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PINK FLOYD AO VIVO EM POMPEIA A EDIÇÃO DO DIREcTOR
BASEADO NA IDEIA E DIRIGIDO POR
ADRIAN MABEN
Lá em cima o albatroz se mantem imóvel no ar
E nas profundezas das ondas
Em labirintos de cavernas de corais,
O eco de um tempo distante
Vem magicamente pela areia
E tudo é verde e submarino
E ninguém nos mostrou a terra firme
Ninguém sabe onde nem o porquê
Algo se agitou algo tentou
E começou a subir em direcção à luz
Estranhos passando na rua,
Acidentalmente dois olhares se encontram
Eu sou tu e o que vejo sou eu
Eu pego-te pela mão
E conduzo-te pela terra
Ajuda-me a entender o melhor que eu puder
E ninguém nos chama para subir adiante
E ninguém nos obriga a fechar os nossos olhos
E ninguém fala ninguém tenta
Ninguém voa ao redor do sol
Eu quero ovos, salsicha frita, feijão e chá.
- Nick? - O quê?
- Posso dizer-te uma coisa? - Diz uma coisa, Rog.
- Normalmente não comemos isso. - É verdade.
Geralmente estamos a conversar, a divertirmo-nos. De facto.
ESTÚDIOS EMI ABBEY ROAD
Um copo de leite, por favor?
- O quê? - Não.
- Por que não? - De quem é esse?
- Como sabes que este não é teu? - Não tem ervilhas.
Bem, este tem presunto.
Foi o que pediste. Pediste tomates.
- Este leite é teu? Posso beber? - Não. Só um golinho.
- Obrigado. - Quando é que inauguram a loja?
O equipamento não se deve sobressair. Nós dependemos muito dele.
Não poderíamos fazer o que fazemos, sem ele.
Nós poderíamos fazer um bom espectáculo sem ele.
Estas coisas dependem de como as controlas,
se és tu que as estás controlando, e não o contrário.
É uma questão de usar as ferramentas quando estão disponíveis.
Há centenas de equipamentos electrónicos disponíveis para pessoas como nós.
Se quisermos incomodar-nos com isso.
São extensões daquilo que sai das nossas cabeças.
Tem que se ter tudo dentro da cabeça para se poder deitar cá para fora.
O equipamento nunca pensa no que deve fazer.
Não se controla sozinho.
Posso pôr isto no chão?
Está só na... primeira nota.
- Espera. Diz outra vez. - Posso pôr isto no chão?
Vou tentar colocar na outra faixa.
Fica frio.
Baixa o volume.
Seria interessante ver o que quatro pessoas fariam,
se lhes dessem o equipamento,
e sem saber nada dele tivessem de começar a usá-lo.
Eu acho que seria melhor para nós.
É o mesmo que dar uma guitarra Les Paul a um homem
e ele transformar-se em Eric Clapton.
Sabes? E não é verdade.
Com um amplificador e sintetizador ninguém se transforma noutro.
Não se transforma em nós.
- Vem ouvir. - Já vou.
Cai, cai. Cai, cai.
A estrela está a gritar
Sob as ruínas
Ruína, ruína
Tschay, tschay, tschay.
Cuidado...
Cuidado...
Cuidado com esse machado, Eugene.
As estrelas estão a gritar alto.
Tsch
Tsch
Tsch
Tsch
Em que filme estão a trabalhar?
O senhor é o director, deveria saber.
- Rock and roll. - É rock and roll?
Fale sobre ele.
- Comporte-se, David. - Não consigo.
Ah, meu! Deus! É um filme feito em Pompeia, em Itália.
- Sobre? - Sobre Pink Floyd.
Estão razoavelmente satisfeitos com o filme?
- Como assim "satisfeitos"? - Sentem que toma um rumo
- que é interessante? Ou não? - Como assim "interessante"?
Olá, mãe! Olá, pai!
ESTÚDIO DE MISTURA EUROPASONOR PARIS
As ostras são boas, não são? São boas, não?
As ostras aqui são boas. Parece que é a época certa do ano.
- As ostras estão boas. - Muito boas.
- Sim, nesta época do ano. - Serão francesas?
Não sei a nacionalidade delas.
Eu acho que as ostras transcendem as barreiras nacionais.
Poderíamos tornar-nos escravos do nosso equipamento.
E nós já fomos. Mas estamos a tentar resolver tudo.
Mas eu concordo. Às vezes, isso preocupa-me.
Temos todo este equipamento. Dá para nos escondermos atrás dele.
Se eu ouvisse alguém dizer, digamos que estivéssemos num espectáculo,
seria bom dizer: "Podem ir, está aqui".
