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PRESIDENTE KENNEDY: Eu acredito que esta nação
deveria comprometer-se
a atingir o objetivo, até o fim dessa década,
de levar um homem à Lua
e trazê-lo de volta em segurança.
ALDRIN: Pegando alguma poeira...
Nos anos 60, um sonho impossível se tornou realidade
quando seres humanos caminharam em outro mundo.
ARMSTRONG: A Águia pousou.
Ao todo, 24 americanos foram à Lua.
Mas foi preciso um exército invisível
de mais de 400.000 engenheiros e técnicos
para tornar isso possível.
Esta é a história dos homens e mulheres
que construiram as máquinas que nos levaram à Lua.
1961.
A Rússia estava vencendo a corrida espacial.
A única maneira de levar astronautas americanos ao espaço
era no topo de um míssil nuclear balístico,
com a ogiva substituída pela pequena cápsula Mercury.
Havia espaço dentro apenas
para espremer um solitário astronauta em seu traje pressurizado.
5, 4, 3, 2, 1,
fogo.
O astronauta da NASA, Gus Grissom
foi na segunda cápsula Mercury ao espaço,
em 21 de julho de 1961.
Ok, combustível fluindo. Cerca de 1.25 G's.
Cabine pressurizada.
Oxigênio fluindo.
Mas seus 15 minutos de voo sub-orbital
quase terminaram em desastre
a 483 km da costa da Flórida.
Momentos depois do pouso na água, houve uma explosão.
A escotilha explodiu prematuramente.
Fazendo água, em segundos a cápsula começou a afundar.
Grissom teve sorte de não afundar junto com ela.
O seu voo demonstrou o quão vulnerável um astronauta era
ao menor defeito em sua espaçonave.
Era um salutar lembrete para os milhares de engenheiros
que estavam se preparando para um desafio
muito maior do que o programa Mercury:
O Projeto Apollo.
Eu comecei a trabalhar na NASA aqui em Houston em junho de 1962.
O presidente Kenedy fez o seu discurso
no estádio da Rice University
em setembro de 1962.
Então depois de apenas alguns meses, lá estava eu sentado no estádio
com o presidente dos Estados Unidos
quando ele fez o discurso no qual disse
que iríamos à Lua até o fim da década.
E naquela época, jovem como eu era,
foi um desafio e tanto.
Vamos enviar á Lua, a 386.243 km de distância,
um foguete gigante com mais de 91 metros de altura...
Quero dizer, era simplesmente inacreditável.
Ir até a Lua e voltar
Iria demandar uma espaçonave muito maior do que a Mercury,
uma que permitisse aos astronautas da Apollo,
um grau muito maior de controle.
Uma espaçonave que eles pudessem realmente pilotar.
De fato, por 3 anos,
a NASA esteve voando na fronteira do espaço,
no avião a foguete X15.
E eu acho que aquilo realmente impressionou a NASA.
A NASA tinha sido co-fundadora do programa
juntamente com a força aérea.
E o pessoal da NASA adorou,
e eu acho que eles adoraram as pessoas que trabalharam nele.
O X15 foi construído
por uma companhia chamada North American Aviation.
Eles estavam no negócio de aeronaves,
e nós sentíamos que a Apollo tinha de ser pensada
como uma máquina voadora pilotada.
E foi com essa base que nós escolhemos a North American.
Mas os engenheiros da North American logo perceberam
que a espaçonave Apollo seria muito mais complexa
do que qualquer coisa que eles já haviam construído.
Quando você desmembra em funções,
pelo que você tem que fazer passo a passo,
então você vê o que realmente tem de ser feito...
você precisa de um sistema de propulsão,
de um sistema de controle ambiental,
oxigênio e água,
suprimento de comida,
escudo de calor,
um pára-quedas para trazê-los de volta á Terra,
coleta de dejetos humanos,
barbeadores, higiene,
uma janela pra olhar pra fora,
também tínhamos que nos preocupar com micro-meteoritos,
coletes salva-vidas, facas...
O módulo de comando era uma minúscula casa para 3 pessoas.
A North American começou construindo maquetes de madeira
para ter uma ideia do layout da espaçonave.
Conseguir fazer essa pequena casa habitável para 3 pessoas
durante 14 ou 15 dias,
se tornou um projeto muito difícil.
