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Bem vindo novamente à 500 Nações. Eu sou Kevin Costner.
Para muitos de nós, o quadro mais vívido do mundo indígena veio de filmes...
...heróis da tela lutanto contra exércitos de índios hostis.
Agora a maré mudou na produção de filmes, felizmente...
...mas a imagem de guerreiros índios cavalgando através das Grandes Planícies...
...ainda permanece como o símbolo universal de todos os índios americanos.
Mesmo com esta imagem vívida, sabemos pouco sobre o povo em si...
...e os indivíduos lendários que o conduziu.
Os homens que lutaram e sacrificaram tudo por suas nações.
Nesta hora, veremos os povos das Planícies numa luz diferente.
Mas primeiro, viajaremos para o Oeste mais distante...
...à um lugar onde centenas de milhares de pessoas indígenas...
...viveram em uma das regiões mais belas e pacíficas do continente:
Califórnia.
Bem-vindos à parte sete de 500 Nações:
"A Luta pelo Oeste."
A Outra Costa - Califórnia
Trezentas mil pessoas viveram nos ambientes diversos da Califórnia.
Elas falavam 80 línguas...
...trabalhavam, adoravam e criavam crianças em terras ocupadas pelos seus ancestrais...
...desde antes da alvorada da civilização européia.
Muitas nações da Califórnia se desenvolveram em sociedades altamente estruturadas.
Entre elas, uma das maiores, foi a nação Chumash...
...morando nas ilhas costeiras e ao longo da costa...
...na área que hoje é chamada de Santa Bárbara
Grandes cidades Chumash...
...sustentavam uma classe profissional de astrólogos, sacerdotes...
...líderes do governo e curandeiros.
Os trabalhadores pertenciam a antigos grêmios artesanais de fabricantes de cestos e canoas.
Os trabalhadores também fabricavam contas de concha chata que eram a moeda da região.
A provisão e controle do dinheiro colocaram a nação Chumash...
...no centro da economia da Califórnia do Sul.
Até o final do século 18...
...este mundo complexo dos antigos Chumash...
...e os seus vizinhos costeiros seria modificado para sempre.
Em 1772, missionários espanhóis...
...conduzidos pelo Padre Junîpero Serra, chegaram ao território Chumash.
"Acredite em mim, quando vi o comportamento geral deles...
...o seu jeito agradável e modos atraentes...
...o meu coração se partiu em pensar que eles ainda eram privados...
...da luz do Evangelho Sagrado."
Padre Junípero Serra, missionário espanhol.
Ignorando a beleza e complexidade de sociedade Chumash...
...os espanhóis começaram a convertê-los à cristandade...
...por quaisquer meios necessários.
"Eu e dois dos meus parentes descemos até à praia para apanhar moluscos.
Vimos dois homens a cavalo vindo rapidamente em direção a nós.
Os meus parentes temeram.
Eles fugiram com toda a velocidade.
Foi tarde demais.
Eles me pegaram com lasso...
...e me arrastaram por uma longa distância...
...com seus cavalos galopando.
Quando chegamos à missão...
...trancaram-me em uma sala durante uma semana.
O padre me disse que iria fazer de mim um cristão.
Um dia, eles jogaram água na minha cabeça...
...e me deram sal para comer, e com isto...
...o intérprete me disse que agora eu era cristão...
...que iam me chamar de Jesus."
O desenvolvimento da missão em uma força de trabalho coagida...
...não aconteceu do dia para noite. Foi gradual, mas conseqüentemente...
...eles forçaram os índios a abandonar a sua forma livre de viver em suas aldeias naturais...
...e os confinaram a uma área central da missão para serem controlados.
Uma vez que uma família era tomada e colocada nas missões...
...os missionários separavam as crianças de seus pais.
Todos os meninos e meninas de 6 anos de idade foram encarcerados em casernas de crianças.
Portanto era trabalho, religião e trabalho o dia inteiro.
Altamente estruturado, altamente supervisado.
O povo indígena foi posto para trabalhar com couro, ferraria...
...e cuidar dos rebanhos da missão.
Eles faziam velas, tijolos, telhas...
...sapatos, selas e sabão.
O labor foi estritamente forçado com a disciplina do chicote.
"E assim, eu existi...
...até encontrar uma maneira de escapar.
Mas seguiram a minha pista.
Eles me pegaram como uma raposa.
Eles me açoitaram até que eu perdesse a consciência.
Durante vários dias, não conseguia me levantar...
...do chão onde eles tinham me posto.
Ainda tenho nos meus ombros...
...as marcas dos chicotes."
Janitil, Kumeyaay.
Durante mais de 50 anos, o sistema das missões...
...imposto pelas armas espanholas, exercitou controle ao longo da costa da Califórnia...
...esmagando cada revolta.
Dentro das missões...
...doença e condições de vida ásperas contribuíram para uma taxa de morte genocida.
A vida média de um índio de missão era menos de 12 anos.
Para crianças, era menos de seis anos.
Assim houve uma necessidade constante de alimentar esta máquina com trabalhadores.
E um dos legados tristes das missões de Califórnia...
...é que quando as pessoas vão ate lá hoje, eles não pensam nos índios.
Eles dizem que foram os padres que construíram as missões. Isto é absurdo.
Os índios da Califórnia construíram as missões.
Na missão de Santa Bárbara sozinha...
...mais de 4000 nomes Chumash preenchem o registro de enterros...
...os seus corpos descartados em grandes covas perto da igreja.
Em 1821...
...o controle da Califórnia foi transferido para o México...
...depois que se tornou independente da Espanha.
O governo mexicano secularizou as missões.
O povo indígena foi liberto para ir embora.
Porem 50 anos transformaram o seu mundo por completo.
As velhas aldeias haviam desaparecido.
Nos seus lugares estavam agora grandes propriedades mexicanas.
Mesmo as terras das missões onde eles tinham trabalhado e vivido...
...se tornaram partes de vastas fazendas privadas.
"Estar ali e ver esses homens tomarem posse das missões que construímos...
...os rebanhos que cuidamos...
...e sermos exposto incessantemente, juntamente com as nossas famílias...
...ao pior tratamento possível e até a própria morte...
...é uma tragédia."
Missão Luis Rey São, neófito.
Sem lar e com poucas escolhas para sobrevivência...
...os índios da missão foram forçados a trocar um mestre pelo outro...
...se tornando camponêses nos ranchos.
"Muitos dos homens ricos do país...
...tinham de 20 até 60 trabalhadores indígenas que vestiam e alimentavam.
"Os nossos índios amistosos cultivavam o nosso solo, levavam nosso gado para pastar...
...cortavam nossa madeira, construíam nossas casas, fabricavam azulejos para nossas casas...
...moiam nossos grãos, matavam nosso gado, curtiam o couro para o mercado...
...enquanto as mulheres indígenas eram empregadas excelentes...
...tomavam bom cuidado das nossas crianças, faziam cada uma das nossas refeições."
Salvador Vallejo, proprietário de terras mexicanas.
Em 1848, depois da Guerra Mexicano-Americana...
...Califórnia passou de mãos mexicanas para mãos americanas.
Logo depois, ouro foi descoberto no norte...
...trazendo um ímpeto de mineiros para as terras da nações do interior...
...que ate então estavam fora do alcance da missões costeiras e ranchos mexicanos.
"A maioria das tribos vive com medo constante por causa do indiscriminado...
...massacre inumano dos seus povos.
Eles estão ficando alarmados com a inundação de imigrantes...
...bem espalhada pelo seu país.
É simplesmente incompreensível para eles."
Adam Johnson, agente indígena.
Os mineiros entravam em comunidades indígenas a procura de mulheres.
Grupos justiceiros abriam fogo em homens, mulheres e crianças...
...apagando aldeias inteiras.
Era epóca de caça aberta ao povo indígena...
...a quem chamavam derrisoriamente de "cavadores".
Jornal "The Humboldt Times", Heureca, 11 de abril.
Manchete, "Bom Arrastamento de Cavadores.
Um Homem Branco Morto.
Trinta e oito Bucks (homens indios) Mortos.
Quarenta Squaws (mulheres índias) e Crianças Tomadas."
17 de janeiro. Manchete:
"Bom Arrastamento de Cavadores.
Bando Exterminado."
Na década de 1850...
...enquanto a nação americana estava à beira da guerra civil...
...em cima da questão de escravidão...
...a exigência de trabalho agrícola na Califórnia era tão alta...
...que a legislatura estatal passou um ato...
...legalizando escravidão indígena.
