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Perguntamos a 50 defensores de direitos como eles transformam informação em ação
e perguntamos o que infoativismo significa para eles.
Infoativismo significa ter acesso à tecnologia
e poder usar tecnologia para criar e disseminar informação
de forma democrática e participativa.
Dar informação às pessoas facilita a tomada de decisões inteligentes,
ajuda na mobilização e motivação de suas comunidades
e também significa dar esperança
em circunstâncias em que essa é a última coisa que você pensa ter.
Pessoas que não tinham acesso a ferramentas sofisticadas
para se comunicar e lutar por seus interesses,
agora estão conectadas.
Há agora ferramentas incríveis na Internet e nos celulares
para enviar e disseminar mensagens rapidamente.
E as mensagens divertidas se propagam ainda mais rápido.
Precisa ser centrado nas pessoas. Precisa ser participativo.
E precisa ter o uso estratégico de diferentes ferramentas de comunicação.
O objetivo é utilizar novos espaços que foram abertos pela Internet,
pelas novas mídias,
e até mesmo por formas mais baratas de tecnologia digital,
seja o vídeo ou outras plataformas, como as de publicação online.
E é usar todos esses novos espaços para fazer,
você sabe, para fazer aquele velho ativismo.
Engajamento.
Criatividade.
Interação.
Mobilização.
Conectar pessoas.
Participativo.
Acessível.
Inspirado.
Compartilhado.
Cooperação.
Ação.
Mudança.
10 táticas
para transformar informação em ação.
Um filme de
Tactical Technology Collective.
Informação é poder.
Ela pode conscientizar, melhorar as condições de vida,
desmascarar corrupção e abusos de direitos,
e quando utilizada de forma eficiente em campanhas
promover a igualdade e a justiça.
Infoativismo é o que acontece quando defensores de direitos usam informação
como seu bem mais importante para gerar mudanças.
É o que acontece quando transformamos informação em ação para lidar com uma questão.
Infoativismo envolve aproveitamento de ferramentas de informação e comunicação
para mudanças sociais positivas.
Aqui temos dez táticas
explicadas por meio de campanhas de sucesso de todo o mundo
que você pode usar para transformar informação em ação.
10 táticas
para transformar informação em ação.
Mobilizar pessoas em torno das questões com as quais se importam
requer uma mensagem forte, objetivos claros e um bom plano.
O vídeo é uma poderosa ferramenta que pode ser utilizada para unir pessoas
em torno de uma ação.
Nós treinamos comunidades em produção de vídeos e
em uma regiões onde demos o treinamento
foi feito um filme sobre direitos de propriedade numa região bastante feudal de Gujurat, na Índia,
e todos os vídeos terminam com uma chamada à ação.
Nesse vídeo, a chamada era
para a comunidade lutar por seus direitos e exigir terras.
O vídeo é uma boa ferramenta porque eu acho que, em um grande número de comunidades, as pessoas não são alfabetizadas,
nem têm acesso a outras tecnologias, como a Internet.
De modo que eu acho que o vídeo é uma ótima mídia
para alcançar essas comunidades
porque você vê coisas acontecendo bem diante dos seus olhos e
isso realmente cria muito impacto.
Como resultado desse filme, que foi exibido em aproximadamente 25 vilarejos,
por volta de 700 pessoas correram
aos representantes da administração municipal local e formalizaram reclamações,
dizendo que não havia terra sendo distribuída a eles.
Apesar da solicitação ainda estar em processo, o fato de 700 pessoas
terem juntas criado uma mobilização foi ótimo.
Esse foi um dos maiores impactos que tivemos.
Plataformas online, como sites de redes sociais
podem ser usados como espaços de encontros
para pessoas preocupadas com temas ou necessidades comunitárias específicas.
Rebecca Saabe Saade usa o Facebook em seu trabalho
com mulheres lésbicas, bissexuais e transgênero no Líbano.
Pelo Facebook ser tão popular no Líbano
ele permite que as organizações para as quais Rebecca trabalha
se conectem com um grande número de pessoas que estão lutando contra discriminação
e pressões sociais.
Mas usar sites populares de redes sociais como o Facebook
também tem desvantagens.
Quando eu estava trabalhando com comunidades marginalizadas era diferente porque
a pressão é principalmente discriminatória, então só por você existir, isso já é um problema.
Então tivemos que encontrar um jeito de usar essa ferramenta muito popular no Líbano
sem prejudicar a segurança e o anonimato das pessoas envolvidas.
Então, começamos a criar um perfil solitário,
sem nenhum amigo. Apenas com informações muito básicas:
o logo, o nome da organização, o país e com o que trabalhamos,
que são lésbicas e transexuais no Líbano.
O principal objetivo desse perfil não é especificamente criar redes de contatos,
mas apenas ajudar essas mulheres ou qualquer um que esteja procurando por auxílio às lésbicas no Líbano
a chegar ao nosso site. Há um link para o nosso site lá.
Quero dizer, temos perfis em locais diferentes, e essa é a questão. O objetivo é sempre
divulgação de uma maneira bem popular, para que as pessoas acessem o nosso site.
Trabalhando com uma comunidade bastante marginalizada
estamos cientes de que não há privacidade no Facebook.
Não importa o que você tente fazer, ele não pode ser privado.
Então, se começarmos um grupo, por exemplo, e um monte de garotas entrar nesse grupo, vai ficar
claro que muito provavelmente elas são lésbicas.
Então, o que tivemos que fazer foi encontrar um jeito
inventivo de fazer com que as pessoas não se conectem a nós.
A campanha Pink Chaddi na Índia também revelou
prós e contras do uso do Facebook.
'Chaddi' significa 'calcinha' em hindi
A campanha Pink Chaddi foi criada como uma resposta aos ataques sofridos por mulheres
por um grupo político de direita chamado Sri Ram Sena, simplesmente porque
elas foram vistas bebendo em bares.
O grupo Pink Chaddi mobilizou 16.000 pessoas
a entrar na campanha em apenas três dias
e alguns meses depois atingiu mais de 50.000 membros.