Os engenheiros enfrentavam um dilema,
Uma espaçonave grande o suficiente
para sustentar 3 homens durante todo o trajeto até a Lua
seria grande demais para retornar em segurança à Terra.
Se você coloca tudo o que precisa
dentro do módulo de comando,
ele se torna muito grande e pesado.
Então se você planeja uma re-entrada
na atmosfera da Terra,
um grande e pesado veículo não é desejável.
Quanto mais pesada é a espaçonave,
mais energia ela tem quando atinge a atmosfera da Terra,
e portanto, mais calor ela irá gerar
à medida em que desacelera.
Uma espaçonave totalmente carregada iria simplesmente queimar.
Mas a North American percebeu
que nem tudo que fosse até a Lua
precisaria voltar.
A resposta foi dividir a espaçonave Apollo em duas.
A solução para o problema
acabou sendo essencialmente um conceito de 2 módulos:
o módulo de serviço, e o módulo de comando.
o módulo de serviço era como um trailer
atrás do módulo de comando,
e ele era afixado ao módulo de comando durante o lançamento,
permanecendo preso o tempo todo
durante a viagem à Lua e de volta
até antes da re-entrada,
quando então seria ejetado.
O módulo de serviço iria carregar
quase tudo que a tripulação iria precisar
para mantê-los vivos durante a missão.
Ele tinha os sistemas de propulsão,
as células de combustível para energia,
os tanques de oxigênio e hidrogênio,
havia os reagentes para as células de combustível,
e tinha, é claro, o motor.
com a maioria do peso da espaçonave
no módulo de serviço,
a cápsula da Apollo seria agora pequena e leve o suficiente
para sobreviver à re-entrada.
Mas não haveria muito espaço
para a tripulação de 3 homens viverem por 10 dias.
Se você o observasse, era muito simples. Apenas um cubo com 6x6x6.
E era onde eles viviam.
Durante o treinamento,
entrar e sair do módulo de comando
era sempre uma tarefa lenta e difícil.
Não parecia importar na época,
Mas as consequências desse simples fato,
iriam trazer à corrida americana uma parada chocante.
Em 1964, os astronautas americanos estavam sendo introduzidos
à nova espaçonave que iria levá-los à Lua
até o fim da década.
Mas por mais impressionantes que esses protótipos parecessem,
para os engenheiros da North American Aviation
que construíram o módulo de comando,
ainda havia muito o que ser feito.
A coisa mais fundamental que a espaçonave precisaria
para manter os 3 homens vivos
durante a jornada de 10 dias de ida e volta,
era energia elétrica.
Há várias maneiras de prover energia a uma espaçonave.
Uma delas é com baterias.
Mas baterias como as do seu carro
são muito grandes e pesadas.
Você também poderia usar painéis solares,
conforme fazem algumas das naves não tripuladas
que viajam a outros planetas,
de modo que possam operar por um longo perído de tempo.
Entretanto, eles são muito pesados e requerem uma grande área.
Então a solução para o problema foi utilizar células de combustível.
A jogada por trás das células de combustível
era utilizar os mesmos hidrogênio e oxigênio
que impulsionam os foguetes.
No foguete, os gases reagem juntos,
para empurrar a espaçonave adiante.
Mas no ambiente mais controlado das células de combustível,
a mesma reação poderia produzir eletricidade.
As células de combustível tinham muitas caractrísticas desejáveis.
Você poderia coletar o oxigênio e hidrogênio
armazenado nos tanques,
e combiná-los através das células de combustível,
obtendo água como sub-produto,
juntamente com a eletricidade que você deseja.
A água é desejável. Você pode utilizar para beber,
para resfriamento
através do sistema de controle ambiental...
Assim, trata-se de um sub-produto,
mas um sub-produto muito útil.
De fato, a água que as células de combustível produziriam,
estava na casa dos
50 ou 60 galões durante a missão,
então, elas produziriam muita água.
Enquanto um grupo de engenheiros
se debatia a respeito do que iria dentro do módulo de comando,
outro time da North American estava trabalhando do lado de fora.
Seria ela resistente o suficiente para sobreviver aos rigores
de um voo até a Lua e de volta à Terra?
Estava na hora do primeiro voo da cápsula.
Os *** de queda demonstraram
o quão perigoso pousos forçados poderiam ser para os astronautas.
Um pouso na água parecia ser uma aposta melhor.
