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Obrigado, Dênis, olá, Brasil. Obrigado pelo convite.
Vamos falar de design.
Acho que está muito relacionado com as palestras que vimos esta manhã.
Design envolve otimização, pragmatismo,
design envolve diversão,
como disse aquele senhor que falou de diversão.
Ele tirou as palavras de minha boca.
Vamos falar do Rio do Design,
o que fará sentido em alguns segundos.
A primeira coisa que quero dizer é que
tenho o privilégio de falar para platéias em todo o mundo
mas nunca disse o que vou falar em voz alta aqui.
Acho que tenho a resposta.
Não quero parecer arrogante,
mas sei que todos estão perguntando, "Resposta para quê?".
Agora vocês estão me achando extremamente arrogante,
mas vou por um fim nisso rapidamente.
A resposta está bem debaixo de nossos pés:
ela se chama Amazonas.
Acho que o design do Amazonas é fascinante,
é um pedaço da natureza com um design incrível,
e é dele que quero falar.
Tenho de dizer que o rio me ensinou a ouvir,
vocês vão aprender com ele.
O rio sabe tudo, a gente pode aprender tudo com ele.
Com mais de 11 milhões de anos, o Amazonas já viu praticamente tudo.
Eu diria que o Amazonas provavelmente é a melhor escola de design do mundo.
Quero lhes contar sobre tudo que se pode aprender com ele.
Mas, por que diabos devemos pensar sobre isso bem agora?
Espero que entendam a minha tradução para o português aqui.
Estamos no meio de uma confusão,
quero dizer, o mundo está meio confuso.
Eu me pergunto se o Amazonas pode nos mostrar a saída?
Se ele pode ser um mestre e um rio ao mesmo tempo.
Nós praticamos a escola chamada Design Thinking,
já se discutiu muito nas universidades sobre Design Thinking.
Design Thinking é discutido em revistas de negócios,
é a palavra da hora nos círculos de design.
Mas diria que Design Thinking não é algo novo,
que o Amazonas têm discretamente praticado Design Thinking
há muito, muito tempo.
Na verdade, acho o Amazonas incrivelmente inspirador.
Quanto mais aprendo sobre este tipo de construção,
mais percebo o quanto eu não sabia
e mais quero contar às pessoas o que aprendi.
Primeiro, vamos falar de interdependência. Que conceito interessante.
Nós o ouvimos algumas vezes hoje sobre a ideia de interdependência...
Para mim, interdependência e colaboração andam de mãos dadas.
A definição formal de interdependência que tirei da Wikipedia é meio chata.
A definição de interdependência é "a dinâmica de ser mutuamente e fisicamente responsável
e compartilhar um conjunto de princípios com outros".
A minha definição, que é um tanto mais simplista, é: "precisamos uns dos outros".
Precisamos dar as mãos e achar uma saída, e, o mais importante, o tempo está correndo.
Vou lhes explicar num segundo; que filme bonito.
O Amazonas levou milhões de anos aperfeiçoando a noção de interdependência.
Ouvimos esta palavra várias vezes, sinfonia.
Ouvimos também a palavra coreografia.
É uma sinfonia, uma coreografia de balé de mundos sobrepostos.
800 espécies de mamíferos, 7,5 mil tipos de borboletas,
25 milhões de insetos diferentes,
24 milhões estavam no meu banheiro hoje de manhã, a propósito,
por que eu deixei a janela aberta na noite passada.
Centenas de morcegos diferentes, 3 mil tipos de peixes, 1,5 mil tipos de pássaros. Incrível.
A natureza é um designer de sistemas incrível. Sempre ouvimos isso.
A natureza é puro design fascinante.
Ele é simbiótico, é colaborativo, é harmonioso,
e na minha opinião, impiedoso também.
Acho que essa ideia é bem interessante.
Se uma coisa na natureza não funcionar,
a natureza simplesmente o elimina.
Este conceito é muito interessante,
e podemos pensar sobre ele.
Então fico pensando, como nós humanos podemos contribuir,
se a natureza já resolveu tudo incrivelmente bem.
Talvez esteja na hora de aprender.
Vejo design inteiramente como uma atividade de aprendizagem.