"Em um incidente chocante de policiamento moral...
arruaceiros atacaram cruelmente garotas que estavam em bares..."
Muitas imagens desse ataque foram transmitidas em rede nacional
e muitas mulheres e outras pessoas ficaram muito furiosas pela maneira como as mulheres
estavam sendo tratadas pelo Ram Sena.
Houve muito furor no grupo online, muita raiva e ressentimento
que precisou ser canalizado.
Uma das maneiras de fazer isso foi enviando calcinhas rosas para um dos líderes do grupo Pramod Muthalik
A mídia cobriu muito esse ato.
E, em resposta, ele disse que responderia dando saris rosas
para cobrir nossa perversão
com algo tão decoroso como a tradicional roupa indiana, o sari.
A campanha Pink Chaddi foi um grande sucesso na minha opinião
porque permitiu a abertura de espaço para o diálogo
entre pessoas comuns e a direita hindu,
o que nem sempre é possível.
Ela não foi uma resposta violenta, e não tinha como objetivo
bater em pessoas que se envolveram na campanha,
o que é bastante comum, que exista uma resposta violenta.
Houve diversos problemas com esse ativismo online, o que
dificultou a sua tradução para modos offline de ação, e uma delas foi
o fato de que a organização do movimento foi feita no Facebook.
E o Facebook não permite o envio mensagens dentro do seu grupo
depois que ele atinge 5.000 membros. Então, sem perceber,
quando nós ultrapassamos essa marca e nos tornamos 16 ou 40 mil,
nos demos conta de que não era mais possível a comunicação com ninguém que estava no grupo.
Só podíamos usar os quadros de discussão e as mensagens nos murais
o que não era efetivo o bastante para nos comunicarmos com todos.
Depois, os ativistas da Pink Chaddi aprenderam
que usar o Facebook também tinha outras desvantagens.
A presença online dos grupos foi hackeada, desfigurada,
e depois apagada, enquanto mensagens ofensivas eram enviadas aos criadores do grupo.
Apesar dos inúmeros pedidos ao Facebook para restabelecer o grupo,
meses mais tarde, nenhuma ação tinha sido tomada.
Esses exemplos destacam a necessidade de se estar alerta para
as oportunidades e riscos envolvidos na utilização de plataformas online para ativismo.
Na medida em que os dispositivos de gravação de mídia se tornaram menores e mais baratos,
as pessoas começaram a gravar abusos enquanto eles aconteciam.
Ajudar testemunhas a gravar abusos
e prover espaços em que eles possam ser transmitidos,
é uma tática útil que pode ser usada para ressaltar abusos,
e fazer com que as autoridades tenham que lidar com isso.
Para mim, o poder do vídeo está em sua capacidade de passar
a evidência visual e a experiência de primeira mão
do que é sofrer, por exemplo, a violação dos direitos humanos.
O mais excitante agora é que as pessoas têm celulares
que podem ser usados para capturar a realidade em primeira pessoa
do que sofreram. Então, não são apenas uns poucos
que podem contar suas histórias. Todos têm o potencial de ser uma testemunha.
Testemunhar, gravar, transmitir e expor.
Essa foi a tática usada pelo Targuist Sniper,
um ativista de vídeo anônimo do Marrocos
que filmou policiais aceitando suborno de motoristas.
Ele filmou aqueles policiais em diferentes lugares e dias
da semana, fazendo a mesma coisa.
Ele filmou entre 10 e 15 policiais cometendo os mesmos abusos
nas ruas daqueles vilarejos.
Ele colocou tudo no Youtube: publicou o primeiro, o segundo e o terceiro vídeos.
Os vídeos foram vistos por centenas de milhares de usuários.
Eles pressionaram o governo para que prendessem aqueles agentes
e para que também utilizassem a mesma técnica:
esconder câmeras nas ruas e monitorar os policiais,
assim como fez Tarquist Sniper.
Num contexto diferente, na Birmânia,
os registros de abusos do governo feitos por cidadãos não parecem ter
mudado o comportamento do regime militar do país.
Mas mesmo assim os blogueiros gravaram e transmitiram o que testemunharam,
chamando a atenção mundial para a Birmânia
e isso aumentou a consciência sobre os abusos de direitos humanos que estão acontecendo lá.
Agora, na Birmânia, tudo está controlado,
principalmente a Internet, email e materiais online.
Mas muitas pessoas na Birmânia continuam usando blogs.
Estão postando histórias, imagens, tudo o que conseguem.
Assim, as pessoas no mundo todo podem ver o que realmente está acontecendo por lá.
Blogs e dispositivos baratos de gravação digital são considerados integrantes
da chamada "Revolução Açafrão" que aconteceu na Birmânia
Enquanto os protestos birmaneses sobre as dificuldades econômicas e a brutalidade militar
aumentaram em tamanho e frequência, relatos de violência militar também cresceram.
Imagens de freiras e monges vestindo robes cor de açafrão
foram transmitidas pela Internet e, logo depois, utilizadas
pela grande mídia em todo o mundo, fazendo com que o regime militar
cortasse temporariamente toda a Internet e a maioria dos serviços de telefonia celular
durante o auge dos protestos.
Apesar disso, como Aung explica, o desenvolvimento de câmeras simples e baratas
foi crucial para a gravação do que aconteceu,
ao mesmo tempo em que os blogs foram ferramentas inestimáveis para a obtenção dessas notícias e imagens
distribuídas pelo mundo afora.
O que aconteceu foi que pessoas viram isso diante de seus olhos
e simplesmente pegaram uma câmera e filmaram tudo.
Todas as fotos, áudio, vídeos que conseguiram, elas publicaram em blogs.
O que fez com que isso se tornasse automaticamente um grande sucesso.
Mas sob regimes repressores, o infoativismo online
não se traduz facilmente em impactos no mundo offline.
Na Birmânia, muito blogueiros estão pagando agora um preço alto
pelas ações durante a “Revolução Açafrão”.
Muitos foram presos e receberam sentenças algumas vezes superiores a 50 anos.
Isso mostra porque as consequências de atividades online
precisam ser planejadas cuidadosamente e com antecedência
por todos os envolvidos em desmascarar e transmitir abusos.