"Tropas dos Estados Unidos...
...apoiadas por uma força voluntária de tamanho considerável...
...estão perseguindo as pobres criaturas de um esconderijo ao outro.
Sequestradores seguem nos calcanhares dos soldados para apanhar as crianças...
...após seus pais serem assassinados e as vendem à melhor vantagem."
W.P. Dole, agente indígena.
Somente 30,000 habitantes nativos da Califórnia sobreviveram a corrida do ouro...
...10 por cento do que tinha sido a área indígena mais densamente povoada...
...ao Norte do México.
Durante a minha última visita a Ventura...
...vi os últimos dos índios Venturas.
Eles viviam em uma cabana muito pequena ao leste da boca do rio.
Um dos homens velhos me disse...
...eles ficaram muito contentes que não me envergonhei de falar a língua indígena.
Eles me disseram para continuar a usá-la...
...e guardar as crenças.
Se eu fizesse assim, eu viveria por muito tempo.'
Fernando Librado, Chumash.
Fernando Librado viveu até os 111 anos.
"Uma vez fui à casa de Donaciana.
Eu queria aprender a Dança do Peixe-Espada.
Depois da refeição, pedi a ela que me ensinasse as velhas danças, e eu disse:
"Pois vocês são os únicos restantes que conhecem as antigas danças.'
Donaciana começou a chorar...
...e parti, sem dizer mais nada."
Fernando Librado, Chumash.
As Planicies do Sul
Durante milhares de anos...
...o búfalo trovejou através das Grandes Planícies...
...um mar vasto de pasto...
...subindo do Rio Mississippi até as Montanhas Rochosas.
Vivendo dos rebanhos haviam pequenos grupos de nações indígenas nômades.
"Minha avó me disse que quando ela era jovem...
...o povo tinha que andar por si só.
Naqueles tempos, eles não viajavam longe e nem frequentemente."
Em 1680, os espanhóis foram expulsos do sudoeste pelas nações Pueblo.
Enquanto fugiam, eles deixaram para trás suas tropas de cavalos...
...um animal que modificaria a maneira de viver das nações indígenas...
...através do continente.
"Quando eles adquiriram cavalos, eles podiam mover-se mais facilmente de um lugar a outro.
Então eles podiam matar mais búfalo e outros animais.
E portanto eles adquiriram mais carne para comida e reuniram mais peles...
...para tendas e roupas."
Iron Teeth (Dentes de Ferro), Cheyenne.
Uma nova cultura desenvolveu-se...
...baseado na relação entre homem e cavalo.
"O meu cavalo luta comigo...
...e ele faz jejum comigo...
...porque se ele me carregar em batalha...
...ele deve conhecer o meu coração, e devo conhecer o seu...
...ou nunca seremos irmãos.
Me disseram que o homem branco...
...que é quase um deus, e ainda um grande tolo...
...não acredita que o cavalo tenha um espírito.
Isto não pode ser verdadeiro.
Vi muitas vezes a alma do meu cavalo...
...nos seus olhos."
Plenty Coups, Crow.
Com a vinda do cavalo...
...as nações das Planícies se tornaram lendárias:
Crow, Cheyenne, Sioux, Blackfeet...
...Arapaho, Pawnee, Kiowa, Comanche.
E por gerações, a sua forma de vida floresceu.
Dai, em 1858...
...ouro foi descoberto no Pike's Peak, Colorado.
Quatro anos depois...
...a Lei de Apropriação abriu a região a colonização dos brancos.
Quase imediatamente, a invasão se tornou uma inundação.
Em um ano apenas...
...100.000 emigrantes enxamearam as Planícies por meio de duas estradas principais...
...abrindo uma larga faixa de destruição.
Para proteger a passagem nas estradas dos emigrantes...
...os Estados Unidos construiram uma rede de fortalezas através das Planícies...
...e rapidamente produziram cadetes na Academia Militar de West Point especialmente treinados para guerra indígena.
Foi a missão do Exército...
...forçar nações móveis, que caçavam na extensão de grandes territórios...
...para áreas confinadas:
Reservas.
As pessoas indígenas tinham apenas duas opções:
Abandonar as suas terras pátrias e forma de vida...
...ou lutar contra o Exército Americano.
Embora alguns escolhessem a resistência armada, muitos líderes índios...
...responsáveis pela proteção de grandes aldeias de mulheres, crianças e idosos...
...viram pouca esperança em lutar.
Entre esses estavam dois líderes Cheyenne:
Caldeira Preta e Antílope Branco.
Eles estavam dispostos a abandonar terras para manter a paz...
...e trazer seu povo seguramente através da era perigosa.
Caldeira Preta e Antílope Branco - A Trilha da Paz
Antílope Branco e Caldeira Preta...
...tinham um dever a cumprir com seu povo de tentar protegê-los.
E para fazer isto, eles tinham de manter a paz.
Portanto eles sentiram que era o seu dever sair...
...e fazer as pazes com os Estados Unidos, portanto assim o fizeram.
Caldeira Preta e Antílope Branco...
...cederam terras vastas dos Cheyenne aos Estados Unidos em 1861...
...e aceitaram o confinamento a uma reserva...
...em troca de proteção dos soldados e colonizadores...
...e ajuda de comida e dinheiro para substituir as terras de caça perdidas.
Entao eles viajaram até Washington para encontrar com o Presidente Lincoln.
Lincoln apresentou a Caldeira Preta com uma grande bandeira americana...
...e Antílope Branco com uma Medalha de Paz.
Mas durante os três próximos anos...
...desassossego contiinuou nas Planícies...
...rumores se espalharam de um guerra indígena iminente.
Em Denver, Governador John Evans inflamou a opinião pública...
...fabricando histórias de hostilidade Cheyenne...
...e incentivando cidadãos a lutar contra eles.
Em busca de proteção para seus bandos pacíficos...
...Caldeira Preta e Antílope Branco empreenderam a viagem perigosa...
...a Denver para encontrar com o Governador Evans.
"Tudo que pedimos...
...é que possamos ter paz com os brancos.
Quero que você dê a todos os chefes dos soldados aqui...
...a entender que somos pela paz...
...e que já fizemos as pazes...
...que não sejamos confundidos por eles como inimigos."
Caldeira Preta, Cheyenne do Sul.
Prometeram a Caldeira Preta e Antílope Branco a segurança do seu povo...
...se eles acampassem perto da Fortaleza Lyon no Colorado do Sul.
Mas o comandante militar do Colorado...
...Coronel John Chivington...
...não tinha plano algum de paz com qualquer povo indigena.
"Condene qualquer homem que simpatize com índios.
Eu vim para matar índios...
...e acredito que é direito e honroso...
...usar qualquer meio abaixo do céu de Deus...
...para matá-los."
Coronel John Chivington.
Disseram a Caldeira Preta e Antílope Branco onde deveriam acampar...
...e que eles não tinham nada a temer do Exército dos Estados Unidos.
Por que se preocupar?
Eles estavam sob a proteção da bandeira americana.
Eles estavam sob a proteção...
...do sinal de paz internacional, a bandeira branca.
Ao amanhecer no dia 29 de novembro de 1864...
...Os Voluntários de Chivington do Colorado atravessaram a neve a cavalo...
...em direção ao acampamento do Caldeira Preta e Antílope Branco em Sand Creek.
Duas mulheres estavam fora buscando lenha...
...quando elas viram o que pensaram ser búfalo. Mas não era.
Elas jogaram a lenha no chão e começaram a gritar e correram em direção ao acampamento.
O Cheyenne George Bent foi acordado com um susto.
"Ouvi gritos e o barulho do povo correndo pelo acampamento.
Levantei-me num ímpeto e corri para fora do meu alojamento.
Vindo do riacho, um grande corpo de tropas avançava em um trote rápido.
Olhei em direção ao alojamento do chefe...
...e vi o Caldeira Preta...
...ele tinha uma grande bandeira americana atada ao fim de um longo poste do alojamento...
...e estava em frente do seu alojamento segurando o poste.
"Chefe Caldeira Preta, estava na frente do sua tenda protegindo o seu povo...
...para mostrar-lhes que ele não estava com medo.
E ele tentava dizer-lhes que fizemos as pazes. Estamos em paz.
Então as tropas abriram fogo dos dois lados do acampamento.
As mulheres e as crianças gritavam e choravam...
...os homens, correndo aos seus alojamentos para pegar suas armas...
...e gritando conselhos e direções um a outro.
O Antílope Branco viu os soldados baleando as pessoas...
