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"Levamos um bom tempo para concluir o processo e pedimos que nos fosse fornecido suficientemente
para considerarmos os fatos. O que nos foi apresentado foi levado
ao gabinete para uma decisão."
Esse pronunciamento da Ministra de Recursos Minerais da África do Sul Susan Shabangu,
de duas semanas atrás, reinstalou o medo nos grupos antifracking de que o que mais
temiam poderia estar se tornando realidade.
"Estamos perplexos com o seqüenciamento e a lógica da interrupção do embargo, e ao
mesmo tempo anunciando que haverá participação pública." - Jonathan Deal, ativista
Em 2011, seguido por críticas ferozes contra o fraturamento hidráulico, o governo instituiu
um embargo sobre a exploração. Cinco companhias incluindo as gigantes do petróleo: Shell
e Falcon Oil and Gas Limited baseada no Canadá, requeriram licensas para explorar, pelo menos,
20% do território Sulafricano.
"Those are the companies which will consider the exploration.", disse Shabangu
A ministra afirmou que o governo vai prosseguir com cautela. No entanto, Jonathan Deal ativista
antifracking que está se tornando o porta-voz da resistência contra o processo na África
do Sul acredita que essa é uma aposta que o país não pode se dispor a aceitar e que
uma batalha judicial é iminente.
"Vamos esperar e ver as explorações e aplicações. Com isso, se e quando as licensas forem emitidas
vamos rever os termos, as condições e os critérios que as cercam e isso irá nos ajudar
a criar o plano das apelações. Porém, ao ponto que chegamos, infelizmente, parece que
essa situação irá diretamente para o tribunal." - Deal
"Como um governo, temos a responsabilidade de defender as decisoes que tomamos. Se formos
levados ao tribunal, temos que nos defender e manter nossa responsabilidade." - ministra
No parlamento nacional em Cape Town, ativistas antifracking gritavam contra o posicionamento
do governo. O protesto fez parte de uma campanha mundial chamada "Global Frackdown."
"É importante que a África do Sul mande uma mensagem ao governo. A de que não estamos
preparados para sermos manipulados pela industria internacional de mineração." -- ativista
Grevistas na África do Sul denunciaram a empresa Shell por ter investido 200 milhões
para a exploração do gás. Disseram também que o dinheiro poderia ter melhor uso na busca
por opções de energia mais verdes, como a solar.
"Dizemos à eles: apliquem esse dinheiro na região de Karoo com energia solar." - ativista
Uma avaliação feita pela Agencia de Petróleo da África do Sul concluiu que aproximadamente
30 trilhões de pés cúbicos de gás de xisto podem ser recuperados do solo Sulafricano.
A pesquisa estima que esse fato pode gerar no mínimo 50.000 empregos.
Um relatório lançado pela Comissão de Pesquisas Hídricas forneceu aos ativistas mais vigor
e razões para se opor à posição do governo. A pesquisa revelou que o "fracking" impõem
riscos de câncer pelos produtos químicos usados no processo.
Os temores dos ativistas são postos em evidência quando se trata da região de Karoo, uma área
expansiva de campina seca situada a duas horas de Cape Town. Além da contaminação da água
no solo, espécies ameaçadas de plantas, animais e aves também serão afetadas.
"Podemos nos submeter, em um país com escassez de água, a colocar grande parte dos nossos
recursos hídricos em risco como conseqüência da fome pelo gás de xisto?" -- Paul Hoffman,
advogado.
Essa é uma causa que Paul está inclinado a defender. Diz que apesar da força que o
governo possui, antecedentes mostram como cidadãos comuns e organizados podem ganhar,
com sucesso, casos na justiça.
Davison Mudzingwa em Cape Town para o The Real News Network