Vítimas e sobreviventes de abusos de direitos humanos já são vulneráveis.
Então, é realmente importante que, quando os filmarmos, tenhamos certeza de não vitimizá-los ainda mais.
Para nós, isso significa ter certeza de que as pessoas entendam o pior dos cenários, para aqueles que vão ver o material.
Numa era digital, você não pode presumir que, quando uma gravação é publicada,
ele não vai ser copiada, colocada no YouTube e vista pelo criminoso
ou pela pessoa responsável pelo que aconteceu.
Achamos que você deve apresentar o pior cenário possível e ajudar as pessoas a julgarem por si mesmas
sobre se elas querem falar ou serem vistas,
para, então, tomar providências para protegê-las.
Mascarando sua identidade ou voz, e tomando tais providências.
Acredito que um dos principais desafios atuais do infoativismo é
como encorajar milhares de pessoas que estão
atualmente participando de movimentos de direitos humanos usando vídeos
a pensar sobre como eles entendem a importância do consentimento
e como eles entendem essas questões
para que não vitimizem duplamente aqueles que já foram vítimas.
Dispositivos móveis de gravação, blogs, vídeos e canais de transmissão online
são apenas algumas maneiras que info-ativistas têm para gravar e expor abusos de direitos humanos
e apoiar ações oficiais que vão tratar de tais abusos.
Mas, enquanto esses exemplos são destacados, é essencial considerar cuidadosamente
a necessidade de anonimato das pessoas, para proteger aqueles que podem estar vulneráveis a outros abusos.
Para mobilizar realmente um público é necessário ser criativo.
Em vez de saturar as pessoas com palavras ou texto,
existem muitas maneiras de visualizar uma questão.
A animação é uma maneira e uma mídia que também proporciona uma licença criativa
de explorar questões delicadas.
Acredito que animação pode ser particularmente boa
como uma ferramenta de apoio para infoativismo
numa situação na qual existe um contexto político
explosivo ou sensível, em que você não
quer necessariamente falar das coisas de maneira literal ou combativa,
quando você está lidando, por exemplo, com questões delicadas de raça ou gênero.
Você pode usar animais ou objetos em animações
no lugar de pessoas reais. E isso lhe dá licença para falar
de muitas coisas com as quais você não poderia lidar
ao fazer filmes convencionais.
Acredito que a mágica da animação encanta a todos.
Mover objetos inanimados ou objetos que você não esperava que se mexessem
é maravilhoso e impressiona a maioria das pessoas.
Atualmente estou trabalhando em um projeto no Cairo
com um grupo chamado The Women and Memory Forum,
que está reescrevendo a mitologia árabe e contos populares a partir de uma perspectiva feminista.
Estamos produzindo uma animação de 3 minutos
baseada em uma dessas reescritas de modo que
se criem representações culturais diversas da mulher no Oriente Médio.
Mapas são outra maneira de visualizar informação.
Existe algo de atemporal nos mapas e, talvez por isso, eles sejam
uma mídia na qual as pessoas parecem acreditar.
Em 2006, durante a invasão israelense no Líbano,
uma ONG de direitos humanos, Samidoun,
usou mapas para ajudar as pessoas a entenderem o que estava acontecendo.
Nós fizemos alguns mapas durante o verão de 2006,
no momento da invasão israelense no Líbano.
Dos dois mapas principais, um detalhava os bombardeios diários no Líbano
e era atualizado diariamente.
O segundo mapa dmostrava os danos causados na infraestrutura e nos locais mais importantes.
Durante esse período, quando nós iniciamos,
nós não sabíamos realmente o que queríamos ao colher essas informações,
mas queríamos entender o que estava acontecendo conosco.
Quando começamos a trabalhar e publicar o que tínhamos
descobrimos diferentes usos para isso
no ativismo, na organização do trabalho de assistência e no auxílio da reconstrução posterior.
Você não precisa criar novos mapas para incluir suas mensagens.
Qualquer um que tente olhar para o Palácio Presidencial Tunisiano,
usando o Google Maps, provavelmente vai encontrar alguma informação inesperada,
graças ao trabalho de ativistas tunisianos envolvidos com
o blog coletivo independente Nawaat.org.
Existe uma experiência muito criativa
que nos vimos na internet da Tunísia, quando os ativistas do Nawaat
geo-taguearam seus vídeos no YouTube.
Através do geo-tagueamento, quero dizer colocar informações geográficas ou
o nome do lugar do vídeo que se está publicando no YouTube.
Fazendo isso, você está tornando sua informação, seu vídeo,
disponível e visível nas ferramentas de mapa do Google.
Então, o que os ativistas tunisianos fizeram foi
geo-taguear todos os vídeos sobre os abusos de direitos humanos na Tunísia
ao colocá-los ao redor do Palácio Presidencial da Tunísia, em Cartago.
Assim, quando você acessa o Google Earth e vai ao Palácio Presidencial,
você vai encontrá-lo rodeado de vídeos a respeito dos abusos dos direitos humanos na Tunísia.
Aí você encontra duas faces da Tunísia:
a face turística, com a importância da sua história
e o outro lado, com informações sobre a Tunísia contemporânea,
a moderna Tunísia do abuso dos direitos humanos.
Mapas e animações são duas das muitas ferramentas
que podem ser usadas para ajudar pessoas a navegar e interpretar informação
de um jeito visual, que vai engajá-las
e gravar imagens nas suas mentes, que provavelmente permanecerão por muito tempo.
É fácil se perder no universo dos abusos de direitos humanos.
Trazer histórias pessoais para o font do seu infoativismo
é uma maneira de ter certeza de que as experiências das pessoas não serão ignoradas.
Nós usamos histórias pessoais em nosso ativismo de informação,
porque, enquanto uma organização feminista, o pessoal é uma forma de fazer política
e para nós essas histórias realmente demonstram a aplicação na vida real
dos direitos humanos e dos direitos das mulheres.
Um exemplo do uso de histórias digitais em nosso trabalho
foi num treinamento com 2 grupos de mulheres.
