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Meu pai foi... ele está à esquerda aqui...
Meu pai foi...
oficial do quadro geral do exército soviético.
Ele foi inspetor de tropas terrestres
-- tropas soviéticas estacionadas em países como
Mongólia, Cuba, países do leste europeu...
Esta é a foto tirada na entrada de meu
Instituto de línguas orientais -- é parte da Univ. Estatal de Moscou.
Como todo estudante soviético, fui "voluntário"
para colher cereais no Cazaquistão.
Ao fim de minha instrução na escola fui recrutado pela KGB
-- esta foto foi tirada neste dia,
e você pode ver quão feliz é ser recrutado pela KGB.
Preste atenção especial ao número de garrafas na mesa.
Uma de minhas funções era manter convidados estrangeiros
permanentemente embriagados a partir do momento em que pousam no aeroporto de Moscou.
Em 1967 a KGB me designou a esta revista,
a revista Look,
um grupo de 12 pessoas chegaram à URSS vindas dos EUA
para cobrir o 50o aniversário da revolução socialista de outubro em meu país.
Da primeira à última página era um pacote de mentiras.
Subversão Soviética da Imprensa do Mundo Livre
Uma conversa com Yuri Bezmenov, ex-propagandista da KGB
Entrevistador G. Edward Griffin
Nossa conversa é com o Sr. Yuri Alexandrovitch Bezmenov.
O Sr. Bezmenov nasceu em 1939
em um subúrbio de Moscou.
Ele foi filho de um oficial soviético de alta patente.
Ele foi educado nas escolas de elite dentro da União Soviética
e se tornou um especialista em cultura indiana e línguas indianas.
Ele teve uma carreira brilhante com a Novosti,
que foi o -- e ainda é, devo dizer --
o braço ou agência da imprensa da União Soviética
e acaba que ela é também uma frente para a KGB.
Uma de suas tarefas interessantes era fazer lavagem cerebral
em diplomatas estrangeiros quando visitavam Moscou.
E ele nos contará como eles faziam isto e como infiltravam
informação que eventualmente acabava na imprensa do mundo livre.
Ele escapou para o Ocidente em 1970, após ficar totalmente enojado
com o sistema soviético, e ele o fez com grande risco para sua vida.
Ele certamente é um dos grandes especialistas do mundo
no tema de propaganda soviética,
desinformação e medidas ativas.
Sr. Bezmenov, eu gostaria de começar pedindo para nos contar
um pouco de suas memórias de infância.
Bem, a lembrança mais vívida de minha infância
foi a 2a Guerra Mundial.
Ou, para ser mais preciso, o fim da 2a Guerra Mundial.
Quando, de súbito, os EUA de uma...
nação amiga
que nos ajudou a derrotar o nazismo
se transformou da noite pro dia num inimigo mortal.
E foi muito chocante, porque
todos os jornais estavam tentando apresentar
uma imagem de imperialismo americano beligerante e agressivo.
A maioria das coisas que nos ensinavam é que os EUA
são uma potência agressiva prestes a invadir nosso
país socialista lindo e livre.
E que a CIA dos EUA está jogando
besouros-da-batata em nossas lindas plantações de batatas
para eliminar nossas plantações.
E todo aluno tinha uma foto de um besouro da batata nas costas do caderno.
E éramos instruídos a ir aos campos coletivos
para procurar esses besourinhos da batata
-- é claro que não conseguimos achar nenhum.
Tampouco conseguimos achar muitas batatas!
E novamente isto foi explicado pelas intrusões do poder imperialista decadente.
A paranóia, a histeria anti-americana na propaganda soviética
era a tal ponto...
a tão alto grau
que muitas pessoas menos céticas, ou menos teimosas
de fato acreditavam que os EUA estavam prestes a invadir nossa linda pátria-mãe.
E alguns secretamente esperam que isto se realize!
Isso é interessante! - Sim!
Mas, voltando à vida dentro da União Soviética...
ou dentro de países comunistas em geral,
Neste país...
...no nível universitário primariamente, nós...
lemos e ouvimos que
o sistema soviético é diferente do nosso mas não tão diferente,
que há uma convergência se desenvolvendo entre todos os sistemas do Mundo.
