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Acordo para o sono
e demoro a acordar.
Sinto o meu destino
do que não consigo ter medo.
Aprendo indo
para onde tenho de ir.
Pensamos, sentindo
o que há para saber.
Ouço meu ser a dançar de ouvido a ouvido.
Acordo para o sono e demoro a acordar.
Aprendo indo, para onde tenho de ir.
O cérebro do adulto
coroado pelo Córtex Cerebral.
Uma enrugada *** de tecido
só com uma fracção de 1 centímetro de espessura.
Nela reside o nosso poder de razão.
Julgamento, compreensão.
Mais profundamente
está um sub mundo de inconsciência.
Agrupamentos de estruturas
que guiam os nossos apetites
humores e emoções.
Durante muito tempo pensou-se que o cérebro estava dividido em dois.
Emoção era uma coisa e pensamento era outra
e isto era duas coisas que interferiam uma com a outra.
Mas agora é evidente que esta divisão era errada.
Completamente errada.
Há uma relação muito forte
entre as áreas de pensamento e as áreas de sensação no cérebro.
Uma afecta a outra, sempre.
Não é possível ter um correcto sistema de razão a funcionar
sem ter um correcto sistema de emoções.
O que pensamos, criamos
os problemas que resolvemos, o modo como raciocinamos
não existem no vácuo.
Há sempre o vector do sentido da emoção.
Não somos máquinas pensantes
somos máquinas que sentem e pensam.
PENSANDO PELA SENSAÇÃO O CEREBRO ADULTO
Já passaram 23 anos desde que ele sofreu o ataque.
Foi horrível
só pensei que tinha perdido o meu melhor amigo.
Queria ajudá-lo a ser a pessoa que ele tinha sido
mas, sabem
na realidade deveríamos saber que não era possível.
O Doutor disse-me que a melhor coisa a fazer
era ter um funeral para Marvin
aquele com que eu casei.
Aceitar que o Marvin que trouxe para casa
é uma pessoa totalmente diferente.
Porque ele nunca mais será o mesmo.
Aos 56 anos, Marvin Bakemen
é uma sombra do jovem marido e pai que uma vez foi.
Um ataque deixou-o paralisado num lado do corpo.
Mas o impacto mais devastador é menos visível.
Foi separado das suas emoções.
O que sentiu quando estava a ver o filme?
Sabe,... é...
é difícil, estou a tentar pensar
procuro pela palavra, mas não consigo lembrar-me de nenhuma agora.
Está bem!
Na Universidade de Iowa
investigadores tentam compreender
porque é que Marvin não consegue sentir uma
simples emoção como o medo.
Um Scan mostra a esta região escura
onde o cérebro de Marvin morreu.
O núcleo dos danos é em áreas
que têm a ver com a criação de sentimento.
Não é que ele tenha perdido a habilidade de produzir uma emoção.
As perdas têm mais a ver com a habilidade de ele sentir
as emoções que produz.
Lembras-te desta fotografia para esta, o que aconteceu?
Isto foi há muito tempo.
Aqui foi quando tive aquele estúpido ataque.
Sim.
Emoções. Podemos vê-las na cara de Marvin.
Um sorriso, uma gargalhada
um franzir de frustração.
Mas o que ele não sentiu
é a consciência da emoção.
Emoções são geradas por estruturas
escondidas profundamente no cérebro.
A pequena amígdala, em forma de amêndoa
é a primeira a reagir a um acontecimento emocional.
Despoletando uma série de reacções, numa fracção de segundo
no centro emocional do cérebro.
Ondas de impulsos nervosos, viajam através do tronco cerebral
provocando uma reacção visceral instantânea no corpo.
A maior parte das vezes a máquina que produz emoções
trabalha sem o nosso conhecimento.
Criando alterações na expressão facial
alterando o modo como os órgãos no corpo trabalham
preparando o corpo para o que se segue
gerando respostas químicas
que não sabíamos que existiam.
E tudo isto, é o que constitui o estado emocional.
Para a maioria, a consciência dos sentimentos
demora milissegundos desde que uma emoção é criada.
