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BEM VINDOS a mais um episódio do Nerd Rabugento, o episódio de hoje é sobre The End of The
F***ing World, uma série da Netflix que tá fazendo a cabeça da molecada.
E essa abertura nova?
Curtiram?
E esse som ao fundo?
Essas mudanças no canal elas só aconteceram por conta do seu apoio, no Apoia.se e no Padrim,
eu agradeço demais a todos os que ajudam o canal, e muito em breve eu vou começar
a sortear brindes entre os padrinhos e madrinhas do canal.
Outra coisa que os apoiadores vão receber são informações exclusivas, adiantadas
sobre os filmes e as séries que eu assisto antes.
Por exemplo, eu já assisti Altered Carbon e os apoiadores já sabem o que eu achei dessa
nova série da Netflix.
Mas para os civis eu só posso falar depois do dia 22 de janeiro...
Então bora falar de The End of The F***ing World!
The End of The F***ing World é uma série do canal inglês Channel 4 que poderia ter
passado completamente despercebida dos radares, mas assim que caiu na Netflix se tornou um
acontecimento.
Reza a lenda que o diretor Jonathan Entwistle encontrou algumas páginas de uma história
em quadrinhos em uma lata de lixo, do lado de fora de uma loja de quadrinhos, em Londres,
sobre um casal de adolescentes problemáticos.
Ele se autodiagnosticou psicopata, e seu objetivo é matar alguém.
Ela é uma jovem confusa com a própria vida depois da separação dos pais.
Os dois se conhecem na escola e depois de alguns problemas decidem partir pelo mundo,
em busca do pai da garota.
Os quadrinhos se chamavam The End of the *** World, publicados pelo próprio criador, Charles
Forsman, em 2013, e não tem como negar que o minimalismo da arte de Forsman funciona
muito bem como uma espécie de storyboard.
Entwistle contatou Forsman por email, os dois trabalharam juntos na adaptação para a TV
e em 2014 ele conseguiu produzir um piloto para a Channel 4.
Eu tentei achar esse piloto na internet pra assistir, mas é uma tarefa praticamente impossível.
Se alguém encontrar-lo por favor me manda o link.
O piloto ficou na gaveta por quase sete anos, até eles conseguirem a luz verde para a série
em oito partes que agora está disponível na Netflix.
Do piloto só a atriz Jessica Barden continuou como Alyssa, e ela está sensacional no papel.
Assim como Alex Lawter no papel de James.
O curioso é que a série é inglesa, mas os quadrinhos são americanos, então a estética
visual é uma mistura das duas culturas.
Provavelmente para o público brasileiro isso não faça muita diferença, mas essa mistura
de ambientes cria um universo fantasioso bem próximo da linguagem dos irmãos Coen.
E o diretor nitidamente é fã deles e se deixou influenciar por vários filmes, como
Fargo, Thelma e Louise, Pulp Fiction, Veludo Azul e até com a série Twin Peaks.
E o próprio roteiro da série é escrito de uma maneira incomum, e o sucesso que a série
alcançoué o exemplo de como as pessoas estão ansiosas por produtos autorais, longe do padrãozinho
americano de contar histórias, sem aqueles atores lindos que são todos iguais e salvam
o mundo todas as semanas.
Que venham mais The End of the F***ing World, é o tipo de linguagem que estamos precisando.
Então lá fui eu procurar e ler os quadrinhos para entender melhor o produto que eu assisti.
Pegar uma história em quadrinhos e convertê-la para outro meio é muito difícil e quase
nunca podemos exigir fidelidade, existem diversos elementos que funcionam em um meio mas que
não funcionam em outro.
É preciso fazer adaptações, umas sutis outras nem tanto, não mudar nada é praticamente
impossível.
Nos quadrinhos, por exemplo, James machucou a mão no triturador de lixo da pia e perdeu
dois dedos, enquanto na série ele enfiou a mão em óleo fervendo.
Alguns personagens que não existiam nos quadrinhos foram criados para ajudar a desenvolver o
enredo da série, e outros que existiam agora tem personalidades diferentes, mas no geral
o diretor Jonathan Entwistle conseguiu entregar um trabalho bem fiel em relação a história
original.
Uma coisa que muda é que nos quadrinhos existe um final claro, a gente sabe o que acontece
com os personagens, já na série o enredo deixa tudo aberto para uma possível segunda,
terceira, quarta temporada.
E isso pode ser um problema.
A primeira temporada de The End of the F***ing World é genial pois não viaja muito e respeita
o original.
