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Uma entrevista com Alex Chandon sobre "Inato"
Eu comecei a escrever "Inato" em 2001,
depois de meu último longa, "Nascido do Inferno".
Escrevi um tratamento de 4 páginas para "Inato".
Eu esperava que fosse o meu próximo filme,
mas tivemos problemas com "Nascido do Inferno"...
e demorou até agora para eu fazer um novo filme.
Eu estava muito preocupado que meu título, "Inbred",
pudesse desaparecer, um outro usasse.
Então, em 2009,
meus investidores alemães perguntaram: "Quer fazer um novo filme?".
Eu disse que sim e resolvi transformar "Inbred" num roteiro maior.
Mudei um pouco aquele primeiro tratamento, deixei mais simples,
e antes de tudo fui checar se o título estava disponível. Estava. Ótimo!
E assim decidi fazer "Inato".
Este novo tratamento foi baseado naquele primeiro,
e tem uma cena que está desde o primeiro tratamento,
É uma cena que eu quis fazer minha vida inteira!
Não quero soltar spoiler, mas é a cena da cabeça cortada.
E, para mim, poder fazer esta cena agora,
depois de mantê-la no cérebro durante dez anos,
foi um grande momento, sabe? Fazer a cena que eu sempre quis.
Então, este novo "Inato" é semelhante ao antigo,
mas é mais barato, com um orçamento menor.
Porém tenho uma ideia para um possível prequel,
mostrar o que aconteceu trinta anos antes, nas décadas de 70 e 80,
e esse será mais parecido com o meu tratamento original.
Sabíamos que o desenvolvimento dos personagens era importante,
e queríamos que o público acreditasse neles. São quatro adolescentes...
do tipo problemático, levados pelos assistentes sociais para o campo,
para um fim de semana de trabalhos comunitários...
e para aprenderem mais sobre eles mesmos.
Achamos que desenvolver a relação entre os jovens e os assistentes...
seria importante para quando o filme ficasse "malvado",
lá pelos 40 minutos, quando tudo fica maluco.
Queríamos que o público se importasse com os personagens,
e nos últimos 20 minutos partimos para a loucura. E funcionou.
Mas percebemos que, ao fazer isso, tínhamos...
um período muito longo sem sangue e gore.
E eu sei, quando vou ver um filme de horror,
eu quero saber do que se trata.
Então decidimos colocar uma cena de abertura muito doida,
só para que as pessoas soubessem o que as esperava no final.
Algo como: invista no meu filme, fique aqui por 20 minutos,
acompanhe os personagens, e então terá mais no final.
INFLUÊNCIAS
Acho que minhas influências foram os filmes de horror com os quais cresci.
Sou fã desses filmes em florestas, de atalhos que levam ao lugar errado,
não o filme "Pânico na Floresta" (Wrong Turn), mas histórias assim.
"O Massacre da Serra Elétrica", "Amargo Pesadelo", "Sob o Domínio do Medo".
Esses filmes que cresci vendo. Eu amo o "Massacre..." original.
E acho que os americanos são muito bons nesse tipo de filme...
sobre pequenas cidades cheias de loucos.
Você sabe que aquilo não é real,
as pessoas no Texas não carregam serras elétricas e comem carne.
Mas na Inglaterra acho que somos mais discretos com nossos filmes,
por isso eu quis fazer algo no estilo americano, mas na Inglaterra.
Algo maluco e esquisito, como se fosse uma realidade alternativa.
Acho que "Inato", eu sou o primeiro a admitir, é derivado de outros filmes,
mas tentei usar meu conhecimento desses filmes para dar ao público algo familiar,
e então mudar tudo e seguir por uma direção diferente,
e entregar algo que ninguém espera, quem sabe algumas surpresas,
coisas estranhas acontecendo.
Mas que também fosse divertido. E eu acho que funcionou.
MANÍACOS (1964)
MANÍACOS
Quando eu era mais jovem e fazia filmes gore,
vi "Banquete de Sangue" e um outro filme de H.G. Lewis.
Eu nunca vi "Maníacos",
mas vi fotografias e sabia sobre o que era o filme.