O corpo envia sinais para a área do cérebro
responsável pelo pensamento.
Dando-nos consciência dos nossos sentimentos.
É nesta região de consciência de emoções
que o ataque de Marvin dizimou centenas de milhões de neurónios.
Marvin sente as emoções
o seu corpo reage
mas quando uma reacção física é comunicada
de volta para o seu cérebro pensante
o sinal caí num vazio.
Marvin só pode adivinhar
o que ele ou outros podem estar a sentir.
Quando se é casado
há uma ligação emocional entre duas pessoas.
Essa ligação já não existe.
É como se alguém cortasse esse fio, entre nós.
Se eu tentasse falar com ele
sobre alguma coisa que me preocupa
ou se eu só precisasse de alguém para me ouvir
ele não está mais ali para mim.
Não há empatia ou simpatia
ele não consegue sentir nada
não há camaradagem, só solidão.
Antes do ataque, Marvin era um vendedor de sucesso.
Vendia acessórios de canalização no Estado de Iowa.
Mas não consegue trabalhar à 23 anos.
Ele era muito ambicioso.
Objectivo.
Agora, ele não quer tomar nenhuma decisão importante.
Posso tomar decisões que ache bem
e provavelmente tomar decisões
que não seriam boas.
Não seria bom tomar decisões sobre contas da casa ou coisas assim...
Porque não consigo decidir...
Marvin tem problemas para decidir
porque perdeu a conexão emocional com o seu passado.
Memorias e as emoções que as acompanham
guiam todas as nossas decisões.
Mas para Marvin, memorias não se referenciam a um sentimento.
Todas as coisas que se passam durante a vida
em termos de decisões
estão inevitavelmente acompanhadas por algum tipo de emoção
positiva ou negativa.
Cada decisão tem alguma similaridade
com uma decisão do passado.
E quando estamos numa posição de decisão
relembramos a emoção memorizada
que aparente alguma ligação com a situação
e que nos conduza na direcção correcta.
Portanto, o que temos, literalmente, é uma ajuda navegacional
algo que nos ajude a chegar à decisão correcta.
Se isso estiver corrompido, então estamos à mercê
de factos e lógica, e isso não é suficiente.
Marvin está sem rumo
enquanto navega pelo dia a dia.
Não sou um invalido
não sou...
à dias que penso ser, mas não sou...
Sou capaz de fazer muitas coisas.
Desistia de tudo
para tê-lo de volta, emocionalmente.
Gostamos um do outro e eu sempre o amarei
só tenho saudades do Marvin de antigamente.
Há uma ideia antiga, que a emoção não é uma coisa boa
porque é difícil de controlar.
Mas a emoção é extremamente útil.
A emoção não é um luxo
emoção é uma parcela
dos mecanismos que nos permitem manter vivos.
Sentimentos parecem inatingíveis.
Intensamente subjectivos.
Mas agora, usando novas tecnologias de imagem
cientistas demonstraram que as emoções
têm um lugar físico no cérebro.
Raiva.
Felicidade.
Tristeza.
Medo.
Ás vezes intenso, muitas vezes ligeiro.
Cada uma tem um circuito neural especifico
que evoluiu durante milhões de anos.
O que temos, são estados emocionais.
Para que servem?
Bem, todos servem um propósito.
São todos adaptativos.
Ao ter um sentimento de emoção
temos a possibilidade de ter em conta o que aconteceu
e usando isso, planear futuras acções.
Se alguma coisa lhe causou felicidade
porque é algo potencialmente bom para si
ter esse sentimento, vai ajudá-lo
a organizar o seu plano, à volta da possibilidade
de tirar mais dessa coisa boa nessa situação.
Mesmo emoções que são perturbadoras
como raiva ou medo
têm o seu propósito.
Ninguém está livre da pressão
e quando essas pressões ocorrem, ou acontecem problemas
temos emoções especificas
que fazem parte do reportório delas por uma razão
porque nos ajudam a resolver esses problemas importantes.
Raiva, por exemplo é uma constelação
um pacote de respostas do cérebro
que nos ajuda a remover os obstáculos
no caminho de importantes objectivos.
