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Olá, eu sou Terry Phillips.
E aqui comigo está o 2º Doctor, Patrick Troughton.
-Patrick, seja bem vindo. -Olá, Terry!
Acho que deveríamos começar desfazendo o mito de que você odeia
dar entrevistas. Isso é verdade?
Não, não é que eu odeie dar entrevistas,
e não me preocupa mesmo, mas...
É um erro para um ator...
Promover demais sua própria personalidade,
porque é prejudicial para o seu trabalho atual.
Ele tem que ser meio que um nada, entende?
E só vir a vida como pessoa,
quando o espectador está interessado, na estória.
E eu acho que essa é a razão,
porque se você se promover demais,
o público passa a te conhecer mais
do que as pessoas que você está tentando interpretar.
Dificulta seu trabalho.
Bem, nós gostaríamos de te conhecer um pouco mais...
Que gentileza a sua!
Quando você estava fazendo Doctor Who,
já havia um Doctor anterior, o programa já era muito popular naquela época?
Sim, era.
Billy estava no papel há três anos
quando me convidaram para fazê-lo.
Acho que ele estava ficando cansado,
e não acho que ele estava realmente bem perto do fim.
Ele tinha problemas circulatórios ou algo parecido...
E...
Eu achava que o programa...talvez...
estivesse começando a perder um pouco o fôlego,
que a "piada estava perdendo a graça".
E fiquei atônito quando me chamaram para o papel.
E eu pensei: "Ah não" e
"Caramba, recriar um personagem desses...
provavelmente só duraria seis semanas comigo,
não vale a pena fazer.
E três anos depois...
Vinte e três anos depois!
Desculpe, sim.
Mas três anos depois que você entrou no papel,
você ainda estava atônito com o fato da "piada ainda ter graça"?
Acho que não,
porque era muito...
Era muito popular comigo,
assim como foi com o Billy.
Era um papel adorável, eu amava fazê-lo
e a audiência familiar gostava muito de mim,
e eu me arrependo muito de ter saído,
mas mais uma vez, você não
pode ficar num trabalho para sempre
sendo um ator.
Você aparece em vários lugares
desconhecidos para o público americano.
Você gosta disso, de estar lá, mesmo que escondido?
Se refere a muitos papeis? Ah sim, eu amo.
Amo a variedade.
Sempre fiz papeis completamente diferentes.
Comecei na veia clássica, no Bristol Old Vic,
e então fui para a companhia de Robert Donat em Londres
e ao Teatro Mercury fazer algumas peças do T.S. Eliot,
e tive uma base muito boa com essas coisas.
Mas então, fui para a televisão,
bem no comecinho, em 1948, quando era tudo ao vivo.
E tive a chance de fazer todos os tipos de papel.
Bonzinhos, vilões, caracterizados, modernos, tudo.
E tinha um públibo muito pequeno, 300 mil pessoas na época, somente em Londres
E olha como está agora!
E os diretores costumavam te usar muitas vezes,
porque uma vez que você tinha feito tv,
eles sabiam que até certo ponto você já tinha os trejeitos,
e um diretor poderia ficar mais tranquilo
porque sabia vagamente o que iria acontecer.
Não teriam que assessorar alguém num novo meio.
E era completamente novo, era uma mistura de teatro
e filme...que nunca havia sido
...tentada antes.
E você precisava fazer...
Precisava fazer estando calmo.
Não que você estivesse sempre calmo na televisão ao vivo!
Não me lembro de estar calmo na televisão ao vivo...
Foi há 15 anos..
Você sente falta dessa coisa do ao vivo?
Não! De jeito nenhum!
Era um pouco amador na verdade,
você ligava uma câmera, um microfone, arrumava os atores,
tinha que cortar e então a mesa de corte enlouquecia lá em cima
porque não sabia onde estava.
E afinal, é um trabalho profissional
e você tem que produzir algo profissional.
Então...aqueles dias foram mesmo muitos divertidos.
Quando você é mais jovem aguenta tudo isso.
Era um pouco instável, mas tinham coisas fantáticas.
Porque como você sabe, a adrenalina
flui muito rapidamente quando você está num ato ao vivo.
E o palco? Você disse que começou no teatro clássico.
Sim, bem eu tenho uma longa história como ator,
já fiz qualquer papel que você possa imaginar:
anti-heróis, muitos do Dickens...
Coisas como o Quilp de ‘The Old Curiosity Shop’,
que fez muito sucesso
e é um papel que eu lembro com muito carinho e entusiasmo.
Esse tipo de coisa, comédia selvagem, e
vilões era o que eu costumava interpretar.Então...
Eu tive uma longa experiência fazendo todo tipo de papel.
E isso, como acabou se vendo,
foi uma oportunidade de exercitar
meu lado mais leve, mais levado da minha natureza,
o que eu aproveitei o máximo que pude.
No começo,
eu estava pensando em fazer o Doctor bem sério e rude.
Era muito difícil seguir o Billy, nunca havia sido feito antes.
Todo o conceito de aparecer um Doctor
completamente novo e
ninguém sabia se o público aceitaria isso,
e ninguém queria ir pro fundo do poço,
mas tínhamos carta branca e poderíamos fazer o que quiséssemos,
mas havia de ter continuidade, ele tinha que ser de outro mundo,
ele vem de outro planeta, essa era a coisa mais importante,
e no começo eu tinha várias ideias de como fazer algo parecido com o
que eu estava acostumado a fazer, um capitão rígido do exército.
Então eu pensei: "Quando isso acabar, terei que...
que voltar a fazer papéis na tv e
as pessoas me reconhecerão como Doctor Who,
então eu vou é me maquiar de preto, colocar um turbante, brincos de latão
e fazer algo no estilo do Conrad Veidt.
Depois eu tiro tudo e ninguém me reconheceria."
Mas eles não gostaram,acharam uma ideia ruim.
E então, o Sidney Newman teve essa ideia adorável de fazê-lo muito leve,
um personagem meio "Chaplinesco",
mas sem o talento do Sr. Chaplin.
Ele era um gênio do humor.
Mas era o que Sidney Newman tinha em mente,
ele me incitava a fazer coisas fantásticas...
com mimíca, mas as eu não conseguia,
Tentei fazer tudona minha cabeça.
E foi um alívio
fazer um papel atrevido,
Um pouco atrapalhado, não era?
Você não sabe se ele está atrapalhado ou com os olhos brilhando.
Era um papel para se viver por três anos,
porque era muito feliz e você ficava feliz então.
É invevitável se livrar por completo do personagem quando você vai pra casa.
E eu tinha uma família jovem,
e isso era ótimo também, me manteve em contato com meu público.
Mesmo sendo um programa familiar,
era 50% para crianças,
e tendo crianças com cinco, sete e nove,
me manteve em contato com o queo público queria, o que era ótimo.
Tradução e Legenda: Matheus Carvalho [universowho.org]