Mas uma amerissagem também tinha seus próprios problemas,
como o primeiro *** logo revelou.
Pousos na água eram conduzidos
de uma forma um pouco diferente.
Nós tínhamos
algo similar a um balanço de criança,
mas no lugar da criança,
colocamos a espaçonave Apollo.
Esta era a maior torre de Downey,
e nós balançamos o módulo de comando,
soltamos na água,
e ficamos tão felizes vendo-o flutuar,
e de repente vimos ele ficando menor, e menor, e menor...
Estava afundando.
Eu me lembro que esse foi um dos piores dias
que tivemos no começo.
A cobertura externa da barriga da cápsula rachou,
permitindo que a água entrasse.
Foi um enorme constrangimento para os engenheiros.
Estávamos devastados.
Especialmente porque
isto poderia levar a um atraso
de todo o programa Apollo.
O que aterrorizava a todos
era repetir o evento de Gus Grissom quase se afogando,
quando sua cápsula Mercury começou a fazer água depois do pouso.
A ideia de 3 homens retornarem à salvo da Lua
apenas para se afogarem diante da imprensa mundial era intolerável.
Assim, o módulo de comando ganhou uma nova camada externa mais forte,
que foi submetida a alguns dos *** mais rigorosos de todo o programa Apollo.
A instrumentação incluia câmeras,
câmeras submersas,
câmeras externas,
Câmeras para gravar as condições...
Foi um programa de ***
que realmente verificou
que teríamos sucesso no pouso.
Os *** na água provaram
que o módulo de comando sobreviveria à amerissagem.
Mas e quanto à decolagem?
Durante o lançamento, a espaçonave
estaria sentada no topo do Saturno 5,
preenchido com mais de 3.000 toneladas de combustível altamente explosivo.
Então os engenheiros projetaram uma espécie de assento ejetor
para todo o módulo de comando, caso algo desse errado.
O sistema de escape da torre de lançamento
era um foguete na parte da frente do módulo de comando
que iria afastar o módulo de comando do propulsor,
caso houvesse algum problema com o foguete.
O sistema seria acionado por 3 fios
que corriam por toda a extensão do Saturno 5.
Se perdêssemos energia em 2 dos 3 fios,
significava que o foguete estava caindo aos pedaços
e nós teríamos que ejetar.
Em novembro de 1965,
o time de engenheiros da North American
se reuniu para testemunhar outro *** do tipo "vai ou racha".
Um foguete chamado Little Joe
estava para ser testado no sistema de escape.
A ideia era lançar o veículo a 3048 metros,
e então acionar o foguete de escape
para puxar o módulo de comando do outro dispositivo.
1, fogo.
Na época, eles cometeram um pequeno erro,
na forma como ligaram os giroscópios,
E o veículo começou a girar.
Quando ruiu, ele quebrou a comunicação com o sistema de escape
O foguete do sistema de escape disparou,
puxou o módulo de comando de cima,
e foi isso.
Um voo perfeitamente bem sucedido, muito bem instrumentado,
nos deu todos os dados que precisávamos sobre o sistema de escape.
Mas o veículo falhou no processo.
Ironicamente,
a falha imprevista do foguete Little Joe,
forneceu o melhor *** possível para o sistema de escape,
e ele funcionou perfeitamente.
Mas enquanto os engenheiros celebravam,
os eventos estavam prestes a tomar um rumo trágico,
um que iria por em jogo
cada aspécto da nova espaçonave.
Janeiro de 1967.
E a nova espaçonave Apollo
se dirigia ao seu *** final
antes de seu primeiro voo tripulado ao espaço,
A Apollo 1 seria
nosso primeiro verdadeiro *** orbital.
Era, realmente, para compreender
a interface entre astronautas e espaçonave.
Então, era o que você chama de missão experimental
antes de sair
do campo gravitacional terrestre.
O módulo de comando
tinha um desenho conhecido como Bloco 1.
Assim como qualquer protótipo, ele tinha os seus problemas.
Mas as falhas nessa espaçonave eram mais serias.
O veículo Bloco 1 não tinha capacidade lunar,
e por causa da pressão do prazo,
eu acho que houve coisas
que não foram feitas com perfeição.
Nós realmente não tínhamos o tipo de foco
que eu acho, em retrospecto, que deveríamos ter tido.
Então, tivemos muitos problemas nos *** de qualificação
de hardware do sistema.
