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ILHA DE RAASAY ESCÓCIA
Cheguei! É aqui.
O topo fica bem ali.
É fantástico! Que vista!
Estou de volta!
A última vez que estive aqui foi há 25 anos.
Deixei meu martelo em algum lugar.
Olha só! Aqui estamos!
Olha esta vista. É assim que me lembro.
É a nossa antiga herança diante de nós.
A paisagem escocesa tem um passado épico e violento.
Escondida nestas montanhas e vales,
está a história do planeta.
Vou mostrar como esta paisagem foi usada por um grupo
de cientistas brilhantes, heterodoxos e excêntricos
para desvendar os maiores mistérios da Terra.
Vou seguir os passos desses pioneiros
que fizeram algo que ninguém fez antes.
Eles mostraram visão...
e determinação...
...para reunir provas surpreendentes
e desvendar as forças que moldam nosso mundo.
Nossa! Meu Deus! É muito quente!
Está tudo por aí, se souber o que procurar.
Escrita na paisagem escocesa
está a história de todo o planeta.
MUSKETEERS Apresentam
HOMENS DE PEDRA
MUSKETEERS Albattroz|Murcego
MUSKETEERS Otoni|Kakko
O GRANDE CONGELAMENTO
Este bloco que estou escalando é um autêntico enigma.
É enorme, mas o mistério não é o seu tamanho,
mas sim o porquê ele está aqui.
As rochas por aqui são completamente diferentes.
Deve ter 3 vezes minha altura, e pesar cerca de meia tonelada.
Então como esta rocha alienígena chegou aqui?
Esta rocha está completamente sozinha no interior da Escócia.
Blocos erráticos similares
estão espalhados por todo o norte da Europa.
No início do século XIX,
as pessoas se esforçaram para entender sua existência.
Os cientistas não podiam ignorá-las nem explicá-las.
A ideia mais radical da época, a que mais gosto,
foi de um francês, Monsieur du Luc,
dizendo que estes blocos enormes
foram lançados de cavernas subterrâneas
com a força do ar comprimido.
Semelhante a uma espingarda de rolha.
A solução para estas rochas curiosas
estava em uma das mais poderosas forças da natureza.
Setembro de 1840, Terras Altas da Escócia.
Dois amigos viajavam pelas áreas mais selvagens da Escócia.
1.300 km em apenas duas semanas.
Não era fácil andar pelas Terras Altas.
Os dois caminharam por vários km,
subiram encostas íngremes e cruzaram extensões de água
para se aproximar das rochas que queriam estudar.
Estavam em uma missão para tentar entender
a própria formação das Terras Altas.
Por que é uma terra de grandes picos
pontuada por lagos magníficos?
Os dois não poderiam ser mais diferentes.
Louis Agassiz, um aventureiro cientista suíço.
Muito determinado, um pouco audaz.
O outro era o principal geólogo da Grã-Bretanha.
William Buckland era um pouco excêntrico.
Ele usava beca e cartola no campo,
independentemente do clima.
William Buckland era o único que acreditava
no jovem cientista suíço.
Agassiz tinha apenas 33 anos,
quando teve a ideia que revolucionaria
nosso conhecimento do mundo geológico.
Juntos, eles olharam a forma dos vales.
Examinaram os erráticos isolados
que pontilhavam as Terras Altas.
Tudo parecia ao jovem cientista estranhamente familiar.
Ele tinha visto este tipo de paisagem em sua terra natal.
A ideia radical de Agassiz
surgiu em sua terra natal, na Suíça.
Esta é a geleira Morteratsch nos Alpes suíços.
Agassiz cresceu com este mundo de neve e gelo em sua porta.
No final da década de 1830,
ele dedicou seu tempo a estudar grandes geleiras como esta,
imensos mantos de gelo que cobriam as laterais dos Alpes.
Tem algumas boas crevasses ali.
Vamos atravessar uma delas.
Os diários de Agassiz relatam que ele entrou em uma geleira,
para tentar descobrir sua extensão e tamanho.
Olá! Está bem escuro.
- É difícil ver a profundidade. - Não dá para ver o fundo.
Com a ajuda do guia de montanha, Gian Luc, espero fazer o mesmo.
- Vamos descer aqui. - Certo.
É incrível. Os equipamentos modernos que temos hoje,
comparados ao que tinham 150 anos atrás.
Era bem mais difícil do que hoje.
Acho que quando Agassiz esteve aqui,
ele usava um chapéu feito de pele de marmota!
Trajava uma bermuda suíça, um terno de lã ou algo assim.
Eu não sei até onde ela vai, esse é o problema.
Desce, tem uma abertura, e então fica tudo escuro.
Quando Agassiz desceu, ele desceu 40 metros, certo?
Quando chegou ao fundo, ele encontrou...
Encontrou água gelada.
Ele estava na água derretida no fundo da geleira.
Ele quase morreu afogado. Tiveram que retirá-lo.
Ele a chamou de sua "descida ao inferno".
- Tudo bem? - Tudo em ordem.
Ao descer,
é difícil esquecer que Agassiz quase morreu na crevasse.
- Mais? - Mais.
Continue, continue.
Há muita água aqui embaixo, correndo pelos lados.
O sensação é de que o gelo está nos esmagando.
É muito estreito.
