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Eu sou o Dr. Kevin Fong.
E nas últimas décadas
eu vi a sala de cirurgias ser transformada
por avanços revolucionários na ciência e na tecnologia.
Eles fizeram cirurgias de corte no peito, como essa,
parecerem quase rotina.
Assim, em emergências inesperadas,
o link mais fraco na sala não são, normalmente, os remédios...
...ou o equipamento...
...somos nós.
A equipe de cirurgia.
E isso porque, sob pressão,
médicos e enfermeiras, como quaisquer outros, cometem erros.
Em várias situações críticas, nosso desempenho é horrível.
Nossos cérebros tendem a padrões de comportamento
que nos decepcionam no momento crucial.
A questão passa a ser esta - há algo que possamos fazer
para estarmos mais bem preparados?
Há algo que possamos fazer, nesses momentos catastróficos,
para termos uma chance de luta?
Esse é um problema de vida ou morte.
Todos na medicina sabem que evitar erros
é crucial para salvar vidas.
COMO EVITAR ERROS NA CIRURGIA?
Esse é o University College Hospital, em Londres.
Aqui é onde trabalho e onde cursei medicina.
Desde que eu me qualifiquei, 15 anos atrás, tivemos bem mais
ciência e tecnologia para proteger nossos pacientes.
Ao longo dos anos, nossas expectativas sobre a medicina
mudaram dramaticamente.
Coisas que antes eram fatais,
agora, comumente sobrevivemos a elas.
Mas apesar de tudo isso,
emergências de vida ou morte muito raras e inesperadas
ainda podem ocorrer e ameaçar vidas.
E os médicos estão apenas começando a entender
o papel crucial do simples erro humano.
E há um caso que me impactou, como médico.
Ele nos traz lições fundamentais da medicina sobre como
tomamos decisões de vida ou morte sob pressão extrema.
Elaine Bromiley tinha 37 anos de idade
quando ela veio a uma clínica privada
para uma operação de rotina nos seios,
na manhã de 29 de março de 2005.
Não havia nada fora do comum,
à medida que o anestesista a preparava para sua cirurgia.
Ela vai adormecer, agora.
Isso.
Parte desse processo é chamada entubação,
a qual envolve colocar um tubo dentro da garganta do paciente
para permitir que eles respirem.
Mas, de repente, surgiu um problema grave.
{\a7}ET: endotraquial
As vias aéreas de Elaine -
a rota entre sua boca, garganta e os pulmões -
ficou bloqueada.
É um evento que ocorre
em menos de 1 em 50.000 anestesias de rotina.
Chamar outro anestesista não ajudou.
Não importa o que faziam, não conseguiam entubá-la.
Elaine não conseguia respirar.
Você pode ver algo?
Um otorrino, então, entrou.
- Está difícil. - Você pode ver algo?
Ele também tentou... mas fracassou.
25 minutos se passaram, e a situação tornou-se crítica.
Havia uma solução alternativa,
a qual poderia ter feito a diferença,
mas eles simplesmente não conseguiam vê-la.
{\a7}SAT: Saturação de oxigênio no sangue.
A pressão na situação era tão extrema...
O SAT está muito baixo.
...que a sua tomada de decisão
tornou-se fatalmente comprometedora.
- Inflar? - Sim, inflar. Obrigado.
Com a falta de oxigênio, Elaine entrou em coma
e morreu 14 dias depois.
Isso é muito difícil de ver.
E deixa você com uma mistura de sentimentos.
Instintivamente, você quer saber o que deu errado
e como evitar que isso aconteça novamente.
Mas, como médico, você vê o desdobramento disso
e isso deixa você com uma sensação de profundo mal-estar,
porque você pensa, "poxa, tinha quer ser comigo"?
E não sou só eu.
Todos os médicos que conheço se perguntam
como eles agiriam na mesma situação.
Descobrir o que fazer a respeito disso é, realmente,
um problema humano, ao invés de um problema médico,
exigindo formas novas e radicais de pensamento.
Então, eu estou deixando a sala de operações para trás,
para descobrir como outras profissões lidam
com a tomada de decisões de vida ou morte,
em emergências críticas.
Recuem!
De descobrir novas formas
sobre como os bombeiros estão combatendo incêndios...
...a como um simples pedaço de papel
remove o erro humano em uma cabine altamente pressurizada
de nossos mais complicados aviões modernos de passageiros...
Isso é...fogo no motor 2.
...e entender as estratégias engenhosas
que as equipes dos pilotos empregam
no acelerado, tecnicamente exigente
e altamente perigoso mundo da Fórmula 1.
Mas minha jornada para lidar com problemas
de erro humano fatal, na medicina,
começa no lugar mais improvável - um cassino.
Disseram-me que observar como as cartas caem poderia prover
algumas idéias inesperadas
sobre por que cometemos erros sob pressão.
Essa é a professora Nilli Lavie.
Ela é especialista em um campo da psicologia
chamado Teoria da Carga.
E ela me diz que pode mudar a forma
como eu penso a respeito das cirurgias
pondo-me em um *** simples.
Bem, vamos ver.
Então, Kevin, eis o ***.
Diferença de 2, diferença de 1, diferença de 5...
Tudo que preciso fazer aqui é pôr minha mão sobre a mesa
quando eu vir duas cartas juntas que diferem por 5.