E eles não nos davam a confiança
para ir à Lua.
O comandante da missão, veterano da Mercury Gus Grissom
e sua tripulação de recrutas, Roger Chaffee
e primeiro americano a sair no espaço, Ed White,
não estavam felizes, e zombaram
abertamente da confiabilidade do módulo de comando
durante uma sessão de fotos para a pré-missão.
À uma hora da tarde de 27 de janeiro de 1967,
a tripulação subiu na torre de lançamento
e se preparou para uma rotina pré-voo na cápsula.
Mas havia algo extremamente perigoso
dentro da espaçonave,
algo que ninguém havia percebido.
O ambiente na cabine era, à época,
100% oxigênio a 16 psi. (1 atm ~ 14,69 psi)
Níveis tão altos de oxigênio
foram bombeados dentro do módulo de comando
para ajudar na abertura da escotilha
contra a pressão externa.
Mas ninguém havia considerado as possíveis consequências
de uma atmosfera de 16 psi de puro oxigênio.
A equipe avançava nos ***.
Em um deles, você tinha que
ativar todos os sistemas,
você basicamente ativava cada sistema que havia no veículo,
decia até zero, mas não ligava os motores.
Às 6:30 da tarde,
com as simulações avançando pela noite,
uma falha no sistema elétrico da cápsula
foi detectada pelo controle de lançamento.
De alguma forma tivemos uma faísca.
Nós não sabemos como aquela faísca ocorreu, mas houve uma faísca.
E a 16 psi, tudo queima.
Alumínio queima.
Todo o isolamento e os fios queimam.
Toda a fiação queima.
E com uma escotilha de abertura interna,
os astronautas não puderam abrir a escotilha.
E a tripulação morreu por causa disso.
Um por um,
onde estivessem pelo país,
os engenheiros ouviram a notícia.
Um patrulheiro de auto estrada me parou e disse,
Você é Mike Vucelic?
Eu disse, "sim, sou eu".
Ele disse: "ligue para o seu centro de controle".
Eu disse, "qual é o problema?"
Ele disse: "eu não posso te dizer".
Durante o dia seguinte,
muitos dos engenheiros da North American
tiveram de ver com seus próprios olhos o que havia dado tão errado.
Eles haviam chegado ao lugar
onde abriram a escotilha, na época que eu cheguei lá,
e foi um desastre.
Nós, ãh...
...não tínhamos muito o que dizer, nem a NASA nem nós, naquela época.
Ãh, foi um tempo muito difícil pra mim.
Eu quase me sentia responsável
porque eu fui o cara
associado ao oxigênio e outras coisas.
Foi uma situação muito, muito difícil.
E eu me senti responsável de alguma forma.
Todos nós estávamos chocados,
com o quanto as coisas queimam
com oxigênio em alta pressão.
Enquanto todos lutavam
para chegar a um consenso sobre o que havia dado errado,
todo o futuro das missões Apollo foi interrompido.
A NASA começou uma investigação detalhada
e ao invés de colocar um engenheiro no comando,
eles escolheram o astronauta Frank Borman.
O futuro da Apollo estava em suas mãos.
Trabalhar com o Frank Borman foi um prazer.
Ele era tão intuitivo, tão agressivo,
ele era tão... "vamos terminar esse trabalho!"
Eu não posso lhe dizer o quão maravilho,
foi um dos pontos altos da minha carreira
trabalhar com Frank Borman naquela atividade.
Eu estava realmente impressionado
com a determinação da NASA
em encontrar as causas
e corrigi-las.
Para o seu desânimo,
os investigadores descobriram que as coisas se tornaram tão apressadas
antes do *** da Apollo 1,
que não havia sequer registros completos
do que havia sido instalado no interior da espaçonave.
Eu acho que aquilo acordou muitos de nós.
Teve esse efeito em mim.
Mas também significou que isso não era apenas um trabalho.
Era um trabalho muito, muito importante.
Significava vidas de pessoas.
Então eu tive uma...
Eu acabei ficando ainda mais dedicado.
Eu me sentia como um guerreiro,
e ainda me considero um guerreiro da Apollo.
Não num sentido de matar pessoas,
quero dizer num sentido de terminar as coisas.
E eu acho que o time acabou se sentindo
como um grupo de guerreiros troianos.
