora uma carta aberta, chamada de "Declara��o do Clero".
N�o � um documento famoso, mas deveria ser.
A declara��o publicou pela primeira vez as ideias que os bispos tomaram emprestadas de Duns Scotus.
Com grande ast�cia, na hist�ria recente da Esc�cia, a ideia onde o rei pode ser escolhido.
E ele fez isso, como todos ficaram sabendo, que tal coisa poderia ser feita.
O clero e o povo, vendo a virtude de Bruce, chegaram a um acordo
e com seu consentimento, ele seria o rei.
� um documento muito importante.
Soa quase revolucion�rio.
Mas, em 1309, "o povo" na verdade, era a nobreza, o clero e a comunidade real.
N�o era os camponeses ou os cachaceiros do pub.
N�o, a declara��o foi escrita por "pessoas" e n�o pelo povo, porque o povo s� podia ouvir.
Ela foi pregada em igrejas, foi copiada e repetida, sendo a linha do partido.
Um leal apoio a Robert pelo clero escoc�s.
A Declara��o do Clero foi elaborada para a conquista definitiva da Esc�cia por Robert.
Para convencer os c�ticos, e ainda havia muitos, que Robert era realmente o rei leg�timo.
Isso era bom, mas n�o o suficiente.
Os encargos de Bruce come�avam a ficar n�tidos.
Sua realeza ainda estava sob d�vida.
Ele ainda n�o era uma lenda.
Tr�s coisas deveriam ser feitas,
se ele quisesse ficar com o trono e o deixar para o seu herdeiro masculino.
1. Assegurar a lealdade dos nobres escoceses e retirar os ingleses de quaisquer negocia��es.
2. Ele tinha de for�ar o rei ingl�s a aceitar a independ�ncia.
3. Tinha de gerar um herdeiro masculino.
A primeira tarefa estava incompleta e sua esposa permanecia com os ingleses.
Ent�o n�o havia chance de produzir um herdeiro, pelo menos n�o um leg�timo.
Mas antes de tudo, ele deveria ser incontest�vel, um imortal.
Para isso, ele teria de esperar por cinco longos anos.
Ele aguardaria por Bannockburn.
Na primavera de 1314, Bruce quase havia conclu�do seu dever de casa.
Os castelos de Stirling e Berwick ainda estavam sob dom�nio ingl�s.
Edward II come�ou a organizar um ex�rcito para reconquistar a Esc�cia.
Edward reuniu suas for�as em Berwick, no dia 10 de junho.
15 mil soldados. Quase 3 mil cavalos.
Muitos nobres de Edward estavam ausentes.
E eles enviaram o maior n�mero poss�vel de cavaleiros,
o que n�o traduz seguran�a, por�m.
Mas n�o importa. Edward possu�a bastante confian�a em si mesmo para compensar o d�ficit.
E partiram para o norte.
As for�as escocesas se agruparam em Torwood, sul de Stirling.
Com n�meros sem compara��o. 500 cavalos, 6 mil homens. Mas tamanho n�o � documento.
Agora, o ex�rcito de Bruce encontra-se preparado para o embate.
Uns em aux�lio do outro.
Seu irm�o Edward, James "Black" Douglas e T. Randolph 1� Conde de Moray, todos experientes.
E os soldados escoceses aprenderam a formar os shiltrons,
agrupados com escudos e lan�as.
Como tanques, feitos de humanos.
No s�bado, dia 22 de junho, Bruce escolheu onde lutar.
Tinha pr�tica agora, e escolheu o local sabiamente.
O caminho das turfas perto de Bannockburn (Carse of Stirling).
As �rvores limitavam a a��o da cavalaria e a sudeste, o terreno era interrompido
por riachos e c�rregos.
Em ambos os lados da estrada que leva a Stirling, Bruce modificou o terreno.
Como ele havia feito em Loudon Hill, ele tirou proveito do terreno.
Ele perfurou in�meros po�os ao lado do caminho, disfar�ando-os com arbustos,
uma arapuca para as pernas dos cavalos ingleses.
O ex�rcito ingl�s acampou ao norte, e veio a noite.
Na manh� seguinte, era um domingo.
Os escoceses come�aram com uma missa.
Pregada pelo bispo de Dunkeld.
E quando acabou a missa, as armas estavam prontas.