"Força. Pode abrir o espectáculo".
"Teremos 4 mil pessoas daqui a meia hora".
"Suba lá e arrase!" E eles dirão:
"Mas não conhecemos o equipamento e precisamos de tempo para ensaiar".
Nós diríamos: "Nós também. Por quatro ou cinco anos".
Estamos a tentar simplificar as coisas agora,
organizar melhor a logística.
É um pouco de Heath Robinson,
um pouco de "laboratório do cientista maluco" no palco.
Diria que ganhou muito dinheiro trabalhando com os Pink Floyd?
Depende de com quem o senhor os compara.
- Antes de trabalhar com eles? - Ah, sim.
Antes de trabalhar com eles, eu tinha...
um salário totalmente irrisório.
Vivia na miséria. Na miséria ou pior.
Quando o grande colapso económico vier, virá para todos.
Acho que o rock and roll não será o primeiro.
O mercado do rock and roll hoje expande-se a uma escala fenomenal.
As pessoas dizem constantemente que o rock está a morrer.
Dizem isso a cada seis meses, com uma convicção enorme.
Isso não acontecerá.
Tudo o que tocas
Tudo o que vês
Tudo o que provas
Tudo o que sentes
Tudo o que amas
Tudo o que odeias
Infelizmente, nós marcámos uma era.
Corremos o perigo de nos transformarmos numa relíquia do passado.
Para algumas pessoas, somos a infância de 1967,
o metro em Londres, ou o show gratuito em Hyde Park.
CANTINA DA EMI EM ABBEY ROAD - Pode me trazer o leite, por favor?
Podes trazer-me torta de frutas e creme? Não, um pedaço do canto.
Eu quero chá...
- E sem a crosta. - Para mim, qualquer pedaço.
Um sem a crosta.
Eu gosto de um pouco de crosta!
Rick, estás a ir de Ré para Si,
antes da faixa começar na meia oitava?
Não estás a fazer esse? Sim... É esse!
Nós
E eles
E afinal
Somos todos homens comuns
Eu e tu
De certeza que não quer esta? Porque esta tem gelado.
- O Steve já pegou. - Que chato!
Christopher, poderia-me trazer outra torta de maçã?
- Com gelado e sem crosta. - Quero torta de maçã sem a crosta.
Só a parte do meio. Tem mais pedaços do meio?
Perdão? Só tem torta de maçã redonda?
- O que quer fazer? - Tudo bem.
- As chamas de St Joseph Lockwood. - Quer uma?
- Não, obrigado, Christopher. - Chá?
Chá.
Tudo o que falam nos meios de comunicação é irrelevante.
Se as pessoas vão a um concerto e não gostam, não voltam.
Gostaríamos de acabar com esta imagem.
Era pesado há alguns anos atrás, mas agora não é tão mau.
Acho que a maioria das pessoas pensa que
somos um grupo que estimula o uso de drogas.
Claro que não. Podem confiar em nós.
Estão a tentar acabar com esta imagem?
Bem, não estamos exactamente...
Não é que estejamos a tentar acabar com uma imagem.
Estamos a fazer outras coisas.
Porque queremos fazer outras coisas.
Não ouviste? É uma batalha de palavras
Gritou o homem que carregava o cartaz
Ouve, filho, disse o outro com o revólver.
Há um quarto para ti lá dentro
Num dia daqueles vou te cortar em pedacinhos
- O que aconteceu? - Estou a tentar fazer perguntas sérias.
- As ostras deixaram-no feliz? - Parece que sim, não é, Rog?
- Isto é ridículo. - Não adianta tentar ser sério.
- Estou a perder a minha... - Visão.
...a minha visão das coisas.
- Está alguém a morrer por aí? - Agora está a falar a sério.
- Há alguém engasgado? - Fica bem-disposto ao comer ostras?
Adrian, pare. Esta tentativa de arrancar conversa aos rapazes
não dará em nada. Eles sabem que você quer que eles falem.
Se falar connosco como se estivéssemos a conversar naturalmente,
disse ele em voz alta.
- Não sei o que quer dizer. - Há momentos dificeis? Sim.
- O que é que o David quer dizer? - Não sei o que o Adrian quer dizer.
Então és uma besta! Desculpe os modos.
- O que quer saber?
Obviamente, são um bando de idiotas, mas deixe-os estar.
- Viva o Rock! - Totalmente.
Estamos juntos há tanto tempo, já passamos da fase das brigas,
e descobrimos como conviver uns com os outros, e nos darmos bem.
Somos felizes juntos. Não é somente trabalho.
Nós não estamos juntos só por causa do sucesso ou dinheiro.
- Ele não é muito importante. - Não desperdice filme com ele.