Ironicamente, a escotilha de abertura interna da Apollo
que prendeu os astronautas na espaçonave em chamas,
tinha sido especificada unicamente como uma medida de segurança
após o acidente da Mercury com Gus Grissom
5 anos antes.
A investigação também confirmou que a fiação estava perigosamente exposta,
e que uma grande quantidade de material inflamável
havia sido colocada no design do módulo de comando.
Combinada com a atmosfera de puro oxigênio em alta pressão,
esses materiais não apenas incendiaram.
Eles explodiram.
Um total re-desenho do módulo de comando era necessário.
De um ponto de vista técnico, eu acho que o fogo teve
um efeito final muito benéfico para o programa.
Ele permitiu que o programa fosse parado e re-analisássemos
exatamente onde estávamos em cada elemento do sistema
e consertássemos cada problema encontrado no sistema.
Nós mudamos para uma escotilha de abertura externa.
Colocamos revestimentos que não tínhamos anteriormente,
Mudamos o sistema de ar
para 60% nitrogênio, e 40% oxigênio
quando você estivesse na plataforma.
Todas essas coisas foram feitas em cerca de 18 meses.
Com a espaçonave redesenhada e melhorada,
o programa Apollo voltou aos trilhos.
Eramos dedicados com o que tínhamos de fazer.
Estávamos numa corrida espacial com a Rússia.
Estávamos sob os holofotes e não podíamos falhar de novo,
e não podíamos matar pessoas de novo.
Todos estavam determinados para que as mortes
de Gus Grissom, Roger Chaffee, e Ed White
não fossem em vão.
Era tempo, mais uma vez, de alcançar a Lua.
Outubro de 1968.
E a Apollo 7, a primeira missão tripulada do programa,
estava na plataforma de lançamento no Cabo Kennedy.
O incêndio havia recuado o programa em 18 meses.
Restava agora pouco mais de um ano para o fim do prazo.
Aqui estávamos, voando em outrubro de 1968,
e tínhamos de fazê-lo até o fim de 1969.
O tempo era curto.
Todas as forças na North American
estavam concentradas na espaçonave,
24h por dia, 7 dias por semana, desde aquele incêndio,
para colocar a nave em uma configuração
que fosse confiável para voar.
A missão era muito parecida com a Apollo 1.
A missão para a órbita da Terra foi realmente experimental
para realmente sacudir o veículo,
e testar a compatibilidade dos sistemas com a tripulação.
Sabe, você não tem muitas oportunidades no chão
para fazer *** sob gravidade zero,
então era um voo realmente importante
para testar todo o equipamento.
5, 4, 3, 2,
Temos ignição.
Começando a decolagem. Decolagem.
Aqui é o centro de controle, a torre está limpa.
OPERADOR 2: Confirmado, torre limpa.
12 segundos correndo, todo o programa começou.
Na manhã de 11 de outrubro de 1968,
o novo módulo de comando da Apollo decolou da plataforma.
4 segundos,
Schirra reportando início do programa de lançamento.
À bordo estava o veterano da Mercury Wally Schirra
com os astronautas recrutas Don Eisele,
e Walter Cunningham.
Foi a primeira vez que
3 astronautas americanos flutuaram juntos no espaço.
Checando condição...
[conversa indistinta]
Assim que os foguetes do primeiro estágio caíram,
o segundo estágio ligou,
lançando-os para os últimos quilômetros até a órbita.
Sob gravidade zero, o estreito módulo de comando
ganhou uma nova e espaçosa aparência.
E visto através de lentes grande-angulares, parecia até espaçoso.
Foi a primeira vez que humanos flutuaram
em gravidade zero sem um traje espacial.
A tripulação teve 11 dias em órbita
para testar o módulo de comando.
E os engenheiros sabiam que o comandante Wally Schirra
seria um homem difícil de impressionar.
Eu me lembro em particular, que ele era religiosamente interessado
em se certificar de que o módulo de comando estava limpo
porque tudo que fosse perdido
iria flutuar no módulo de comando,
e ele teve problemas com isso em outros 2 veículos.
Então nós realmente trabalhamos em cima
da limpeza do módulo de comando.
E quando ele voltou ele me deu um pequeno pedaço de plástico,
o qual era um pequeno pedaço de tecido beta
que tinha flutuado na frente dele durante o voo.
Eu acho que foi o único pedaço de detrito
que ele encontrou durante todo o voo.
Nós ficamos bastante satisfeitos com isso.