...e ele não desejou viver por mais tempo."
O meu trisavô, Antílope Branco...
...ele sentiu seu coração partir...
...que ainda outro tratado tinha sido quebrado.
A paz que eles buscavam durante um longo tempo tinha sido despedaçada...
...tinha sido quebrada.
"O antílope Branco estava na frente do seu alojamento...
...com os seus braços cruzados no peito...
...cantando a canção da morte."
E ele chorou.
Ele cantou a sua canção:
"Nada vive muito tempo." Ele levantou os seus braços.
"'Nada vive muito tempo além da terra e as montanhas."
Antílope Branco...
...usando a medalha de paz dado a ele por Presidente Lincoln...
...foi morto a tiros em frente ao seu alojamento.
Caldeira Preta e sua esposa correram em direção à beira do riacho...
...onde as pessoas cavavam desesperadamente na areia procurando proteção.
Antes que eles pudessem chegar...
...a esposa de Caldeira Preta foi baleada.
Acreditando estar morta, ele continuou correndo sem ela.
"A maioria de nós, que estava se escondendo nas covas, tinha sido ferida...
...antes que pudessemos alcançar o abrigo.
E lá deitamos durante todo aquele dia frio e amargo...
...de manhã cedo até quase escuro...
...com os soldados todos em volta de nós mantendo fogo pesado a maior parte do tempo.
Eles finalmente se retiraram por volta das 17:00h.
Enquanto eles se retiravam, descendo o riacho, matavam todos os feridos que conseguiam encontrar.
Aquela noite nunca será esquecida...
...enquanto qualquer um de nós que passou por isso ainda estiver vivo.
Muitos que tinham perdido esposas...
...maridos e crianças ou amigos...
...voltaram ao riacho...
...rastejaram-se por cima do campo de batalha entre os corpos...
...nus e mutilados dos mortos.
Poucos foram encontrados vivos...
...já que os soldados tinham feito o seu trabalho por completo."
George Bent, Cheyenne do Sul.
Mais de 500 pessoas Cheyennes do Sul morreram.
Caldeira Preta encontrou a sua esposa...
...com nove ferimentos de bala no seu corpo.
Mas milagrosamente...
...ela estava viva.
Os sobreviventes afastaram-se para outro acampamento Cheyenne...
...enquanto Chivington retornou ao Denver com mais de 100 escalpos Cheyenne.
O meu povo foi massacrado.
Coisa terrível.
Os seus espíritos ainda estão lá no local do massacre.
Eles nunca descansarão.
Apesar da sua perda...
...Caldeira Preta não viu nenhuma esperança na resistência.
Em 1868...
...o seu bando estava acampado ao longo do Rio Washita..
...em uma reserva do governo.
Ao amanhecer no dia 27 de novembro de 1868...
...quase quatro anos ao dia depois do massacre de Sand Creek...
...tropas do Exército dos Estados Unidos, sob a ordem de George Armstrong Custer...
...atacaram a aldeia enquanto dormia.
Caldeira Preta, sua esposa...
...e mais de 100 do seu povo foram mortos.
A busca de paz do líder Cheyenne...
...chegou a um amargo fim...
...custando as suas terras, a sua liberdade...
...e as vidas das pessoas que ele tinha tentado tão desesperadamente proteger.
Planícies do Sul - Resistência Kiowa
"Nasci sobre a pradaria...
...onde o vento soprava livremente, e não havia nada...
...para quebrar a luz do sol.
O homem branco tem o país que amamos.
Só desejamos vagar na pradaria...
...até que morramos."
Ten Bears (Dez Ursos).
Ao sul dos Cheyenne...
...os Goi'gu, ou nação Kiowa...
...viviam em terras que incluíam partes do Texas atual...
...Oklahoma e Kansas.
Eles também estavam sendo empurrados para reservas...
...por tratados e o Exército dos Estados Unidos.
Mas a mensagem da traição de Caldeira Preta...
...ressoou através das Planícies.
"O bom índio...
...aquele que escuta o homem branco, não consegue nada.
O índio independente...
...é o único que é recompensado."
Satanta, Kiowa.
Para muitos, a única trilha aberta...
...era a resistência armada.
Um número crescente de Kiowa...
...reunido atrás de um líder intransigente:
Satanta.
"Há muito tempo, esta terra pertenceu aos nossos pais.
Mas quando desço às margens dos rios, vejo acampamentos de soldados nas suas margens.
Esses soldados cortam as minhas arvores...
...matam o meu búfalo...
...e quando vejo isso, o meu coração sente que vai estourar."
Satanta, Kiowa.
Satanta era um espinho que se aprofundava cada vez mais no pé do Departamento de Guerra.
Em 1871...
...depois de conduzir um reide num trem de mulas no Texas...
...ele foi trazido perante o General Sherman.
Satanta desafiadoramente aceitou a responsabilidade pelo reide.
"Levei aproximadamente 100 homens ao Texas para ensinar-lhes a lutar.
Este é o nosso país.
Sempre vivemos nele.
Fomos sempre felizes.
Dai você veio.
Temos que proteger-nos.
Temos que salvar o nosso país.
Temos que lutar pelo que é nosso."
Satanta foi detido...
...algemado e mantido no porão abaixo de um quartel do Forte Still...
...durante 12 dias.
Finalmente, ele foi levado ao Texas para julgamento.
Lá, ele foi aprisionado.
Seria dois anos antes que a nação Kiowa fosse capaz de negociar a sua liberdade...
...em troca de suas armas e cavalos.
Quando Satanta voltou à reserva onde o seu povo estava confinado...
...ele descobriu que o dinheiro, comida e provisões...
...prometidos pelo governo como pagamento das suas terras...
...não tinha chegado.
E o sangue vital da nação, os búfalos...
...desapareciam rapidamente.
Tudo o que os Kiowas tinham...
...vinha do búfalo.
As nossas tendas indígenas foram feitas de peles de Búfalo.
Também foram as nossas roupas e mocassins.
Comiamos a carne do búfalo.
O búfalo era a vida do Kiowas.
Os Estados Unidos reconheceram...
...que sem o Búfalo, as nações das Planícies não poderiam sobreviver...
...e teriam pouca escolha a não ser permanecer em reservas...
...e viver das magras rações do governo.
Caçadores de búfalos brancos com espingardas Sharp de alta potência foram chamados...
...e a matança começou.
"O homem branco virou uma criança que mata indiferentemente e não come?
Quando os Kiowa matam uma presa...
...eles fazem para que eles possam viver e não morrer de fome."
Satanta, Kiowa.
A matança procedeu com uma rapidez espantosa.
Milhares de animais foram mortos cada dia.
"Os caçadores de Búfalo fizeram mais para ajustar a questão do índio irritado...
...do que nosso exército regular inteiro.
A fim da paz duradoura...
...deixe-os matar, esfolar e vender até que os buffalos sejam exterminados."
General Phil Sheridan, Exército de Estados Unidos.
Em meio de uma luta desesperada pela sobrevivência...
...as nações das Planícies do Sul foram à guerra para salvar o búfalo.
No Verão de 1874...
...milhares de índios vieram das reservas.
E naquele momento de liberdade...
...Satanta e os outros lideraram uma força indígena aliada...
...em um ataque contra um acampamento de caçadores de Búfalo em Adobe Walls, no Texas.
Mas eles não foram adversários suficientes para os caçadores com as suas armas de búfalo poderosas.
A derrota foi seguida por expedições militares maciças pelo Exército dos Estados Unidos...
...para forçar as nações das Planícies do Sul de volta para as reservas.
Na queda, Satanta foi forçado a render-se...
...e foi devolvido a penitenciária em Huntsville, no Texas.
Depois, foi relatado...
...que ele tinha se suicidado, pulando de uma janela.
Os Kiowas acreditam que ele foi assassinado.
Eles mataram Satanta.
Isso sempre foi o que os Kiowa pensam.
Eles o mataram. Ele não se matou.
Ele é demasiadamente homem...
...para fazer algo assim. Ele é demasiadamente chefe.
Os chefes não fazem isto.
Até o inverno, todos os bandos dos Kiowa...
...foram forçados a retornar para a reserva.
Na primavera seguinte, os últimos dos Cheyennes renderam-se...
...seguido logo depois pelos últimos Comanches livres.
Determinado a quebrar as nações das Planícies do Sul para sempre...
...o exército ajuntou 10.000 cavalos índios.
Quase 1000 foram mortos...
...o resto foi vendido em leilão.
Em 1890, a população de Búfalo de 50 milhões tinha sido reduzida...