Seria o acerto de contas. O pagamento para Bruce, que havia perdido irm�os e amigos.
Sua esposa e filha, amadas por ele, estavam presas.
E aqueles que se aliaram a ele, perderam ainda mais.
E o rei ingl�s estava aqui, a poucos metros de dist�ncia.
Ele ser� obrigado a pagar, ele ter� de pagar.
Os ingleses vieram com seus cavaleiros.
Como era usual.
Uma carga de cavalos.
E um dos cavaleiros veio para a ben��o. Fixou a vista numa figura isolada,
destacada dos soldados.
Uma figura isolada usando uma coroa.
Ele aponta sua lan�a e sai galopando.
A chance para a imortalidade de Bruce.
Bruce se esquiva, levanta-se dos estribos e desfere um golpe de machado,
dividindo o cr�nio aben�oado ao meio. Este �nico golpe fez de Bruce uma lenda.
Com os shiltrons a postos, eles avan�aram.
A cavalaria inglesa ataca novamente, mas o shiltron de Moray, os repele de volta.
E essa foi a hist�ria de Bannockburn.
Durante dois dias, com os shiltrons sempre a postos e se movendo para diante.
Cercando os ingleses para o abate.
No segundo dia, os ingleses j� tinham recebido o suficiente.
A� eles agiam de modo tradicional, quando se confrontavam com o ex�rcito escoc�s.
P�s e lan�as firmemente plantadas no terreno.
Sa�am correndo.
Os escoceses vinham para o rent�vel neg�cio de fazer prisioneiros.
E Edward al�ou voo.
Robert tinha poucos homens para enviar numa persegui��o, ent�o Edward escapou.
Xeque, mas n�o xeque-mate.
O conjunto da obra foi impressionante.
Robert conseguiu resgatar os seus prisioneiros.
Ele libertou o bispo Wishart, com 74 anos e cego.
Sua filha, sua irm�, e o melhor de tudo, Elizabeth, sua rainha.
8 anos de cativeiro havia deixado uma marca.
E Robert reconhecia sua culpa por tudo o que ela sofreu.
Tudo pelo seu custoso trono.
Tudo pela sua imortalidade.
Nos livros de hist�ria, de uma maneira justa, a vit�ria atingiu uma grande magnitude,
assim como, quem conta um conto aumenta um ponto.
De fato, no S�culo 20, o pr�prio rei havia crescido 60 cm.
Mas a realidade era outra.
A tarefa de remover os ingleses da Esc�cia estava quase pronta.
A tentativa de gerar um herdeiro masculino poderia agora come�ar.
Mas seria perfeitamente poss�vel que a rainha Elizabeth estivesse est�ril.
Bannockburn proveu sua imortalidade, e nada mais.
O caminho para a independ�ncia escocesa parecia muito longa, e bloqueada.
O progresso dependia de Edward II, que n�o tinha nenhuma raz�o para fazer qualquer concess�o.
Durante quatro longos anos, os escoceses invadiram territ�rios ingleses ao norte.
Irlanda tamb�m. Robert perdeu seu �ltimo irm�o, Edward Bruce. Tudo em v�o.
Edward n�o queria saber disso.
Ele n�o precisava.
Como ele n�o conseguiu bater Bruce no campo de batalha, ent�o ele mudou o jogo.
Ele come�ou a jogar da mesma forma que os bispos escoceses.
Ele foi ver o Papa.
E o novo Papa estava desesperado para restaurar o prest�gio papal,
atrav�s do envio das principais coroas europeias numa cruzada.
N�o seriam toleradas disputas.
Em 1318, os escoceses descobriram que os ingleses convenceram o Papa que a
guerra entre Esc�cia e Inglaterra, foi culpa da Esc�cia.
Robert, seus tenentes e bispos foram todos excomungados.
Al�m disso, o Papa ordenou que cada igreja inglesa, tr�s vezes ao dia,
celebrasse uma cerim�nia na qual o nome de Bruce fosse amaldi�oado.
As not�cias ficaram melhores.
Enquanto as igrejas inglesas lan�avam maldi��es, Bruce veio a St. Andrews para sua consagra��o.
700 anos atr�s, Bruce esteve aqui com seu antigo mentor, William Lamberton.