No seu voo tripulado de estréia, o módulo de comando excedeu as expectativas.
Das células de combustível ao ambiente da cabine,
cada sistema de suporte de vida funcionou com perfeição.
Até a famigerada comida espacial
e o banheiro básico se mostraram toleráveis.
Com cada marco de engenharia ultrapassado,
tudo o que restara era a re-entrada.
Ok, tem sido bem real, Walt.
Apenas uma atualização final
sobre o tempo e a área de recuperação.
...ventos 270 em 20, altura das ondas em 3 pés.
Para qualquer cápsula
ao re-entrar na atmosfera,
havia 3 coisas mais importantes do que quaisquer outras.
Paraquedas, paraquedas, e paraquedas.
Não havia nenhuma outra parte
do módulo de comando ou módulo de serviço
que me preocupasse mais do que
aqueles 3 paraquedas abrindo durante o pouso.
A NASA vinha desenvolvendo paraquedas
para o retorno de espaçonaves
desde os voos da Mercury.
Mas quando veio a desenvolver um sistema de paraquedas
para a nova espaçonave Apollo,
na fábrica North American em Downey, na California,
havia apenas um homem para o serviço.
Eu era o único
na North American Aviation
que tinha "paraquedas" escrito no crachá.
Então eu era a escolha lógica
para ser trazido a Downey
onde a maior atividade com os paraquedas iria acontecer.
Os *** de paraquedas da Apollo
começaram com modelos em um túnel de vento vertical gigante.
O que nós tínhamos de alcançar com esse sistema de paraquedas,
era extrema confiabilidade.
E o meu trabalho era transformá-lo
de uma ideia, para um sistema operacional.
Nós fizemos 137 *** de lançamento
durante um período de 6 anos.
A cápsula de retorno da Apollo
iria abrir primeiro paraquedas estabilizadores
ainda a 7.620 metros de altura
e viajando a 515 km/h.
Então, a 3.048 m,
e ainda viajando a 257 km/h,
os paraquedas principais seriam abertos.
Para um pouso seguro,
as coberturas gigantes teriam de sobreviver a velocidades sem precedentes,
sem se rasgar,
para reduzir a espaçonave a menos de 32 km/h.
Nenhum programa, antes ou depois,
jamais teve paraquedas tão duramente testados.
Com os designs aperfeiçoados,
era hora da fabricação.
Era aproximadamente meio acre (~20.234 metros quadrados)
de tecido de nylon muito fino.
Nós o chamávamos de "para-rasgo".
Em cada paraquedas principal,
havia aproximadamente 2 milhões de pontos.
As linhas de suspensão tinham 2,4 km.
Levava mais ou menos uma semana
para dobrá-los muito, muito, muito apertado, sob pressão hidráulica.
E quando terminado,
a densidade era equivalente à de madeira de bordo.
Essas senhoras tinham um grande orgulho do que faziam.
Elas pareciam entender mais do que muitos de nós,
que a sua costura era o último importante passo
no retorno para casa em segurança, desses astronautas.
Em 22 de outrubro de 1968,
depois de 11 dias no espaço,
os primeiros astronautas a ocupar um módulo de comando
retornaram à Terra com os melhores paraquedas jamais fabricados.
Todo mundo vê o sistema de paraquedas.
Eles dão um belo show.
Na Apollo, eles funcionam no último momento,
quando o mundo inteiro está observando.
Por isso foi muito recompensador e gratificante
fazer parte daquela indústria.
Wally Schirra e sua tripulação testaram em órbita
um quase impecável módulo de comando.
Antes que o ano terminasse, uma nova tripulação iria levá-lo
ao indiscutivelmente mais histórico voo já realizado por humanos:
da Terra, para a Lua.
Era outono de 1968,
e na fábrica da North American Aviation na Califórnia,
engenheiros estavam preparando a espaçonave Apollo
para um segundo *** na órbita da Terra.
Mas as coisas estavam prestes a mudar.
Fomos perguntados
se achávamos que a espaçonave
estava pronta para empreender
uma missão ao redor da Lua.
Uma figura 8, ao redor da Lua.
Apollo 8, ao redor da Lua.
Estávamos indo
onde nunca tínhamos ido antes com uma missão tripulada.
Muito arriscado,
mas realmente poderia pagar com muita emoção.
Apollo 8 chegando, 20 segundos para ignição.