"Maníacos" não foi uma referência específica.
Adoro a ideia do teatro grand guignol na França,
quando cortavam pessoas no palco, todo aquele sangue e gore.
Então eu acho que "Maníacos"...
O filme não estava na minha cabeça, foi uma inspiração inconsciente.
Mas eu não me importo com as semelhanças porque...
- Você nunca viu. - Nunca vi.
Na verdade não vi nem a refilmagem, "2001 Maníacos".
Também não vi "A Casa dos Mil Corpos", que as pessoas dizem ser parecido.
Mas acho que se há uma ligação entre esses filmes, é porque...
muitos cineastas têm os mesmos sonhos, ambições e aspirações.
Não é estranho que as pessoas façam filmes semelhantes.
O que importa é que as pessoas gostem do meu filme.
Se acharem parecido com outros... Legal. Desde que gostem.
Você mencionou a música, quando eles tocam...
Eu adoro. Ela foi escrita pelo cara que tem a cabeça explodida.
Ele toca banjo e escreveu a música para a gente.
Mas isso vem de um dos meus filmes preferidos, que sempre esqueço de citar.
Sempre cito "Amargo Pesadelo", "Sob o Domínio do Medo"...
Mas é de "O Confronto Final", de Walter Hill.
Amo esse filme e assisti algumas vezes antes de fazer "Inato".
E na cena em que eles entram no território cajun, no final,
estão tocando uma música, e a nossa tem o mesmo ritmo.
Nós copiamos aquele ritmo.
O CONFRONTO FINAL (1981)
"O Confronto Final" foi uma grande inspiração.
E acho que "O Confronto Final" é o grande filme...
Ele e "O Massacre da Serra Elétrica", para mim,
são os grandes filmes sobre caipiras assassinos. Eu os amo!
- São os grandes ícones? - Exato, e são os que inspiraram...
"Inato" a ser o filme que é.
Mais que "Maníacos", mais que "A Casa dos Mil Corpos"...
Eu já ouvi sobre esses filmes, me disseram que há semelhanças,
mas não quis assisti-los para que não me inspirassem.
Se eu os assistisse e achasse parecidos, ficaria com medo de fazer o meu filme.
Fico feliz quando dizem: "Este é o filme que Rob Zombie deveria ter feito".
Sem ofensa a Rob, pois parece que ele é um cara legal...
e espero conhecê-lo algum dia.
Mas somos diretores diferentes...
e acho que "Inato" tem minha visão única, não tentei copiar ninguém.
Sim, me inspirei em "O Confronto Final" e em "Amargo Pesadelo", mas...
espero que as pessoas vejam "Inato" como um filme único,
e um filme que se mantém por si só.
REFILMAGENS
Devo dizer que não sou um grande fã de remakes de horror.
- Eu também não.
É, o único que gostei foi "Madrugada dos Mortos", de Zack Snyder.
Eu odeio os últimos dez minutos, com aqueles veículos de guerra.
Se torna um outro filme.
Mas o que ele fez ficou muito bom.
E esse foi o único que gostei.
Eu acho triste que estejam refilmando esses filmes...
que têm apenas 30 anos, e que são grandes clássicos.
E eu acho que, de certo modo, filmes de horror são tão parecidos...
que não precisa chamá-los de "Dawn of the Dead", "Scanners", "Evil Dead".
Sabe, você pode dar qualquer outro nome, e não vai se arriscar...
a estragar a memória dos originais.
A nova geração... Se você fala em "O Massacre da Serra Elétrica",
eles vão atrás desses novos e fuleiros, não do brilhante original de 1973.
Então, não gosto da ideia de refazer. Talvez em 50 anos, dê tempo a eles!
Mas não 15 anos!
- Mesmo "Madrugada dos Mortos", você pode pôr "Shopping dos Mortos"...
...e ninguém vai comparar com o original. É uma coisa estúpida de se fazer.
Sim, concordo plenamente. Podia se chamar "Shopping dos Mortos".
Ficaria bem melhor.
Ou "As Colinas Têm Orelhas" (Hills Have Ears).