Um dos grupos era formado por sobreviventes de agressão ***,
sofrida em virtude da orientação *** dessas mulheres.
O outro grupo era de mulheres que sobreviveram à violência doméstica.
Juntamos essas histórias num DVD e
distribuímos o DVD com um livro que fornecia informações
sobre como integrar as histórias em um programa de educação sobre os direitos humanos.
Assim, as histórias foram realmente destinadas a fornecer materiais alternativos de treinamento
para pessoas que estavam tentando criar programas de treinamento para a luta por mudanças sociais.
Esperamos não só contribuir para a informação que está por aí
mas também ajudar na compreensão mútua e reduzir a violência
contra os grupos de que estamos falando
e ajudar na elaboração de políticas públicas focadas
nas necessidades das pessoas, na medida em que elas, e suas necessidades, são identificadas.
Este é um exemplo particular de como uma comunidade silenciada pode
assumir o controle sobre suas próprias palavras e imagens e fazer algo
sem necessariamente revelar suas identidades.
Eles podem escolher a voz, as imagens e também ter o controle sobre o
equipamento e os computadores que eles possuem.
Histórias pessoais podem ser compiladas e distribuídas de maneiras diferentes.
A produção de vídeo dos cidadãos comuns pode capturar a experiência das pessoas
de um modo a trazer mudanças sociais.
Estávamos trabalhando com um grupo na República Democrática do Congo,
onde cerca de 5 milhões de pessoas morreram como consequência dos conflitos.
Um dos maiores problemas é o uso de crianças como soldados.
Este grupo estava tentando encontrar um jeito de engajar as comunidades
a pensar por que elas deixam suas crianças tornarem-se soldados.
Então, eles pensaram em produzir um vídeo que
abrisse um debate em sua comunidade.
Isso foi exibido
por todo o leste do Congo para dar início a uma discussão.
Acho que isso é realmente importante porque eles não apenas pensaram sobre
qual era a questão, mas também sobre qual seria seu público,
qual seria seu objetivo e qual história eles teriam que contar.
Eles foram bem sucedidos em fazer as pessoas começarem a pensar sobre o assunto
e, então, perceberam que sua campanha se modificou.
E eles precisariam de uma nova tática.
Naquele momento, a Corte Penal Internacional estava começando as reflexões sobre seus primeiros processos.
Então, disseram: "Bem, como podemos fazer a Corte Penal pensar nesse assunto?"
Um público completamente diferente.
Eles fizeram um vídeo diferente, que trouxesse diretamente
as vozes daquelas crianças que foram forçadas a se alistar
para mostrar aos altos oficiais da Corte Penal.
E escolheram uma história diferente.
Não era uma história aberta, era muito mais uma espécie de história direcionada,
dizendo àquele público:
"Você precisa agir, porque isso é um crime de guerra...
um crime contra a humanidade."
Para mim, isso é um exemplo de como as experiências pessoais,
colhidas num nível local por aquelas pessoas que estão mais próximas,
pode ser usado como tática para influenciar públicos diversos,
em momentos diferentes, e realmente causar mudanças.
Os blogs são reconhecidos por sua capacidade de apagar as fronteiras
entre o diálogo pessoal e público,
o que os faz ferramentas efetivas para contar histórias.
O projeto do blog colaborativo Blank Noise
permite às pessoas apoiarem discussões em andamento
sobre violência *** na Índia.
Eles convidam blogueiros para relatar suas experiências
de violência *** urbana.
Mas eles o fazem de um modo que, bem, no ano em que eu participei,
eles nos pediram que falássemos como se fôssemos super-heróis.
É uma visão muito interessante sobre a violência *** urbana.
Não é um relato, não é uma história triste, é uma espécie de escrita espirituosa.
É uma grande maneira de tornar as coisas inteligíveis também para um público diferente.
Acredito que blogs são boas ferramentas para infoativismo
porque eles servem para contar histórias.
Os blogs são muito pessoais, o que torna mais fácil
os indivíduos expressarem ali as suas perspectivas.
E é fácil de usar, é escrever como um diário.
É um modo bastante acessível de escrever e também de ler sobre questões diversas.
A maneira que a maioria dos blogs trabalha para infoativismo e defesa de direitos
é por meio de comunidades de blogs.
As comunidades de blogs centram-se em uma questão particular
e normalmente coordenam-se entre si para que, num determinado período de tempo, escrevam todos sobre uma mesma questão.
Os blogs, os vídeos documentários e as histórias online
são três maneiras pelas quais as histórias pessoais podem ser usadas
para garantir que essas experiências atinjam públicos diferentes
e tornem realidade as mudanças sociais.
Uma boa piada se alastra por todos os lugares
e pode ser uma ferramenta poderosa, especialmente quando usada
para criticar ou zombar do poder em contextos
nos quais é difícil fazê-lo de maneira direta.
No Egito, enquanto os ativistas tentavam mobilizar as pessoas
contra o regime de Mubarack,
tivemos milhares de contribuições de jovens
praticamente desconhecidos, pela Internet,
de imagens humorísticas, que eram basicamente
pôsteres de filmes remixados, exibindo o rosto do presidente
no lugar de vilões, criminosos e ladrões famosos,
e membros do crime organizado,
ou de qualquer coisa que funcionasse como manifesto à situação atual.
Num curto período,
devido ao incessante uso do humor,
toda a mística do poder em torno do presidente
foi completamente destruída, e ele é atualmente visto como
um homem envelhecido que está
aprisionado em seu papel, que cumpre de maneira ineficiente.
Isso se tornou um tipo de plataforma narrativa
para construir um movimento real que demanda
uma reforma democrática, eleições limpas etc.
As pessoas não riem apenas de boas piadas.
Já esteve em um karaokê com sua família e seus amigos?
A Asia Pacific Network of Sex Workers, na Tailândia,
usa o karaokê para aumentar a consciência das pessoas sobre coisas importantes,
usando músicas populares com letras e clipes
que são redirecionados aos direitos de profissionais do sexo.
É uma tática inteligente, que usa a música popular
para transmitir informações a profissionais do sexo e seus aliados,
fazê-los pensar sobre o que está errado com as leis e políticas
que afetam suas comunidades, e a pressionarem por mudança.