- Como é em francês "ele é um roadie"? - Diz, "Olá, mãe".
- Não há problemas ou conflitos? - Claro que há.
- Como é que os resolvem? - Fingimos que não existem.
Claro que não os encaramos de maneira adulta, se é isso que quer dizer.
- Senso de humor. - Vivemos longe uns dos outros.
Vocês estão juntos há tanto tempo.
- Não "estamos juntos"! - Calma!
Nós trabalhamos juntos, de vez em quando...
Nós damo-nos bem.
...quando acaba a ***. - E a tolerância.
Então, suponho que seja uma questão de dinheiro?
É só isso, Adrian.
Está a provocar. Ou a tentar provocar.
- Faço o melhor que posso. - Nós não concordamos.
Certamente não com uma troça dessas.
Nós entendemo-nos muito bem. Somos muito tolerantes.
Mas sinto que muitas coisas não são ditas, às vezes.
- Como superam épocas dificeis? - Não são tão dificeis.
Eu não sei como, mas conseguimos.
Somos todos da aristocracia britânica, excepto o David Gilmour.
- As nossas mães são condessas... - Duques e duquesas.
A minha mãe era rica e comprou todo o equipamento.
Quando o Syd saiu do grupo, perguntámos à mãe do David:
"Gostaríamos que o seu filho se juntasse a nós.
Terá de comprar muito equipamento".
Foi assim que conseguimos todo o nosso equipamento. É muito fácil. É questão de...
- Então, qualquer um pode fazer isso? - Precisam de ter muito dinheiro.
- Não precisa de mais nada. - Nem talento nem habilidade musical.
Não é necessário treino musical.
Foi o que disseram ao Berlioz. E ele reuniu todos aqueles cantores.
Foi o que disseram ao Beethoven. Eles só continuaram porque ele era surdo.
É. Berlioz é...
Ele pensou: "Conseguirei uma câmara de eco..."
"mil músicos e coloco todos numa igreja grande. E mil cantores".
- Tem de soar bem. - Não é preciso talento?
Porque é que se está a rir?
Porque é que não há milhões a imitar nosso som?
Porque é que nem todos são bem-sucedidos?
Não me diga que não têm recursos para um ampère...
- Não têm dinheiro. - Disparate!
Nós começámos com mistura.
- Alteraste os controlos de tom? - Não.
- Alteraste o volume? - Acho que não. Qual é a diferença?
- Não ficou bem afinado. - Não ficou bem afinado?
Deveria estar tão afinado. Só poderia estar menos afinado.
Mais afinado, diria eu.
A GRAVAÇÃO DE DARK SIDE OF THE MOON
O lunático está na relva
O lunático está na relva
Lembrando-se de jogos e correntes, de margaridas e risadas
Temos que deixar os doidos continuarem no caminho
O lunático está na sala
Os lunáticos estão na minha sala
Os jornais ficam de rostos colados no chão
Tudo bem, todos nós sabemos que és o Criador, Roger.
Steve, és um bom profissional, mas nunca gravarias um disco.
- Seria uma parvoíce tentares. - Não, que disparate!
Se eu pegar num grupo falso com doze canções...
Estás a falar de produzir trabalhos de arte ou discos dos Pink Floyd?
Isso é 0,01% do mercado. Há uma abundância de lixo no mercado.
Não estamos a falar disso. E sim de um produtor de discos
como alguém responsável pela sessão de gravação.
Para ser responsável por isso, é preciso ter no mínimo...
No mínimo, é preciso conhecer bem o equipamento
e o que é o rock and roll.
O Steve sabe o que é o rock and roll, mas não conhece o equipamento,
tem pouco conhecimento, em termos técnicos, do que é a música.
Ele sabe do que gosta.
Muita gente já gravou discos nessa base, discos de muito sucesso.
Quem?
...e se a nuvem carregada trovejar no teu ouvido...
No final, o que importa é se mexe ou não contigo.
Não me esqueço da semelhança das vozes em "Obscured By Clouds".
Nunca a toco.
- Obviamente estás no ramo errado. - Foi uma má montagem.
Não tem nada a ver com a produção do álbum.
Se ouvires a segunda fita de gravações,
verás que não há semelhança.
Se ainda ouvires uma semelhança então, tens uma imaginação muito fértil.
- Pois, não há qualquer semelhança. - Sim, temos boas brigas.
- Conseguem superá-las? - Sim, somos resistentes.
Também brigamos entre nós. Quer dizer sem explodir?
Temos o mesmo senso de humor. Só queremos dinheiro.
E temos muito interesse no que fazemos juntos.