Marcado, você está indo muito bem.
Os engenheiros estavam confiantes
que sua espaçonave estava pronta para ir à Lua,
e assim a tripulação da Apollo 8,
Jim Lovell, Frank Borman, e Bill Anders,
se tornaram os primeiros homens na história a deixar a órbita da Terra.
Sua segurança e conforto
dependiam do sistema de controle ambiental
concebido para lidar com o mais extremo ambiente
jamais encontrado por seres humanos: o espaço profundo.
Você pode ir de +121ºC
para -157ºC
e isso pode acontecer simplesmente cruzando a linha de uma sombra,
por exemplo, em uma espaçonave.
Então você pode ir instantaneamente de um extremo a outro,
e ter uma mudança de 278ºC.
Por 3 dias, tudo correu bem.
Mas assim que eles se aproximaram da Lua, algo inexperado aconteceu.
As temperaturas da espaçonave
subitamente começaram a cair,
e todos começaram a sentir muito frio.
E nós achamos que talvez nosso sistema de controle ambiental
não estivesse atendendo aos requisitos.
Mas o que aconteceu foi que,
pela primeira vez em nossa experiência de voo,
havíamos entrado na sombra da Lua.
Então subitamente ficamos no escuro, olhando para o espaço escuro.
E essa foi a causa da queda súbita de temperatura
na espaçonave, quero dizer, caindo a uma taxa elevada.
Então essa foi outra grande experiência.
A cada segundo que passava,
o módulo de comando fazia história,
carregando sua tripulação para mais longe do que nunca, da Terra.
Estávamos preocupados,
e claro, quando chegamos na parte de trás da Lua,
ficamos realmente preocupados,
porque não podíamos ouvir e nos comunicar com a tripulação.
Ficamos com os dedos cruzados o tempo todo.
Era véspera de Natal de 1968,
e por toda a América, 40.000 homens e mulheres
que trabalharam no módulo de comando da Apollo,
pararam, e assistiram em êxtase.
Eu pessoalmente me lembro de estar de férias
com meus pais e minha nova esposa.
Meu pai colocou a TV em cima do balcão
onde nós pudéssemos assistir durante o jantar de Natal.
E a Apollo 8 teve uma ótima cobertura de TV
comparada às missões anteriores.
Então pela primeira vez, estávamos assistindo a TV ao vivo.
assim podíamos assistir enquanto a missão prosseguia.
E da tripulação da Apollo 8,
encerramos com boa noite, boa sorte,
e Feliz Natal,
e que Deus os abençoe. A todos vocês na boa Terra.
E você podia ver a superfície da Lua.
Enquanto eles passavam ao redor, você captava essas vistas.
Inacreditável.
E, sabe...
o ambiente em que eu me encontrava com meus pais e minha esposa...
foi fantástico.
Para a equipe de engenheiros no controle da missão,
o Natal foi um tanto apressado.
Sua nave Apollo mais a tripulação
estavam a 402.000 km da Terra.
Para trazê-los de volta,
eles sabiam que o motor do foguete do módulo de serviço
teria que funcionar perfeitamente, de novo.
SPS era um sistema de propulsão.
Era um dos elementos da parte trazeira do módulo de serviço,
com um grande bocal de sino.
Esse motor levava você até a órbita lunar,
e também o trazia de volta.
Se esse motor falhasse
e não te tirasse da órbita lunar,
você não traria a nave espacial de volta à Terra.
O funcionamento crucial para trazê-los de volta para casa
ocorreria do outro lado da Lua
quando a espaçonave estivesse fora de contato com o controle da missão
por 45 minutos.
Os engenheiros não saberiam se tudo funcionou
até que a espaçonave reaparecesse.
Alguém perguntou ao Frank Borman,
"E se o motor não funcionar?"
Ele disse: "seria um dia ruim".
E esses foram os 45 minutos mais longos da minha vida.
Apollo 8, Apollo 8. Aqui é Houston...
Apollo 8, Apollo 8. Aqui é Houston...
Eu senti que foi provavelmente um dos
pontos altos durante o programa Apollo,
que tínhamos praticamente conseguido.
Assim que a Apollo 8 afastou-se da Lua
e começou sua queda livre de volta à Terra,
Jack Clemons e sua equipe de especialistas em re-entrada
começaram a trabalhar.