0, 1, diferença de 5.
São 4, são 4, são 5.
Muito bem, você me venceu. Saiu-se muito bem.
Ok, eu acho que está pronto para o verdadeiro ***.
Pode parecer simples,
mas a velocidade com a qual as cartas são jogadas
exige que minha concentração seja extrema.
E enquanto eu estou contando cartas...
Nilli está monitorando algo mais.
Crucialmente, ela decide quando, exatamente, o *** acaba.
- OK. - Oh, deus!
OK. Umm...certo.
Isso foi bem ruim.
Quanto tempo você acha que isso durou?
Foi o equivalente a 10 segundos, 15 segundos, provavelmente.
Ele levou, na verdade, 25 segundos.
Bem, eu...quero dizer, errei por quanto?
- Um fator de 2 ou... - Sim.
Então, isso foi bem ruim, realmente.
A professora Lavie descobriu que
se uma parte do seu cérebro está sobrecarregada,
ao se concentrar em uma única tarefa ou atividade...
...sua capacidade de acompanhar outras coisas, com precisão,
com o passar do tempo, fica seriamente comprometida.
É o que especialistas chamam
"perda da minha consciência situacional".
Então, nem tudo é vitória, não é?
Ou eu me foco na tarefa ou eu monitoro o tempo,
mas não posso fazer ambos.
Você pode fazer ambos, mas um será feito às custas do outro.
Certo. Quero dizer, isso é muito trivial, nesse contexto,
mas é terrível, terrível para a prática médica.
Esse simples *** de cartas foi uma revelação para mim.
Até agora, eu não tinha consciência
de que nossos poderes de raciocínio
podiam ser tão facilmente sobrecarregados.
Esse é o problema. Nós tendemos a errar.
Temos uma capacidade finita
para lidar com informações complexas.
E evitar as armadilhas que surgem daí não se trata de esperteza.
Não se trata da sua inteligência.
Trata-se de aceitar suas limitações
e desenvolver estratégias que lhe permitirão superá-las.
Recuem!
Incêndios são imprevisíveis e, é óbvio, extremamente perigosos.
Devido a isso, os bombeiros enfrentam muitos
dos mesmos desafios que os médicos têm na medicina.
Então, nesse enorme campo de pouso modificado, em Cotswolds,
eles executam uma variedade de exercícios de treinamento.
Eles têm de tudo aqui, desde pilhas de veículos...
...à aviões danificados...
...e, até mesmo, trens descarrilhados.
E uma parte crucial do treinamento
é projetada para ajudar os bombeiros
a manter a sua consciência situacional.
Quando você pensa sobre o que os bombeiros fazem em ação,
envolve um malabarismo com 2 prioridades bem diferentes.
A primeira envolve a busca e o resgate,
retirando pessoas de edifícios, como esse.
Mas a segunda é monitorar a ameaça constante
do ambiente ao seu redor.
Agora, fazer tudo certo -
alternar entre essas 2 tarefas - está longe de ser fácil.
Mas errar isso é um convite para catástrofes.
Como perder a consciência situacional é tão perigoso,
o serviço dos bombeiros prepara exercícios específicos
para dar aos chefes e ao grupo as habilidades
para lidarem com situações críticas.
O cenário de *** para o treinamento do grupo, hoje.
Isso representa uma plataforma de petróleo com um helicóptero
que pegou fogo durante um acidente de reabastecimento e explodiu.
Agora, bem aqui, no chão,
há uma vítima que eles precisarão resgatar,
portanto, há muitas coisas aqui no quê se focar.
Muitas coisas para manter o grupo ocupado.
Mas eis aqui o ponto - o quadro mais amplo -
o ponto que faz as coisas saírem de suas mãos está aqui em cima.
Esses são botijões de propano e, se esquentarem demais,
isso irá explodir, rebentar as tubulações de petróleo aqui
e incinerar tudo ao seu redor numa faixa de 200 a 300 metros.
O homem a ser avaliado no exercício
é o aspirante a Chefe da Resposta a Emergências, Simon Collyer.
Então, o helicóptero está vindo, reabastecendo. Princípio de fogo.
Ele está a cargo de toda a tomada de decisões.
OK, pessoal, escutem. Vamos fazer uma abordagem perigosa.
2 de vocês na espuma. 2 de vocês nas vítimas.
Resgate, por favor, o mais rápido possível
dando cobertura a esses 2.
O mais rápido possível, apressem-se.
Naturalmente, tendo em conta a pressão da situação,
ele está decidido a resgatar as vítimas escondidas
atrás desse tambor de óleo o mais rápido que ele puder.
Observando está o instrutor Gavin Roberts.
Eles deveriam estar fazendo algo com esses cilindros.
Eles estão aquecendo, agora.
Se eles falharem, pode ser catastrófico.
Mas o Chefe de Emergências está tão focado em resgatar as vítimas
que ele perdeu a sua consciência situacional
e isso irá pôr todo o seu grupo em perigo.
Recuem, recuem.
Quando os cilindros de acetileno são atingidos,
ele precisa evacuar a plataforma inteira.
E no mundo real, alguns do seu grupo
poderiam ficar seriamente feridos ou serem mortos.
Em perspectiva, eu acho que fui longe demais nos detalhes.
