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Atualmente, eu nunca, nunca, nunca julgo outros pais.
Eu costumava fazer isso, mas não faço mais.
Sabe quando você vê uma mãe em uma lanchonete McDonald's
ou em uma loja de brinquedos e ela está gritando com o filho?
E ela diz coisas como: "Cale a boca, seu feio, te odeio!"
E todos ao redor estão pensando o seguinte: "nossa, como ela é uma péssima mãe!"
Quer saber? Essas pessoas não são pais! Elas não têm filhos.
Pois se pais estivessem lá, eles estariam pensando:
"O que aquela criança cretina fez com aquela pobre mulher?"
"Aquela mulher coitada, como eu gostaria de ajudar..."
Porque você não sabe, cara, você não sabe.
Ou quando você vê uma mãe que parece ser negligente.
Você a vê no McDonald's com o filho e ela está com uma aparência exausta.
Ela entrou em colapso e todas as sacolas de compras estão caídas, espalhadas ao seu redor.
E a criança está feliz, a criança está comendo batatinhas fritas.
E a criança faz uma pergunta como: "mamãe, por que o céu é azul?"
E a mãe diz: "Cale a boca e coma a suas batatinhas fritas".
E você pensa o seguinte: "Que mãe horrorosa. Por que ela não responde à sua criança?"
"Quando eu tiver um filho, eu vou responder todas as suas perguntas,
e abrir seus olhos para as maravilhas do mundo."
Na verdade, você não sabe do que está falando.
Ninguém consegue responder as perguntas de uma criança.
Uma criança nunca aceita nenhuma resposta.
Uma criança nunca diz: "Ah, tá. Entendi". Eles nunca dizem isso!
Eles ficam só mandando mais perguntas. "Por quê? Por quê? Por quê?"
Até que você não lembre de quem você é no final da conversa.
É uma desconstrução insana.
É incrível. Por exemplo, a minha filha, há alguns dias,
perguntou: "Papai, por que não podemos ir lá fora?"
"Porque está chovendo."
"Por quê?"
"Bom, água está caindo do céu."
"Por quê?"
"Porque a água estava em uma nuvem."
"Por quê?"
"Bom... nuvens aparecem quando há vapor."
"Por quê?"
"Eu não sei. Eu não tenho mais nenhum conhecimento.
Essas eram todas as coisas que eu sabia."
"Por quê?"
"Porque eu sou burro, OK? Sou burro."
"Por quê?"
"Porque eu não prestei atenção nas aulas da escola.
Eu ia à escola mas não prestava atenção."
"Por quê?"
"Porque eu estava chapado o tempo todo, eu fumava demais."
"Por quê?"
"Porque os meus pais não me deram nenhuma orientação, eles não se importavam."
"Por quê?"
"Porque eles transaram em um carro e minha mãe engravidou.
E eles ficaram ressentidos comigo, porque eu tomei a juventude deles."
"Por quê?"
"Porque eles não tinham bons valores, não tinham direcionamento."
"Por quê?"
"Porque eles tinham pais desinteressados e assim por diante."
"Por quê?"
"Porque - ah, dane-se - nós estamos sozinhos no universo,
ninguém dá a mínima para o que nos acontece."
Eu vou parar por aqui para ser educado com vocês, mas isso continua por horas e horas.
E vai ficando tão estranho e abstrato que, no final, a conversa está assim:
"Por quê?"
"Porque algumas coisas são e outras não são!"
"Por quê?"
"Porque coisas que não são não podem SER!
"Por quê?"
"Porque, assim, nada não seria. Você não pode ter uma situação em que nada não é
e em que todas as coisas são!"
"Por quê?"
"Porque se nada não fosse, nós teríamos um monte de tralhas
como formigas gigantes com cartolas dançando por aí! Não temos espaço para tudo isso."
"Por quê?"
"Ah! Cale a boca e coma as suas batahinhas fritas, sua peste!"