Eu uso o karaokê porque na Ásia
as pessoas gostam de cantar músicas e ver imagens.
O karaokê é muito popular na Ásia.
Então é muito fácil fazer com que as pessoas participem.
É por isso que eu tive a ideia de mudar as letras das músicas.
Para deixar mais fácil entender as mensagens sobre políticas contra os profissionais do sexo
e sobre as novas leis de combate ao tráfico de seres humanos.
O karaokê é uma linguagem comum
para profissionais do sexo na Rede Ásia-Pacífico, mesmo quando não há
outra língua em comum.
Os vídeos de karaokê do grupo têm sido exibidos pela região,
em festas, performances e para milhares de espectadores
como em uma conferência internacional sobre *** e AIDS.
Um vídeo recebeu quase 10 mil visitas online
no YouTube e no Blip.tv.
Um exemplo diferente de como o humor pode ser usado
veio na forma de um presente de aniversário para o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko,
depois que ele se queixou publicamente do fato do fato da Internet ser muito anárquica
e anunciou planos para acirrar ainda mais as restrições de conteúdo.
Os ativistas responderam com uma campanha online que buscava zombar
do que eles viam como mídia propagandista controlada pelo governo.
O humor é o primeiro passo para quebrar tabus
e por fim a medos.
Fazer pessoas rirem com coisas perigosas,
como ditadura, repressão, censura,
é, na verdade, uma primeira arma contra esses medos.
Existe uma campanha muito engraçada, lançada na Bielorrússia, alguns anos atrás.
Chamava-se "Dê a Luchenko sua rede".
Porque Luchenko fez declarações acusando a Internet
de atuar contra o governo da Bielorrúsia,
dizendo "existe muito conteúdo falso aqui".
Então, os ativistas da Bielorrússia fizeram um clone de vídeos do YouTube e do LiveJournal
e publicaram suas coisas, vídeos muito divertidos
e tirinhas humorísticas sobre o presidente Luchenko.
Esse tipo de uso de ferramentas que são facilmente identificáveis
pelos usuários da Internet, mas que ao alterar o conteúdo
para algo político e moldá-lo
num padrão humorístico o torna divertido,
e faz com que a responsabilização política pela palavra fique interessante.
Provocar o riso nas pessoas pode ser uma maneira muito efetiva
de romper barreiras que impedem mudanças políticas e sociais.
Sites, clipes de karaokê e pôsteres de filmes
são apenas 3 maneiras de transmitir uma mensagem séria
de modo leve, e ainda assim eficaz.
Às vezes uma parte negligenciada do trabalho de infoativismo
é a de manter e sustentar redes saudáveis.
As redes são poder na era digital
e usá-las em todo o seu potencial requer planejamento e tempo.
Todo o trabalho e campanhas sem fins lucrativos são
basicamente sobre pessoas.
E quando você traduz isso em linguagem técnica,
pessoas são contatos.
E não só pessoas, mas também organizações, grupos
e o relacionamentos entre elas.
Tudo isso é informação que você pode usar como suporte
que você pode usar para mobilizar seu público,
que você pode usar para mobilizar seu alvo.
Estou envolvido pessoalmente em um projeto chamado CiviCRM
que é um software livre e de código aberto,
construído especialmente para organizações sem fins lucrativos e grupos defensores de direitos sociais.
Ele foi construído de forma interativa com esses grupos, então,
na minha opinião pessoal, o software é basicamente uma ferramenta excelente
para gerenciar as informações dos contatos.
FrontlineSMS é um tipo diferente de software,
que também possibilita comunicação em redes, de forma orientada
especificamente usando mensagens de texto SMS.
O bom gerenciamento de contatos é obviamente importante do ponto de vista organizacional,
mas ao falar da perspectiva de alguém com quem você está se comunicando,
a última coisa que eles querem é receber mensagens ou informação
com as quais não estão preocupados, não os interessa, nem é relevante para eles.
Então, se você estiver coordenando múltiplas campanhas,
claramente você não quer enviar as mensagens erradas aos grupos errados de pessoas.
Pode ser necessário enviar
uma mensagem apenas para um grupo de mulheres em uma área particular
ou talvez para ativistas de direitos humanos trabalhando em uma região particular.
Se você não categorizar pessoas da maneira correta,
você vai começar a atingir pessoas com coisas que elas não querem.
Isso não apenas afeta a efetividade de seu projeto ou campanha,
mas também irrita as pessoas, o que pode ser bastante contra-produtivo.
Um bom exemplo de como o FrontlineSMS está sendo usado
para ajudar a enviar mensagens direcionadas e se comunicar
com grupos específicos ocorreu durante os esforços de reconstrução, depois do tsunami na Ásia,
onde um projeto executado pela Mercy Corps estava procurando manter conversas
e enviar informações específicas para um número diferente de grupos.
Usando FrontlineSMS, eles foram capazes de agrupar pessoas em diferentes categorias
e essas pessoas, incluindo fazendeiros que poderiam ter interesse em saber sobre preços de café em diferentes mercados,
ministros de governo que queriam informações sucintas sobre preços de produtos diversos
e outras pessoas que gostariam de ver a previsões do tempo.
Usando a funcionalidade de agrupamento do software
eles foram capazes de organizar as pessoas em múltiplos grupos,
dependendo de quais informações elas gostariam de receber e, assim, puderam atingir essas pessoas
com um SMS fornecendo a eles o preço de mercado, a previsão do tempo ou qualquer informação que elas quisessem.
Se você quiser gerenciar suas informações de contatos em seu trabalho de infoativismo,
você precisa ser sistemático,
você precisa tentar integrar a coleta de informações em quase todos os niveis.
Bem, não vou mentir, dá muito trabalho!
Mas, depois de algum tempo, você verá efeitos incríveis
ao ver conexões diferentes, padrões.
Basicamente é como pegar uma ferramenta muito poderosa para descobrir
o que está acontecendo por aí e dar a você uma excelente forma para atingir seus objetivos.