Com o medo, a coisa essencial é
colocar o organismo fora de perigo.
Permitindo que este animal fuja rapidamente do predador
ou pare.
E então, a experiência de certas emoções negativas
são absolutamente necessárias e apropriadas.
Onde os problemas se levantam
é quando uma emoção persiste durante muito mais tempo
do que o normal.
Eram 6 horas da manhã.
Era um dia normal
ia para o trabalho.
Parei no sinal vermelho na intersecção.
Assim que a luz ficou verde
arranquei.
Ouvi uma buzina do meu lado direito e...
É tudo o que lembro.
Quando tudo acabou, tive tanto medo.
Ás 6 da manhã de 24 de Janeiro
conduzia para o trabalho.
Está a ouvir o rádio.
Parou na intersecção da rua da escola com a avenida Highland.
Passou 1 ano, do acidente que partiu o braço e a perna de Johnny Cortez.
Os seus ossos sararam.
Mas, ele ainda não conseguiu libertar-se
de memorias tormentosas
e medo atroz.
No VA Research Center em Manchester, New Hampshire
cientistas monitorizam os níveis de ansiedade de Johnny.
Ele sofre de Desordem de Stress Pós-Traumática.
D. S. P. T.
Um dos diagnósticos atribuídos a D. S. P. T.
é que a lembrança de um evento traumático
produz reacção física.
Decidimos usar a própria memoria do paciente
relacionada com o evento traumático
como estimulante
para podermos medir mudanças corporais
no laboratório.
Ao passar pelo semáforo
de repente, vê a luz de um carro
a vir da sua direita
e embater no seu carro.
O que vimos, observando o Sr. Cortez a lembrar-se do acidente
foi o incremento do seu batimento cardíaco
muito mais elevado, do que antes da memoria.
Começou à volta de 90 e subiu para cerca de 140.
O batimento do coração de Johnny
e o suor na sua pele
são testemunho da sua angustia.
Providenciam uma janela para o seu cérebro.
Pensamos, que acontece com a mente das pessoas com D. S. P. T.
não é uma simples recordação.
É uma experiência real.
Se eles sentirem que estão a viver essa experiência traumática
então, o coração bate mais depressa
e as mãos suam, porque se preparam para lidar
com um evento assustador.
O carro embate no seu
o seu peito está apertado
e quer gritar.
Ouve sirenes, e uma voz feminina pergunta-lhe algo.
Mas não consegue responder.
Vozes à sua volta são como um sonho.
Está confuso e sente o sangue latejar na sua cabeça.
No D. S. P. T., algo quebra
ocorre algo e o corpo e o cérebro não
aceita que acabou.
E portanto ao passar as pessoas param.
Têm medo que volte a acontecer.
Sentem que acontece, quando ouvem certos sons
sentem certas sensações no corpo
que lhes lembra da situação.
E torna-se num cancro que fica ali dentro da memoria
e domina o modo como vê o mundo
e como se vê a ele próprio.
Não consigo dormir muito bem
é terrível.
Tenho pesadelos.
Não sei como... Não me lembro.
Quando acordo
estou no chão
a chorar.
E a minha mulher, tentando acalmar-me
dizendo que estava tudo bem.
Como é que o medo,
uma resposta evolucionaria, que nos pode salvar do perigo,
foi transformada por um acidente traumático
em D. S. P. T.?
No Hospital Geral de Massachusetts, em Boston
cientistas examinam a resposta ao medo.
Explorando o cérebro de pessoas
com e sem Desordem de Stress Pós-Traumática.
Enquanto uma série de caras sem expressão
lampejam à sua frente.
Escondido entre as caras
está uma imagem que significa ameaça.
Uma cara congelada de terror.
Nesse instante, uma parte do cérebro
em todos os sujeitos testados
é altamente reactivo.
A amígdala.
A amígdala é uma pequena estrutura
que se preocupa muito com ameaça e medo.
Se há alguma coisa, potencialmente perigosa para nós,
é uma área do cérebro que fica activa muito rapidamente,
e recruta outras áreas do cérebro,
para tentar lidar com esta inesperada circunstancia.