Implica em ouvir, entre outras coisas de que vou falar,
é ouvir atentamente, não dizer nada, só ouvir,
e observar, olhar e ver.
Não só falar ou fazer nada,
mas de fato internalizar o que está acontecendo no mundo.
Quero compartilhar com vocês o que chamo de "Princípios de Design do Amazonas",
apenas 5 deles.
Quero compartilhar algumas ideias
e alguns dos trabalhos que fizemos e outros que não fizemos,
que acredito, dão vida a algumas desses ideias.
O primeiro, como dizia, é a ideia do silêncio.
Gordon, que está aí na platéia e vai falar disso amanhã.
Ele vai falar de ouvir com atenção, lá está ele. Oi.
...ouvir com atenção na natureza.
Nós ouvimos com atenção no mundo também.
Uma das coisas que acho mais interessantes
na minha vida neste momento é que quanto menos falo, mais aprendo.
Então, sair pelo mundo ouvindo e observando.
É, de fato, um muito profundo.
Tem um ditado aqui que adoro.
"O rio faz menos barulho onde é mais fundo."
É muito bonito, é um ditado indiano.
Quero lhes mostrar uma espécie que estudamos a fundo no ano passado,
a espécie chamada brasileiro.
Quero conversar com vocês sobre percepção.
A Havaianas, a marca de calçado símbolo brasileiro, nos pediu
que os ajudássemos a entender o caráter único brasileiro de sua marca,
para que pudessem expressá-lo em outras categorias.
Queriam entrar para o ramo de bolsas e acessórios.
Então, saímos e observamos os brasileiros.
Outro dia tirei esta foto, aqui.
O cara que está carregando os equipamentos aqui
e que fez isso acontecer.
Se você não tem um chapéu no Brasil, você faz um.
Se você não tem uma prateleira, você faz uma.
Uma revista brasileira outro dia me perguntou
"O que é a criatividade brasileira?",
e eu respondi: Tudo, os brasileiros criam tudo do nada
todos os dias. São surpreendentemente criativos".
Observamos como os brasileiros constroem as coisas.
Quero fazer suco, não tenho um balde, eu faço um balde.
Preciso pendurar as coisas, então simplesmente penduro.
Os brasileiros fazem tudo o que for preciso.
Os brasileiros carregam as coisas de inúmeras formas diferentes.
Para os brasileiros, tudo é uma bolsa.
Seja uma bandeira, um lençol, um suéter,
os brasileiros os transformam em outra coisa.
Evidentemente, a relação dos brasileiros com a cor é incrível.
Cor aqui é uma coisa cultura, é identidade.
Estudamos estas coisas, sem diz nada, só observamos.
Esse é um varal em Manaus.
É um varal doméstico comum e uma obra de arte também. É incrível.
Eu não fiz nada disso, só observei.
Então, começamos a fazer bolsas, tiras com coisas,
que você carrega, baseada em ícones brasileiros.
Fizemos protótipos, fizemos milhões dessas coisas.
Fizemos o design.
Originalmente, o que queríamos fazer, bem interessante, era só vender tiras.
Não vender bolsas, mas tiras. Tiras de borracha,
o acessório para as sandálias,
para que as pessoas pudessem carregar o que quisessem consigo.
Infelizmente, acabamos não fazendo isso.
Fizemos várias bolsas, aqui estão elas.
Elas já estão no mercado,
e para falar a verdade, elas são um sucesso.
Criadas com borracha de sandália, baseada na linguagem corporal do brasileiro.
Em um espaço inteiramente diferente,
quero lhes mostrar um filme muito tocante.
Uma empresa de saúde de Chicago
pediu que ajudássemos a entender como os seus pacientes
com um problema de pele com grande desfiguração se sentiam.
Eles têm montes de dados que explicam isso no papel,
mas eles não conseguiam senti-lo.
Minha colega, Nina, filmou uma mulher com esse problema.
Quero lhes advertir, esse filme é um pouco chocante. Desculpem-me.
O que está acontecendo? Aperto os meus dedos
e sai pus de minhas unhas, minhas unhas caíram.
Era terrível, cheirava tão mal. Eu fiquei tão embaraçada, parecia que eu estava morrendo.
Não podia imaginar como peguei essa coisa ruim. O que foi que eu fiz?