Banco de dados, sistema de gerenciamento de relacionamento com clientes e softwares de envio de mensagens de texto em ***
são três ferramentas que você pode utilizar para gerenciar contatos
e manter relações saudáveis e produtivas
com as pessoas que querem apoiá-lo.
Algumas vezes as situações são muito complicadas.
Elas podem envolver questões que estão evoluindo ao longo do tempo
ou elas podem estar conectadas a muitos eventos e pessoas diferentes.
Para possibilitar que uma questão seja entendida
você pode precisar buscar qual informação existe
e se você tem direitos legais de acessá-la.
Cada ano a maioria de nós paga taxas ao governo
e de tempos em tempos elegemos os representantes que vão liderá-lo.
E uma vez que lhes atribuímos poder e dinheiro,
temos o direito de saber como esse dinheiro é gasto
e como o poder é exercido.
Em mais de 82 países ao redor do mundo
leis de acesso à informação ou liberdade de informação
dão a todos o direito de perguntar questões e ter respostas de seus governos.
Os padrões internacionais são muito claros ao dizer que
procedimentos de acesso à informação devem ser simples, rápidos e livres.
Geralmente eles são.
Na maioria dos países, preencher uma requisição por informação é grátis.
Temos muitos exemplos de todo o mundo em que
pessoas perguntaram ao governo uma questão,
conseguiram a informação e utilizaram em debates públicos para mudar a maneiras que as coisas eram feitas.
Farmsubsidy.org é uma iniciativa que faz lobby para
acessar informação sobre subsídios do governo para agricultura
em toda a União Européia.
Isso tem por objetivo garantir que jornalistas e a sociedade civil
possam fiscalizar como os bilhões de euros de financiamento
aos subsídios agrícolas são gastos.
Em nossa campanha no farmsubsidy.org, quando fomos bem sucedidos,
nós quase nos deparamos com uma avalanche de informação.
É muito difícil decidir para qual informação voltar a atenção da mídia.
Se você tem um enorme conjunto de dados
e você está buscando caminhos para apresentá-los às pessoas,
uma boa maneira de fazê-lo é torná-los relevantes
para suas localidades, onde elas vivem.
Uma ótima maneira de fazer isso é usando um mapa
para mostrar os dados no Google Maps, é muito fácil fazer isso agora, pois a tecnologia é gratuita.
Nós fizemos isso na Suécia,
porque nós conseguimos excelentes informações de coordenadas de lá
e então foi possível apresentar sete anos de alocação de subsídios agrícolas
em um único mapa, de maneira que as pessoas podiam
dar um zoom para descobrir como o dinheiro é gasto em suas áreas,
e isso realmente fez disso algo relevante para eles - muito melhor que olhar uma longa lista
de muitas páginas cheias de textos chatos.
Mas conseguir acesso à informação do governo nem sempre é fácil,
exista ou não uma lei de liberdade de informação.
Eu levei três anos para conseguir dados sobre quem recebeu subsídios agrícolas no Reino Unido
e, de fato, ainda não fui completamente atendido em minha solicitação.
Você tem que estar preparado para uma longa luta,
não aceitar um não como resposta
e usar qualquer tática que você puder, seja pelos direitos legais,
seja por meio de pressão política,
que pode ser feita através de qualquer conhecido que atue na área,
ou talvez pela mídia.
Você precisa apenas aumentar a pressão
usando seus direitos de cidadão.
Em outro exemplo, profissionais de tecnologia e ativistas
obtiveram informações de muitas fontes,
incluindo agências do governo ou não.
A informação veio das formas mais diferentes,
assim, o desafio é torná-la inteligível para um público global
que, a partir dela, poderá agir.
Um projeto no qual eu estava envolvido foi o que
criação de visualização de dados sobre a Crise de Darfur no Google Earth.
Nós éramos um grupo de 12 pessoas,
reunidos pelo Museu do Holocausto dos EUA.
Eles queriam chamar a atenção,
de um modo bastante atraente, sobre o que estava acontecendo em Darfur.
Nós realmente extrapolamos o que poderia ser feito no Google Earth.
Tínhamos bastante informação -- planilhas, fotos, vídeos,
mais os recursos do Google Earth em si,
que eram imagens de satélites recentemente atualizadas,
frequentemente mostrando vilas que haviam sido destruídas em Darfur.
Nós gastamos mais ou menos 6 meses trabalhando com esses dados
para mostrar devidamente a situação de lá,
de modo que nós fomos capaz de transmitir uma poderosa mensagem.
Isso recebeu uma grande cobertura pelo Google e na mídia,
e milhares, talvez centenas de milhares de pessoas
viram essa ferramenta e isso aumentou bastante a sensibilização sobre as questões de lá.
Também fornecemos meios diretos para que as pessoas pudessem se envolver na campanha.
Nas camadas, existiam links para assinar petições
e se envolver ainda mais na causa.
Nem sempre é uma tarefa fácil exercer seu direito à informação,
nem encontrar maneiras corretas de apresentar informações densas para mobilizar o público.
Mas é uma tática importante no infoativismo.
Se persistir, você pode ser recompensado
com avanços significativos para a sua causa.
Há pouco tempo, colaboração em tempo real entre um grande número de pessoas
era difícil se elas não estivessem fisicamente reunidas num mesmo espaço.
Novas tecnologias mudaram isso.
Estamos agora vendo exemplos inovativos como o que é algumas vezes chamado de swarming.
Swarming é o que acontece quando as experiências e conhecimentos das pessoas
se reúnem para produzir um efeito combinado
bem maior do que se agissem sozinhas.
Quando ocorreram os ataques em Mumbai, na Índia, em 2008,
um swarm foi criado usando o Twitter.
Um serviço de microblog que permite às pessoas enviar e ler as atualizações das outras
pela internet e por celulares.
Quando os pavorosos ataques estavam acontecendo em Bombaim,
muitos de nós estavam pelas redondezas,
e começamos a dar vazão às nossas emoções,
falando sobre o que estava acontecendo
e o que estávamos vendo pela televisão no Twitter.
Pensávamos "o que vamos fazer?",
e nos sentíamos sós em nossas casas, porque não podíamos sair.