A amígdala envia sinais para o corpo,
os músculos começam a ficar tensos.
Hormonas são libertadas, a pressão sanguínea sobe.
E isto tudo faz parte da reacção protectora do corpo
desenhado pela evolução
para nos ajudar a manter vivos.
Imagine-se a andar pela floresta
e de repente há um objecto curvo
que se parece com uma cobra no chão.
E você pára a sua perna acima desse objecto
e olha para baixo e vê que é só um pau.
Então, porque é que a sua perna parou assim?
No cérebro normal,
a amígdala actua como um sistema de alerta.
Avisando-nos do perigo.
Mas a amígdala não actua sozinha.
O córtex frontal, onde pensamos e somos conscientes,
representa um papel crucial.
Há duas áreas paralelas que processam o medo no cérebro.
Uma que vai directa à amígdala.
Por um caminho rápido.
E dispara uma reacção de medo inconscientemente.
Mas então, à medida que a informação
chega lentamente ao córtex,
o córtex percebe a diferença entre o pau e a cobra.
E diz: - É só um pau.
Uma vez que o perspicaz córtex
determina que não há razão para pânico,
manda uma mensagem para a amígdala,
a sossegar a reacção de medo.
Mas na Desordem de Stress Pós-Traumática
o córtex é feito refém por uma amígdala volátil.
O pensamento é sequestrado pela emoção.
Pessoas com D.S.P.T.
estão sensivelmente sintonizadas
para apanhar ameaças.
E reagem até aos menores estímulos.
Como se a sua vida estivesse em perigo.
Como se a sua vida estivesse para acabar.
Está apanhado.
Qualquer barulho sobressalta-me.
O meu coração começa a bater rápido.
Então penso, que se passa comigo?
Um acidente que acontece a qualquer um
como pode alterar a vida de uma pessoa.
Porquê? Não compreendo.
A maioria das pessoas que sofrem de D.S.P.T.
são como o Johnny.
Á mercê de uma amígdala hipersensível
e da hormona que dá uma descarga extra de energia
que nos ajuda a lutar ou a fugir na face do perigo.
Adrenalina.
Num momento de terror
a amígdala despoleta uma cascata de reacções.
Uma onda de impulsos nervosos
viaja pelo tronco cerebral
e provoca uma descarga de adrenalina no corpo.
Enviando uma enxurrada de hormonas de stress no cérebro.
Que ajuda a avivar a memoria do perigo
mais profundamente no nosso circuito neural.
Para o podermos evitar da próxima vez.
Uma experiência emocionalmente forte
liberta hormonas, o que nos permite
lidar com essa experiência no futuro.
Porque teremos uma memoria mais forte
desse conjunto preciso de circunstancias
e podemos usar essa informação
para tomar decisões do que fazer no futuro.
Mas, pessoas com D.S.P.T.
aparentam ter uma amígdala hiper sensitiva.
Mesmo o som mais inofensivo
dispara-a.
Uma e outra vez, o momento traumático
involuntariamente relembrado e revivido
repetidamente activando a amígdala
e libertando adrenalina.
Cada vez, queimando o trauma profundamente
nos centros de memoria do cérebro.
Desordem de Stress Pós-Traumática
é simplesmente emoção e memoria normal a fazerem faísca.
Indo longe demais.
Usa um mecanismo adaptativo
para um propósito desadaptado.
Se D.S.P.T. começa com uma descarga de adrenalina
bloqueando a adrenalina poderia parar a D.S.P.T.
antes que começar?
Nas urgências do Hospital Geral de Massachusetts
onde Johnny deu entrada depois do acidente
cientistas têm experimentado
o novo tratamento.
Se resultar
pode poupar a pacientes traumatizados
uma vida de pesadelos e ansiedades.
Porque não?
Se, dar um pouco de bloqueador-beta,
uma droga que bloqueia a acção da adrenalina,
porque não dá-la a sujeitos
que tiveram uma experiência traumática
em que, mesmo que revivam a situação
mesmo que tenham essas recordações,
não terão a adrenalina a fortalecer a memoria.