Envolvido demais, cuidando das ameaças imediatas que eu via,
e eu não observei o quadro mais amplo e as ameaças-chave.
Em perspectiva, os cilindros de acetileno são muito instáveis.
Calor não é uma boa combinação.
As consequências poderiam ter sido bem ruins.
Se você tivesse um incidente similar novamente,
você iria abordá-lo de modo diferente?
Oh sim, bastante.
Eu acho que deveria ter dado um grande passo para trás,
olhado para o quadro geral, ter parado um tempo
e eu acho que isso realmente me teria deixado bem mais claro
sobre o risco potencial lá
e eu poderia ter tomado as ações apropriadas.
Esse tipo de treinamento ocorre durante o ano inteiro.
Ele tem tanto êxito que corpos de bombeiros de todo o mundo
vêm aqui para aprender nosso serviço de combate a incêndios.
Eu acho que há algo imensamente importante aqui.
Se você estiver buscando uma teoria geral
de como lidar com riscos potenciais à vida,
então, isso deveria ocupar uma grande parte dela.
Isso de os bombeiros ensinarem explicitamente,
essa capacidade de se focar em uma tarefa para salvar vidas,
mantendo a conscientização de uma situação mais ampla
o tempo inteiro, é de total importância.
E é algo que nas salas de operações
poderia fazer toda a diferença.
OK, Sra. Bromiley, eu vou lhe dar algo para você relaxar.
E, então, após isso, nós vamos pô-la para dormir.
Tudo isso parece bem simples na teoria...
Estou vendo só as cordas.
...mas, na prática, é extremamente difícil,
tal como os médicos no caso de Elaine Bromiley descobriram.
Eu vejo a caixa vocal.
O registro sobre sua morte revelou
que eles perderam sua consciência situacional.
Eles ficaram tão focados em tentar estabelecer uma via aérea
através da boca, para permitir que Elaine respirasse...
...que podem ter ignorado outras possibilidades.
Ainda não consigo ver nada.
É fácil ser sábio em retrospecto.
Tudo parece melhor e mais claro em perspectiva.
Há tantas coisas que poderiam ter melhorado aquela cirurgia,
tantas que poderia ter sido melhor.
Mas por onde você começa?
Como você se comporta em dar a si mesmo
uma chance melhor no futuro?
E, por mais estranho que possa parecer,
esse processo começa com um pedaço de papel parecido a este.
Surpreendentemente, foi em lugares como esse
que o poder de um simples pedaço de papel
ajudou a melhorar a segurança na aviação civil.
Essas máquinas são o que há de ponta em simuladores de avião.
E cada piloto comercial no país precisa passar
por um treinamento regular em uma delas.
Guy Hirst foi piloto de linhas áereas por mais de 30 anos.
E ele usou essa experiência
para treinar mais de 1.000 novos pilotos.
Assim, ele tem uma visão única
{\a7}Checklist: Lista de verificação.
torna voar mais seguro.
E tudo isso começa na cabine de comando,
antes sequer do avião decolar.
Bem, você as indica, Kevin, e eu cuido das respostas;
então, estamos só confirmando se tudo está no lugar certo,
antes de decolarmos.
OK, eu vou começar de cima para baixo.
- Então, controles de vôo? - Checados.
- Transponder? - Sim.
- Manual técnico? - Recebido.
- Flaps? - Flaps ajustados.
Ali diz estar ligado.
- Compensadores? - Ajustados.
- Dados principais? - Dados principais recebidos.
- ECAM (Sist. monitoramento)? - Pronto para decolagem.
E parece ser isso.
E isso tudo está dentro do campo do erro humano?
Podemos ter ajustado algumas dessas coisas do modo errado
e essa é a nossa última chance para corrigi-lo?
- Absolutamente certo. Correto. - É bom saber.
Eu acho que, dado que já verificamos tudo,
eu acho que não me importo de voar agora.
É impressionante como essa visão é realista.
Então, estamos prontos para decolar. Lá vamos nós.
Mesmo durante a decolagem, ainda são feitas checagens.
- Motores estáveis. - Checado.
- 100 nós. - Checado.
Velocidade de rotação.
- Recolher trem de pouso. - Recolhê-lo? - Sim.
E, agora, estamos voando.
Provavelmente, porei o piloto automático para conversarmos...
Ele vai ser nessa luz aqui.
E aí está.
Mas por que fazer isso?
Como os checklists tornam o vôo mais seguro?
Para ser franco, todos temos dias ruins,
em que precisamos de lembretes.
A memória humana é frágil
e precisamos de coisas, como o checklist,
para nos assegurarmos de que as coisas principais
se comportem apropriadamente.
Oh deus, esse é um... é um alerta principal.
Fogo no motor 2.
OK, selecionando 350.
Voar já foi um negócio muito arriscado.
Cheque se é a manete de potência do 2.
- É a manete de potência N° 2. - Nós a estamos fechando.
Mas, agora, graças, em grande parte, ao poder dos checklists,
está tornando-se rotina e muito mais seguro.
- E ativar o squib N° 2, certo? - Correto.
Excelente.
E isso ajudou a mudar toda a nossa experiência de voar.
Você só precisa ir a um dos grandes aeroportos internacionais
e dado o número de vôos acontecendo a cada hora
e multiplicando isso pelo número de cidades no mundo,
é extraordinariamente seguro.