Esta mulher... eu vou voltar.
O que está acontecendo?
Esta mulher sente uma dor enorme.
Não vimos nada, não perguntamos nada, mas sentimos tudo.
Pensamos muito sobre isso hoje, coexistência, colaboração,
somar forças para resolver problemas.
Adora essa ideia de coexistência respeitosa e de sobrevivência dos sexos.
Há uma citação brilhante aqui:
"Se for morar perto do rio, faça amizade com o crocodilo".
Agora quero levá-los para o outro lado do mundo, para a área rural do Paquistão.
Nós unimos a Fundação Gates e o Fundo Acumen
para ajudar a criar um kit para ajudar as pessoas em áreas rurais a inovar.
Esta é minha colega, Tatiana.
Também no campo no Paquistão, arando o campo,
entendendo como era estar naquele mundo.
Criamos kits de ferramentas de design voltadas para ser humano.
Estão disponíveis no nosso site de graça.
Estamos distribuindo a metodologia de graça. Não nos interessa quem é o dono da solução.
Acho que já foi baixado umas 45 mil vezes.
Tem sido um sucesso incrível. Um pedaço de nosso trabalho.
A ideia novamente é de deixar as pessoas participarem, contribuírem.
Agora quero levá-los para Londres e compartilhar algo.
Jamie Oliver, um dos caras do TED aqui. Ele era um dos premiados do TED.
Ele nos pediu que o ajudássemos a dar vida às ideias.
Então criamos o Open Idea, que é uma colaboração
que muitos de vocês citaram
e que está ficando bem conhecida.
As pessoas podem contribuir, é divertido, e, de novo, esta ideia é muito importante.
As pessoas podem contribuir com as ideias, podem participar.
Ninguém é pago, as pessoas querem contribuir,
têm interesse em participar.
Isso era para ajudar as escolas e na alimentação,
para ajudar as crianças americanas em idade escolar
a compreender como ter hábitos alimentares mais saudáveis.
Algumas pessoas contribuíram com ideias sobre mobilidade.
Após 98 dias, em 166 países, 7.334 pessoas contribuíram
com 584 ideias inspiradoras que se tornaram 198 conceitos,
17 dos quais já estão em fase de produção.
Jamie Oliver ficou empolgado.
Estamos ampliando essa ideia para a educação.
Fizemos um trabalho para a Sony, um estudo de ambiente tecnológico.
Lembrem-se disso por que vou sugerir
no final desta apresentação que este pode ser um veículo
para o tipo de colaboração de que o TEDx Amazônia tem falado.
O próximo.
Esta é a ideia de escala. O pequeno multiplicado se torna grande.
Todos querem grandes ideias,
mas as grandes ideias são superestimadas.
Eu, pessoalmente, acho as pequenas ideias muito importantes.
Como gotas d'água que se unem ao rio.
O próximo, no Peru.
Concluímos um projeto recentemente para os peruanos.
Para os cidadãos peruanos compreenderem
como participar do processo democrático.
A ideia de que quero falar agora é de escala de protótipo.
É este o projeto.
Visitamos comunidades rurais no Peru,
conversamos sobre o que no governo as frustrava ou irritava
e desenvolvemos uma série de ideias
para promessas de campanha que esperavam que os candidatos de fato cumprissem.
Um ano atrás, tive sorte de ir a Bangladesh
e ver Muhammad Yunus e o Grameen em ação.
Foi muito controverso.
Pessoalmente achei muito envolvente
ver as pessoas cujas vidas foram transformadas por uma doação de US $7.
Esta mulher e seu filho moravam aqui.
Eu perguntei se era para animais, e me disseram que era para pessoas.
Ela recebeu um empréstimo de US $7 para comprar uma vaca.
Ela mandou o filho para a escola
e ele acabou de se formou em matemática.
US $7, isso é algo muito poderoso.
Aqui é Grameen, na área rural de Bangladesh, em Bogra,
ordenhando, fazendo iogurte para as crianças beberem e venderem, educando-as.
Aqui está o resultado.
O próximo.
Esta é a ideia de criar movimentos.
Os rios tributários fluem para o oceano.
Não fomos nós que fizemos isso, mas estou muito interessado.
Ouvimos falar e vimos vários movimentos.