Num estudo controlado cuidadosamente,
vitimas de acidentes, traumatizadas,
receberam a droga bloqueador-beta
assim que chegaram ás urgências
e depois 4 vezes por dia, durante 2 semanas.
Os dados preliminares sugerem,
que interferindo no impacto da adrenalina
a o bloqueador-beta pode parar
o ciclo vicioso da Desordem de Stress Pós-Traumática.
A Desordem de Stress Pós-Traumática podendo ser bloqueada
é uma forma de prevenir esta doença.
E até agora não houve nenhuma.
Então são noticias boas, se resultar.
A memoria estará sempre lá
mas, a esperança é prevenir que não seja tão forte
que tome conta da vida do individuo
e que se torne numa forte memoria
não numa significativa, desordem emocional.
Tal como o medo se virou contra Johnny Cortez
aterrorizando-o persistentemente
outras emoções também podem fazer o mesmo.
Cólera, desejo, tristeza.
São tão tangíveis como o medo.
E qualquer uma delas pode descontrolar-se
com consequências devastadoras.
Emoção diz-nos o que é bom ou mau no nosso mundo.
Emoção forma conceitos próprios.
Mas os conceitos podem-nos fugir,
podemo-nos sentir desesperados
inúteis, podemos sentir que não há futuro para nós.
Lauren Slater deu entrada num hospital psiquiátrico
com 14 anos de idade.
Sofrendo de depressão severa.
10 anos mais tarde
depois de várias estadias no hospital
ela continuava a sofrer.
Quando tinha 24-25 anos
as minhas hospitalizações eram breves.
Acabavam comigo.
O que poderiam fazer com esta rapariga
que atendiam ano após ano?
Saí do hospital, e não tinha para onde ir.
Então fui para um motel.
E adormeci.
Estava nesse estado meia a dormir, meia acordada
e consegui ver muito claramente
para onde a minha vida se encaminhava.
Sabia que
não queria continuar a viver.
Do modo como tinha sido até aqui.
Vi-me claramente,
quem eu era e o que era,
e no que me tinha tornado.
E queria sair desse estado.
Isso significava uma de duas coisas.
Ou melhorava, mudava
ou ia-me embora.
E essas eram as duas opções para mim.
Foi nesse momento, no quarto do motel
que escolhi.
Queria tentar levantar-me, primeiro que tudo.
Lauren continuou a vida.
Com a depressão a crescer no seu cérebro.
Não a nostalgia que todos nós sentimos.
Mas uma frustrante e crónica doença.
Continuamos a lutar, para compreender
o que acontece de errado no cérebro
para causar depressão.
Porque a depressão pode ter sintomas profundos.
Pode mudar vidas.
Pode levar pessoas a acabar com a vida.
E contudo, quando olhamos para o cérebro
de uma pessoa com depressão
não vimos buracos, ou lesões obvias.
É muito diferente de outros distúrbios.
Não sabemos a causa
não temos uma patologia, como para as doenças de Alzheimer
ou Parkinson.
Tudo o que temos agora é
uma colecção de sinais e sintomas clínicos.
Sentir a depressão, para mim
é sentir-me morta.
É sentir que todas as coisas na vida
que me deram conforto e significado
não são sequer familiares.
Morte, terror, horror
tempo distorcido
é o isolamento definitivo, inutilidade.
Por isso é muito difícil falar nisso.
Uma imagem apanha o que palavras não conseguem.
O cérebro deprimido
sem aparentar danos
mas para os cientistas
a sua assinatura é clara
em padrões de actividade cerebral.
O Córtex Pré-frontal
a parte do cérebro com que compreendemos
e interagimos no nosso mundo
ficou sombrio e silencioso.
O núcleo emocional do cérebro
ao manda sinais para o Córtex Pré-frontal
inunda-o com químicos
que transportam mensagens emocionais.
Mas o Córtex Pré-frontal
só pode fazer tentativas para responder.
Deve haver uma constante interacção
entre o que sentimos e o que pensamos.