Conseguimos combinar os nossos interesses. E a coisa decai
quando apenas uma pessoa descobre que o que está a fazer
não lhe interessa, ou acha que faria algo melhor sozinha.
Passamos momentos dificeis, como há alguns anos atrás,
mas conseguimos evitar coisas que provocam as pessoas.
Hoje em dia.
- As piores coisas não são ditas? - É.
- Disse que o dinheiro é o maior objectivo? - Estava a brincar.
Seria difícil encontrar quatro pessoas menos interessadas em dinheiro.
- Feedback. - Não se preocupe com isso.
O que seria do rock and roll sem feedback?
... manda a chave fora
Há alguém na minha cabeça mas não sou eu
E se a nuvem carregada trovejar no teu ouvido
Tu gritas e ...
- Podemos começar daquele ponto? - Baixa um pouco o som.
- Não cometi um erro específico. - Baixar o som?
- A minha guitarra está muito alta. - Consegues ouvir a outra?
Não.
E todos os dias, o rapaz do jornal traz mais
E se a comporta quebrar depois de pouco tempo
E se não houver nenhum quarto em cima do monte
E se tua cabeça explodir com mau presságio também
Eu ver-te-ei no lado escuro da lua
O lunático está na minha cabeça
O lunático está na minha cabeça
Tu levantas a lâmina, Tu fazes a mudança
25. Vamos lá.
- Altitude 2500 m. - A Águia parece bem.
Foguete 1202, ouvimos.
35 graus. 750. Espera...
4½ para baixo, 5½ para baixo...
30 metros, 3½ para baixo. 9 para frente.
OK, 23 m. Está ótimo, baixar metade.
6 para frente. 60 segundos.
Luzes. Para frente. Para frente.
Descendo 6 m, 2½. Pegando velocidade...
4 para frente, desviando um pouco para a direita.
30 segundos.
Luzes de contacto? Desligar o motor.
A Águia pousou.
Pouco a pouco a noite dá a volta
Contando as folhas que tremem no amanhecer
As de lótus encontram-se umas com as outras tendo desejos
Sobre as colinas, onde descansa uma andorinha
Ajusta os controlos para o coração do sol
Sobre as montanhas, observando o observador
Rompendo a escuridão, despertando a vinha
A manhã que vai nascer nasce na sombra
O amor é a sombra que amadurece o vinho
Ajuste os controlos para o coração do sol
O coração do sol, O coração do sol...
Quem é o homem que chega até à parede?
Fazendo o esboço das suas perguntas ao perguntar
Pensando que o sol vai cair ao fim da tarde
Ele lembraria a lição que é dar, oferecer?
Ajuste os controlos para o coração do sol
O coração do sol, O coração do sol...
Acha que estão a andar em círculos?
Se andamos não sentimos, mas é sempre possível.
De repente, como o homem num deserto, encontraremos os nossos passos,
e pensaremos: "Meu Deus, é tudo um engano".
Mas não é assim que nós pensamos.
Eu acho injusto. Eu acho que somos bem progressivos.
Nós evoluímos muito entre um disco e outro.
Somos reconhecidos... Quem ouvir as nossas músicas, sabe que é Pink Floyd.
Quem ouvir outras bandas,
sabe que eles só estão a tocar blues, ou qualquer outra coisa.
Eles podem dizer o que quiserem, não podem?
- Sim, mas acha que têm razão? - Claro que não.
Quem são eles para dizer se qualquer coisa é suficiente, ou não,
sobre qualquer coisa?
- Ainda mais sobre os nossos discos. - Eles compram discos.
Bem, eles podem ouvi-los e decidir
se evoluíram o suficiente para serem comprados.
Se não evoluíram, não precisam de comprá-los.
Dois, três, quatro.
Dois, três, quatro.
Três, quatro.
Onde saltei? Albatroz? No ar?
Lá em cima o albatroz mantém-se imóvel no ar
E nas profundezas das ondas
Em labirintos de cavernas de corais,
O eco de um tempo distante
Vem magicamente pela areia
E tudo é verde e submarino
- Saltei alguma coisa, não? - Vamos ver.
Acho que os bons tempos estão a passar.
Acho que eles continuam e continuarão.
Acho que o rock and roll não está morto. Nem está a morrer.
Entretanto, todos os dias apareces nos meus olhos atentos
Convidando-me e incitando-me a subir
E através da janela na parede
Entram agitados raios da luz do sol,
Milhares de brilhantes anunciadores da manhã
Ninguém me canta canções de embalar
E ninguém me faz fechar os olhos
Então escancaro a janela
E chamo-te através do céu
PINK FLOYD AO VIVO EM POMPEIA EDlÇÃO DO DIRECTOR