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Sabes que os primeiros brancos que vieram para cá antes de você
ou eram coletores de impostos ou recrutas do exército.
Então os nativos eram cuidadosos.
Na medida em que as crianças estão preocupadas, elas têm mais curiosidade do que medo.
Esse é um embaixador.
Aqui estão eles, tentando entendê-lo.
Eles examinam cada detalhe de você.
Cuidado! Eles estão mostrando a língua.
Bom Sinal! Você os cativou.
Eles talvez possam te servir como guia na aldeia.
Siga-os!
Sem dúvida você verá imagens pitorescas
mas aos poucos perceberá
o tamanho da miséria por trás desse cenário pitoresco.
Bavama vai se casar.
Seus amigos o estão ajudando a fazer tijolos para a sua casa.
Por culpa dos tornados, a casa precisará de grandes consertos.
Essas mãos estão fazendo seu trabalho do mesmo modo das nossas pias europeias.
Mas o rio Níger é ao mesmo tempo pia, banheiro e reservatório de água potável.
Moer milho é a maior tarefas das mulheres na África.
Como qualquer outra mulher do mundo
devem garantir que seus filhos estejam limpos.
Esse é um salão de beleza.
Para os homens, só é preciso uma navalha.
Mas para as mulheres...
que sucesso!
Vamos continuar nossa visita.
O fabricante de cordas está fazendo cordas para toda a aldeia.
Os pescadores, assim como os dos pequenos portos da Bretanha
estão fazendo suas redes de pesca.
O tecelão transforma o algodão em tecidos que o alfaiate usará para fazer roupas.
Mas os tecidos e as roupas podem não ser suficientes
para as noites frias da África.
Eles estão fazendo um barco com dois troncos de árvore.
Pregos são ferramentas luxuosas que eles não podem pagar.
Ao mesmo tempo, as crianças imitam os adultos
às vezes elas têm sucesso
outras vezes estão apenas brincando. O que mais há para fazer?
Só há espaço para 4% das crianças que atingiram a idade escolar
e espaço o suficiente para a administração da colônia manter seus contadores e funcionários.
As crianças brincam.
A concha de um caracol é usada como um pião
ou um melão silvestre é usado para jogar futebol.
Um jogo violento apenas para os mais velhos.
Se ficarem sujos, o rio Níger não é longe.
Se você prefere paz e tranquilidade
que estão indo juntar-se aos pastores.
Lá, em uma confortável casa de pedras, o administrador tira um cochilo.
Mas aqui é preciso trabalhar duro
e seguir o rebanho na procura de terras para a pastagem.
E voltar apenas a tarde quando as crianças param de brincar.
No momento em que os fiéis são chamados para as orações.
No momento em que as pessoas se reúnem na praia para esperar os pescadores.
Você fica surpreso ao ver uma aldeia sem médicos ou escolas.
Na África, escolas só abrem quando grandes empresas coloniais precisam de contadores
Eles mandam médicos quando as empresas correm o risco de ficar sem trabalhadores.
Mas essa aldeia tem muita sorte em sua miséria
porque está em paz.
Veja o que está acontecendo com as aldeias africanas
Este sítio costumava ser a aldeia de Fallaqa, no norte da Costa do Marfim.
O chefe da aldeia não pode pagar seus impostos de cerca de 3700 francos
então, em 5 de fevereiro de 1949, às cinco da manhã
as tropas cercaram a aldeia
eles atiraram...
eles queimaram...
e mataram...
Aqui, o chefe da aldeia Sikali Outtara
levou um tiro na parte de trás da cabeça e foi queimado.
uma bala francesa...
Aqui, uma menina de sete meses levou um tiro.
Uma bala francessa atravessou o seu crânio.
com duas balas francesas na barriga.
Neste terreno há quatro cadáveres, três homens e uma mulher
assassinados por franceses.
Você está surpreso.
o rebanho abatido...
e as pessoas...
apodrecendo sob o sol.
Esta não é a imagem oficial da colonização.
Amigos, a colonização aqui assim como em qualquer outro lugar
é o reino dos abutres.
Esses abutres que dividem a África entre si têm nomes:
Sociedade Comercial Oeste Africana
com um lucro de 650 milhões em 1949.
Companhia Francesa da África Ocidental
com um lucro de 365 milhões em 1949.
GABOME, com um lucro de 180 milhões.
a África Francesa, o Níger Francês
e a Companhia Francesa da Costa do Marfim.
A empresa norte-americana Univeler lucrou 11.5 bilhões em um ano
40 milhões roubados diáriamente dos africanos.
Em troca, esses missionários do comércio levaram progresso à África.
O progresso...
Essa é a famosa barragem de Markala, no rio Níger
que fornece eletricidade para os brancos
mas não para as empresas coloniais
porque o trabalho de negros a 50 francos ao dia
é mais barato do que construir e manter uma barragem.
Diz-se que na Europa usam-se compressores
e maquinário adequado para quebrar pedras e fazer estradas
mas na África, isso não é necessário
pois contratar negros sai muito mais barato.