Relembrando Wishart, que morreu dois anos antes, ele observou como estas marcas foram feitas,
e um financiamento para uma nova Catedral foi anunciado.
Ele estava meio desesperado.
Seus gastos em igrejas, mosteiros e capelas aumentou consideravelmente.
Diversas doa��es foram feitas �s institui��es ligadas a St. Andrew, St. Phillan, St. Thomas e St. Ninian.
Seu povo o chamava de "o bondoso rei Robert", mas de bondoso, n�o se tinha muita certeza.
Ele queria que os santos intercedessem em seu benef�cio.
Aquelas maldi��es inglesas n�o pareciam sem sentido.
N�o para os homens destinados a elas.
O destino da coroa escocesa estava de volta �s m�os do Papa.
E o clero da Esc�cia, mais uma vez era a �nica esperan�a de Bruce.
Em abril de 1320, um cavaleiro escoc�s partiu para a corte papal.
Ele era uma esp�cie de carteiro. Transportava consigo tr�s cartas.
Todas escritas aqui, na Abadia de Arbroath.
Uma do rei Robert, a outra dos bispos e a terceira, dos nobres escoceses.
Apenas a carta dos nobres subsistiu.
Conhecida como "A Declara��o de Arbroath".
Tornou-se um documento muito famoso.
Algumas pessoas v�em isso como uma espantoso manifesto para a liberta��o nacional e democr�tica.
Alguns norte-americanos argumentam que podemos ver a sua influ�ncia na declara��o de independ�ncia deles.
Em 1320, era uma �rdua tarefa replicar ao dom�nio ingl�s.
Um per�odo dif�cil.
N�o foram os nobres que realmente a enviaram, foi puro ventriloquismo.
Com a nobreza fict�cia, sobrou para o bispo.
Uma hist�ria concisa. O brandir de um documento.
O Papa deve ter adorado ler a declara��o.
Primeiro, sumaria os argumentos de Baldred Bisset.
"Somos um povo antigo, a filha especial de Roma."
Segundo, afirma que Robert the Bruce, pelo devido consentimento de todos n�s, nos libertou dos ingleses.
Caso ele ceda aos ingleses, n�s escoceses o afastaremos,
coroando um outro rei, que possa nos defender.
Enquanto vivermos, jamais vamos nos submeter aos caprichos ingleses.
Na verdade, n�o � pela gl�ria, pela riqueza, nem pela honra que estamos lutando, mas pela liberdade.
Apenas por isso que nenhum homem honesto desiste, a n�o ser com a pr�pria vida.
Ent�o, a ideia de Dun Scotus, cuja ideia de realeza � contratual, adicionando
a ponta de uma espada, que finalmente, a declara��o chegou � corte papal.
Ainda h� mais.
Acrescentou que foram os ingleses, e n�o os escoceses, que se recusaram a ir na cruzada.
E se Sua Santidade n�o fizer alguma coisa para impedi-los,
ent�o, Sua Santidade ser� culpada por Deus, pela perda de corpos e almas,
que ser� inevit�vel.
Pense bem.
O Papa respondeu em agosto.
As cartas, surpreendentemente, tiveram o efeito desejado.
As excomunh�es foram suspensas.
Melhor ainda, o Papa Jo�o XXII escreveu a Edward para terminar o conflito e negociar.
Edward concordou, meio sem gra�a.
As negocia��es aconteceram em Bamburgh, em Northumberland, em mar�o de 1321.
Ent�o, em mar�o, os emiss�rios come�aram a se reunir.
O papado e o rei franc�s tamb�m enviaram agentes.
Foi uma farsa. Um sonho bloqueado por argumentos ultrapassados.
Os ingleses duvidaram da hist�ria antiga dos escoceses.
Os escoceses replicaram com a ajuda da declara��o e acrescentaram
que toda a dinastia Norman e Plantageneta era ileg�tima.
Ileg�tima h� anos, depois da usurpa��o de 1066,
uma invas�o liderada por um homem chamado pelos escoceses de William O Bastardo.
A reivindica��o leg�tima da coroa inglesa, disse o escoc�s, era pela Casa de Wessex.
Cujo �nico representante vivo era o rei Robert I da Esc�cia.
As negocia��es em Bamburgh n�o deram em nada.
A carta de confirma��o da excomunh�o de Robert chegou um m�s depois.
