1/8 - The take - La toma - Legendado pt - Br

(Avi Lewis): Bem vindos à cidade fantasma globalizada. Essa é Argentina. Mas poderia ser qualquer lugar. Fábricas abandonadas, cimento rachado, máquinas enferrujadas. Mas nos escombros, algo está crescendo. Empregos estão sendo recuperados. (Naomi Klein): Atualmente, empregos estão sendo recuperados. O novo slogan: "Ocupar." "Resistir." "Produzir." Por quanto tempo você trabalhou aqui? Oh, para mim foram uns 2 ou 3 anos. Eles me despediram antes de fechar. Pude recuperar minha caneca. O que é estranho é que não há pombos. Talvez na última visita pegaram os pombos também. Esse lugar costuma ser cheio de pombos. [ Tango Eletro-Acústico, projeto Gotan ] Argentina Buenos Aires Vista de cima, Buenos Aires continua parecida com a Europa ou a América do Norte: símbolos brilhantes convidam você a consumir, imponentes torres bancárias incitam você a poupar e investir. Mas logo abaixo, os bancos estão revestidos em aço protetor tatuado com grafite. Os abutres vestem roupas de segunda mão. As crianças, que costumavam comer lanches norte-americanos, agora reviram os lixos. Esse não é apenas outro país pobre, mas um país rico feito pobre. Buenos Aires Férias na praia As promessas do governo Peron foram cumpridas Estão chegando à pousada de Miramar turistas de todas as idades e sexos, Que terão férias felizes junto ao mar. 50 anos atrás, Argentina estava escalando para o primeiro mundo, um país emergente como o Canadá ou Austrália Juan Peron, o militar que levou a Argentina aos anos dourados, construiu o país com o modelo utilizado na Europa e América do Norte: grandes obras públicas e uma economia fabril “Made in Argentina”. O resultado foi a mais próspera classe média na América Latina. Avançando rapidamente para 1990 e o domínio do presidente Carlos Menem. Ele também transformou a Argentina, mas dessa vez, de acordo com as regras do Fundo Monetário Internacional. Menem impôs toda uma política "amigável de negócios", tudo ao mesmo tempo: downsizing, corporate handouts, e vendendo todo o bem público que encontrou. Na Argentina, eles chamaram apenas de "El modelo". E Washington aprovou. - Argentina está no caminho certo... "Michel Camdessus" "Diretor executivo, FMI" ...para entrar no novo século com uma base muito, muito sólida. Errado. O milagre de Menem transformou-se em um desastre. Metade do país jogado para baixo da linha de pobreza. Ele criou um velho oeste capitalista. Enquanto as pessoas estão imóveis sem trabalho, o dinheiro estava livre para viajar. E quando a moeda Argentina começou a cair, foi exatamente o que aconteceu. Bancos Multinacionais tiraram 40 bilhões de dólares, em dinheiro, do país na calada da noite. Não havia sobrado regras para detê-los. O governo apavorado congelou todas as contas bancárias no país. Então Argentinos comuns assistiram os ricos levarem seu dinheiro ao cais, enquanto eles estavam exclusos de seus salva-vidas. Isso não acabou bem. Logo, milhões ocupavam as ruas, Entoando: "Que se vayan todos!" "Fora todos!" E estavam muito perto de conquistar esse desejo. Argentina teve cinco presidentes em apenas três semanas. E foi nesse mesmo mês que Enron declarou falência, Assim a Argentina, deixou de pagar a maior dívida externa na história do mundo. Um país que se recusa a pagar é devedor. Os bancos, tiram do povo suas contas pessoais... As regras básicas do capitalismo estavam sendo quebradas pelo próprio sistema. Então o alvo do levante Argentino não foi um político ou política específica. As pessoas estavam rejeitando todo o modelo. Que é exatamente o que está acontecendo em todo o mundo, de Seattle à África do Sul. Essas políticas econômicas são globais, logo a resistência também é. Como alguns dos jornalistas-ativistas, nós estivemos entre os policiais e a luz das TV's, respirando gás lacrimogêneo de dia e ar quente à noite. A razão de protestar era óbvia. - E 600 pessoas foram presas em Washington. - Essas pessoas foram presas e recolhidas de uma vez! - Pessoas foram pegas no fogo cruzado? É claro que elas foram. - Minha convidada hoje é uma líder do movimento antiglobalização. Além dos protestos, o que ela tem para oferecer? - Penso que essas políticas econômicas foram desastrosas e eu desafio você a citar o exemplo de um país-- - Mas vocês não nos dão qualquer alternativa. Para cada defeito que citar, existiram coisas boas. - Você me pede por alternativas e eu penso que a alternativa é permitir ao povo-- -Me diga outro problema. Ele nunca me deixou terminar uma frase, mas têm um ponto bom. Somente protestando muito conseguimos realizar algo. Chega um momento que voçe precisa refletir sobre o que você está lutando. Então decidimos nos afastar e nos calar Nossos oponentes queriam alternativas, nós também. Ouvimos rumores de um novo tipo de economia surgindo na Argentina. Com centenas de fábricas fechando, ondas de trabalhadores trancando-se dentro delas e tocando tudo sozinhos, sem chefes. De onde viemos, uma fábrica fechada é somente um efeito inevitável do modelo, o fim da história. Atualmente na Argentina, é apenas o começo. Se você quer recuperar sua fábrica, rapazes, tomem a iniciativa Se vocês têm 3.2 milhões de pesos em salários não pagos. Vamos pressioná-los com isso. 3.6 milhões contra 519 que querem vender a empresa é uma coisa irrisória Ficamos com a fábrica e a dívida... Temos que pensar nisso, sobre tomar. Porque vocês devem saber que já querem vender os caminhões. para pagar o seguro, mas para o seguro é tarde é o que nós entendemos Não os deixemos, não os deixemos Estão tirando o coração da fábrica para que não possamos fazer nada. Eu não trabalhei aqui. Sou do Movimento Nacional de Companhias Recuperadas. Os trabalhadores dessa fábrica são vocês Quem precisa recuperar os empregos são voçês Isso deve soar como um jingle mas não é um. O Movimento Nacional das Fábricas Recuperadas tem um lema que é: Ocupar, Resistir, e Produzir.