Tip:
Highlight text to annotate it
X
Então, quero agradecer a Sociedade Humanista Sueca por me convidar,
e aquilo que eu gostaria de falar hoje à noite
é sobre a natureza da investigação científica
e sua importância para a vida pública
em um nível superficial pode-se dizer que meu tópico tem a ver com a
relação entre ciência e sociedade
mas como eu espero que se torne claro o meu objetivo é discutir a importância não tanto
da ciência
mas o que você poderia chamar de científica visão de mundo
um conceito que vai muito além da disciplinas específicas que normalmente
consideramos como ciência,
e eu quero argumentar que o pensamento claro
combinado com o respeito pela evidência
especialmente evidência inconveniente e indesejável.
Evidência que desafia nossos preconceitos são de extrema importância para a sobrevivência da
a raça humana no século 21.
É claro que você pode pensar que a apelando para o pensamento claro e respeito pela evidência
é um pouco como defender a maternidade e torta de maçã
se você me perdoar esta americanismo e em um sentido você estaria certo
dificilmente alguém vai defender abertamente pensamento obscuro ou
desrespeito por evidência,ao invés disto o que as pessoas fazem
é cercar estas práticas com o nevoeiro palavreado
concebido para esconder de seus ouvintes e, na maioria dos casos, eu
imagino de si mesmos,
as verdadeiras implicações do seu modo de pensar. George Orwell acertou quando
ele observou
que a principal vantagem de falar e escrever com clareza
é que: "quando você faz uma observação estúpida
É a estupidez que será óbvia, até mesmo para você."
Então, espero ser claro esta noite
como Orwell teria desejado e pretendo
ilustrar o desrespeito com as evidências com uma variedade de exemplos
vindo da esquerda e da direita e do centro
a partir de alguns exemplos leves
e prosseguir para os mais pesados. Eu busco mostrar
que as implicações de tomar seriamente uma visão de mundo baseada em evidências
são um pouco mais radicais do que muitas pessoas percebem.
Gostaria também de pedir desculpas antecipadamente,pois
como este discurso é baseado em uma palestra que eu dei no ano passado em Londres
a maioria dos meus exemplos serão britânicos, mas eu suspeito que vocês vão ter pouca
dificuldade em encontrar equivalentes suecos adequados
visto que o pensamento desleixado parece atravessar fronteiras nacionais, pelo menos tão facilmente quanto
a gripe suína
e então, eu espero ansioso para ouvir sobre a situação sueca
na discussão após a palestra. Ah, você me pediu para
mencionar que amanhã à noite vou vai falar na
Academia de Ciências, dando a mesma palestra,
então seria um desperdício de tempo voces virem para ver novamente
ok, então deixe-me começar
talvez um pouco arrogante, traçando algumas distinções importantes
em primeiro lugar, a palavra ciência como costuma ser utilizada tem pelo menos quatro
significados distintos que são importantes separar
antes de tudo, denota um esforço intelectual
destinado a uma compreensão racional do mundo natural e social
também denota um corpo de conhecimento substantivo atualmente aceito em vários campos da ciência
em terceiro lugar, denota a comunidade científica, com seus costumes e sua estrutura social e econômica
e, finalmente, denota a ciência aplicada e tecnologia.
Nesta palestra eu vou me concentrar nos dois primeiros aspectos
juntamente com algumas referências secundárias à sociologia da comunidade científica,
e eu não vou abordar a tecnologia. Então, por ciência
quero dizer, antes de tudo uma visão de mundo que dá prioridade à razão e observação,
e uma metodologia que visa a aquisição de conhecimento preciso do mundo natural e social.
Esta metodologia é caracterizada acima de tudo
pelo espírito crítico, que é o compromisso com a incessante
testagem de afirmações por meio de observações e experimentos
(quanto mais rigoroso os *** melhor) e revisar ou descartar aquelas
teorias que falharam no ***
um corolário do espírito crítico é o falibilismo
ou seja, o entendimento de que nosso conhecimento empírico é provisório
incompleto e aberto à revisão à luz de novas evidências
ou novos argumentos convincentes.
embora, naturalmente, os aspectos mais bem estabelecidos do conhecimento científico
são improváveis de serem descartados inteiramente.
Agora, é importante notar que teorias bem testadas nas ciências maduras
são suportadas em geral por uma poderosa teia de
evidências interligadas provenientes de um variedade de fontes
só raramente tudo se apoia sobre apenas uma experiência crucial
Além disso, o progresso da ciência tende vincular essas teorias em um sistema unificado,
de modo que, por exemplo, biologia tem que ser compatível com a química
e química com a física.
A filósofa Susan Haack fez uma analogia esclarecedora da ciência com o problema de completar palavras cruzadas
em que qualquer alteração de uma palavra implicará mudanças nas palavras interligadas.