Impasse.
Depois disso, foram seis anos enredados para Robert the Bruce.
Cada vez que os escocesses garantiam concess�es na corte papal, Edward II prontamente as desfazia.
O �nico dia diferente, foi em 5 de mar�o de 1324.
Quando a rainha Elizabeth, deu � luz um menino saud�vel,
um menino com sangue escoc�s, um prodigioso herdeiro do sexo masculino,
David.
A rainha estava com 35 anos e o rei com 50.
Naqueles dias, era quase um milagre.
Mas n�o importava. Todas as manh�s, Bruce acordava para encontrar o rei ingl�s irredut�vel.
At� o dia 20 de Janeiro de 1327, quando Edward II foi deposto.
Edward foi removido do trono pela esposa, Isabella of France, e seu amante Roger Mortimer,
com a aprova��o t�cita da nobreza inglesa, cansada da sua incompet�ncia, homossexualidade e corrup��o.
Seu filho, o pr�ncipe de Gales, com 14 anos, foi coroado rei Edward III, semanas depois.
Esta foi uma �tima not�cia, esta era uma excelente oportunidade.
Entretanto, o rei Robert, mais uma vez, caiu doente.
�s vezes ativo, �s vezes inane.
Levado de um lugar para outro, paralisado, como uma est�tua.
Essa doen�a ia e vinha. E come�ou a acomet�-lo com uma frequ�ncia maior.
Uma testemunha ocular disse que, em julho, o rei estava t�o doente,
que mal podia mover qualquer coisa, a n�o ser a l�ngua.
Mas chegou a hora de um �ltimo esfor�o, ou esta grande oportunidade seria perdida.
E assim, milagrosamente, em agosto, o rei estava bem o suficiente para sitiar o Castelo Norham,
enquanto Moray e Douglas, faziam assaltos aos Castelos de Alnwick e Warkworth.
Todos esses cercos em Nort�mbria deixavam uma mensagem bem clara.
Os escoceses estavam prestes a tomar o norte da Inglaterra. A amea�a era real.
Os ingleses se curvaram.
Em 18 de outubro, perto de Berwick, Robert exp�s as suas condi��es.
O rei da Inglaterra deveria reconhecer o seu trono
e a independ�ncia da coroa escocesa, para sempre.
Para selar o acordo, seu filho David, se casaria com a irm� do rei da Inglaterra, Joan.
O ch�o estava quente para os ingleses, que concordaram com todos os pontos principais.
"The Bruce" havia vencido.
A rainha Elizabeth da Esc�cia morreu nove dias depois (27/10/1327).
Ela tinha certeza do sucesso de seu marido.
Mas ela n�o chegou a v�-lo.
As b�n��os de Bruce eram geralmente uma miscel�nea.
A paz foi finalmente selada no mosteiro de Holyrood, onde Bruce permanecia doente,
em 17 de mar�o de 1328.
Uma das promessas inglesas foi devolver a "Pedra do Destino".
Seus condes e bispos estavam presentes. Inclusive, Lamberton, que o havia escolhido.
Com quem Bruce "assinou" um documento h� 24 anos e, sem este,
provavelmente, nenhum deles estaria ali (o pacto de Junho de 1304).
Lamberton morreu dois meses depois.
No dia 12 de julho, de acordo com as condi��es do tratado de Robert,
David com 4 anos, e a princesa Joan, com 6, casaram-se na igreja de Berwick.
Nenhum rei estava presente. Um deles estava furioso e o outro, muito doente.
Finalmente a paz. Ap�s 32 anos de luta e sangue, o Papa reconheceu a coroa escocesa.
E revogou a excomunh�o do rei Robert.
O Papa estava ao seu lado. As portas do inferno foram finalmente fechadas.
O rei Robert, pense voc�, podia ter a certeza da salva��o.
Mas ele n�o estava.
Culpado com mau agouro.
Sua doen�a desconhecida, sob a luz da gra�a de Deus.
A coroa era dele, ningu�m lhe tiraria, mas foi conquistada com sangue.
Com sangue de sua fam�lia e com sangue dos outros.
Ele foi at� um capel�o em Buckhind, pedir missas para seu irm�o Neal,
morto em 1306, e fez doa��es � Abadia de Dunfermline, onde jaz sua esposa.