...a menos de 1000.
A guerra para salvar o Búfalo e uma forma de vida tinha sido perdida.
Os Kiowas acamparam no lado norte do Monte Scott...
...aqueles entre eles que ainda tinham liberdade para acampar.
Uma mulher jovem levantou-se muito cedo de manhã.
A névoa da alvorada ainda subia de Medicine Creek...
...quando ela olhou por cima d'água...
...perscrutando pela neblina...
...ela viu o último rebanho de búfalo aparecer...
...como um sonho de espírito.
Diretamente para o Monte Scott, o líder do rebanho andou.
Atrás dele vieram as vacas e os seus bezerros...
...e os poucos machos jovens que tinham sobrevivido.
Enquanto a mulher olhava...
...a face da montanha abriu-se.
Dentro do Monte Scott...
...o mundo era verde e fresco...
...como tinha sido quando ela era uma pequena menina.
Os rios corriam claro, não vermelho.
As ameixas selvagens estavam florescendo...
...perseguindo os botões de flor vermelhos subindo as encostas interiores.
Para este mundo de beleza, o búfalo se foi.
Para nunca ser visto novamente.
Às vezes de tarde, sento-me e olho para fora.
O sol se põe, e a poeira flutua por cima da água.
Nas sombras, parece que novamente posso ver a nossa aldeia...
...com fumaça encaracolando por cima dos alojamentos.
E no rugido do rio, ouço os gritos dos guerreiros...
...a risada das pequenas crianças, e os velhos.
É apenas um sonho de uma velha mulher.
Novamente vejo somente as sombras e ouço só o rugido do rio.
E as lágrimas brotam dos meus olhos.
A nossa vida indígena, eu sei...
...se foi para sempre.
Touro Sentado e Cavalo Louco - De Pé Contra a Corrente
"Qual tratado os brancos guardaram que o homem vermelho quebrou?
Nenhum.
Qual tratado o homem branco já fez conosco e que honraram?
Nenhum."
Sitting Bull (Touro Sentando), Hunkpapa.
As Planícies do Norte espelharam as do Sul...
...com nações indígenas sendo dirigidas para reservas.
Mas ainda um punhado de líderes recusou assinar os tratados...
...e estavam determinados a permanecer livres a qualquer preço.
Esses líderes desafiadores se tornaram heróis para os povos indígenas através das Planícies.
Entre eles, dois homens das nações Sioux se posicionaram sozinhos:
Um deles era o venerado homem santo Hunkpapa, Sitting Bull (Touro Sentado).
O outro foi um jovem combatente Oglala cujo gênio militar feroz...
...incutiu medo nos seus inimigos e inspirou seguidores fervorosos.
A sua imagem nunca seria capturada por fotógrafos ou artistas...
...mas o seu espírito de orgulho e resistência seria seguido pelo seu povo.
O seu nome foi Crazy Horse (Cavalo Louco).
No Verão de 1876, milhares de Cheyenne, Arapaho...
...e pessoas de muitas nações Sioux...
...fugiram das reservas para se juntar a Sitting Bull e Crazy Horse...
...em um grande acampamento ao longo do Rio Little Bighorn...
...no atual estado de Montana.
A reunião, possivelmente a maior na história das Planícies...
...chegou a 8000, com círculos de acampamentos que se estendiam por quiilometros.
O povo indígena estava bem consciente que isto poderia ser...
...a sua última grande celebração de liberdade.
Lá, longe de qualquer colonia dos brancos...
...eles caçaram o restante dos búfalos...
...festejaram, fizeram uma corrida de pôneis, visitaram velhos amigos e parentes...
...e participaram de uma enorme Dança do Sol quel seria lembrada por gerações.
No dia 25 de junho de 1876, enquanto os Estados Unidos...
...se preparava para celebrar 100 anos da liberdade...
...cinco companhias da 7a Cavalaria sob o comando de George Armstrong Custer...
...avançaram para o acampamento de Sitting Bull.
Somente após a poeira da 7a Cavalaria ter subido por cima das colinas...
...que o acampamento assustado tomou ciência das tropas.
Two Moons (Duas Luas), líder dos Cheyennes do Norte, estava nadando no córrego.
"Olhei para cima do Little Big Horn em direção ao acampamento de Sitting Bull.
Vi uma poeira grande subir.
Parecia um redemoinho de vento.
As mulheres gritavam, e os homens soltavam gritos de guerra.
Ouviamos os velhos gritando, 'os Soldados estão aqui!
Homens jovens, saiam e lutem!"
Crazy Horse gavalgou pelo acampamento reunindo seus homens...
...enquanto o ataque de surpresa de Custer causava pânico entre as mulheres e crianças.
"As crianças caçavam para suas mães.
As mães tentavam ansiosamente encontrar as suas crianças.
O ar estava tão cheio do pó, não conseguia ver por onde ir."
Wooden Leg (Perna de Madeira), Cheyenne do Norte.
Enquanto os jovens foram a batalha, Sitting Bull reuniu os homens restantes no acampamento...
...para proteger as mulheres e crianças.
Os Hunkpapas, sob o comando de Gall, e os Oglalas, sob o comando de Cavalo Louco...
...rapidamente sairam e contra-atacaram.
"Centenas de índios a cavalo arremessavam-se para cá e para lá...
...em frente de um corpo de soldados.
Os soldados estavam no nível do chão do vale e atiravam com rifles.
Não foram muitas balas enviadas de volta...
...mas milhares de flechas caíam sobre eles."
Perna de Madeira, Cheyenne do Norte.
"Um grande pó girava na colina...
...e logo os cavalos começaram a descer dela com selas vazias."
Alce Preto, oglala.
A batalha acabou em menos de meia hora.
Custer, 260 homens da 7a Cavalaria...
...e não menos que 150 indígenas estavam mortos.
Sobreviventes do massacre Cheyenne do povo de Caldeira Preta...
...ao longo do Rio Washita, exultaram-se da morte de Custer...
...o homem que chamavam de "matador de mulher".
Mas naquela noite, Sitting Bull refletiu:
"O meu coração esta cheio de tristeza que tantos foram mortos em cada lado.
Mas quando eles nos compelem a lutar, devemos lutar.
Esta noite...
...estaremos de luto pelos nossos mortos...
...e por aqueles homens brancos valentes deitados na ladeira."
Sitting Bull, Hunkpapa.
No dia seguinte, ateando fogo na grama como cobertura...
...as forças indígenas desfizeram o acampamento e foram em direção às Montanhas Bighorn.
As notícias da batalha chegaram ao mundo exterior no dia 4 de julho de 1876...
...desanimando uma frívola celebração centenária dos Estados Unidos.
Os jornais da manhã seguinte, ignorando toda a evidência, o chamaram de "um massacre".
"Sentimos que foi uma grande batalha, não um massacre.
Os soldados iam nos compelir a ficar na nossa reserva...
...e levar embora de nós o nosso país.
Tentávamos escapar deles."
Runs the Enemy (Inimigos Correm), Sioux Cabeça Cortada.
Ultrajado pelo que foi visto como uma afronta ao seu orgulho nacional...
...o público americano clamou por uma represália imediata.
Expedições punitivas foram distribuídas, caçando impiedosamente...
...os últimos bandos livres das Planícies do Norte.
Os Hunkpapas do Sitting Bull escaparam para o Canadá...
...onde eles receberam asilo político.
Os Oglalas do Crazy Horse tomaram refúgio nas Colinas Pretas...
...onde a força plena do Exército dos Estados Unidos se virou contra eles.
Durante meses, o exército foi incapaz de derrotar ou capturar o líder oglala.
Finalmente, os Estados Unidos fizeram propostas de paz a Crazy Horse...
...prometendo terra, subsídios generosos e proteção...
...se ele e seu povo faminto se entregassem.
No dia 5 de maio de 1877...
...depois de quase um ano de sucesso em eludir a perseguição completa...
...Crazy Horse levou quase mil seguidores para render-se no Acampamento Robinson.
Os oglalas que já estavam na agência, alinharam-se no caminho, cantando e aplaudindo.
Um oficial do Exército de Estados Unidos se maravilhou no que viu:
"Uma marcha triunfal, não uma rendição."
O líder, que não conhecia nada exceto a liberdade das Planícies...
...foi despojado do seu cavalo e arma.
Então, quatro meses depois, no dia 5 de setembro de 1877...
...acreditando que ia a uma reunião com o comandante do Forte Robinson...
...Crazy Horse foi conduzido para além de um guarda armado à entrada de um edifício.
