Tip:
Highlight text to annotate it
X
O homem e as neuroses.
O homem foi feito para ser feliz.
Mas apesar de viver
num mundo de prazeres e volúpias sente-se cada vez mais
infeliz ansioso vazio e neurótico.
É que ele vive dividido entre dois campos de forças. De um lado é tentado constantemente
pela insinuação do poder do mando do luxo
do ódio da inveja do sexo e dos instintos irracionais.
De outro lado é a consciência que
insistentemente lhe aponta o caminho
do dever da moral e do transcendental.
O homem dividido desagrega-se, agoniza.
É preciso, pois, que se harmonize para encontrar a paz e a felicidade que lhe são próprias.
Para isso é preciso que o homem
conheça a fundo todas as suas polivalências, colocando-as numa
escalação harmoniosa, segundo os seus valores.
Contrariando a psicanálise freudiana que coloca a felicidade do homem na
satisfação única da libido, nós,
ao invés, colocamos a felicidade e a satisfação plena do homem na realização
harmoniosa das três tendências básicas que são viver amar e procriar.
Nesta construção de vivências harmoniosas é que o homem encontra a
paz e a felicidade
tanto temporal como eterna.
Vejamos separadamente cada uma dessas suas tendências constitutivas.
O viver. A primeira qualidade do ser é o existir. Porém no homem o existir
confunde-se com o viver.
Mas viver é algo mais que o simples existir da água da pedra e dos seres inanimados.
Viver implica essencialmente num ato dinâmico e operativo.
A vida atua de dentro para fora.
A vida sempre supõe um princípio vital imanente,
princípio este que pela ciência fisicista
permanece como um mistério indecifrável.
Toda vida é de origem imaterial e se manifesta na materialidade sob três graus
progressivos e subservientes. A vida vegetativa serve para a vida biológica.
A vida biológica serve para a vida racional e esta serve para a vida divina.
A vida vegetativa é o grau mais rudimentar da vida tem o seu princípio operativo
interno que se alimenta transformando o reino inorgânico
em propriedades específicas através das tendências
heliocêntricas e geocêntricas. Estas tendências garantem a sua sobrevivência
que começa e acaba com a matéria sem porém poder
locomover-se.
A vida biológica, isto é, a vida do animal, além de possuir propriedades vegetativas
ela se movimenta instintivamente para conseguir sua auto sustentação
tendo porém uma sensibilidade bem maior que as plantas. Ela porém
não transcende a tridimensionalidade do universo como
também não é suficiente em si mesma, isto é ela começa e acaba com a matéria.
Ao invés, a vida racional que a própria do homem e que é o terceiro e
mais perfeito grau da vida criada transcende o tempo e o espaço.
Ela sintetiza e unifica as vidas biovegetativas da tridimensionalidade,
para penetrar na tetradimensionalidade.
É a vida intermediária entre a vida divina e a vida bio vegetativa.
É, por isto mesmo, que o homem necessita de alimento tanto
material como espiritual.
Não é só de pão que vive o homem, mas de toda a palavra que vem de Deus, disse Cristo.
E esta vida racional tem atividades tanto intrínsecas
como extrinsecas. Entende-se aqui porque o homem
tem simultaneamente tendências espirituais e tendencias animais.
A vida racional cujo alimento intrínseco é Deus origina as tendências espirituais,
e a vida animal que também está no homem cria as tendências
bio fisiológicas, isto é, os instintos, instintos estes que nos arrastam
para um bem inferior e imaterial donde se originam as neuroses,
que tanto perturbam a humanidade no mundo atual.
Quando o homem quer, deseja, ou sente, coisas contrárias a razão, não
possuí duas consciência separadas,
mas é um só sujeito dividido pela razão que reclama sua supremacia
e a paixão animal que o escraviza. A razão apesar
de sufocada pelas paixões sempre se manifestará, ou pelo remorso,
angústias e ansiedades, ou por auto punições somatizadas.