Não precisa ser a mesma coisa, porque você se arrisca muito.
Quer dizer... Se alguém me oferecesse um remake,
seria uma decisão difícil para mim.
Meu amigo Jake West fez "Pumpkinhead: De Volta das Cinzas".
E não acho que ele ficou feliz com o resultado final.
Jake é um bom diretor, ele me disse que fez "Pumpkinhead"...
porque gostava do original e achava que podia acrescentar algo.
Mas acho que era uma produção da Sci-Fi Films e...
Jake disse que eram 4 semanas de filmagens e a roupa do monstro só chegou na 2ª semana.
Por isso acho muito triste quando um filme clássico é...
não arruinado, mas desrespeitado.
Seria uma decisão difícil, mas se alguém me oferecesse...
cem mil libras para dirigir "Reanimator Parte 3"...
Sim, talvez. Acho que poderia fazer algo.
EFEITOS PRÁTICOS VERSUS CGI
Muita gente diz que usamos CGI em "Inato".
Mas CGI significa "Imagem Gerada por Computador"...
e não tem nada gerado por computador em "Inato".
O que fizemos foi usar composição sobre imagens reais.
Tudo que você vê em "Inato" foi filmado ou fotografado, é real.
Nada foi criado por computador, pois é disso que eu não gosto.
Quer dizer, se você está fazendo um filme com espaçonaves...
Sabe? Aí sim. Aí o computador funciona.
Mas se você está tentando recriar esguichos de sangue ou ferimentos...
- Por quê? Por quê? - Pois é, por quê?
Efeitos práticos são tão legais. Mantenha-os práticos!
O que nós fazemos é filmar tudo com a mesma iluminação.
Colocamos a câmera num tripé, mandamos o ator ficar em seu lugar,
ele faz "Blaaah!", pedimos para que saia e jogamos sangue na parede.
Nós filmamos todos os elementos ao mesmo tempo,
com a mesma luz e no mesmo set.
E quando colocamos tudo junto, parece uma mesma coisa...
as pessoas não percebem o truque e, para mim, é a magia do filme.
Eu tento manter o mais real possível e filmar tudo, sabe?
Talvez demore mais, e a composição leva um tempão,
É como rotoscopia, você tem que desenhar cada frame da pessoa.
Tem uma cena com um cavalo em "Inato",
e o cavalo está andando ao redor de alguém no chão.
Muita gente pergunta quanto tempo levou para treinar o cavalo...
para andar ao redor do homem. Eles não percebem que...
nós filmamos o cavalo e o homem separadamente,
e depois tivemos que desenhar ao redor do cavalo em cada frame.
Mas funciona! Engana o público, e é isso que eu amo.
- Parece real mesmo. Me enganou também!
Enganou todo mundo!
"INATO PARTE 2?"
As pessoas perguntam se quero fazer uma continuação, e eu digo:
"Não, quero fazer um prequel."
Existe muito mais na história de "Inato". Nós tivemos que tirar a exposição,
não explicar muito.
Nós focamos nos jovens, nos assistentes sociais e nos caipiras.
Mas há uma história no passado, isso já aconteceu antes,
como eles se livraram?
Queríamos gravar um epílogo, uma cena curta depois dos créditos,
explicando como os caipiras conseguem sempre se livrar.
Tipo, a polícia chegando e reclamando: "Aconteceu outra vez?".
E os caipiras diriam: "É, esses jovens vieram até aqui, mas já se foram".
"Ah, certo". Então, os caipiras já fizeram tudo isso antes,
e quero fazer um prequel nos anos 70, para poder usar a música da época,
Hendrix, David Bowie, T-Rex...
E pessoas com roupas da época numa van antiga.
Seria ótimo se eu pudesse usar os mesmos atores para os caipiras.
Acho que me divertiria bastante fazendo um prequel.
PRIMEIROS TRABALHOS
Eu fiz escola de artes e terminei o curso em 1991... 1992.
E na escola estudei pintura, pensando em ser pintor.
Mas eu amava filmes desde criança.
E concluí que uma única pintura não contemplava minha visão.