No interior tinha uma pequena cela com barras, um metro de largura e dois metros de altura.
Crazy Horse resistiu.
Um soldado enfiou uma baioneta nas suas costas.
Naquela noite, enquanto Crazy Horse deitou morrendo, ele disse ao seu pai:
"Diga ao povo que não adianta contar comigo mais."
Crazy Horse foi posto para descansar perto do córrego chamado Wounded Knee (Joelho Ferido).
Como americanos ou pessoas em qualquer sociedade livre, estimamos a nossa independência...
...e sabemos que o preço de manter este tesouro é conquistado com dificuldade...
...muitas vezes calculado com vidas de pessoas.
Pense por um momento o que aconteceria se a sua liberdade fosse colocada em perigo.
É de se espantar então que as nações indígenas lutaram para conservar a sua?
Agora imagine o inimaginável, ser conquistado.
Você é forçado a ir para uma terra estéril sem nenhuma escolha...
...a não ser viver sob o controle do governo conquistador.
Nessa última hora, levaremos você às reservas dos anos 1800...
...à verdade total e amarga sobre a perda da liberdade.
Mas primeiro vamos às lutas épicas de dois líderes fervorosos...
...cuja engenhosidade e ousadia são sinônimos à coragem...
...líderes cujas palavras permanecem entre as mais inspiradoras...
...na história do mundo:
Chefe Joseph e Gerônimo.
Os Nez Perce - Chefe Joseph
"O meu pai mandou me buscar. Vi que ele estava morrendo.
Segurei a sua mão na minha.
Ele disse, 'Meu filho, nunca esqueça as minhas últimas palavras.
Este país mantém o corpo do seu pai.
Nunca venda os ossos do seu pai e da sua mãe.'
Apertei a mão do meu pai...
...e disse a ele que eu protegeria a sua sepultura com a minha vida.
Enterrei-o naquele belo vale de águas sinuosas.
Amei aquela terra mais do que todo o resto do mundo."
Chefe Joseph, Nez Perce.
Depois da morte do seu pai, Inmutooyahlatlat de 31 anos...
...conhecido como Chefe Joseph...
...se tornou o líder de um bando de Nez Perce, cuja casa era o Vale Wallowa...
...400 quilômetros leste de Portland, Oregon nos dias de hoje.
Afamado pela sua procriação seletiva de cavalos, em particular o Appaloosa...
...os Nez Perce sempre foram amigos dos americanos.
Mas com a abertura do Território de Oregon e o fim da Guerra Civil...
...os colonizadores brancos, os pecuários e os mineiros de ouro começaram a cobiçar a rica terra dos Nez Perce.
Ignorando a sua longa amizade com a nação indígena...
...o Governo dos Estados Unidos apoiou as reivindicações dos colonizadores.
Em 1877, o General Oliver Howard entrou no Vale Wallowa...
...com ordens de Washington para retirar os Nez Perce...
...por tratado ou por força.
Eu não quis vir a este conselho...
...mas vim na esperança de salvar sangue.
O homem branco não tem nenhum direito de vir aqui e tomar a nossa terra...
...e defenderemos esta terra até a última gota de sangue indígena...
...aqueça os corações dos nossos homens.
Joseph estava de frente com uma escolha terrível:
Trair o desejo de morte do seu pai ou cometer o seu povo à guerra.
Finalmente, com relutância, concordou em abandonar a sua pátria no Vale Wallowa.
Apesar das concessões de Joseph, tensão permaneceu alta.
Enquanto os Nez Perce preparavam-se para se mudar para a reserva...
...um jovem, cujo pai tinha sido assassinado por colonizadores...
...reuniu vários amigos e matou quatro colonizadores...
...que eram conhecidos por terem cometido atrocidades contra o povo Nez Perce.
"Sei que os meus homens jovens fizeram um grande mal...
...mas pergunto...
...quem é o primeiro a se culpar?
Os seus pais e irmãos tinham sido mortos.
Suas mães e esposas tinham sido desgraçadas.
O General Howard tinha-lhes dito que todos os seus cavalos e gado...
...iriam cair nas mãos de homens brancos.
Eu teria dado a minha própria vida...
...se pudesse ter desfeito a matança de homens brancos...
...pelo meu povo."
Chefe Joseph, Nez Perce.
Quando mais sete brancos foram mortos...
...o general Howard enviou uma força militar contra a nação indígena.
Líderes dos Nez Perce responderam despachando uma delegação de trégua embaixo de uma bandeira branca...
...para encontrar o exército de Howard que estava avançando.
Os homens de Howard abriram fogo.
Portanto começou o famoso vôo da liberdade do Chefe Joseph.
Mais de 700 homens, mulheres e crianças, com doentes e idosos...
...lutaram ao longo da duradoura retirada de 2900 qulômetros.
A luta capturaria a imaginação do público americano.
O nome do Chefe Joseph ficou famoso com as histórias dos jornais.
Com um gênio militar nascido de desespero...
...os cinco bandos de Nez Perce lograram e frustraram...
...uma força militar após outra...
...enquanto fizeram o seu caminho em direção ao acampamento e asilo político do Sitting Bull no Canadá.
Dando voltas pelas montanhas, cânions, e pradarias de planalto do Idaho...
...cruzando os altos espinhaços das Montanhas Bitterroot em Montana e Wyoming...
...colidindo com turistas assustados no recentemente criado Parque de Yellowstone...
...os Nez Perce repeliram, um de cada vez, quatro exércitos...
...comandados por oficiais veteranos da Guerra Civil.
Depois de 105 dias de perseguição constante...
...os Nez Perce chegaram as Montanhas Pata de Urso na Montana...
...um dia de distância do acampamento do Sitting Bull e liberdade.
Eles sabiam que haviam colocado uma distância segura...
...entre eles e os exércitos perseguidores, então pararam para um último descanso...
...antes de cruzar a divisa.
O que eles não sabiam era que um novo exército...
...tinha sido despachado por telégrafo e rodeava-os enquanto eles acampavam.
Os Nez Perce foram tomados completamente de surpresa.
A luta foi intensa, e nos primeiros momentos...
...o Chefe Joseph e 70 outros foram separados do resto do acampamento.
"Com uma oração na minha boca...
...arremessei-me desarmado pela linha de soldados.
A minha roupa foi cortada em partes, o meu cavalo foi ferido...
...mas não fui machucado.
Quando cheguei a porta da minha tenda...
...minha esposa me deu o meu rifle, dizendo:
'Aqui está a sua arma. Luta'."
Eles correram morro acima enquanto lutavam.
Eles estão rasgando o acampamento lá embaixo.
Ela levou um pequeno bebê e a sua menina pela mão...
...e disseram que tinham umas árvores lá.
Tinha uma grande tora lá, então eles rastejaram para debaixo dela...
...para se esconder dos soldados que poderiam vir...
...e provavelmente atirar neles também.
E ficaram lá até que tudo ficasse tranqüilo.
A batalha enfureceu-se ao longo do primeiro dia, com baixas pesadas dos dois lados...
...inclusive os líderes de três dos cinco bandos de Nez Perce.
No segundo dia, os Nez Perce cavaram a terra e estavam lutando de trincheiras.
O exército não podia montar um ataque sem perdas pesadas.
Finalmente, no dia 5 de outubro, General Nelson A. Miles...
...chamou o Chefe Joseph para conversas de paz embaixo de uma bandeira de trégua.
O Chefe Joseph foi até General Miles e abandonou a sua arma...
...só um dia de distância do acampamento do Sitting Bull e asilo canadense.
"Estou cansado de lutar.
Os nossos chefes foram todos mortos.
Os velhos homens foram todos mortos.
As pequenas crianças estão morrendo de frio.
Eu quero ter tempo para procurar por minhas crianças e ver quantas eu consigo encontrar.
Talvez os encontrarei entre os mortos.
Ouçam-me, meus chefes.
Estou cansado.
O meu coração está doente e triste.
De onde o sol agora está...
...não lutarei mais, para sempre.
Mas os Estados Unidos não honrariam os termos da rendição de Chefe Joseph.
Os Nez Perce capturados foram embarcados ao sul...
...para uma reserva infestada por malária em Forte Leavenworth, Kansas...
...antes de relocação final para o Território de Oklahoma.
O Chefe Joseph tinha baixado a sua arma...
...mas ele não tinha abandonado a luta pela sua pátria.
Ele dedicaria o resto da sua vida à honra da sua promessa ao seu pai...
...e à luta em nome do seu povo.