Mas num estado de depressão intensa
o equilíbrio entre emoções e sentimentos
pensamentos e raciocínio
torna-se instável.
Qualquer um pode ficar deprimido.
Mas depressão crónica
parece ser hereditário.
Passado pelos genes de geração em geração.
A vulnerabilidade pode ser escondida
por experiências traumáticas na juventude.
Olhando para a história da minha família
pode-se ver que a depressão grassa
pela árvore genealógica.
O meu pai lutou com a depressão
e a sua mãe e pai também.
Por isso sei que existe para trás.
Também penso que o meio ambiente
teve um papel importante no modo como
pode ser inevitável ou tendencioso.
Houve episódios de violência
muito seria.
Houve murros, agressões
puxões de cabelos.
Muita crueldade, humilhação,
dia após dia.
Sabemos que há períodos críticos, na infância
quando o cérebro é extremamente frágil.
E uma das consequências de um trauma
é que o cérebro não forme as conexões normais
que normalmente faria
e haverá consequências em adulto.
A maioria das pessoas que sentem depressão
não foram molestadas em criança.
Mas Charles Nemeroff acredita que abusos
sexuais, físicos e até emocionais
podem tornar o cérebro
anormalmente sensível ao stress.
E mais tarde, na vida
tornam algumas pessoas mais vulneráveis à depressão.
Cientistas descobriram que pessoas com depressão
muitas vezes, produzem
muito da hormona do stress, Cortizol.
Muitas noções relacionadas com a resposta ao Stress, não são verdadeiras.
Stress é um acontecimento
que devia ser temporalmente limitado.
Exposto a uma situação de stress
a sua hormona de stress devia libertar-se
e depois parar muito rapidamente.
Mas no cérebro de uma pessoa com depressão
stress, liberta demasiado Cortizol
durante muito tempo.
Exposição crónica a esta normal hormona do stress
pode ser tóxica para o cérebro.
É como uma cicatriz, como alterar o cérebro
tornando o cérebro mais vulnerável a depressões subsequentes.
Depois da experiência naquele quarto de motel
tentei verdadeiramente recompor-me.
Tentei viver sem sintomas.
Tentei não me ir abaixo.
Foi um período horroroso, que durou um ano.
Absolutamente horroroso.
Tinha quadros, listas, isto e aquilo
só para voltar ao bom caminho.
Muito suor, esforço e não resultou.
E quando não resultou
eu estava preparada para me atirar.
E não foi só um ano. Foram os dez anos anteriores.
Estava exausta.
Portanto, o suicídio era um pensamento confortante.
As pessoas matam-se
quando estão deprimidas.
Como um modo de se pouparem
a uma dor inultrapassável.
Suicídio é uma cura viável.
Para a depressão.
É como a pessoa deprimida a vê.
Mas há essa tenacidade
não só minha, mas de todos.
Queremos viver.
Então telefonei à psiquiatra que me consultava
e ela disse-me
há esta nova droga no mercado
e eu penso que devemos experimentá-la.
Chama-se Prozac.
E a minha reacção foi...
eu não quero outra droga.
Contudo, quando a psiquiatra me ofereceu uma saída
eu aceitei-a imediatamente.
Então experimentei.
Sabe, engolir um míssil bioquímico e
bum, cabum, mudamos.
O cérebro contem 100 biliões de neurónios
e eles fazem 100 triliões de conexões, ou sinapses.
E, cada um dos neurónios liberta substancias químicas
chamadas neuro-transmissores.
E estes neuro-transmissores
são os tutores do cérebro.
É assim que estas células comunicam entre si.
Á medida que os neuro-transmissores
flúem pelo cérebro como um rio,
enviando um fluxo constante de informação,
entre as regiões emocionais e do pensamento
só alguns miligramas de Anti-depressivos
como Prozac, Zolof ou Paxam,
podem rapidamente e radicalmente
afectar um deles.
Um químico que influencia o humor
Saratona.
Na brecha sináptica, entre os neurónios
onde a Saratona transporta mensagens
de uma célula para outra
preparam uma série de moléculas
que actuam como portas nos canais
regulando o fluxo da Seratona
determinando a quantidade.