A parte difícil, a parte perigosa é chegar ao aeroporto.
Bem, isso foi divertido,
mas a forma como eles usam os checklists na cabine de comando
é realmente impressionante.
Mas isso nos diz algo sobre o que fazer na área da saúde?
Como isso ajuda nos hospitais?
Para responder essa pergunta, eu vou a Londres para conversar
com um dos cirurgiões mais solicitados e célebres do mundo.
Esse é o Dr. Atul Gawande.
Ele é um dos mais bem conhecidos médicos dos EUA,
e logo após graduar-se na faculdade de medicina,
ele trabalhou como assistente médico de Bill Clinton.
Ele agora é cirurgião e professor na Universidade de Harvard.
Sua agenda é tão abarrotada
que só arranjou tempo para conversar comigo em um táxi,
enquanto ele seguia para a Casa dos Lordes para uma reunião.
Ele é tão ocupado assim,
porque ele está liderando uma revolução na medicina,
a qual começou com um simples, embora chocante, estudo.
Nós fizemos um estudo em 28 hospitais através dos EUA
e descobrimos que a principal razão
das pessoas morrerem ou ficarem inválidas após a cirurgia
envolvia problemas que nós conhecíamos.
Nós, na verdade, sabíamos as respostas, mas não as usávamos.
E, então, nos perguntamos,
se você olhar para outras indústrias, como a aviação,
o que eles fazem?
Bem, eles treinam pessoas durante um longo tempo,
se especializam, usam muita tecnologia
e eles têm essa outra coisa -
eles têm checklists.
Assim, com o incentivo da Organização Mundial da Saúde,
ele elaborou uma série de checklists cirúrgicos, como esse.
Elas foram introduzidas em hospitais selecionados
ao redor do mundo, e os resultados foram surpreendentes.
Então, nós testamos em 8 cidades -
desde Londres, aqui, no St. Mary's Hospital,
a Toronto e Nova Zelândia,
mas também em hospitais pobres - Tanzânia, Índia.
Em cada hospital, houve uma redução nas complicações.
A redução média nas complicações e mortes foi superior a 35%.
Quero dizer, isso foi... nós não acreditamos nisso.
Tivemos que voltar e checar nossos dados, e era real.
As pessoas, desde então, o têm reproduzido.
47% de redução em mortes ao fazer checklists na Holanda.
18% de redução em complicações em hospitais militares,
os quais adotaram a abordagem dos checklists.
Ele cobre os fundamentos.
Checando que você tem o paciente certo
e que você está adotando o procedimento correto.
E é isso. É disso que nós estamos falando, não é?
Esse é um checklist de segurança ao paciente
da Organização Mundial da Saúde.
Esse é um pedaço de papel, gratuito, que elimina
as mortes e complicações em mais de 1/3.
E se isso fosse uma droga ou dispositivo, eu seria bilionário.
O que ele descobriu é que os checklists não só evitam
os simples erros humanos.
Eles fazem algo mais, o qual é fundamental para salvar vidas.
Ele ajuda a nivelar a hierarquia tradicional.
Nós a chamamos sala de operações por uma razão.
É o palco do cirurgião, e qualquer outra pessoa é só uma mão.
E mudar a crença de que é assim que as coisas funcionam,
onde todos os outros ficam em silêncio, respeitosos,
para uma onde um grupo de pessoas,
cada uma com distintas responsabilidades,
nos asseguramos de que estamos no mesmo nível, -
essa é a idéia básica aqui e é isso o que...
Torna-se muito poderoso
quando você insere palavras nisso, como as do checklist.
Em meu hospital, checklists agora são
uma parte integrante da vida cotidiana.
E isso soa simples, mas só o ato de envolver todos,
simplesmente sabendo o nome de todos,
muda fundamentalmente o ambiente na sala de operações.
E quando surgem emergências, isso pode ser crucial.
Os checklists do Dr. Gawande
agora são usados em hospitais de toda a Grã-Bretanha.
Mas quando Elaine Bromiley estava na cirurgia...
...eles não existiam.
Bem, nós a tentamos entubar. Ambos tentamos.
Sim, nós tentamos isso também.
OK, vamos só cortar, OK.
A ficha sobre sua morte descobriu que
durante os esforços clínicos para estabelecer uma via aérea...
Isso é difícil.
...um enfermeiro entrou,
oferecendo um kit de traqueostomia.
Isso poderia ter sido a solução
para o problema que ameaçava a vida de Elaine.
Ela está muito azul. Ela está muito azul.
Fazer uma traqueostomia de emergência
é um procedimento perigoso e difícil.
E isso envolve fazer um buraco na garganta mais ou menos aqui,
contornando a boca,
dando ao paciente um caminho através do qual possam respirar.
Mas não estava claro quem era responsável por essa emergência.
Eu estou puxando o mais forte que posso.
E o enfermeiro viu-se incapaz de tocar no assunto.
A oportunidade para fazer esse procedimento estava perdida.
E, com ele, o que teria sido a chance de salvar a vida de Elaine.
A medicina aprendeu duras lições com o caso de Elaine Bromiley.
Nós, agora, somos muito mais conscientes
da importância do fator humano.
Por experiência própria,
os checklists ajudam os centros de cirurgia
a se tornarem mais cooperativos
e menos propensos aos erros da "ditadura".