Ele viajou a Washington, D.C...
...onde ele argumentou ardentemente o seu caso perante o Congresso.
"Tenho ouvido conversas e conversas, mas nada é feito.
Boas palavras não duram muito tempo a menos que cheguem a algum lugar.
O meu coração fica doente...
...quando me lembro de todas as boas palavras...
...e todas as promessas quebradas."
Em 1885, depois de oito longos anos...
...e uma campanha maciça lançada por filantropos do Leste...
...O povo do Chefe Joseph ganhou o direito de voltar ao Noroeste...
...mas não para o seu amado Vale Wallowa.
Os pecuários que o ocupavam agora...
...ameaçaram matar o Chefe Joseph se ele voltasse.
Para sempre banido do seu país, Joseph e 150 membros do seu bando...
...foram levados sob escolta militar até uma reserva no Território de Washington.
Lá, em exílio, o Chefe Joseph morreria.
O doutor que esteve lá...
...para examinar o Joseph...
...o seu argumento foi que Joseph perdeu a sua vida...
...por conta do seu coração partido.
"Se o homem branco quiser viver em paz com o índio...
...ele pode viver em paz.
Trate todos os homens igualmente.
Dê a todos eles uma chance justa para viver e crescer.
Você pode esperar que os rios corram para cima...
...se espera que qualquer homem nascido livre se contente...
...quando for encurralado e sua liberdade de ir para onde quiser negada.
Deixe-me ser um homem livre, livre para viajar, livre para parar...
...livre para trabalhar...
...livre para escolher os meus próprios professores...
...livre para seguir a religião dos meus pais...
...livre para pensar e falar...
...e agir por conta própria."
Chefe Joseph, Nez Perce.
Os Apaches - Cochise e Gerônimo
"Quando eu era jovem, andei por todas as partes deste país, Leste e Oeste...
...e não vi nenhum outro povo além dos Apaches.
Depois de muitos verões, andei novamente...
...e descobri que uma outra raça de povo tinha vindo para o tomar."
Cochise, Chokonen.
Quando a Califórnia se tornou parte dos Estados Unidos em 1848...
...um novo fluxo de militares e civis se dirigiu para o Oeste.
Muitos, em direção a Califórnia do Sul, pegaram uma rota perto da fronteira mexicana...
...que atravessava as terras das nações Apaches...
...os Chokonen, Bedonkohe, Nednhi, e Chi'enne Apache.
Os Apaches tinham uma história longa e próspera...
...de defender as suas terras contra invasores agressivos espanhóis e mexicanos.
Mas com a chegada dos americanos, que cruzavam as suas terras...
...a maior parte dos Apaches não manteve nenhuma ofensa contra eles...
...e os seus líderes fizeram todos os esforços para acomodar os viajantes.
"Finalmente, na minha juventude, o homem branco veio.
Sob o conselho do meu pai...
...que durante um longo tempo era a cabeça dos Apache...
...eles foram recebidos com amizade.
Logo os seus números aumentaram, e muitos passaram pela região.
Viviamos em paz."
Cochise, Chokonen.
Em Fevereiro de 1861, um líder Chokonen carismático, Cochise...
...foi convocado a uma reunião com um inexperiente tenente de exército...
...com o nome de George Bascom.
Bascom acusou Cochise de sequestrar uma criança de uma fazenda próxima.
"Cochise negou que alguém do seu bando tivesse feito o sequestro.
Bascom acusou o chefe de dizer uma mentira.
Cochise era muito orgulhoso de fazer valer a sua palavra...
...e nenhuma ofensa maior poderia ter sido oferecida."
Daklugie, Nednhi.
Bascom ordenou o aprisionamento de Cochise.
Mas o líder Apache escapou do tiroteio pesado.
Os homens que acompanhavam Cochise foram mantidos por Bascom e foram executados logo depois.
"Finalmente, os seus soldados fizeram-me um grande mal...
...e eu e o meu povo fomos à guerra com eles."
Cochise, Chokonen.
Cochise fechou a passagem pelo Desfiladeiro Apache.
Os Estados Unidos responderam enviando o General James Carleton...
...para estabelecer o Forte Bowie no Desfiladeiro Apache.
Não deve haver nenhuma reunião de conselho com os índios.
Os homens devem ser mortos sempre que e onde quer que eles possam ser encontrados.
As mulheres e as crianças podem ser tomadas como prisioneiras.
Confio que essas demonstrações darão uma lição sadia para aqueles indios.
Mas os longos e intensos esforços do Exército dos Estados Unidos...
...teriam pouco êxito.
Baseado na sua fortaleza no alto das rochosas Montanhas Dragoon...
...Cochise travou uma guerrilha bem sucedida contra a Cavalaria dos Estados Unidos...
...durante os próximos nove anos.
Finalmente, em 1872...
...o general Oliver Howard viajou à fortaleza de Cochise para solicitar a paz.
Cochise aceitou abaixar as suas armas por uma promessa...
...que o seu povo tivesse a permição de viver na sua própria terra no Desfiladeiro Apache.
A promessa de Howard seria mantida durante os dois últimos anos da vida de Cochise.
Dai, em 1876, os Estados Unidos dissolveram a reserva do Desfiladeiro Apache...
...e ordenou o povo para as terras estéreis da Reserva San Carlos.
O criador não fez San Carlos.
É mais velho do que ele.
Ele somente deixou-o como uma amostra do jeito que eles trabalhavam antes dele surgir.
Tome algumas pedras, cinzas e espinhos...
...alguns escorpiões e cascavéis...
...despeje sobre as pedras. Aqueça as pedras até ficarem incandescentes...
...coloque o Exército dos Estados Unidos contra os Apaches...
...e ai você tem San Carlos.
Dos que foram ordenados a se mudar, dois terços se recusaram...
...preferindo seguir uma nova geração de líderes Apache...
...líderes comprometidos com a liberdade a qualquer preço.
Entre eles estavam Juh, Nana, Loco, Victorio...
...e Gerônimo.
"Juh disse-lhes que ele poderia oferecer-lhes apenas miséria e morte.
Da forma que ele via, eles tinham que escolher...
...entre morte de calor, fome e degradação em San Carlos...
...e uma vida selvagem, livre no México. Curta, talvez, mas livre.
Deixe-os lembrar que se derem este passo...
...serão caçados como animais selvagens...
...pelas tropas tanto dos Estados Unidos como as do México.
Todos nós sabíamos que estavamos condenados...
...mas alguns preferem a morte do que a escravidão e detenção."
Daklugie, Nednhi.
A força de vontade de Gerônimo tinha sido forjada muito antes...
...quando sua esposa, crianças e mãe foram mortas em uma incursão mexicana na sua aldeia.
Ele estava longe de casa e ao retornar encontrou a sua família inteira...
...espalhada por toda parte do quintal, mortos.
Os americanos e os mexicanos montavam cavalos com ferraduras...
...e portanto ele sabia que foram eles que tinham vindo e destruído a sua família.
E ali ele fez um voto...
...que iria matar cada mexicano e cada americano que visse.
Agora ele conduziria os Apache através de seu maior ***.
A resistência final dos Apache foi uma expressão monumental...
...de orgulho humano e o amor da liberdade.
"Estamos desaparecendo da terra...
...e ainda não posso pensar que somos inúteis...
...ou Deus não nos teria criado.
Para cada tribo de homens criada por Deus, ele também fez um lar.
Na terra criada para qualquer tribo em especial...
...ele colocou o que seria o melhor para o bem estar daquela tribo.
Assim era no começo, os Apache e as suas casas...
...cada um criado para o outro pelo próprio Deus.
Quando eles são tomados dessas casas...
...eles ficam doentes e morrem.
Quanto tempo passará até que seja dito:
'Não há mais nenhum Apache?'"
Gerônimo, Bedonkohe.
Durante uma década, os Apache superaram forças contrárias esmagadoras.
Até 1886, o pequeno bando de Gerônimo estava sendo caçado através das montanhas...
...por 8000 tropas do México e dos Estados Unidos.
Ele estava perdendo todos os seus guerreiros e a sua família.
Ele nunca podia vencer porque sempre tinha alguém lá...
...e tinham muitos.
E ele estava perdendo seu próprio povo.
E ele disse, "Se eu continuar lutando, não haverá mais nenhum de nós".
"Naquele momento, o bando de Gerônimo compunha-se de 17 homens.
Ele também tinha Lozen, conhecida como 'a mulher guerreira'.
Gerônimo também estava com uma desvantagem pela presença...