O desejo do surfista nesta manhã
é criar um movimento para ajudar as pessoas
a praticarem esportes de uma nova forma e agregarem valor cultural a isso.
Vejam a Nike. Acho que o que a Nike está fazendo com meninas, chamado Efeito Meninas.
É admirável. Assumir uma posição social em relação a meninas adolescentes
e ajudá-las a escapar de coisas como a prostituição,
trabalho escravo, bem cedo. Este é o video que produziram.
É só música de fundo, tudo bem.
Se chama Girl Effect, Efeito Meninas.
Admirável.
Esta é minha pequena contribuição.
Viajei ao Oriente Médio no ano passado e me envolvi...
estava num TEDx, na verdade.
Participei de debate sobre as mulheres no Oriente Médio.
Isso levou a uma série de conversas
e estou trabalhando com várias pessoas para realizar um TEDx em Teerã
sobre as mulheres e temas relacionados a elas. Será muito interessante. Esperamos fazer o mesmo em Cabul.
Estive na Austrália há duas semanas,
onde fiz uma oficina para o governo australiano
sobre comida, um dos insights
dessa oficina foi a mulher surgir como uma entidade agrícola.
Aqui são mulheres em Papua-Nova Guiné que têm pequenos sítios
e produzem em pequenas quantidades
e se uniram para formar uma cooperativa.
É incrível ver isso, o poder das mulheres.
Finalmente, quero falar sobre o processo de design em si.
A natureza é uma incrível ferramenta didática de design.
Há um grande provérbio que adoro que diz: "Vida, morte, vida".
Alguns colegas meus em Boston trabalham em um projeto bem interessante.
Estudam o que podemos aprender com a natureza
e o que o design pode aprender com ela.
Acho que maioria das pessoas pensa que design é algo assim,
algo que você faz numa planilha de Excel,
Trabalhando com várias células, assim,
e depois você faz um design.
Design assim é algo terrivelmente maçante, linear.
Eu discordo disso inteiramente.
Observando coisas, como cogumelos,
ou peixes, como fizeram em Boston, ou até mesmo camarões,
descobrimos que design é, de fato, algo mágico, orgânico,
que o design parecia um ato de aprendizagem ativo.
Está relacionado ao ato de fazer,
a tudo que falei hoje, a adaptação.
É retribuir
e aprender mais, exatamente como a natureza.
Em vez de o design se parecer com isso,
o que é terrivelmente maçante,
acho que design se parece com isso,
que, de fato, é o rio Amazonas.
É por isso que estamos todos aqui.
Tenho 50 segundos para fechar. Vou ser rápido.
Alguns pensamentos sobre o que este rio pode nos ensinar.
Espero que, a olhar nas profundezas e ouvir.
Estou ansioso pela palestra do Gordon sobre o silêncio.
Contar um com o outro.
Começar pequeno, mas sonhar grande.
Essa é algo que ouvimos a manhã toda.
Um pessoa, tirar tempo para construir,
para devolver o que tiramos.
E finalmente, como os adoráveis golfinhos de Deise hoje de manhã,
podemos ser interdependentes.
É isso que lhes peço hoje.
Mas, uma das tendências dessas conferências é subir aqui,
dar uma de inteligente, e depois vamos embora.
Não acho que seja esse o objetivo.
Acho que é uma discussão muito crítica,
uma hora muito crítica, para simplesmente pegarmos um barco e partir.
Eu gostaria de propor uma reflexão para fechar,
decidirmos juntos fazer algo.
Os caras hoje de manhã disseram
que estavam pondo recados no fundo e que estavam muito animados.
Eu queria ver como podemos juntar esses pensamentos.
O que podemos fazer aqui, como grupo?
Ficaríamos muito satisfeitos,
se alguém apresentasse um desafio,
que não fôssemos nós, alguém precisa propor um desafio para trabalharmos juntos.
Como, por exemplo, tornar o desflorestamento
tangível para todos no planeta?
Discutir como criar uma visão compartilhada da bacia amazônica?
Discutir, como o tema dessa palestra,
como criar qualidade de vida para todas as espécies do planeta?
Estou muito interessado em ouvir as suas ideias
e ver se podemos contribuir de alguma forma.
Obrigado.