No University College Hospital, em Londres...
...eles até construíram um ambiente de simulação
para ajudar a treinar os médicos a reconhecer e lidar
com o problema intrínseco da falibilidade humana.
Diga quando.
Isso é como estar nos bastidores
de uma faculdade-júnior de medicina
e isso não é algo que você normalmente consegue ver.
Aqui, dão as médicos a chance de vivenciar
emergências complicadas em uma sala de operações,
sem arriscar as vidas dos pacientes.
Pode sugar um pouco, por favor?
Estamos atrás de um espelho duplo,
logo, podemos vê-los, mas eles não podem nos ver.
Podem desligar a música, por favor?
A anestesista clínica Sarah Chieveley-Williams
é a responsável pelo programa aqui.
E ela é, justamente, uma das médicas que me treinou.
Mais sucção, por favor.
Nós percebemos, nas catástrofes médicas,
que não é só aprender medicina que é importante.
Estamos ensinando os fatores humanos.
Estamos ensinando os gradientes de hierarquia
e como eles podem trocar durante uma operação.
E estamos ensinando como você deve interagir com as pessoas,
de modo a manter a segurança
de todas as operações que aconteçam.
Duncan Wagstaff está em seu primeiro ano
de treinamento como anestesista.
Vamos pegar 2 unidades. Dêem-me 2 unidades...
E nesse cenário extremamente difícil,
ele está trabalhando com um cirurgião temperamental,
em uma operação que está prestes a sair terrivelmente errada.
Quem o deixou...?
Estou aqui porque quero, Sr. Barrow.
Um pouco mais de sucção, por favor.
Então, esses são casos que não devem ser subestimados,
mesmo sob condições ordinárias,
mas você vai dificultar um pouco as coisas pro Duncan?
Nós vamos, agora, reduzir um pouco a pressão.
Devíamos ter um pouco de sangue ali.
Então, Duncan está tão preocupado com que
possa estar havendo algum sangramento,
que ele é incapaz de ver exatamente de onde está vindo.
Sr. Barrow, eu estou preocupado...
Então, isso é bem parecido
com o que você esperaria ver na vida real.
Você tem algumas taxas caindo ali.
A saturação de oxigênio está despencando.
Sua pressão sanguínea está caindo.
Os batimentos cardíacos estão aumentando.
E, ainda assim, está, nesse ponto,
sem certeza do que realmente está havendo.
Está assim tão alto quanto parece?
Escutem, eu acho que precisamos nos concentrar.
Bem, não consigo ver.
Então, estamos prestes a lançar o problema principal.
O paciente tomou alguns antibióticos...
Antibióticos...
...e o paciente vai reagir a esses antibióticos, os quais...
sei que parece um pouco injusto, mas estamos, na verdade,
indeliberadamente fazendo Duncan sair do seu conforto,
como uma ferramenta de aprendizado.
Nós temos uma emergência aqui. Dados caíram para 82%.
A pressão está muito baixa.
...eu tenho um desastre iminente aqui, pessoal.
Brilhantemente discreto.
...apenas cheque seu pulso.
Nesse momento, nós o levamos, provavelmente, ao seu limite.
O paciente estava realmente piorando ligeiramente,
antes de acabarmos injetando os antibióticos,
aos quais o paciente reagiu.
Ele provavelmente não considerou isso,
principalmente por estar fixado demais
no fato de que o paciente estava tendo uma hemorragia.
Sim, bem, é um cenário realmente bem horrível.
Obrigado. Esse é o final do cenário.
Pobre Duncan. Eu tenho que ir lá dar-lhe um abraço.
Isso foi divertido...
Reconhece-se, agora, que o fator humano
é tão importante na medicina que, nas anestesias,
está começando a se tornar um dos nossos critérios de seleção.
Há faculdades no Reino Unido que estão usando
a simulação como parte de seus critérios de seleção.
Isso adiciona todo um novo espectro e dimensão
aos critérios de seleção.
Há, obviamente, um trabalho pesado intensivo e difícil
de se implementar em grandes números,
mas sim, potencialmente, ele pode estar lá, no futuro.
Um pouco assustador.
Sinto-me aliviado de ele não existir quando fui selecionado.
Nós ainda assim o selecionaríamos.
Mas uma cirurgia bem sucedida vai além do indivíduo.
Trata-se de trabalho em equipe.
Mas um número maior de pessoas
pode tornar os erros humanos mais frequentes.
E a medicina está aprendendo a como lidar com esse problema
através de outra fonte surpreendente.
Acreditem ou não,
olhar para como funcionam as equipes de Fórmula 1
permitiu aos médicos no mundialmente famoso
Great Ormond Street Children's Hospital
a reduzir os erros humanos.
E Evelyn Soles, de 6 anos, quem passa por uma cirurgia cardíaca,
depende de seus benefícios.
Esses procedimentos estão no extremo
de nossas capacidades na medicina,
e, até mesmo para mim, é importante observá-los.
São bem úteis esses pedaços de gaze.
Mas é o período perigoso, imediatamente após a cirurgia,
que os médicos precisam reavaliar.
Apenas faça uma limpeza.
A operação acabou agora
e os cirurgiões passaram, de fato, o cuidado
para as mãos da equipe de anestesia
e Isabeau precisa coordenar o que poderia ser
uma transferência muito complicada.