...de mulheres e crianças quem tinham que ser defendidas e alimentadas.
Ninguém nunca capturou Gerônimo.
Eu sei. Eu estive com ele.
De qualquer maneira, quem pode capturar o vento?"
Daklugie, Nednhi.
No dia 3 de setembro de 1886...
...Gerônimo entregou-se ao General Miles...
...que já tinha a reputação de ser o homem que finalmente capturou o Chefe Joseph.
Como uma condição da rendição, Miles prometeu a Gerônimo...
...que o seu bando seria detido só durante pouco tempo...
...antes de serem soltos em uma reserva no Sudoeste.
Mas Miles mentiu.
O povo de Gerônimo...
...e até os apaches pacificamente instalados na reserva de San Carlos...
...foram embarcados para prisões de índios na Flórida.
Nasci como uma prisioneira de guerra.
Eles nos prometeram no começo que seríamos mantidos presos durante dois anos...
...que passou para 28 anos.
E estou quase segura que somos a única tribo...
...que serviu tantos anos na prisão.
Gerônimo não viveria para ser um homem livre.
Depois de 23 anos como um prisioneiro de guerra...
...ele morreu em 1909.
Qual o problema que você não fala comigo?
Por que você não me olha, sorri para mim?
Sou um homem.
Tenho os mesmos pés, pernas e mãos...
...e o sol olha para mim como um homem completo.
Quero que você olhe e sorria para mim.
Ataque às Culturas
Ao fim dos anos 1800, as reservas se tornaram praticamente campos de concentração.
A maioria era localizada em terras estéreis, inútil para a agricultura e destituída de caça.
O povo indígena era forçado a viver de rações alimentares dos Estados Unidos...
...prometidas em tratados em troca das suas terras.
O fornecimento de subsídios e comida para mais de 200.000 pessoas indígenas...
...era um grande negócio.
O sistema de distribuição rapidamente tornou-se uma rede corrupta...
...de agentes do governo e os seus parceiros, conhecido como "the Indian Ring" (ring, crime organizado).
"'Se eles trazem alguma mercadoria para os índios, os agentes vivem dela.
E pagamentos foram recebidos pelos agentes...
...e eles puseram dinheiro nos seus bolsos.
O barco a vapor veio de noite e levou embora caixas de mercadorias...
...para que os índios não soubessem."
(Chefe) Struck By The Ree, Yankton.
Roubando os nações dos seus subsídios magros do governo...
...o Indian Ring deixou o povo na pobreza abjeta.
E eles esperavam, me parece, retirar o espírito do povo...
...para que ficassemos mais dóceis, por assim dizer.
Então só dependeríamos deles para o modo de ser.
Teríamos de ir para quem quer que trouxesse as rações.
"Percebi um pequeno grupo de índios sentados embaixo de uma árvore.
Todos estavam sujos, esfarrapados e magros.
Logo uma mulher indígena e uma menina apressaram-se ao grupo...
...puseram pacotes no chão e os abriram.
Conseguia ver espalhados um pouco de carne suja...
...evidentemente sobras de um açougueiro...
...e alguns restos de pedaços de pão envelhecido e outras ninharias magras de comida.
Senti uma onda da fúria em direção a toda política indígena do governo."
Thomas Tibbles, repórter.
Muitos reformadores do Leste estavam determinados a quebrar o Indian Ring...
...mas eles acreditavam que a única solução duradoura era uma modificação...
...não só para os burocratas, mas para o próprio povo indígena também.
A maneira de ser dos índios foi julgada como atrasada e errada...
...que para o seu próprio bem, as suas culturas teriam de ser apagadas.
O povo indígena teria que ser refeito na imagem dos seus reformadores.
"O único futuro seguro dos índios pode ser encontrado na fusão dos seus interesses com o nosso...
...e se tornar parte do povo dos Estados Unidos.
O seu curso seguro consiste em deixar de serem índios tribais...
...de sair e viver entre nós como homens individuais...
...adotar a nossa língua, as nossas indústrias e se tornar um parte do poder."
Richard Pratt, diretor da Escola Indígena de Carlisle.
A política de despir o povo indígena de suas culturas...
...se tornou oficial com a passagem da lei do Loteamento Geral em 1887.
O ato desintegrou as propriedades de terra comunais...
...designando parcelas para indivíduos num esforço para forçá-los a viver como agricultores brancos.
"Enquanto os índios viverem em aldeias...
...eles conservarão muitos dos seus velhos hábitos injuriosos:
Ceremônias pagãs e danças, visitas constantes.
Confio que antes do fim de outro ano...
...eles estarão situados em terras individuais ou fazendas."
Comissário do governo.
Apoiado por uma aliança dos reformadores do Leste e especuladores de terra do Oeste...
...a distribuição de lotes atacou diretamente a soberania de nações indígenas...
...e o conceito fundamental de que a terra pertence a todo o povo.
"Isto é só outro truque do brancos para levar embora a nossa terra...
...e eles já usaram esses truques antes."
Urso de Chifre Oco, oglala.
O sistema de distribuição era perfeito para a fraude em ***.
Agentes corruptos declaravam pequenas crianças, cães e cavalos como proprietários de lotes...
...para depois tomar e vender as suas terras.
Os órfãos foram repassados para famílias brancas...
...que os adotavam para obter o título de seus lotes.
Após os terrenos serem distribuídos para o povo indígena...
...o governo dos Estados Unidos estava livre para vender as terras restantes das reservas para os brancos.
Durante o período de loteamento...
...as nações indígenas perderiam dois terços da pequena terra que tinha permanecido em suas mãos.
Dois anos depois da passagem da lei de Distribuição...
...o território indígena de Oklahoma foi oficialmente aberto aos colonizadores.
O que seguiu foram ao famosas corridas por terra.
Os territórios dos Creek, Cherokee e outras nações foram invadidos...
...as terras que tinham sido prometidas como refúgios permanentes, intocáveis...
...em troca das suas terras ao Leste de Mississippi.
Mas de todas as políticas do governo criadas para acabar com as culturas indígenas...
...a mais cruel ainda estava por vir.
As pessoas indígenas seriam roubadas até de suas crianças.
Através do país, crianças indígenas, algumas de apenas quatro anos de idade...
...foram tomadas dos seus pais, muitas vezes à força...
...e enviadas a internatos.
Nos internatos, as crianças foram despidas de toda a aparência externa...
...que as vinculavam ao seu passado indígena.
"Os nossos pertences foram tomados de nós...
...até os saches de medicina que as nossas mães nos tinham dado para nos proteger de males.
Tudo foi colocado em um montão e queimado na fogueira.
Depois foi o cabelo comprido...
...o orgulho de todos os Índios.
Os meninos, um por um, se descomporam e choraram...
...quando viram as suas tranças jogadas no chão."
Lobo Solitário, Blackfeet.
As crianças foram proibidas de falar das suas tradições...
...e severamente punidos se usavam as suas línguas nativas.
Foram alimentadas imagens alteradas e distorcidas de índios maus...
...muitos chegaram a duvidar da sua própria identidade.
Lembro-me, na infância...
...que eu nunca realmente me sentia bem sobre mim mesma.
Fomos ensinados a nos envergonhar de quem eramos...
...e quem somos.
E dói quando você é jovem, e você está tentando entender.
"Usavamos roupa de homem branco e comiamos a comida de homem branco...
...e fomos às igrejas do homem branco e falavamos a fala do homem branco.
E então depois um tempo, também começamos a dizer, 'índios eram maus'.
Rimos do nosso próprio povo...
...e as suas mantas e potes e sociedades sagradas e danças."
Alce do Sol, Taos.
Muitos internatos foram instalados em postos militares convertidos...
...onde, durante décadas, os soldados tinham sido treinados para lutar contra o povo indígena.
Os estudantes dormiam em catres em quartéis de cimento...
...e faziam exercícios diariamente em regime militar estrito.
Era como um quartel de exército.
Eles nos faziam marchar como fazem quando você primeiro entra no exército.
Marchavamos à escola. Marchavamos para comer.
Eles nos levavam à igreja, marchavamos à igreja.
Vivemos uma espécie de vida no estilo de exército...
...e iamos à escola daquela forma.
Se pensavamos que os dias eram ruims, as noites eram muito piores.
Este foi um momento quando a verdadeira solidão chegou.
Muitos meninos fugiram...
...mas a maior parte deles era apanhada e devolvida pela polícia.
Nos mandaram nunca falar em nossas línguas, e se fossemos pegos...