O Twitter nos fez sentir menos sós, menos irritados enquanto grupo,
e nos possibilitou o contato com as pessoas que estavam na área
para trazer as informações necessárias.
Por exemplo, havia pessoas que iam aos hospitais,
coletavam listas de feridos e mortos
que não estavam publicadas em nenhum lugar da internet, e as enviavam para nós,
e, então, rapidamente as colocávamos como links no Twitter para um blog que estava servindo de apoio.
Em outros casos, era para conseguir o tipo certo de sangue
para os hospitais.
Então, é a mobilização espontânea de uma comunidade que já existe
através das suas múltiplas conexões
que você tem como deixar as suas marcas na web.
A outra coisa sobre microblog que é quase mágica
diz respeito ao conjunto dessas coisas,
à amplificação dessas coisas,
porque ele é um mecanismo de divulgação.
Ele funcionou ao atrair o interesse da grande mídia,
que deu retorno em quão efetiva uma mobilização pode ser
em torno da sensibilização do que está acontecendo.
Enquanto os ataques de Bombaim eram transmitidos, celulares
se tornaram ferramentas vitais durante a crise.
Em Madagascar, celulares foram usados com softwares de computadores
para permitir aos cidadãos relatarem o que estava acontecendo
quando os protesto contra o governo ficaram violentos.
Um programa de software, FrontlineSMS,
permitiu que mensagens de textos fossem enviadas e recebidas
por um grande números de afiliados em Madasgascar,
enquanto Ushahidi permitiu que essas mensagens fossem exibidas em um mapa.
Em 2009, durante os problemas em Madasgascar,
onde eu acreditava que alguns manifestantes eram alvejados pelo exército,
houve uma clara oportunidade de coletar
informações, notícias e as vozes das pessoas que estavam na área
que viviam aqueles problemas, que estavam envolvidas nas manifestações
e que sofriam o impacto do que estava acontecendo.
Usando essas tecnologias, você pode reunir a voz coletiva das pessoas,
de modo que elas possam enviar mensagens, enviar emails,
preencher formulários online. Você pode juntar aquela informação
com as notícias vindas da grande mídia e, ao reuní-las,
você pode ter uma idéia muito mais clara do que estava acontecendo nessas áreas.
Ushahidi, a plataforma de crowdsourcing, que usou FrontlineSMS
para permitir às pessoas enviarem um número e contribuírem com notícias
pelos celulares, de modo que as pessoas pudessem ir para internet, enviar emails
ou ir a um site e preenche formulários.
As pessoas geralmente preferem, devido à conveniência e à velocidade, mandar um SMS,
e o FrontlineSMS era usado para coletar essas mensagens,
as quais eram então postadas para o site de Ushahidi,
e, desse ponto, eram reunidas com outros relatos que chagavam,
incluindo informação da grande mídia e, então, eram colocadas em um mapa,
dando uma ideia muito boa de onde eram as zonas de conflito,
além de fornecer uma visão bem mais ampla do que estava acontecendo
no país, o que não poderia ser feito de outra maneira.
Como todos esses exemplos ilustram, celulares, quando conectados a outras plataformas online,
podem ser um modo poderoso de combinar experiências e conhecimento
para relatar exaustivamente os eventos enquanto eles acontecem.
Uma tecnologia que ouve é uma tecnologia que responde
às necessidades de informação individual.
Um exemplo é a plataforma de acompanhamento de orçamento da Infonet,
que permite às pessoas enviar consultas na forma de mensagens de texto SMS grátis
a respeito da alocação de fundos para os projetos de desenvolvimentos nas suas localidades.
Cidadãos podem contatar grupos de vigilância social
para aferir se os fundos têm sido gastos da maneira devida.
O contexto aqui é que desenvolvemos um sistema que usa SMS com códigos curtos
e nós temos pessoas mandando dúvidas sobre a quantidade de dinheiro
que tem sido alocado para projetos locais.
É um processo de mão dupla, pois eles questionam o sistema
e, ao mesmo tempo, eles alimentam o sistema com conteúdo.
A plataforma de acompanhamento de orçamento levou a várias descobertas de fundos usados erroneamente.
Ao vazar essas descobertas para o governo e para a grande mídia,
a Infonet tem sido capaz de chamar a atenção para a corrupção,
e as ações têm recompensado os esforços dos cidadãos.
As recentes inovações tem melhorado bastante as formas pelas quais as tecnologias podem ouvir
e responder às necessidades das pessoas.
O telefone era algo controlado
pelos monopólios das telecomunicações,
mas, nos últimos anos, tem havido toda uma nova
renascença em tecnologias de telefonia que é construída em torno de voz sobre IP.
Você pode ter sua própria companhia de telefone em um software livre.
O que significa que é possível montar um call center criativo,
menus de voz interativos e esse tipo de coisa
em seu próprio sistema de telefone ou em seu próprio computador,
de modo que muitos grupos ativistas vão agora configurar uma linha para recebimento de ligações.
Usando seu próprio sistema de telefone, o Kubatana Trust, do Zimbábue,
desenvolveu uma plataforma que assegurava que os cidadãos
eram informados via SMS sobre onde eles podiam votar nas eleições governamentais.
No Zimbábue, tivemos muitas eleições em aproximadamente 7 anos.
Uma das estratégias governamentais era dificultar
que as pessoas soubessem onde votar e onde se registrar para votar.
Mas uma das coisas que nós fizemos foi ajudar às pessoas a descobrir onde votar
ao cooperar com outra organização que tinha finalmente
conseguido colocar a lista dos votantes em um banco de dados.
As pessoas nos enviavam seus RG's usando SMS.
Nós lançávamos aqueles RG's no banco de dados e então respondíamos por SMS,
informando-lhes onde poderiam votar.
Foi uma campanha bastante interessante, muitas pessoas se beneficiaram com ela.
Enquanto milhares de pessoas usaram esse sistema desenvolvido pela Kubatana Trust,
a experiência mostrou que o analfabetismo e as diferenças lingüísticas
continuam a limitar o uso dos serviços de SMS.