É, por isso, que o homem ao menos indiretamente sempre tem consciência dos seus erros.
O comportamento do homem será bom quando segue a razão,
será mau quando escravo totalmente das paixões, e será neurótico quando apesar de
manter as aparências de bom, se deixa dominar pelas paixões.
Sendo a vida racional a dimensão própria e genuína do homem
e o elo entre o psiquico e o somático é claro que todo conflito intra psiquico
repercute automaticamente no organismo humano com as mais variadas
somatizações.
Sendo estas somatizações psicógenas não são portanto curáveis
pela farmacoterapia. Entende-se aqui por que o remédio não cura a alma.
Se a dimensão espiritual é aquela que vivifica unifica e dignifica e personaliza o homem,
compreendemos também que um indivíduo sob uma forte
pressão que um problema espiritual, ou sob a tensão de um problema
moral, pode representar um quadro clínico capaz de confundir
qualquer terapeuta fisicista.
É, por isto, que na medicina psicossomática se deve levar
muito mais em conta a vida espiritual e moral do homem do que a sua vida
biológica.
O psiquiatra Victor Frankel para a cura das neuroses aconselha que cada
indivíduo
saia do seu plano bio fisiológico, isto é, do plano animal, para refugiar-se
e concentrar-se no seu plano específico que é o plano
espiritual e racional, e que é a fonte da paz e do equilíbrio.
Referindo-se a esta parte espiritual a escritura diz : A terra está
desolada por que não há quem viva a sua vida espiritual.
"desolatione desolata est omnis terra quia nullus est qui recogitet corde" ...
Realmente o homem tornou-se um animal voltado a terra,
escravo unicamente dos prazeres terrenos.
O homem alienou-se e no entanto a sua alma reclama constantemente a
ligação com a divindade. É a eterna necessidade metafísica do homem.
O homem tem sede
de Deus.
Por isto dizia santo agostinho em suas angústias:
Inquieto está o coração do homem até que não descanse em ti oh meu Deus !
Para reerguer e pacificar o homem
é preciso que sua vida espiritual seja bem alimentada
pelas leis morais, então lhe será facil satisfazer equilibradamente as
necessidades vitais bio fisiológicas, mantendo a tranquilidade a paz e a harmonia
dentro de si.
As leis morais são o freio para governar e controlar os instintos
corporais. O corpo está para a alma assim como a alma está para Deus. Só assim é
que o viver do homem será pleno e terá o homem
uma vida plena temporal
aberta para a eternidade.
Passemos agora para a segunda necessidade básica do homem que é o amor.
Deus é amor e fez o homem a sua semelhança pelo amor.
O homem se santifica pelo amor e amadurece afetivamente pelo amor isto é,
amadurece na medida em que sai do seu egoísmo infantil para se doar ao outro.
O slogan do homem maduro é dar de si antes do que pensar em si.
O amor tem em si duas facetas.
É oblativo primeiro e captativo depois.
O amor oblativo consiste em doar-se, procurando tornar o outro feliz.É o único termômetro da santidade e da maturidade
humana.
O homem torna-se verdadeiramente um homem na medida em que ama.
O amor constrói eo egoísmo destroi. Amar pois é a ajudar o outro a crescer,
é dialogar com o outro.
Diz a oração de São Francisco que é morrendo que se ressuscita para a vida eterna.
Em uma palavra
o amor é altruísmo é abertura é doação é divinização.
Mas isto não é facíl. Ele implica em muita renúncia e muita
oração. No entanto
o homem só será grande quando amar. Por isto diz o refrão popular
que aquele que não vive para servir não serve para viver.
É por isto que o mundo está mal.
De outro lado o amor é também captativo,
isto é, requer reconhecimento como recompensa implícita. Todos se sentem
feridos com a falta de reconhecimento, sentem-se até derrotados.
Socialmente não corresponderam é uma falta grave de educação.
O amor pode ser ferido de muitos modos. O principal vírus do amor é o
egoísmo. As principais falhas de amor contidas nos pais e educadores são a
rigides excessiva,
a preocupação exagerada, o mímo desmedido, a
tolerância excessiva, o perfeccionismo e a superproteção.