Era uma imagem só, e minha mente processava múltiplas imagens.
Então os filmes eram o caminho natural para mim.
Durante o curso, ao invés de pintar, preferi me dedicar a filmar...
dois filmes de horror em vídeo, "Bad Karma" e "Drillbit",
que se tornaram bem populares. Isso me incentivou a fazer filmes.
Quando eu saí da escola de artes, trabalhei como construtor de modelos,
fazendo miniaturas e cenários.
Isso foi nos anos 90, antes de existir CGI, quando você construía tudo,
fazia pequenos edifícios, pintava o cenário de fundo.
- Bons tempos... - Era ótimo, era divertido!
Eu aprendi muito e trabalhei em produções com grandes orçamentos.
Trabalhei com Paul McCartney, (...), Michael Jackson.
Era muito legal, e eu vi como a indústria de grande orçamento trabalhava.
Aprendi muito nos bastidores e usei isso para fazer filmes melhores.
Meu primeiro longa, em 1996, foi "Pervirella",
onde usamos um montão de modelos e miniaturas.
Tudo que tinha aprendido até então eu coloquei em "Pervirella",
e isso ajudou na minha carreira, e desde então só fiz filmes.
O meu filme que eu mais gosto,
onde aprendi tudo sobre After Effects, se chama "Borderline".
Nesse filme, eu saí com uma pequena câmera e filmei prédios de Londres,
a famosa arquitetura de Londres,
e sou um grande fã de ilusões de ótica, como M.C. Escher.
Então coloquei prédios de cabeça para baixo, carros andando no teto...
e pessoas caminhando de cabeça para baixo.
É um curta de 6 minutos, que passou em um festival,
e todo mundo adorou, nunca tinham visto nada igual.
O filme passou no mundo todo, e o British Film Institute, na Inglaterra,
colocou em seu arquivo de filmes.
Vai ficar no arquivo para sempre, como representação da Londres de 2006,
e por isso é o meu maior sucesso, pois me imortalizou como realizador.
E tenho muito orgulho dos efeitos.
Eu penso o seguinte: se as pessoas percebem o meu efeito,
então eu fiz errado, entendeu?
Quero que as pessoas saiam do cinema sem saber que usei efeitos,
achando que é tudo real.
Aprendi muito fazendo "Borderline" e os meus outros trabalhos,
e é algo que usei em "Inato".
E acho que os efeitos valorizaram o filme, ajudaram a vendê-lo.
Devo dizer que acabei de exibi-lo aqui no Fantaspoa...
e ganhamos o prêmio de Melhores Efeitos Especiais, o nosso primeiro prêmio!
Achei o máximo, é brilhante! Mal posso esperar para voltar para a Inglaterra...
e contar à nossa equipe que ganhamos o prêmio. Eles vão ficar muito felizes!
"NASCIDO DO INFERNO"
Eu dirigi alguns vídeos para o Cradle of Filth,
e gostava de trabalhar com eles porque eles tinham essa estranha...
presença de palco.
Mas na verdade... Eu odeio a música deles! Desculpe, Dani!
Eu disse ao Dani para parar, a única parte que eu gostava era o instrumental.
Mas quando ele começava... Aí eu não gostava.
NASCIDO DO INFERNO (2001)
Acho que alguém disse que um diretor nunca abandona o seu projeto.
"Nascido do Inferno" é um caso estranho. Tivemos limitações de orçamento...
e também limitações técnicas, porque foi feito em 2001.
E os computadores não eram como os que temos hoje.
Então, tecnicamente, eu sei muito mais agora...
e gostaria de voltar ao "Nascido do Inferno".
Dar uma polida no filme, tirar todas as músicas,
e cortar uns 30 minutos, torná-lo mais curto.
Assim ficaria mais próximo da minha ideia original.
- Uma versão do diretor. - Sim, versão do diretor 10 anos depois.
Acho que eu gostaria de fazer isso.
Porque eu concordo com você, "The Sick Room" é a melhor história,
Mas está no final do filme. Então eu gostaria de reduzi-lo.
É algo que eu pretendo fazer, mexer em algumas coisas.