Então, ela tem que pegar todos os medicamentos,
todas essas máquinas que estão cuidando de sua paciente,
retirá-los da maca, da sala de operações,
levá-los pelo corredor, até a ala intensiva,
e isso é algo em que, até recentemente
ninguém prestava muita atenção.
Mas há uma conscientização crescente
de que esse é um componente chave
no que é, de fato, uma cadeia contínua de sobrevivência
que mantém esse paciente vivo.
Até relativamente pouco tempo,
a transferência era uma fonte de grande preocupação
para o homem responsável pela UTI, o Dr. Allan Goldman.
O processo de transferência era terrivelmente fragmentado.
O que víamos era que alguns médicos
faziam a transferência no meio do corredor
entre a UTI e a sala de operações.
Então, os registradores faziam a troca em outra seção da UTI.
As enfermeiras faziam outra transferência lá.
Todos esses deslocamentos e transferências simultâneos
e, ao mesmo tempo, pessoas movendo todos os equipamentos.
As enfermeiras tentavam escrever por baixo
um pouco de informação em seus prontuários.
E apenas quando você olha para isso, nesse ponto,
é que você percebe o quão caótico estava.
Todos os detalhes são importantes,
e quando as pequenas coisas começam a dar errado,
esse erro vai acumulando-se
e faz com que algo grande saia errado.
O Dr. Goldman e um colega tiveram, então,
um momento incomum de revelação
em frente à TV, ao assistir um pit stop da Fórmula 1.
Quando olhamos para um pit stop,
eles são, realmente, os especialistas em como
equipes de diferentes especialidades se reúnem,
reconfiguram-se como uma unidade única,
e desempenham uma tarefa complexa,
em meio à pressão do tempo, de um modo bem eficiente.
Quando eles olharam mais de perto
para as equipes de Fórmula 1 em ação,
eles descobriram que cada indivíduo na equipe
tinha uma tarefa muito simples,
porém muito específica e claramente definida.
Há um cara que retira o pneu.
Um cara que o põe.
Alguém para se desfazer da roda usada.
E, principalmente, há um coordenador - o homem com a placa.
Ele decide quando o carro está pronto para retornar à pista.
O que mais você aprendeu vendo como eles atuavam?
Eu acho que é uma abordagem bastante profissional,
logo, há uma liderança, há um uso constante de checklists.
Há um grande foco na atribuição de tarefas em um pit stop,
onde uma pessoa tem 1 ou 2 trabalhos por fazer.
Um bocado sobre consciência situacional
e, então, contingências para as coisas que saem errado
e um plano definitivo.
Mas como isso afeta o que eles fazem após a operação?
Eu vou descer com o tubo gástrico
e, então, eu vou desligar a máquina.
Obrigada.
Nós simplificamos o processo em 3 fases.
Então, a fase 1 é transferir, em silêncio, os equipamentos,
de modo que todos sabem o que estão fazendo,
logo, é exatamente igual à sala de operações.
Não há nada conectado aqui que não precise ser conectado.
Nada de remédios, nem kit de monitoramento,
nem equipamentos vitais.
Tudo isso precisa sair. Tudo isso, tudo isso precisa funcionar.
A fase 2 é organizada pela pessoa a cargo da transferência,
e essa pessoa é o anestesista.
Se notar que o potássio está baixo, diga a eles para completarem.
Eles decidem quando o paciente pode ser movido
e isso só acontece
depois que eles executam um checklist de transferência,
o qual eles chamam memorando, no Great Ormond Street.
Então, repassamos a informação de um modo padrão, consistente.
Certo, então, prontos para irmos.
Apenas quando tudo é checado,
o paciente pode ser deslocado da mesa de operações para a maca.
Agora.
Obrigada.
Para Evelyn Soles, de 6 anos,
a cirurgia cardíaca de 4 horas foi um sucesso.
Antes dessas mudanças serem introduzidas,
não havia protocolo guiando o processo de transferência.
Agora, tal como na Fórmula 1,
todos ao redor do paciente têm um papel simples, mas específico.
A fase 3 é definida pelo repasso
cuidadoso e bem estruturado de informações vitais,
quando o paciente chega na unidade de tratamento intensivo.
Então, essa é Evelyn Soles.
Ela teve um ABSD e um reparo de coatarção aos 4 meses de vida.
Ela desenvolveu estenose subaórtica
e teve um ressecamento quando ela tinha em torno de 4 anos.
E, hoje, ela passou por um procedimento Ross.
Eu acho que o nosso foco têm estado
no extremo de procedimentos de dificuldade técnica
e, na verdade, algumas vezes, como você sabe,
a recompensa está, na verdade, em processos muito simples,
simplificados entre os humanos.
Ela tomou uma dose baixa de morfina - 5 ml...
E são esses procedimentos que estão ajudando a salvar as vidas
de crianças gravemente doentes, como Evelyn.
O Dr. Goldman calcula que tenha havido
uma redução de 40% no erro humano,
desde que ele introduziu esses novos protocolos,
inspirados na Fórmula 1.
Ela ficou sem fôlego, teve muitas reações...
Quando você pára e olha para o processo,
sem adicionar quaisquer medicamentos,
ou qualquer tecnologia extra, eles conseguem salvar vidas.
Lenta mas certamente,
a medicina está despertando para a vivência de outros.