A superproteção, por incrível que pareça, é a maior inimiga da
autoafirmação do filho, condição indispensável para bem viver,
e ela é a maior causadora
da esquizofrenia e da homosexualidade.
A falta de amor é a causa única da crise pessoal familiar e mundial .
As desigualdades sociais econômicas e políticas são fruto do egoismo.
A sociedade que não ama desagrega-se.
O surto ameaçador da criminologia,
do pansexualismo, e da ganância, são frutos do mais
cego egoismo moderno.
O amor e a compreensão mútua são de uma necessidade tão
básica para o homem, que sem eles surges inevitavelmente as mais variadas
somatizações patológicas, como sejam as alergias
asmas, bronquites asmáticas, enxaquecas, alterações circulatórias e
hormonais, enurese, retenção de fezes, dores lombares, dores generalizadas sem causas orgânicas,
cleptomania, toxicomania, homossexualismo,
onicofagia, hilalia, pseudolalia, dislalia, alcoolismo, polifagias, obesidade,
terminando principalmente numa agressividade
e incompreensões antropofágicas.
Inverteram-se os polos axiológicos. O amor foi substituído pelo egoísmo.
O teocenttrismo ficou substituido pelo antropocentrismo.
E, no entanto, o homem só se humaniza pelo amor.
E se não tiver amor, ele se bestializa pelo egoismo e pela agressão.
É, por isso, que Deus colocou
a salvação do homem numa única lei, a lei do amor. Amarás a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como
a ti mesmo.
"Hoc facere et viveres".
Veremos agora a terceira necessidade básica do homem que é o procriar,
necessidade esta que não é para o indivíduo mas para a sociedade.
Desde a criação Deus fez tudo do nada. Pela procriação o homem
coopera com Deus na transmissão da vida humana.
O principio vivificante da fecundação é a alma humana criada por Deus,
sendo o homem apenas instrumento transmissor da vida bio vegetativa.
Vemos aqui a
razão pela qual todo homem reto sabe que sua dependência de um pai
transcendental é tão objetiva como sua
dependência de um pai biológico.
É, por isto, que eo nascer enquanto o homem se tornar um cidadão terrestre
está aberto o caminho para ele se tornar também um cidadão celeste.
Começa no aquém e termina no além.
Como o ato procriador por sua sacralidade
exige maturidade e responsabilidade
Deus anexou-lhe como prêmio o prazer ***. Este prazer no entanto
não é finalidade em si,
mas sim puro meio e complementação do amor
que motiva o matrimônio,
como também motiva a procriação. A mola mestra do matrimônio é o amor e não a pura atração
***, porquanto nas dificuldades e tribulações não é o sexo que sustenta o matrimônio,
mas o amor.
Por quê aumenta cada vez mais o número das separações, dos desquites, e dos divórcios ?
Por que aumenta cada vez mais a revolta de muitos filhos com os pais ?
É que o sexo é usado cada vez mais
egoisticamente, privando-o de sua finalidade básica que é a procriação.
O sexo tornou-se pura fonte de prazer, como também de exploração
comercial. Entramos na sexolatria explorada das formas
mais bestializantes.
No entanto nenhum filho
tolera ser produto de uma mera descarga fisiológica.
Nada escraviza tanto como o sexo.
Ele é o ponto mais fraco do homem. Por isso é preciso muita luta e muita oração
para poder controla-lo dentro de sua finalidade intrínseca.
Uma vida morigerada e honesta é para o homem a maior riqueza,
sendo-lhe fonte de felicidade e longevidade,
e lhe abrirá a esperança na eternidade.
Por isso o sexo nunca deve ter finalidade em si, mas deve
ser fruto do amor, ligado a sua finalidade intrínseca que é a procriação.
O sexo escraviza e o amor liberta.
Bem aventurados os puros de coração, por que eles verão a Deus.