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Muita gente considera o cerrado uma coisa árida, morta.
Mas não é o que se vê ao se percorrer os milhares de caminhos e trilhas
do cerrado aqui em São Thomé das Letras.
A microflora, milhares de espécies de plantas e flores
que alegram o lugar
e tornam a questão do cerrado sem vida uma lenda.
Isso você vai encontrar em São Thomé das Letras.
Caminhadas com o Sidney
e o tema são as madeiras do cerrado
e o Caminho dos Antigos, como de costume.
Ele tem um quê nietzcheniano ou castanedesco
que parece ímpar no contexto da simplicidade do cerrado.
Penso que devo encontrar gente melhor
e gente pior que ele,
mas nunca gente como ele.
Vida nos chapadões, dos montes de pedra,
do cerrado que forma toda a paisagem de São Thomé das Letras
A paisagem agreste, pastoral,
um modo de vida mais simples, voltado para o campo,
para as coisas simples do campo.
Sidney fala coisas interessantes
e faz piadas sem-graça quase o tempo todo.
Tenho de rir de algumas, de tão absurdas que são.
Ele começa a me incentivar a ficar.
Começo junto com ele a experimentar a dura lida do machado.
Penso no site do Camping que tenho que desenvolver
numa lan-house na cidade.
Em tudo isso ao mesmo tempo.
E a família de Sid e Ney,
os pintinhos sobreviventes
que perderam há pouco seu irmão de criação,
continua viva e ativa.
Sid e Ney, denominados assim
em homenagem singela ao Sidney
não param de crescer.
E essa é a vida em São Thomé.
O ritmo biológico baixo,
as pessoas calmas,
pensando nos seus problemas
de uma forma mais ponderada...
Essas rochas podem ser compactadas... [Rosângela ajudando Lívia com uma prova]
Quem é você?
I no compreendo.
No compreendo muy bien...
Falo às folhas,
canto aos pássaros
grito oh noite, passo a passo.
Bebo um gole, trago o vento
penso oh dia, tempo a tempo.
Olho o nada, criou forma
sinto oh deusas, o universo.
Lembro o quadro, risco as paredes
faço oh ser à tua imagem.
Em todas as formas,
sem esses segredos,
com muitas palavras
e outros desejos.
Subindo para a cidade, mexer no site do Camping,
algo a que me propus para ficar esse excesso de tempo
perturbando a paciência das pessoas daqui.
Mal acabo de gravar o clip,
a câmera desliga a filmagem após os seus trinta segundos
e a polícia me pára para uma revista.
Depois, se ocuparam de Marcinho da Motosserra
e do borracheiro Flávio,
apanhado na mesma batida sem o capacete.
Chega setembro e a gente vai se preparando
para as chuvas que vão vir com certeza.
Ainda tenho que passar pela lan-house da Gabi
e falar com a Luciana, que trabalha lá.
Ambas são muito simpáticas
e isso quase compensa a confusão
de instalar programas em um computador
para logo em seguida
ele ter de ser desligado para reparos.
Sempre fui apaixonado por lugares abandonados como esse.
Há quanto tempo estará assim?
O que teria levado ao fechamento?
Me divirto com a poesia do sol pelas frestas,
iluminando cantos antes escuros desta padaria
e imagino o quanto não se produziu aqui.
Seja como for, é um lugar sugestivo
E lá vem ela...
Será que consigo chegar até a lan-house?
E se chegar,
vai ter energia elétrica durante a tempestade???
Agh! A única energia elétrica agora
é a das pilhas da minha câmera,
registrando a chuva de granizo que mete ficha lá fora.
Luciana, a funcionária da lan, só faz balançar a cabeça,
pasma com o show da natureza.
Eu tinha um machado muito bom e tinha a foice (...)
E levava garrafa de conserva de café
- ...e umas broas desse tamanho quase... - Nossa, cara...
Os caras piravam, cara...
Deu o ataque nele?
Deu, cara.
eu falei 'puta, cara'; eu peguei, ajudei ele
no meio de toco e ferramenta, assim,
com a foice cortando pra caralho, o machado;
e peguei pra mão dele e levei lá na casa dele;
ele falou que tem uma luz vermelha
que vai em direção a ele, assim.
Aí ele pega e se ele tiver com alguma coisa perigosa,
uma foice mesmo, ele joga de lado e senta, cara.
Nossa, depois volta com uma dor-de-cabeça, cara...
Legendas por Matias Romero matiasromero at gmail.com