Na depressão, a Seratona é baixa.
Um anti-depressivo pode abrir alguns bloqueios moleculares
forçando os níveis da Seratona a subirem
nos espaços abertos entre as células.
Mudanças que acontecem pelo cérebro
mais especialmente no Córtex Pré-frontal.
O facto de acontecer no Córtex Pré-frontal
penso que é intrigante
desde que esta é uma área hospedeira.
Uma área critica, que regula o humor.
Permite ao cérebro recompor-se.
Níveis altos de Seratona, estimulam uma cascata
de reacções, que trazem de novo equilíbrio ao cérebro.
Em semanas, os sintomas de depressão
misteriosamente desvanecem-se.
O que realmente queremos compreender
é esse ultimo passo, ultimo bocadinho
que mudando a ligação
passe de eu não ser bom,
se calhar não sou assim tão mau.
E isso vai trazer um imenso progresso
na neuro-ciência.
Quando compreendermos isso
compreenderemos coisa muito importantes
acerca do que significa ser humano
como é que as coisas correm mal
com é que correm bem.
Nos primeiros seis meses
os melhores seis meses da minha vida...
De repente, conseguia sentir
sentir prazer, felicidade, tristeza
toda uma série de possibilidades.
Andava aturdida.
Os meus sentidos estavam muito diferentes
as cores eram diferentes
tinha o paladar diferente.
A minha língua estava diferente.
Um mundo que de repente se abriu para mim
que eu nunca tinha explorado.
Não há palavras para definir
o quão inacreditável foi aquela experiência.
Quão feliz estava.
Passaram 12 anos desde que Lauren
encontrou alivio da depressão.
Desde aí, ela trabalhou para reconstruir a sua vida.
Recebeu um doutoramento em psicologia.
Casou.
Teve uma criança.
Nos meus piores momentos
acho que
alterar a transmissão da Seratona
altera a pessoa, e ponto final.
Mas, a historia é sempre mais complicada.
Você é realmente uma historia milagrosa.
Com este tratamento.
Eu estou assim à 12 anos
e penso sempre
a minha preocupação é que estou em "tempo emprestado" com isto.
Uma década emprestada.
Mais de uma década. Uma década mais dois anos.
O que é óptimo, mas não sei se sou
a historia maravilhosa do Prozac.
Porque comecei com 10 miligramas
e agora tomo 8 vezes isso.
Suspeito muito da droga.
Apesar de estar apaixonada por ela.
O facto de tomá-la é real
não tem tido sempre os sintomas
temos conseguido libertá-la dos sintomas
quando os sente.
Tem sido um bonito sentimento.
E isso, lamentavelmente é raro.
Raramente se vê uma depressão severa como a sua
a regredir tanto com a sua.
Pensei que este problema estava resolvido.
Mas é como uma relação complicada
tornou-se um amante incerto.
Que tem a capacidade de me salvar
mas que me deixa a qualquer momento
completamente abandonada.
Lauren não está curada da depressão.
As drogas só aliviam os sintomas.
E, como uma infecção que resiste ao antibiótico
o cérebro de Lauren periodicamente
começa a resistir aos anti-depressivos.
Ela percebe que as dosagens devem ser aumentadas.
Drogas diferentes devem ser descobertas.
Os pacientes chamam-lhe pico do Prozac.
O meu maior medo com o pico do Prozac, é
agora que tenho uma criança
não sou só eu.
E tenho medo de não conseguir funcionar
como mãe.
E que isso
tenha repercussões na minha filha.
Lauren dependerá sempre da medicação
para continuar a sua vida.
Para simplesmente ir trabalhar.
Mas agora, ela olha par lá do seu sofrimento
para ajudar outros.
Penso que quando era jovem
era só preguiçosa.
Penso que toda a gente me achava preguiçosa.
É como estar no dentista e ter uma bata.
Quando estou deprimida é como se tivesse essa bata.
Agora o que me diz...
Comparando com a sua própria experiência com a depressão
Lauren tornou-se psicóloga.