E não faz muita diferença de verdade o sistema sob o qual você vive porque
há corrupção, desonestidade, tirania e esse tipo de coisa.
Pela sua experiência pessoal, qual é a diferença entre a vida sob o comunismo e a vida nos EUA?
Bom, a vida é obviamente muito diferente,
pelo simples motivo de que a União Soviética
é um capitalismo de Estado -- economicamente, é um capitalismo de Estado --
onde um indivíduo não tem absolutamente direito algum,
valor algum, sua vida não é nada, ele é como um inseto,
ele é descartável,
enquanto nos EUA até o pior criminoso
é tratado como um ser humano
ele tem um julgamento justo, e alguns faturam em cima de seus crimes.
Eles publicam suas memórias nas prisões.
E são pagos generosamente por vossos editores malucos.
As diferenças, é claro, na vida quotidiana são muito variadas
dependendo de quem você está falando.
Na minha própria vida particular eu nunca sofri com o comunismo
simplesmente porque cresci numa família de oficial militar de alta patente.
A maioria das portas estavam abertas pra mim.
A maioria das minhas despesas foram pagas pelo governo.
E nunca tive nenhum problema com as autoridades ou com a polícia.
Então, em outras palavras, eu diria que eu gozei...
ou que tinha bons motivos para gozar das vantagens do dito
sistema socialista.
Minhas principais motivações para desertar eram...
não tinham nada a ver com afluência
era mais indignação moral, protesto moral,
rebelião contra os métodos desumanos do sistema soviético.
Bem, especificamente, a que você se objetava?
Eu me objetava antes de tudo à opressão de meus próprios dissidentes e intelectuais.
E esta foi a coisa mais nojenta que...
presenciei quando jovem, jovem estudante,
fui criado num período problemático de nossa história
de Stalin a Khrushchov.
Da total tirania e opressão
a um certo tipo de liberalização.
Em segundo, quando comecei a trabalhar para a embaixada soviética na Índia
eu, para meu horror, descobri que nós somos
milhões de vezes mais opressores que qualquer
potência colonial ou imperialista na história da humanidade.
Que meu país traz à Índia não liberdade, progresso e amizade entre as nações,
mas racismo, exploração e escravidão.
E, é claro, ineficiência econômica para este país.
Desde que me apaixonei pela Índia,
desenvolvi algo que pelos padrões da KGB é algo extremamente perigoso.
É chamado "dupla lealdade",
quando um agente gosta mais de seu país de atribuição que de seu próprio país.
Eu literalmente me apaixonei por este lindo país,
um país de grandes contrastes, mas também um país de grande humildade,
grande tolerância e liberdades filosóficas e intelectuais.
Meus ancestrais viviam em cavernas e comiam carne crua
enquanto a Índia era uma nação altamente civilizada,
há seis mil anos atrás.
Então, obviamente a escolha foi
não para a vantagem de minha própria nação, eu decidi desertar
e me desassociar inteiramente daquele regime brutal.
Sr. Bezmenov, nós lemos um bocado sobre os campos de concentração
e campos de trabalho escravo sob o regime de Stalin.
Agora a impressão geral na América é que essas coisas são parte do passado.
Ainda está acontecendo hoje, ou qual é a situação? - Sim.
Sim.
Não há mudança qualitativa no sistema soviético de campos de concentração.
Há mudanças no número de prisioneiros.
Mas novamente, isso são...
estatísticas soviéticas inconfiáveis.
Não sabemos quantos prisioneiros políticos estão nos campos de concentração soviéticos.
O que sabemos de certo de várias fontes
é que em cada época em particular há perto de
25 a 30 milhões de cidadãos soviéticos
que são mantidos virtualmente como escravos no sistema de campos de trabalho forçado.
Uma população do tamanho da de um país como o Canadá
está cumprindo penas como prisioneiros.
- Incrível.
Então, eu diria que
aqueles intelectuais que tentam convencer o público americano
de que o sistema de campos de concentração é algo do passado
ou estão conscientemente enganando a opinião pública
ou não são pessoas muito intelectuais,
elas são seletivamente cegas.
Elas não... falta a elas honestidade intelectual quando dizem isso.