Levou 10 anos para os direitos do filme voltarem para mim.
Agora posso fazer isso. E é um projeto que quero fazer...
em dois meses, talvez.
POR QUE 10 ANOS PARA FAZER OUTRO FILME?
Bem, filmes demoram tanto para serem feitos.
Então nós terminamos "Nascido do Inferno"...
Acho que aqui no Brasil se chama "Nascido do Inferno".
Nós o terminamos em 2001,
mas daí foi mais um ano com marketing,
para conseguir distribuição, vendê-lo.
Começou muito bem, negociamos para vender o filme na internet.
Fomos os primeiros a fazer isso.
Nos primeiros seis meses, vendemos 6.000 cópias do filme...
diretamente para os fãs. E ganhamos 60 mil libras, foi incrível!
Aí assinamos um contrato de distribuição, mas não lemos as letrinhas miúdas.
Sempre leia as letrinhas miúdas!
Mas nós não fizemos e fomos roubados.
Levou dez anos para recuperarmos o nosso dinheiro.
Então, para mim, foi bastante traumático.
Investimos tanto tempo e esforço, e...
Fiquei desiludido. Como se estivesse construindo as fundações de uma casa,
para ficar cada vez maior, e acabasse preso nas fundações.
Fiquei desiludido para fazer filmes de baixo orçamento.
Me especializei em After Effects...
e comecei a fazer efeitos especiais para os filmes dos outros,
e também para comerciais.
Eu estava vivendo disso, ganhando dinheiro pela primeira vez na vida.
E estava feliz, mas fazendo efeitos para os filmes dos outros,
mas os meus efeitos eram a melhor coisa do filme!
Comecei a pensar: "Por que não faço efeitos nos meus filmes?".
Mas levei todo esse tempo para recuperar meu "mojo", minha paixão,
para querer fazer outro filme.
E por coincidência, na mesma época que recuperei minha paixão,
os mesmos alemães que distribuíram "Nascido do Inferno"...
entraram em contato comigo, em 2009, e disseram:
"Nós temos dinheiro. Quer fazer outro filme?"
O timing foi perfeito! Foi mágico!
Mas... naqueles tempos (2001), era como...
Sabe, a gente só queria curtir. Era filmar e fazer festa.
E nesses 10 anos, acho que cresci como diretor e como ser humano.
Estou mais maduro agora, entendo melhor a minha arte,
tenho visto mais filmes, respeitado outros cineastas.
E, com "Inato", eu realmente quis dar um passo adiante,
mostrar que eu não era só o cara do gore que trabalhava para o Cradle of Filth.
Eu queria mostrar às pessoas que conhecia cinema clássico.
Adoro o cinema americano dos anos setenta.
Cresci com Steven Spielberg e ainda acho que ele é brilhante.
Scorsese, Hitchcock... Eu estudei seus filmes para aprender como fazer,
como criar belos filmes,
e quero que "Inato" mostre às pessoas que eu tenho essa habilidade.
Por isso, não queria que "Inato" tivesse câmera operada por chimpanzés,
ou aqueles cortes rápidos da MTV.
Queríamos que a história se contasse sozinha, com belos planos abertos.
Com ótimos atores que trabalhassem bem juntos.
Então, "Inato" representa a mim como diretor maduro pela primeira vez,
e fico feliz pelo público estar dizendo que é um grande filme...
e que eu mudei muito desde "Nascido do Inferno".
- É um ponto de virada para você? - Sim, eu espero que sim.
E a partir daqui eu quero continuar fazendo filmes ainda melhores.
E filmes comerciais em certo sentido.
Eu faço filmes pensando em mim como público.
Quando vou ao cinema, gosto de me divertir.
Quero que meus filmes sejam assim. Não quero alienar as pessoas.
Como em "Nascido do Inferno"... Por causa de Dani Filth...
O filme alienava as pessoas, sabe? "Inato" é algo mais amplo.
Muita gente gostou. O fato de termos mostrado no Brasil, na Suécia,
na Holanda e outros lugares, e todo mundo amar,
demonstra que conseguimos algo muito especial com "Inato".
Espero que gostem!