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Há sempre um certo temor quando vendemos nosso trabalho
para ser adaptado para a TV ou cinema,
pois a história de Hollywood
está cheia de casos em que mudam tudo
e só mantêm o título.
George Martin é o criador desse mundo
e, de modo muito real, estamos caminhando em seu sonho.
Acho que não nos afastamos do material original
porque, para ser sincero, nós o respeitamos e amamos.
DO LIVRO PARA AS TELAS
Comecei a série em 1991 ,
e assim que o livro começou a entrar nas listas dos mais vendidos,
comecei a ser procurado por produtores
interessados em adaptá-lo para um longa-metragem.
Eu me lembro de dizer aos meus agentes: "Não pode ser feito.
"Há muita coisa. Os livros são grandes demais.
"Teriam de cortar tanto que não sobraria nada."
A história é muito rica e há muitos personagens,
vários pontos de vista e narrativas diferentes entrelaçados
com uma perícia incrível.
Ele teceu uma tapeçaria tão intrincada
que não podia nem pensar em mutilá-la para um roteiro de cinema.
Então, o único modo de fazer seria em uma série da HBO.
Minha série pertence a ela.
Eu disse aos meus agentes: "Vão em frente, façam acontecer."
- Claquete. - Claquete.
Ação.
Há uns três anos e meio,
o agente de George Martin me enviou quatro livros.
Comecei a ler e, depois de 70 páginas,
não conseguia parar.
Centenas de páginas depois, liguei para o Dan.
"Estou lendo um livro chamado Guerra dos Tronos,
"e acho que é a melhor coisa que li em muito tempo."
No dia seguinte, ele me ligou e disse...
Que ele não estava louco, e dois dias e meio depois,
terminei um livro de 900 páginas.
- Richard é maior que ele. - É.
Quando veio ao estúdio, ele disse: "É como caminhar em meus sonhos."
- Ele ficou espantado. - Sim, parecia espantado.
E nós também estávamos em seu sonho.
É o mundo que ele criou, os personagens que criou.
Como Dan disse antes,
tentamos seguir o máximo possível
o livro que ele escreveu e o mundo que criou.
Bem-vindo.
Quando vejo o mundo real, ele está cheio de cinza.
Até os maiores heróis têm suas fraquezas,
e até os piores vilões
são capazes de atos de compaixão e humanidade.
As pessoas são complicadas e eu queria que meus personagens também fossem.
Querido irmão,
às vezes, eu me pergunto de que lado está.
Querido irmão, você me magoa.
Sabe o quanto adoro minha família.
Game Of Thrones não trata de monstros, e sim de humanos.
Um dos lemas que tentamos seguir no roteiro é que não há vilões.
É uma história humana incrível,
e cada personagem tem sua própria motivação.
Todos vão atrás de seus próprios interesses
e seguem seus próprios códigos,
e trata-se desses interesses e ética
entrando em conflito.
A história que surge é muito mais rica
do que os caras de branco derrotando os caras de preto.
Não quero assustá-la, mas também não vou mentir.
Viemos para um lugar perigoso.
Não podemos lutar uma guerra entre nós mesmos.
Certo?
O que torna Game Of Thrones tão atraente
são os personagens e as jornadas que percorrem.
A ideia de pegar a história criada por George Martin,
mergulhar nela e não ter de criar algo a cada temporada,
e sim saber o que aconteceria desde o começo,
conhecer a forma essencial de toda a série,
é um luxo incrível para nós, roteiristas
e adaptadores desse material.
Você não passa de um soldado, não é?
Recebe suas ordens e segue em frente.
Acho que faz sentido.
Seu irmão mais velho foi treinado para liderar e você, para seguir.
Eu também fui treinado para matar meus inimigos, Sua Graça.
Eu também.
Os livros são um desafio considerável para qualquer roteirista.
Estamos todos vivendo nos sonhos de George.
É o mundo que ele criou, os personagens que criou.
Meus fãs verão a história que contei se realizar
em um meio diferente.
Desde o começo, George tem sido parte integrante.
Desde a seleção do elenco. Mostrávamos a ele os candidatos,
recebíamos seu feedback sobre diferentes atores,
criação de cenários, figurinos.
Para nós, é muito importante que George se sinta parte do processo
e que realmente participe, não só no nome, mas de verdade.
Sei como jogar com homens como Drogo.
Eu lhe dou uma rainha e ele me dá um exército.
Não quero ser a rainha dele.
Eu esperava que o roteiro refletisse realmente os livros,
e foi o que aconteceu. Não me decepcionei nem um pouco.
Acho que fizeram um trabalho excelente.
Fiquei, e ainda estou, encantado com o roteiro. �