Meu trabalho para a re-entrada começava na Lua
com aquela primeira propulsão.
Eles agora estavam novamente em contato com a Terra.
Quase imediatamente após a ignição,
nós coletamos a informação,
e começamos a rodar simulações aqui embaixo pra dizer:
"Aonde isso irá trazê-los?"
Houston para Apollo. Câmbio.
O retorno do módulo de comando da Apollo 8
era efetivamente uma queda livre de volta à Terra
de 402.000 km de distância,
e eles entrariam na atmosfera
muito mais rápido do que a Apollo 7 o fez.
Não haveria uma segunda chance pra fazer isso direito.
A Apollo 8 nos afetou muito emocionalmente
em termos de quão bem feito havíamos feito nosso trabalho,
porque essa era a primeira vez em que voltávamos da Lua,
e você queria fazer isso direito.
Uma verdadeira bola de fogo. Parece bom.
O módulo de comando estaria viajando
a 40.234 km/h quando atingisse a atmosfera superior.
Se você viaja pela auto estrada,
você vai a 96 km/h,
o que dá pouco mais de 26 m/s.
Nós vínhamos a 10.973 m/s.
Isso esmaga a atmosfera.
Isso não é um voo, é um esmagamento.
Para proteger a cápsula,
os engenheiros construíram o maior escudo de calor já feito.
Ele era projetado para desintegrar
enquanto a atmosfera aquecida o despedaçava.
Mas para trazer a tripulação em segurança,
o módulo de comando tinha de re-entrar
exatamente no ângulo certo.
Se você viesse muito raso,
vindo e não obtendo arrasto suficiente
da atmosfera para diminuir a velocidade,
então você continuaria pela atmosfera até o outro lado.
Se viesse muito íngreme seria mais como um mergulho de barriga
de um trampolim alto numa piscina,
porque a atmosfera,
por toda fragilidade quando você caminha através dela,
mas quando você vem a Mach 30, (30x a velocidade do som)
ela é muito densa.
E se você a atinge num ângulo muito íngreme,
você romperia o próprio módulo de comando.
Então todos estavam muito motivados
a permancer nesse limite.
O módulo de comando
precisava manobrar na atmosfera superior,
mas não era fácil pilotar uma cápsula rombuda
viajando tão rápido.
O jeito de pilotar o módulo de comando
era com pequenos jatos reatores que giravam o veículo.
A única coisa...
não dá pra virar assim, não dá pra virar assim.
Tudo o que ele pode fazer é girar um pouco sobre o seu eixo.
É um mecanismo de controle muito rudimentar, mas funcionou!
Para aqueles que assistiam e esperavam
através da noite na Terra, a tensão ficou pior,
por conta do blackout do rádio causado pelo calor da re-entrada.
Junto com todos os outros,
os engenheiros também queriam saber como as coisas tinham ido.
O grande evento que aconteceu
para um especialista em re-entrada da Apollo
foi o tripulante em um dos porta-aviões
captando os paraquedas em sua câmera...
porque aquilo significava tudo.
É quando a pressão acaba.
Quando vemos aqueles paraquedas abertos, então é como,
"Conseguimos! Conseguimos! Estamos lá!"
Os primeiros astronautas a ocupar um módulo de comando
por todo o trajeto até a Lua
retornaram triunfantemente 3 dias depois do fim de 1968.
Os engenheiros da North American provaram
que sua cápsula podia carregar homens para um outro mundo.
Isso foi realmente um grande salto
para deixar-nos prontos para o pouso na Lua.
Foi realmente pra mim, o evento mais significativo
que fomos capazes de fazer para nos preparar para o pouso na Lua.
Pelos próximos 4 anos,
outros 8 módulos de comando Apollo voariam para a Lua,
carregando um total de 24 americanos até a órbita lunar,
e trazendo-os de volta em segurança.
Eles foram as únicas máquinas da Apollo a retornar
e descansam hoje em museus ao redor do mundo
como um tributo aos 40.000 homens e mulheres que os construiram.
Nós tivemos um ótimo grupo de pessoas trabalhando na Apollo.
Nós realmente trabalhamos como uma equipe
que teve uma excelente camaradagem eu acho, cooperação.
E foi uma experiência maravilhosa para se viver.
Quisera eu poder agradecer a todos.
E abraçá-los.
[TRADUÇÃO E LEGENDAS: PEDRO ABREU]