Na maioria dos casos, as mudanças necessárias serão relativamente locais,
mas em alguns casos, pode ser necessário refazer grandes peças do quebra-cabeças
agora eu saliento que o meu uso da palavra ciência não se limita às ciências naturais,
como a física, química e biologia e assim por diante, mas inclui investigações destinadas à
aquisição de conhecimento preciso de questões factuais relacionadas
a qualquer aspecto do mundo usando métodos empíricos racionais análogos
àqueles empregados nas ciências naturais e observe minha limitação a questões
de fato
Estou intencionalmente excluindo da minha discussão
questões de ética, estética, fins últimos, e assim por diante
Assim, a ciência, como eu estou usando o termo nesta palestra,
é praticada habitualmente não apenas por físicos, químicos e biólogos,
mas também por historiadores, detetives
encanadores e de fato todos os seres humanos em pelo menos algum aspecto da nossa vida diária
é claro que o fato de que todos nós praticamos ciência de tempos em tempos
não quer dizer que todos nós praticamos igualmente bem
ou que praticam igualmente bem em todas as áreas de nossas vidas,
agora os sucessos extraordinários das ciências naturais nos últimos quatro séculos
em aprender sobre o mundo de quarks a quasares e tudo que está no meio
são bem conhecidos de todo o cidadão moderno. Ciência é um método falível, no entanto
de enorme sucesso para obtenção de conhecimento objetivo,
embora aproximado e incompleto
do mundo natural e, em menor medida, também do mundo social,
mas surpreendentemente nem todos aceitam isso e aqui vou eu para o meu primeiro
e mais leve exemplo de adversários da
visão de mundo científica,
denominados acadêmicos pós-modernistas e construtivistas sociais extremistas.
Estas pessoas insistem que o chamado conhecimento científico
na verdade não constitúi conhecimento objetivo de
uma realidade externa a nós mesmos, mas é uma mera construção social
em pé de igualdade com mitos e religiões que, portanto, têm a mesma validade
agora, se esse ponto de vista parece tão implausível
que você quer saber se eu sou de alguma forma, exagerando
considere as seguintes afirmações de sociólogos proeminentes,
estas são afirmações publicadas.Citação:
"a validade de proposições teóricas nas ciências não são de forma alguma afetadas pela evidência factual " (Kenneth Gergen)
"o mundo natural tem um pequeno ou inexistente papel na construção do conhecimento científico " (Harry Collins)
"para o relativista, como nós somos, não há sentido na idéia de que algumas normas ou crenças são realmente racionais
difererenciadas das que são meramente aceitas localmente como tal." (Barry Bonds e David Bloor)
Agora, muitas citações semelhantes poderiam ser dadas,
mas não me deixe perder tempo batendo "em cavalo morto"
já que os argumentos contra o relativismo pós-modernista são bastante conhecidos agora.
Basta dizer que os escritos pós-modernos confundem sistematicamente
verdade com alegações de verdade, fatos
com afirmações de fatos e conhecimento com pretensão de conhecimento
e, por vezes, vão tão longe a ponto de negar que estas distinções tenham qualquer significado.
Agora, vale a pena notar que os escritos pós-modernistas citados
todos vêm da década de 1980 e início de 1990
na verdade, ao longo da última década acadêmicos pós-modernistas e construtivistas sociais
parecem terem recuado da visão mais extremada que anteriormente defendiam,
talvez eu e os críticos semelhantes do pós-modernismo podem ter um pequeno crédito
por isto
por ter iniciado um debate público que lançou uma severa
luz crítica sobre estas visões e forçaram recuadas estratégicas,
mas a maior parte do crédito tem que ser atribuído a George W Bush,
e seus amigos, que nos mostraram exatamente onde bater na ciência pode levar
no mundo real
hoje em dia, até mesmo o sociólogo da ciência Bruno Latour,
que passou várias décadas salientando a chamada construção social de
fatos científicos
agora lamenta a munição, que ele teme que ele e seus colegas deram à
direita republicana
ajudando-os a negar ou obscurecer a consenso científico
sobre o aquecimento global, a evolução biológica, e uma série de outras questões.
Este é exatamente o perigo que eu estava tentando alertar em 1996
Eu odeio dizer "eu te disse", mas eu disse.
Assim como muitos anos antes de mim, muitos outras pessoas, como Noam Chomsky,
que lembrou que em um passado não tão distante
disse:" intelectuais de esquerda foram uma parte ativa
em uma cultura da classe trabalhadora. Alguns buscaram compensar o
caráter de classe das instituições culturais
através de programas de educação de trabalhadores ou escrevendo livros best-sellers sobre
ciência, matemática
e outros tópicos para o público em geral. Notavelmente,
a esquerda hoje frequentemente procura privar os trabalhadores destas
ferramentas de emancipação
informando-nos que o projeto da iluminismo está morto,
que devemos abandonar as ilusões de ciência e da racionalidade.
Uma mensagem que vai alegrar os corações dos poderosos, que terão
prazer de monopolizar estes instrumentos para uso próprio"