Melhorias na engenharia têm tido um grande impacto na aviação.
Mas os fatores humanos dominam
o treinamento e a prática na indústria.
E é a mesma coisa em uma brigada de incêndios
e, até mesmo, no mundo de alta-octanagem da Fórmula 1.
E, como médico, eles estão começando
a mudar o trabalho do meu dia-a-dia.
A meu ver, eles estão tornando as práticas de rotina mais seguras.
Mas o que não estou tão certo
é sobre as coisas que não podemos planejar.
Esses dias de rotina que, do nada, tornam-se seu pior pesadelo.
Quando lidamos com emergências na medicina,
elas são, normalmente, confusas e se desenrolam em segundos,
dando aos médicos uma janela curtíssima
antes de uma vida ser perdida.
E, assim, o que quero saber é se, nessas situações extremas,
há algo, afinal, que possamos aprender da experiência de outros?
No passado recente, há um evento que se destaca dos demais.
Em aeroportos através dos EUA,
15 de janeiro de 2009 era um dia como outro qualquer.
Isso até exatamente antes das 3 da tarde na costa leste.
O vôo 1549 da US Airways
tinha permissão de decolagem de La Guardia -
o aeroporto local de Nova York.
E seguia para Charlotte, na Carolina do Norte.
O Captain Chesley "Sully" Sullenburger mal teve tempo
para se sentar em sua poltrona antes de um desastre atingi-lo.
Seu avião atingiu um bando de pássaros.
E seu dia mudou da rotina para uma das piores
emergências possíveis, no piscar de um olho.
Os pássaros taparam a janela como em um filme de Hitchcock.
Eu podia sentir e ouvir as batidas e baques,
à medida que os atingíamos.
Ao menos dois pássaros passaram pelo motor direito
e um ou dois pelo esquerdo. Eu senti vibrações fortes.
Eu ouvi um barulho terrível,
quando os motores foram danificados,
algo que jamais ouvira, antes, em um avião,
e, a seguir, a perda na propulsão foi repentina,
completa e simetricamente bilateral.
Ambos os motores de uma vez.
Eu sabia que isso seria o maior desafio de minha vida,
diferente de tudo que eu vivenciara antes.
Perder ambos os motores em um choque com pássaros
era algo pelo qual o Capitão Sullenburger jamais passara.
Um evento tão raro que nem sequer foi treinado para isso.
Eu podia sentir minha pressão sanguínea, pulso, tudo disparando.
Eu senti meu campo perceptivo estreitar-se em um tipo
de visão tunelar, devido a esse estresse repentino.
Foi ligeiramente debilitante.
Comprometeu absolutamente minha capacidade de processar
o que estava acontecendo.
O que ocorreu a seguir tornou-se uma lenda.
Sem potência nos motores,
seu avião, com 155 passageiros a bordo,
havia se tornado pouco mais do que um planador desajeitado.
Ele começou a revisar seu checklist de emergência
e avisou ao centro de tráfego aéreo local
sobre seu problema desesperador.
Aqui é Cactus 1549, choque com pássaros, perda de ambos os motores.
Cactus 1549, quais motores?
Ele perdeu potência nos dois motores, ele disse.
Entendido.
Sua voz soava comedida e calma,
mas não era assim como ele se sentia.
Ouvindo-a, agora, posso ouvir uma ligeira irritação,
um tom levemente mais alto em minha voz.
Eu sei que estava sob estresse.
Oi, Cactus 1549, haverá menos tráfego na pista 31.
Sem condições.
Suas opções eram limitadas.
Ele não poderia retornar a La Guardia
ou a qualquer outro aeroporto local.
Cactus 1549, gire 280° à direita, pode pousar na pista 1, em Teterboro.
Não podemos. Terá que ser no Hudson.
Então, ele tomou a chocante decisão de pousar o avião no Rio Hudson,
bem no centro de Manhattan.
2102718, acho que ele disse que iria sobre o Hudson.
Eu nunca pensei que fosse morrer naquele dia.
Eu estava confiante de que,
baseado no meu treinamento e experiência,
eu poderia encontrar um meio de resolver esse problema,
e se achasse um meio de pôr o avião, intacto, na superfície,
ele flutuaria o bastante para sermos resgatados.
Nem uma única pessoa morreu naquele dia,
e não houve grandes ferimentos.
Sullenburger foi saudado como um herói.
Mas, para ele, isso foi mais treinamento do que heroísmo.
Ao longo de várias décadas,
milhares de pessoas trabalharam bem duro na aviação
para criar um sistema robusto e resistentemente seguro
no qual operemos e isso formou uma fundação sólida
sobre a qual podemos inovar,
improvisar, de modo a resolver essa crise.
Nós fomos capazes de estabelecer como seria,
criamos uma noção compartilhada de responsabilidade,
eliminamos a hierarquia, abrimos canais de comunicação,
e temos equipes treinadas na aplicação consistente
das melhores práticas,
com papéis e responsabilidades bem aprendidos e definidos
entre uns e outros e com os passageiros.
Em outras palavras, peguei o que sabíamos,
e o apliquei de uma nova forma para resolver, em 208 segundos,
esse problema que jamais havíamos visto antes.
Há um monte de coisas que,
realmente, eu jamais considerara totalmente
sobre o vôo 1549 até essa conversa.