...seriamos surrados com um cinto de couro.
Lembro-me de uma tarde, quando fomos todos enfileirados em uma sala...
...e um dos meninos disse algo em índio para o outro menino.
O homem encarregado pegou-o pela camisa e o lançou através da sala.
Depois, descobrimos que a sua clavícula estava quebrada.
O padre pegava um arreio de couro...
...e batia no meu marido.
E a cada vez que o arreio descia nele...
...ele repetiia a ele mesmo, "nunca esquecerei a minha língua".
Ele estava pensando isso, "eu nunca esquecerei a minha língua".
"O pai do menino, um velho guerreiro, veio à escola.
Ele disse ao instrutor que entre o seu povo...
...as crianças nunca eram punidas físicamente...
...isto não era nenhum modo de ensinar as crianças.
Palavras gentis e os bons exemplos eram muito melhores."
Lobo Solitário, Blackfeet.
Cada dia esticava-se em outro dia infinito...
...cada noite as lágrimas caíam.
"Amanhã", minha irmã disse.
O amanhã nunca veio.
E assim os dias passavam...
...e as mudanças lentamente se assentaram dentro de mim.
Se foram as imagens vívidas dos meus pais, irmãs e irmãos.
Só uma visão manchada do que era.
Desesperadamente, tentei apegar-me ao passado desbotado...
...que era lentamente apagado da minha mente.
Para culturas tradicionais, o efeito foi devastador.
Pessoas formadas nos internatos retornavam às escolas...
...e estimulavam os novos estudantes recém-chegados das reservas...
...a abandonar as suas tradições.
"Não olhe para trás.
Tudo aquilo já passou.
Este país por aqui é todo melhorado.
Você viu no caminho quando vinha, cidades, estradas de ferro, casas, fábricas.
Meninos, tudo isto uma vez foi o nosso país...
...mas os nossos pais não tinham os olhos abertos como nós temos.
Agora o único modo de manter a nossa terra é se educando."
Henry Jones, Creek.
Mas as culturas nativas não estavam completamente impotentes contra a invasão dos internatos.
Muitos manteram firmemente às suas tradições...
...e os formados que voltavam não conseguiam se readaptar...
...e descobriam que não tinham lugar no seu velho mundo.
"Era uma tarde de verão quente quando desci do trem na Estação Taos.
O primeiro índio que encontrei, pedi para que corresse para o pueblo...
...e dissesse à minha família que eu havia chegado em casa.
O índio não falava inglês, e eu tinha esquecido toda a minha língua Pueblo.
Pela manhã seguinte, o governador do Pueblo e dois chefes de guerra...
...vieram a casa do meu pai.
Eles não falaram comigo. Eles nem olharam para mim.
O chefe disse ao meu pai:
'Seu filho, que se chama Rafael, viveu com os homens brancos.
Ele esteve longe.
Ele não aprendeu as coisas que os meninos índios devem aprender.
Ele não tem nenhum cabelo. Ele nem fala a nossa língua.
Ele não é um de nós.'"
Alce do Sol, Taos.
Essas são as coisas que fazem da vida a coisa mais importante para nós...
...estas foram as coisas que eles tomaram de nós.
E hoje, muitas das nossas crianças indígenas esqueceram a sua língua...
...até aqui na nossa reserva...
...porque eles tiraram a nossa língua de nós. A nossa língua...
...que Deus nos deu.
Quando começamos esta série, queriamos fazer sentido...
...de como um continente de aproximadamente 500 nações indígenas se tornou o que é hoje.
O que encontramos foi um caminho irônico...
...recém-chegados, procurando liberdade e tolerância...
...mas mostrando pouco dessas virtudes ao povo que encontraram.
Muitas nações indígenas sobreviveram.
Hoje há mais de 10 milhões de pessoas indígenas na América do Norte...
...com dois milhões só nos Estados Unidos.
Eles não enfrentam mais conquistadores ou invasão de colonizadores...
...mas eles continuam a lidar com a luta complexa...
...de manter as suas culturas e qualidade de vida.
É difícil explicar. É como se o povo nativo...
...fosse uma raiz. Sabe?
Onde tudo cresce lá. é a sua comunidade, é a sua terra.
É onde eles vivem. É onde eles nascem.
É onde eles têm os seus avôs enterrados.
Os seus ancestrais estiveram lá.
A sua língua está lá. Tudo está lá.
E logo você pede para que modifiquem a sua forma de vida...
...você os leva embora.
Digo que é como você tentar plantar uma árvore...
...digamos uma árvore de abeto, numa terra de deserto.
Mesmo que você coloque água, ela vai secar. Ela vai morrer.
O nosso povo, as nossas famílias contaram para nós...
...todas essas histórias por todos esses muitos anos, e finalmente...
...colocamos os nossos pés, caminhamos e dormimos nas áreas do país...
...onde nossas avós e avôs começaram.
E somente posso imaginar...
...como minhas avós e meus avôs teriam se sentido...
...se tivessem voltado como eu fiz.
E vi aqueles lugares por eles.
Eu pude voltar.
Penso que muitas vezes o público no geral não entende...
...onde os Nativo Americanos... Os seus sentimentos...
...o que lhes aconteceu no passado, e da onde eles vem.
E por que eles são às vezes retirados.
Por que eles não se integraram totalmente no sistema dominante de hoje.
Penso que os americanos atuais devem aprender...
...que os nossos heróis não são os seus, e os seus heróis não são os nossos.
E quando fui à escola, tal como você e todos os outros nesta terra...
...fomos todos expostos ao mesmo sistema de valores...
...a mesma perspectiva da história.
A lição que está ai, uma lição muito importante para todos os povos hoje...
...é perceber o valor de uma perspectiva alternativa...
...e é por isso que estamos aqui.
Por isso o criador permitiu alguns de nós permanecer...
...apesar de todas as tentativas de nos destruir.
Cada tribo teve o seu Great Swamp (Grande Brejo) nesse processo.
Cada tribo teve o seu Sand Creek (Riacho de Areia).
Cada tribo teve o seu Wounded Knee (Joelho Ferido).
A lista é sem fim, e compartilhamos todos a mesma experiência.
Fui a uma reunião em Wounded Knee...
...em novembro, quando tinha neve por todas as partes...
...por todas as partes da terra.
E andavamos na direção do local do enterro.
Não pude deixar de me lembrar.
E houve um sentimento lá.
Houve um sentimento...
...que aqueles que estiveram lá em uma sepultura...
...tentavam dizer-me algo.
E isso trouxe lágrimas aos meus olhos.
E fiquei lá, e um espírito veio...
...e podia sentir aquele espírito.
Era o espírito de Deus.
Há um poder muito maior...
...do que reis e presidentes...
...que guia as mentes das pessoas.
Um poder superior.
Os mandatos são muito simples, sabe...
...que devemos viver na terra que o criador nos dá...
...e cuidar dos seus presentes para que os nossos bisnetos...
...possam aproveitar das mesmas coisas que aproveitamos hoje.
Se você olha as leis naturais de uma forma muito simples...
...é que você deve beber água para sobreviver.
Assim se você polui a água de modo que não possa mais bebê-la...
...então você perecerá. E não há...
...como apelar a isto se você violar as leis naturais.
Um dia temo que...
...a terra que temos aqui agora será tomada...
...porque alguns tratados declaram que enquanto as águas fluem...
...e a grama cresce, estaremos aqui.
Mas os nossos rios estão secando...
...e quando a água se for...
...o que acontecerá então?
O que ira acontecer com as minhas crianças?
As nossas culturas foram atacadas, as nossas terras foram roubadas.
Mas ainda estamos aqui como um povo.
E estamos lutando as mesmas batalhas que foram lutadas ao longo dos últimos 300 anos.
Elas não estão resolvidas.
E depende de nós resolvê-las...
...de uma maneira justa e honrosa.
O destino não é uma questão de fado.
é uma questão de escolha.
E temos algumas escolhas para serem feitas aqui.
Temos a escolha de continuar sobrevivendo neste planeta como povos indígenas.
Esta é a nossa meta, e iremos realizar isso.
Estaremos aqui...
...por muitos e muitos anos.
O Tall Oak (Carvalho Alto) da nação Narragansett disse que era o seu destino...
...e talvez o de todo o povo indígena, de ser a consciência da América...
...para ver que a tragédia do passado nunca seja repetida.
Esperamos que agora que tivemos um vislumbre do outro lado da história americana...
...nós também possamos ser uma parte dessa consciência coletiva.
Obrigado por nos acompanhar.