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Momento de Reflexão
DESÍGNIO DE AMOR DO SAGRADO CORAÇÃO NA INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA
Irmãos e Irmãs:
Olhai para Jesus à mesa da Ceia, abençoando o Pão, que Ele muda substancialmente no seu corpo.
Vede-O elevando ao céu os seus olhos divinos.
Todo o seu rosto brilha com uma doçura inefável.
Ele está num êxtase de amor.
É que neste momento o Sagrado Coração realiza o ideal da sua vida.
Ele quis oferecer-nos uma nascente de graças,
onde pudéssemos colher todas as bênçãos e todas as alegrias.
Quis também dar-se a nós para viver na intimidade com cada um de nós.
Realiza tudo isto instituindo a Eucaristia, e está como que inebriado de alegria e de amor.
I. O Sagrado Coração quis instituir a Eucaristia para nos comunicar todos os seus bens
«Desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco» (Lc. 22).
Durante toda a sua vida, Jesus tinha fome e sede de ver o dia desta Páscoa.
Queria abrir-nos esta nascente de vida, queria começar esta intimidade connosco.
A Eucaristia era a nascente de todos os dons que o seu Coração nos abria.
Não é apenas um dom especial, um favor particular que este Coração liberal quer fazer às almas que ama;
são todos os dons ao mesmo tempo, são todas as graças concentradas num só dom.
Sejam quais possam ser as necessidades de uma alma nesta vida,
é aqui que ela encontra o socorro, o remédio, os recursos para tudo.
É um resumo de todos os seus dons que nos deixou o Deus de misericórdia,
dando-nos este pão de vida...
Almas que a tentação prova, que as desgraças afligem,
almas perturbadas e hesitantes, almas pobres, enfermas, moribundas,
sabei recorrer a este remédio divino.
Almas ternas, que tendes necessidade de afeição, vinde a este amigo.
Lá tudo se encontra ao mesmo tempo: os conselhos da amizade,
os exemplos da santidade, as direcções da sabedoria divina.
É neste tesouro de toda a espécie de bens que uma infinidade de almas encontrou a sua satisfação.
Os outros meios faltam-nos às vezes:
A ocasião, a oportunidade, uma abordagem fácil são-nos recusados;
mas neste sacramento admirável,
Jesus está sempre presente, está sempre pronto, está em toda a parte e está para todos.
II. Ele deu-nos mais que todos os bens dando-nos a nascente mesma e a dispensação destes bens.
Todos os bens que nos traz a Eucaristia são frutos maravilhosos;
mas Nosso Senhor não quis dar-nos apenas os frutos da sua caridade infinita,
quis dar-nos a árvore mesma que carrega estes frutos.
Ele dá-se a si mesmo a nós, dá-nos o seu Coração, que é a fonte de toda a misericórdia.
Dando-se a si mesmo, dá-nos tudo e não se reserva nada:
dá-nos a sua humanidade santíssima com todos os méritos da sua vida mortal;
dá-nos a sua divindade, com todos os tesouros da sua sabedoria, do seu poder e da sua infinita bondade.
Não coloca, em suma, outros limites ao desejo que nós mesmos temos de nos enriquecer
a não ser aqueles que nós mesmos metemos pela nossa disposição e pela nossa capacidade.
Os homens ganham o nosso coração com pequenos presentes,
não seremos nós insensíveis apenas a respeito de Nosso Senhor,
cujo Coração é para nós todo pródigo de benefícios?
III. Quis unir-se intimamente a nós
Nosso Senhor deu-nos na Eucaristia todos os seus dons e a sua fonte mesma,
é o amor de benevolência no seu grau supremo;
mas não é tudo, Jesus quis testemunhar-nos também na Eucaristia o amor de amizade e de intimidade.
Quis permanecer connosco, conversar connosco
e permitir que nos abandonemos à mais doce familiaridade para com Ele,
como permitia aos seus apóstolos e sobretudo a S. João.
Sim, a liberalidade do seu amor levou-o até lá.
Parece, como diz S. Dinis, que tenha estado mesmo fora de si na sua amizade por nós.
Ele mesmo é este comerciante do Evangelho que vende todas as suas riquezas
para adquirir uma pérola que estimou rara e de um grande preço.
E esta pérola aos seus olhos é o nosso pobre coração que nos pede.
Ele quer ser tudo para nós para que nós sejamos tudo para Ele.
A razão repeliria tal crença, se a fé não no-la impusesse.
Resolução. – Ó Jesus, a vossa amizade confunde-me. A minha alma sente-se perturbada.
Que é que eu fiz até ao presente para lhe responder? Como pude desprezar tais avanços?
Digo com os lábios e gostaria de dizer com todo o meu ser:
Eis o meu coração, tomai-o e nunca mais me permitais que o tome de volta ou que o partilhe.
( De “P. Dehon – Coroas de Amor”)
A Bênção de Deus Todo-Poderoso e Presente na Divina Eucaristia, Pai, Filho e Espírito Santo
desça sobre vós e permaneça para sempre. Ámen.