Tip:
Highlight text to annotate it
X
Nós estamos à mercê de muitas coisas, né?
Então a gente levou todas as demanadas para a secretária
e a gente vai reivindicar
em prioridade os seguintes direitos, que seria a questão
de que nós não queremos ir lá para um abrigo este ano
que a gente queria que eles construissem
a ponte para a gente andar durante o inverno
e que eles pudessem também dar a devida assistência social ali no nosso local de moradia.
A gente só iria para um abrigo se acaso a água enchesse
e alagase a nossa casa. Mas se isso não acontecer
a gente permaneceria e eles teriam que construir a ponte para nós.
E aí
ela respondeu para a gente assim:
'Vocês estão lá porque vocês querem',
foi isso que respondeu para nós,
que é culpa nossa
morar aqui nessas áreas,
que nós temos culpa de morar aqui.
A gente respondeu para ela que não é culpa nossa,
que nós não temos as condições financeiras de comprar
um terreno
numa área boa, de construir uma casa lá
num terreno melhor, porque se a gente tivesse condições nós não estariamos aqui
construindo casinhas
de madeira reaproveitada
e palafitas para a gente andar em cima.
A nossa briga com a Norte Energia,
a nossa reclamação, o nosso intuito de tentar abrir
os nosso olhos como morador é que
fizemos uma união de forças
para que possamos ter
a nossa cesta básica lá onde está morando.
Não precisamos ir para exposição,
não precisamos ir para o colégio, não precisamos sair da nossa residência.
Com intuito de sair e quando chega de volta
quebrou nosso guardaroupa, a nossa geladeira não presta mais
quando chega a casa está destelhada porque os ladrões vão lá e roubam as telhas da gente.
Então tudo é sofrimento, a gente passa por situações muito constrangedoras.
Nós tivemos visita no começo quando començou a barragem do pessoal da Norte Energia
eles passaram umas 30 vezes num mês,
todos os dias eles iam nas nossas casas e batiam
e davam propostas... propostas bonitas...
com o intuito de iludir, tentar botar nós no caminho que eles queriam
muito bem, entramos, assinamos o papel deles
assinamos o papel inocentes...
A casa que era de três tamanhos, de três modelos,
hoje, a gente sabe que não é, que a casa é de só um padrão
só num nível
e pode ser que não seja suficientemente
preparada para receber as nossas famílias.
Tem um tamanho muito pequeno e não tem condições de abrigar uma família sequer,
uma família com cinco pessoas.
Imagine uma casa que tem duas ou três famílias que moram na baixada Tufi,
tem uma casa igual a três ou quatro famílias numa casa só.
Nós só vamos sair dos baixões agora, se é pra ir pro lugar definitivo onde nós vamos morar, não tem sentido ir
para o parque de exposição ou pra qualquer outro tipo de acampamento, porque há condições de manter vocês lá, até pra que a Norte Energia se apresse pra construir a moradia de vocês. Porque agora vocês são responsabilidade desse empreendimento, eles estão ganhando dinheiro com isso e é responsabilidade deles, inclusive está na lei
A gente também é sim atingido pela barragem pelo seguinte:
Altamira tem crescido excessivamente
e muitos moradores daqui tem ido para Brasil Novo procurar um aluguel barato porque
em Altamira o aluguel aumentou demais.
E então que acontece? chega em Brasil Novo, acha um aluguel barato, e as pessoas que pagavam um aluguel lá de 100 R$,
não dam conta de pagar 300 ou 400 R$, e o que acontece?
Encontramos uma área desocupada de mais de 20 anos que está lá ociosa,
nem o governo nem o município
conseguiu construir nada em cima.
O projeto que tinha para construir lá era uma escola,
uma escola agrícola, nunca foi feita
O que acontece?
Encontramos muitas famílias desabrigadas,
entramos nesse terreno
até então chamam de invasão, não somos invasores porque
não invadimos nada que estava ocupado, era uma terra ociosa,
servindo de abrigo
para pessoas
inapropriadas
então estamos lá 170 famílias abrigadas nesse local,
e então a prefeitura
entregou um papel dizendo que era para a gente desocupar esta área em 40 minutos
Isso não existe em lugar nenhum não acontece de dentro de 40 minutos,
173 famílias sair de dentro de seus barraquinhos feitos de palha e de lona
e de tabua aproveitada.
Então saibam os senhores que hoje estamos lá pensando
e não é pouco
na forma de defende-los.
Mas nós estamos precisando disso que eu ouvi
aqui no inicio,
o povo organizado consegue se defender. O povo organizado consegue se fazer ouvir.
A gente precisa que a comunidade
esteja organizada, e que estejam nos alimentando com informações
das violações que acontecem.