Nos campos de milho...
nos campos de algodão...
e nos campos de amendoim...
mulheres e crianças negras estão arando.
Os lucros da Unilever crescem exponencialmente.
Atualizar as ferramentas... Para quê?
É claro que um trator iria fazer o trabalho de vinte negros
mas 20 negros a 50 francos por dia acabam saindo mais baratos do que um trator.
Então, eles usam negros para fazer o trabalho.
Além disso, o ferreiro é logo ali
para ajudar a consertar as ferramentas quebradas e fazer novas
e seus filhos podem ajudá-lo.
Escola? Não há necessidade de se aprender a ler
quando te sem que usar esses foles 16 horas por dia.
E os negros trabalham nas plantações...
e na floresta...
Por cinquenta francos diários.
A riqueza da África está sendo recolhida.
Um provérbio sudanês diz que
quando um escaravelho rola nas fezes
ele sofrerá, mas vai enfeitar o celeiro.
Quando os negros sofrem debaixo do sol africano
é sempre para encher os cofres de grandes empresas coloniais.
É para preencher os barcos que estão à espera...
esperando para velejarem cheios da seiva africana.
Em troca,
eles carregam as janelas da casa do senhor administrador
não sobre as suas cabeças
porque as cabeças africanas são muito sujas para as janelas do administrador
somente com as mãos, e eles devem se apressar.
Um barco da empresa encalha na areia
mas não há necessidade de um rebocador
os negros são mais baratos do que o combustível.
Se um deles se afogar, ou for mordido por um jacaré
sua viúva receberá 500 francos.
Empurrando bambus por cinquenta francos diários
Desde 1946 o trabalho escravo foi abolido na África
mas as pessoas têm que pagar seus impostos em dinheiro
e você viu como aqueles que não podem pagar o total dos seus impostos forma tratados.
Só há um jeito de se conseguir dinheiro:
trabalhar para as empresas coloniais por cinquenta francos diários.
Então, negros empurram as hastes
para transportar carregamentos de algodão nos barcos
sem a esperança de ter roupas sobre suas costas.
Carregamentos de cacau sem poder provar o chocolate.
Carregametos de amendoin sem poder ficar com o óleo ou o sabão.
Carregamentos de mogno sem poder ver móveis em suas casas.
Ali, os barcos esperam...
Esperam a manhã para que eles possam velejar
repletos dos produtos da terra dos negros.
Produtos do suor dos povos negros.
Mas pouco a pouco...
de Dakar à Brazaville
de Abidjan até Niamey
os povos africanos estão se levantando
se unindo
estão procurando as razões por trás dessa exploração
dessa miséria
desse genocídio.
O povo africano conta com a constituição da França
e quer de volta as terras roubadas pelas empresas coloniais.
Eles querem os seus filhos de volta
que foram obrigados a lutar contra os seus irmãos asiáticos.
Os povos africanos levantam-se pacificamente
e reivindicam o que é deles.
De Dakar até Brazaville
de Abidjan até Niamey
os povos africanos clamam
mas eles se veem de frente para a administração francesa
racismo...
que, em acordo com o deputado da MPR, Abbey Boganda
é um corrupto, racista, maquiavélico.
Não representa o povo francês, mas mata em seu nome
e em nome da civilização.
E a administração colonial responderá aos africanos
do mesmo modo que respondeu aos malgaxes e aos vietnamitas
através de força, ameaças, prisões, rifles.
Caminhões militares aparecem colocando minas em todos os cantos.
Destruição, morte
em nosso nome, povo da França.
Jacque bobine
Dinbonko
Segela
Dalois
Ketekre
destruições
assassinatos
cidades, aldeias
A polícia esteve aqui.
ruínas...
tiroteios...
N'Gobena foi atingido por coronhadas até a morte.
Bogum foi morto durante uma busca.
Marine Geno morreu durante o interrogatório policial.
E a lista continua...
O administrador mata dentro de seu distrito.
O comandante queima ainda vivo um de seus amigos.
Destruição...
prisões...
morte as dezenas...
A polícia está circulando.
Na prisão de Bassam, africanos estão morrendo.
Memba Bagayoko morre aos setenta anos
é morta porque queria ver prisões transformadas em escolas e hospitais.
Ela queria que as máquinas fossem usadas para reduzir o trabalho do homem
ao invés de serem usadas para facilitar uma nova guerra.
Para que essas crianças vivam em paz,
livres,
e com orgulho.
Memba Bagayoko está morta
para que o povo africano finalmente encontre a felicidade.
Memba Bagayoko está morta
para que todos os africanos tomem seus lugares ao lado dos franceses
na grande batalha por paz e felicidade.
De Abdijan até Niamey
de Dakar até Brazaville
o povo da França
e o povo da África estão pescoço à pescoço
na luta por objetivos em comum.
O povo africano continuará resistindo
com ou contra todos
até vencerem a batalha de suas vidas.