Como uma resposta a isso, a Kubatana está desenvolvendo agora o "Telefone Livre".
Um sistema que usa o reconhecimento de voz em vez da mensagem
e fornece as informações necessárias às pessoas.
O projeto Telefone Livre tem sido desenvolvido de modo que cada grupo
possa copiar esse software e usá-lo no seu próprio sistema,
simplesmente fornecendo os menus de que tipo de informação
eles vão acessar e fornecer.
O Telefone Livre registra a ligação, e o sistema de telefone então retorna a ligação,
de modo que a organização é capaz de cobrir todos os custos.
Há uma ferramenta que, na minha opinião, tem sido desprezada pelo setor de desenvolvimento,
que é a área de resposta de voz interativa.
Acreditamos que se formos capazes de torná-la um instrumento mais fácil de ser usado pelas organização sem fins lucrativos,
veremos as pessoas atingirem suas comunidades,
usando um serviço de informação discada, que seria o equivalente a Intenet
para os pobres, tornando possível ligar para obter informações quando precisar delas.
Projetar e usar tecnologias que permitam ouvir as necessidades das pessoas e respondê-las rapidamente
pode ser uma boa maneira de superar as imensas lacunas de informação
e melhorar o seu fluxo.
Quando corrupção e abuso dos direitos humanos
são cometidos por aqueles que detêm mais poder,
como os governantes, as companhias multinacionais, a policia ou o exército,
algumas vezes é necessário investigar e expor
o que está acontecendo.
Embora haja uma difusão do conhecimento
da brutalidade policial no Egito,
essa tem sido uma questão que a grande mídia parece não estar disposta a relatar.
Para ajudar os cidadãos afetados a levar a frente as investigações,
a jornalista Noha Atef fez um blog chamado "Tortura no Egito".
Todo o conteúdo é sobre crimes de tortura cometidos no Egito
e sobre o relacionamento entre os policiais e os cidadãos.
"Tortura no Egito" começou no momento
em que as torturas não eram suficientemente destacadas.
Os crimes de tortura raramente eram mencionados na televisão.
Não eram muito interessantes para a grande mídia.
Então, "Tortura no Egito" chamou a atenção para isso
e inspirou outros usuários da internet, especialmente blogueiros,
a escrever sobre a tortura e sobre seus pontos de vista,
porque o que eles estavam lendo
no "Tortura no Egito" era realmente chocante.
Ao desmascarar os abusos dos direitos humanos no Egito através do seu blog,
Noha conseguiu corrigir algumas injustiças bastante sérias.
Em 2007, uma mulher escreveu para Noha contando que seu marido
havia sido mantido na prisão por 14 anos
ainda que a justiça o tivesse inocentado
dos crimes pelos quais ele havia sido preso.
A justiça disse que ele era inocente,
mas a polícia, um certo policial, o manteve preso.
E estava renovando a papelada para mantê-lo na cadeia.
Escrevi sobre isso muitas vezes,
acompanhei o caso.
O artigo de Noha foi citado pela grande mídia em todo o Egito.
O policial envolvido no caso escreveu para ela,
irritado com a atenção pública que ele estava recebendo.
Pouco tempo depois, o preso foi libertado,
como deveria ter acontecido 14 anos atrás.
Outra investigação eficaz foi feita na Tunísia.
A história do vídeo do avião tunisiano começou, quando
um amigo meu, ativista da Tunísia e blogueiro,
estava buscando na internet por fotos relacionadas a aviões na Tunísia,
e encontrou a imagem do avião presidencial do país
em um sites para jetspotters - pessoas que compartilham fotos de aviões que tiraram em aeroportos.
Ele continuou pesquisando e encontrou mais 20 fotos
do mesmo avião presidencial em diferentes aeroportos da Europa.
Então ele acessou o site da presidência da Tunísia,
levantou a lista das viagens oficiais do presidente
e comparou com as datas e os lugares das fotos
que foram tiradas do avião na Europa.
Ele descobriu que apenas uma viagem foi oficial.
A questão que ele levantou foi:
"Quem está usando o avião e por que?"
Ele foi saiu às ruas e fez um vídeo,
misturando essas imagens no Google Earth,
voando sobre diferentes aeroportos,
onde o avião havia sido visto.
Ele as publicou no YouTube
e mobilizou a blogosfera tunisiana a falar a respeito
das questões de transparência e abuso de poder.
A grande mídia, assim como periódicos de política externa
publicaram a história, investigaram o caso
e afirmaram que o avião havia sido usado pela Primeira Dama da Tunísia
para algumas compras pessoais em lojas de luxo na Europa.
Como resultado da atenção pública que esse vídeo recebeu,
o governo da Tunísia bloqueou o YouTube
e outro site popular de compartilhamento de vídeos, Dailymotion.
Apesar disso, essa história, assim como o blog sobre torturas no Egito
mostraram como a internet pode ser usada
como ferramentas de investigação de abusos de poder
ao difundir e espalhar a verdade.
Na medida em que as ferramentas digitais ficaram mais baratas, mais difundidas
e mais fáceis de se usar,
nossa habilidade de acessar, analisar e compartilhar informações cresce.
Ao unir novas tecnologias com um pensamento criativo,
comunidades e defensores de direitos podem transformar informação
em uma ação poderosa que defenda e promova os direitos humanos.
Tactical Tech tem trabalhado com defensores de direitos
para usar informação para defesa de direitos por mais de uma década.
Nesse filme coletamos histórias de defensores de direitos
e mostramos 10 estratégias que você pode usar para
transformar informação numa forma de mudança.
Se você quiser implementar alguma dessas estratégias,
tente usar um dos nossos tutoriais e guias,
os quais vão lhe dizer como usar as diferentes técnicas,
além de fornecer os softwares e as ferramentas que você necessitará.
Assim, pense a respeito de como você pode documentar suas próprias histórias de infoativismo,
e, quando você tiver feito isso, nos conte,
de modo que possamos compartilhá-las com outras pessoas.
A era da informação é agora.
E com ela vem o poder para que todos nós
possamos fazer acontecer.
Para atualizações e comteúdo, visite: http://www.informationactivism.org