Para uma segunda temporada vai ser preciso trabalhar muito próximo com o criador Charles
Forsman, para não perder as características originais dos personagens dos quadrinhos,
tão bem transpostos para a tv.
Essas características são a base do sucesso da série que, claro, vai muito além disso,
mas precisam ser respeitadas.
Visualmente os quadrinhos são apresentados em preto e branco e com traços bastante simples,
enquanto eu lia me peguei com a sensação de estar lendo uma versão sombria das tirinhas
do Snoopy.
E essa simplicidade no traço não dá um norte visual para a série, então o diretor
decidiu experimentar elementos peculiares.
Em uma entrevista ele disse que a idéia foi buscar a estética dos anos 90, e se foi isso
mesmo ele atingiu bem o alvo.
Mas a experimentação vai bem além disso e entramos em um universo muito maior.
Lá pela metade da temporada nossos jovens heróis precisam se disfarçar e James passa
a vestir uma camiseta florida e Alyssa fica loira, e os dois de repente se tornam versões
de personagens do Tarantino.
Eles se tornam nitidamente o Clarence e a Alabama, de Amor a Queima Roupa ou Pumpking
e Honey Bunny, de Pulp Fiction - que para quem não sabe são os mesmos personagens,
o Tarantino tem essa mania de reusar personagens em seus roteiros.
E exatamente como os personagens do Tarantino, James e Alyssa se tornam fugitivos e passam
a agir fora-da-lei por necessidade.
Mais do que um Bonnie and Clyde do século XXI, a série se torna um Thelma e Louise
do século XXI, e tá longe de ser niilista.
Os dois personagens seguem em uma comédia sombria de erros e a cada episódio mergulham
mais e mais em problemas e de repente fica completamente impossível escapar deles.
O enredo, desde o começo, deixa bem claro que não teremos um final feliz.
Uma comparação mais ou menos inevitável é com 13 Reasons Why, outra séries da Netflix
com adolescentes com problemas, mas uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
13 Reasons Why entrega adolescentes muito poucos reais, enquanto The End of the F***ing
World tem personagens humanos, erráticos e reais, em vários momentos eu me lembrei
de pessoas que eu conheci na minha adolescência que agiam exatamente como eles.
Eu tenho certeza que conheci pelo menos duas Alyssas na minha adolescência.
Pelo menos duas.
Sim, vale.
Se você ainda não assistiu a série, assista.
É curta, oito episódios com 20 minutos cada que você vai ver como se fosse um filme de
duas horas e quarenta.
Tem um momento ou outro mais arrastado, aqui e ali, mas nada que atrapalhe sua diversão.
A melhor estréia do ano na Netflix, até agora.
A última dica que eu dou é: leia a história em quadrinhos, se conseguir.
É tão boa quanto a série e até mais tensa em alguns momentos.
VOCÊ COMPRARIA UMA CAMISETA DO NERD RABUGENTO?
Seguinte: agora é sério.
2018 vai ser o ano em que o Nerd Rabugento vai virar um conglomerado de empresas e finalmente
vamos ter a nossa loja própria de camisetas, com estampas exclusivas.
O artista que vai fazer as estampas é um profissional muito bom, conhecido no mercado,
um dos melhores que eu conheço, e a qualidade das camisetas, o tecido, você nunca teve
uma camiseta parecida, é esse tipo de nível que eu quero garantir.
Eu ainda preciso pensar no valor das camisetas, mas vai ser algo perto de 60 reais, um valor
abaixo do que a maioria das grandes lojas nerds cobra, eu fiz uma pesquisa, os caras
cobram 70, 80 e até 90 reais por camiseta e, ó, eu tenho camisetas dessas marcas aqui
em casa e nenhuma é tão boa quanto a que eu vou fazer.
Em preço só não dá mesmo pra concorrer com as grandes lojas, os caras fazem tudo
na China, aí não tem como.
Mas em termos de qualidade eu ainda me garanto.
Vocês me conhecem e sabem que eu jamais colocaria uma camiseta de baixa qualidade no mercado
e foi por isso que eu demorei tanto pra criar a loja.
Se vai fazer, faz direito.
Então aguardem, 2018 começou muito bem, vai ter essa e outras novidades, até a cara
do canal eu já mudei.
Agora vai!
Só que pra vender produtos eu preciso produzir vídeos, uma coisa depende da outra.
Dois vídeos por semana, no mínimo, a partir de hoje.
Podem me cobrar.
Confira os outros vídeos, tem um monte de vídeos legais para vocês verem, explore
as playlists e seja feliz.