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AS CRÔNICAS DA CONSCIÊNCIA Tempo e Consciência
RUPERT SHELDRAKE Biólogo, Diretor do Projeto Perrott-Warrick
Quando olhamos para uma estrela distante, não estamos também nos projetando para o passado?
Se eu olho para uma estrela distante, a luz pode demorar 10 anos, vindo dela, para atingir os meus olhos.
Eu penso que quando eu projeto aquela imagem da estrela, eu estou, de certo modo,
me conectando com aquela estrela, e com a minha mente.
Isto quer dizer que eu estou me conectando com a estrela, como está agora, enquanto ela poderia
ter se movido, ter sido atingida, ter explodida e desaparecido?
Bem, não.
Eu estou me conectando com a estrela, como ela estava há 10 anos atrás.
Mas, se isto está acontecendo, se eu estou me projetando para aquela estrela,
isto quer dizer que eu estou me projetando para o passado em 10 anos atrás?
Eu penso que sim.
E isso para mim levanta um princípio geral muito importante.
Qual é a direção em que a causalidade da consciência funciona?
Formas normais de causalidade funcionam do passado para o presente:
uma bola de bilhar vem e acerta outra bola de bilhar que continua.
Este é o tipo de causalidade que estamos acostumados.
O tipo de causalidade que ocorre pela memória e pelo hábito, vem também do passado.
Eu tenho uma teoria sobre os hábitos da natureza, os organismos tendem
a repetir hábitos em que foram educados,
na verdade, eu penso que as tão chamadas leis naturais são como hábitos que
são baseadas no que aconteceu no passado. Isto de novo é causalidade do passado.
Mas eu penso que a consciência envolve um tipo diferente de causalidade,
eu penso que está funcionando do futuro na direção oposta.
E então, meu ponto de vista é que a causalidade da consciência
de fato implica neste tipo de mudança de movimento de direção oposta.
Então a nossa consciência está funcionando
a partir de uma região de eventuais possibilidades, futuros possíveis,
em direção ao presente.
Algo como: a realidade física está se movendo nesta direção,
a consciência está se movendo nesta direção, elas se econtram no presente.
E, como elas se encontram no presente...
na física quântica, o que seria possível pela chamada função de colapso de onda,
isto é, mudança nas possibilidades.
De acordo com a teoria quântica, as possibilidades estão se espalhando a toda hora,
e mesmo de acordo com o senso comum: cada um de nós, a qualquer minuto,
têm muitas possibilidades.
E...
eu posso mexer minha cabeça e olhar qualquer coisa nesta sala,
então todas as coisas nesta sala são, potencialmente, partes da minha percepção,
todas as formas de possibilidades coexistem.
E então...
em todos e quaisquer momentos, existem todas estas possibilidades,
na consciência reside o conjunto das possibilidades que ainda não aconteceram.
E o que é isso? Do que se trata? E por que não é igual a realidade?
Isto vive no reino das possibilidades, que está sempre no futuro,
e então, na medida que que você toma uma decisão, faz escolhas entre possibilidades,
que é uma das funções primárias da consciência: escolher entre possibilidades,
e então,
em fazer determinada escolha, esta opção está escolhendo coisas do futuro
e isto está influenciando o presente,
mas esta influência está fluindo do futuro em direção ao presente,
a direção oposta de outros tipos de causalidade.
As Crônicas da Consciênia