Bruce e seus conselheiros julgaram o momento certo para pedir alguma coisa que
cada Monarquia Europeia possu�a.
Uma ampola. Uma garrafa com �leo ungido.
Aben�oada pelo pr�prio Papa.
�leo de tais garrafas, foi usado para ungir reis em suas coroa��es.
Qualquer tentativa de conquistar as terras de um rei ungido neste �leo, era um pecado mortal.
Os reis ingleses tinham esta ampola. Os franceses, idem.
Mas, n�o os reis da Esc�cia. E eles queriam um.
N�o era um s�mbolo qualquer. Era uma garrafa cheia de independ�ncia do rei ingl�s.
Sua doen�a foi piorando.
O rei est� morrendo, diziam.
Ningu�m sabia que ele estava morrendo, mas desta vez, era verdade.
Ele tinha mais tr�s meses de vida.
E foi em peregrina��o ao santu�rio de St. Ninian, em Whithorn.
Vieram dois s�quitos, o rei guerreiro foi transportado numa liteira.
A viagem durou um m�s.
Quando chegou, Robert the Bruce, mortalmente doente, fez penit�ncia.
Ele jejuou e fez penit�ncia por cinco dias.
Afinal de contas, a igreja lhe deu a sua coroa. E agora Deus veio busc�-la.
"Que Deus me perdoe."
"Eu derramei o sangue de muitos inocentes..."
No seu retorno, ele reuniu seus condes e lhes comunicou.
"Meus dias est�o contados, e agrade�o a Deus por me dar tempo para me arrepender."
"Por minha causa, muito sangue foi derramado, muitos inocentes morreram."
"Assim eu tomo esta doen�a e dor, como uma penit�ncia para os meus pecados."
E pediu que ap�s a sua morte, seu cora��o fosse removido e levado em uma cruzada.
Robert sabia que nunca iria viver para ir numa cruzada, mas os escoceses prometeram uma ao Papa, desde 1320.
Robert morreu em 7 de junho de 1329.
Ele estava com 55 anos de idade.
O ilustre rei da Esc�cia, foi enterrado na Abadia de Dunfermline, ao lado de sua esposa.
O rei morto e o primeiro rei, algo que nunca havia acontecido.
A pr�pria palavra "escoceses", significava algo diferente.
Agora, havia escoceses leais ao trono de um escoc�s.
Sem contendas, sem lealdades divididas.
Os bispos e The Bruce fizeram o dever de casa.
Foi uma revolu��o.
O rei est� morto, viva o rei.
Seu filho de 5 anos, David II, o sucedeu.
No ano seguinte, James Douglas levou o cora��o de Bruce numa cruzada,
contra os mouros, no Reino nasrida de Granada, morrendo ali.
O cora��o, tendo cumprido suas promessas, foi encontrado no campo de batalha,
retornando a Esc�cia e enterrado na Abadia de Melrose.
Ap�s sua morte, a lenda de Bruce fez o que as lendas fazem.
Consumiu tudo, e o que restou foi Robert "the Bruce",
o rei soldado, que lutou pela liberdade escocesa e venceu.
Ele deixou o terno de armadura, e esta face, resoluta e austera.
A lenda abafou seu sentimento de culpa.
Digno de nota foram os bispos que o escolheram e o guiaram em cada passo.
Mal pronunciou o nome dos seus parentes mortos.
Ele minimizou as baixas escocesas e multiplicou os ex�rcitos ingleses derrotados.
Abafa seus atos medievais, dando a liberdade para todos, em vez de apenas fazer uma revolu��o
que libertasse a coroa escocesa.
Em 24/11/1331, David e Joan estavam no trono como rei e rainha da Esc�cia.
N�o teve a "Stone of Destiny". Edward III havia prometido devolv�-la, e n�o o fez.
Mas teve a ampola de �leo ungido pelo Papa, a garrafa da independ�ncia do trono ingl�s.
A prova final do triunfo de Bruce.
A prova final de que a coroa escocesa estava livre da autoridade inglesa.
A prova final de que o reinado do bondoso rei Robert havia valido o esfor�o.
Todas as mortes e o terror. Livre da coroa inglesa. E para sempre...
A pr�xima invas�o inglesa seria em 1332.
Melhor para as garrafas e as promessas.