A primeira coisa é que a primeira reação de Sully,
quando as coisas começam a dar errado, é se assustar.
O medo é uma experiência natural.
Na medicina, quando as coisas saem errado,
a primeira coisa que você sente é medo.
Mas o que vem a seguir é que ele segue os protocolos.
Ele permanece fiel aos procedimentos.
Ele começa o checklist,
mesmo sabendo que não dispõe de tempo para terminar de lê-lo.
E é isso - a idéia de que você segue o padrão
até que você necessariamente precisa supervisar -
que torna tudo melhor e que permite que você sobreviva.
Mas o Capitão Sullenburger teve uma grande vantagem
ao sobreviver a essa emergência sem precedentes.
E ela está presa em seu cérebro.
Ele nem mesmo está ciente dela,
porque trata-se de uma novíssima descoberta científica.
E as boas notícias são que todos nós podemos acessá-la.
Descobrir o que ela é, exatamente,
significa viajar até a Michigan State University
e aos laboratórios do professor de psicologia Jason Moser.
Também envolve concordar em usar uma touca bem chamativa.
Esses eletrodos permitem
que Jason monitore a atividade elétrica dentro do meu cérebro,
e veja o que acontece, quando eu cometo um erro.
O que você espera extrair de mim hoje?
Bem, o que queremos realmente ver é...
ver quão rapidamente seu cérebro reage aos erros
e quão bem ele responde e se recupera dos erros.
E, assim, queremos realmente saber
quais são os fundamentos neurobiológicos
da tomada de decisões e da escolha de erros.
Estou todo conectado e pronto para prosseguir.
Nessa linha de letras na tela, tudo que preciso fazer é
apertar o botão esquerdo, se a letra do meio for um "N",
e o botão direito, se for um "M".
Parece simples mas, mesmo assim, estou cometendo erros.
É uma tarefa bastante simples.
Você se sente, realmente, como se não devesse errar.
"M" é direita, "N" é esquerda.
Sinto como se não houvesse escusa para errar nesse ***.
Jason, enquanto isso, controla tudo
de uma sala de controle na porta ao lado,
acompanhando, enquanto meu cérebro batalha.
Então, como eu me saí?
Tudo bem, Kev, então, o que você está olhando aqui,
nessa tela da esquerda,
estamos olhando para essas 2 respostas que seu cérebro emitiu,
quando você cometeu um erro.
Essa primeira resposta é uma resposta "Oh não, errei".
E você pode ver isso por essas cores bem azuis, aqui.
Isso é, basicamente, o cérebro dizendo:
"Algo deu errado. E daí?"
E dentro de tão só umas centenas de milissegundos,
o que é uma lentidão de tempo aqui,
você pode ver esse próximo bip cerebral -
esse vermelho forte está nos dizendo,
"Agora, vou prestar atenção.
Eu vi que cometi um erro. Aquilo estava errado
e, agora, eu vou fazer algo a respeito".
Quanto mais rápido seu cérebro vai do azul para o vermelho,
mais positiva é a sua atitude ao cometer erros.
E isso é fundamental.
Então, você está corrigindo seu erro naquele momento,
logo após seu cérebro se ajustar e dizer
"Ops, eu cometi um erro.
Vamos ajeitar isso, vamos corrigir isso".
Você está imediatamente corrigindo essa resposta,
e a seguir,
quando você vê o próximo conjunto de letras,
você não está apenas corrigindo aquela resposta em que você errou,
mas no próximo conjunto de letras,
você tem uma precisão perfeita.
100% das vezes que você se corrige depois de ter errado,
você sempre acerta a próxima.
E em uma crise, ser positivo a respeito dos erros é fundamental.
Se você tem uma atitude negativa com relação aos erros,
você não irá só levar mais tempo para corrigi-los,
a pesquisa de Jason mostrou que você acaba errando mais.
Aprender com os erros é algo que está no cerne do DNA
da indústria da aviação.
Cada piloto, incluindo o Capitão Sullenburger,
é levado a ter uma atitude positiva com relação aos erros.
Ao final, é isso que faz com que voar tenha ficado tão seguro.
Tudo que conhecemos na aviação,
cada regra do livro-texto, cada procedimento que tomamos,
os temos porque alguém,
em alguma parte morreu, ou muitas pessoas morreram.
Então, adquirimos isso a um grande custo,
lições que advém literalmente com sangue.
Então, precisamos preservar esse conhecimento institucional
e passá-lo às gerações seguintes.
Não podemos ter a falha moral de esquecer essas lições
e ter de voltar a aprendê-las.
E as companhias aéreas já estão aprendendo com o vôo 1549.
Agora há novos procedimentos
no caso de um choque duplo com pássaros.
É uma busca por progresso, ao invés de uma por culpados.
E é uma lição que a medicina precisa aprender.
O erro humano sempre irá estar conosco.
É como lidamos com ele o que realmente interessa.
Eu passei toda a minha carreira
procurando maneiras de envolver
a ciência e a tecnologia ao redor da frágil fisiologia,
de modo a protegê-la.
E trata-se de uma revelação genuína para mim
precisarmos fazer o mesmo com a psicologia,
tornando-nos menos propensos às falhas,
dando-nos, naquele momento, a melhor chance possível.
Traduzido por: VitDoc