Aconselhando pacientes numa clínica comunitária em Boston.
Como Lauren, muitos tomam drogas para aliviar a depressão.
Ele começou a sessão de terapia dizendo
que não havia recursos para além do medico e da medicação.
Seria dependente de pílulas
e de repente deixaria de as tomar.
Acho que a terapia com drogas,
provavelmente dá uma vantagem.
A habilidade de estar tempo suficiente sem sintomas
de modo a aprender novas formas de comportamento.
Mas eu e outras pessoas resistimos a estar reduzidas
a uma série de interacções bioquímicas.
Então insisto que deve haver alguma terapia alternativa
não pode ser só acerca das sinapses.
Você disse-me que construiu uma rede de apoio.
E que saiu do armário em relação à depressão.
E que isso realmente ajudou.
E estes são os mecanismos de cooperação que tem.
O facto é que tem recursos próprios.
Para muitas pessoas,
as drogas simplesmente não são suficientes
para controlar a depressão.
Investigadores demonstraram
que o modo mais eficaz de tratar a depressão
é com uma combinação de drogas e conversação.
Conversação funciona, porque mexe com o cérebro.
Cada vez que aprendemos algo novo
que mudamos de opinião
que nos lembramos de algo
só podemos fazer isso mudando a estrutura física do nosso cérebro.
Ao mudar pequenas ligações sinápticas
para processarmos informação de modo diferente
podemos pensar em terapia
como aprender uma técnica que não é
igual a uma técnica de motricidade.
Por exemplo, ficar adepto de um desporto particular
ou a um instrumento musical
onde a pratica sistemática conduz
a uma mudança de comportamento.
A ansiedade de ficar deprimida
é quase pior que a depressão.
O que precisa de se lembrar
é que vai sempre ultrapassar isso.
Talvez com algumas mazelas, mas vai sempre ultrapassar.
Portanto...
As curiosas energias que são bem pensadas
tomam o seu lugar.
Contudo para mim não foi tão simples.
A minha personalidade sempre consistiu em
suprimir as energias curiosas
mas também as depressões intensas
que levam à dor.
E todas ou pelos menos algumas destas coisas
foram-me bastante familiares.
Como a musica.
Tendo vivido com depressão crónica
alto pânico e outros sintomas psiquiátricos
desde a minha juventude
criei uma identidade patológica para mim.
A historia que a doença tem um motivo principal
o móbil explicativo em que o meu ser é baseado.
Desapareceram.
Passei a fronteira para a saúde.
Não havia mais a depressão
o que me parecia como o conforto de um cobertor
para a ansiedade
que conduzia uma fluorescência ás coisas
ou ás vozes, que sempre existiram.
Umas vezes altas, outras mais baixas.
Como um som estridente na noite.
Nos 12 anos desde que deixou o hospital
de tornar-se uma segunda casa
Lauren domou a sua depressão
e aprendeu a viver com ela.
Ás vezes é uma coisa precária
mas permitiu-lhe escrever
e tornar-se uma louvável critica.
Quando estava no hospital psiquiátrico
havia lá uma pessoa que era tão esperta...
Á 4ª vez que fui internada ela disse-me:
Vai volta aqui para sempre, não vai?
E parecia assim. Parecia que a minha vida ia ser assim.
Ás vezes parecia-me que estava a ter sucesso
mas não pelas razões que pode imaginar.
Mas porque tinha saído e ficado fora.
O cérebro é capaz de toda uma panóplia
de pensamentos humanos.
Mas é a emoção que está no coração do nosso pensamento.
As nossas vidas são governadas pelas emoções
e pela interacção da emoção com o processo do pensamento.
É isso que somos. Somos pessoas emocionais.
Não existe nada com um momento não emocional na vida.
Pensamos, sentindo
o que há para saber.
Ouço meu ser a dançar de ouvido a ouvido.
Acordo para o sono e demoro a acordar.
Aprendo indo
para onde tenho de ir.
No próximo episodio...
O CEREBRO A ENVELHECER
Tradução, adaptação e sincronização por
Pedro Lucas