Agassiz notou que o peso do gelo acima
comprimia as camadas abaixo.
Podemos afirmar que a pressão está aumentando,
pois o gelo aqui é praticamente azul.
É incrível.
As bolhas de ar expelidas por compressão,
assim como eu, sendo espremido neste instante!
Aqui embaixo, temos a real noção
da grande extensão e *** da geleira.
Uma geleira com 100 metros de espessura
comprime com uma força de 88 toneladas por m2.
Obrigado!
Todo verão, durante 5 anos,
Agassiz voltou às montanhas para estudar o gelo.
Ele queria descobrir se a imensa pressão da geleira
foi de alguma forma posta em ação.
O primeiro indício que Agassiz notou
foi algo peculiar ocorrendo na cabana de pesquisa
construída sobre a geleira.
Ela não estava onde ele a havia deixado.
A cada temporada, a cabana parecia estar
cada vez mais perto do fim do vale.
Ele deve ter pensado: "Que estranho.
"As montanhas ou a cabana devem estar se movendo."
- Aqui? Daqui até ali? - Certo!
Agassiz queria descobrir por que sua cabana se moveu.
Ele realizou um experimento, o primeiro do gênero.
Eu vou recriá-lo com o perito em geleiras, Jurg Alean.
Acho que vamos colocar o próximo ali.
É simples e inteligente.
Agassiz fixou estacas pela geleira,
um piquete a mais ou menos 50 metros um do outro.
- Acho que está alinhado. - Está.
Não esperaríamos que algo sólido assim se movesse,
mas Agassiz desconfiava que sim.
Ele acompanhou a localização das estacas durante anos seguidos.
Não podemos esperar por isso,
mas posso mostrar o que ele descobriu.
Agassiz descobriu que as estacas se deslocaram.
E se elas se moviam,
a geleira inteira, milhões de toneladas de gelo,
também se movia lenta e inexoravelmente montanha abaixo.
Uma descoberta incrível.
A equipe dele fez belas gravuras dos imensos rios de gelo,
que corriam pelos vales dos Alpes.
Tais experimentos, como o das estacas,
parecem simples, mas fornecem resultados interessantes.
Foi o método dele para medir a velocidade do gelo.
O quanto o gelo se movia durante 1 a 3 anos.
Era a única forma de fazer isso.
Com que velocidade tais geleiras se moviam?
Eles descobriram que o gelo se movia
30 ou até 60 metros no meio da geleira.
Isso em um ano. O gelo é rocha dura, certo?
Se o atingirmos, ele se quebra como vidro.
É lindo, não?
Mas em uma escala de tempo diferente,
é um fluido de movimento lento.
Ele muda de ano a ano.
As câmeras de Jurg Alean expõem a vida secreta das geleiras.
Em 15 segundos,
assistimos ao que Agassiz levou 5 anos para registrar.
É impressionante ver uma geleira aparentemente imóvel se movendo.
Com apenas estacas e lógica inteligente,
Agassiz provou que as geleiras desciam montanha abaixo.
E isso não é tudo.
Ele descobriu que a pressão de todo esse gelo
cominui e escava as rochas em seu caminho.
Este é o tipo de coisa que teria intrigado Agassiz:
uma rocha encrustada no gelo.
Há algumas menores, mas esta é a maior que vi.
Agassiz percebeu que eram
estes restos rochosos, os dentes da geleira,
que estavam devorando a terra.
Agassiz teve mais uma revelação.
No sopé dos Alpes, existiam enormes blocos rochosos.
Ele suspeitou que eles tinham algo a ver
com as geleiras montanha acima.
Eis uma visão familiar.
É uma das misteriosas rochas alienígenas.
Os franceses as chamam de "erratiques", erráticas.
Agassiz acreditava que foram transportadas pelo gelo.
Estes blocos o fascinavam.
Ele e seus colegas mapearam suas localizações
em áreas cada vez maiores.
O que Agassiz descobriu
o levaria a uma teoria extraordinária
sobre o passado da Terra.
Adoro mapas antigos, e este é especialmente belo.
Olhe esta imagem de um bloco errático.
O mapa cobre a maior parte da Suíça e segue até França,
as áreas em cor creme
mostram a distribuição dos blocos erráticos.
As geleiras existiam apenas nas montanhas,
mas muitos blocos estavam nas terras baixas,
longe de qualquer gelo.
As geleiras pareciam ter coberto uma área muito maior.
Presos no imenso manto de gelo havia blocos como este,
que, quando o clima aquecia e o gelo derretia,
foram deixados espalhados pelo campo.
É uma ideia bela, graciosa, mas simples.
Se as geleiras foram bem mais extensas,
Agassiz acreditava que seria capaz de encontrar
outras provas de sua ação na paisagem.
Ele propôs que estas ranhuras foram criadas
por rochas da geleira arrastadas sobre a terra.
E ainda mais espetacular,
que os grandes vales em "U" dos Alpes
eram sulcos gigantes esculpidos por geleiras.
Ele chamava as geleiras de "o grande arado de Deus".
Mas Agassiz não parou por aí.
E se não fossem apenas as geleiras suíças
que tinham derretido e recuado?
E se, há muito tempo, havia gelo por toda a parte,
que hoje desaparecera?
Foi assim que uma das mais radicais ideias
da história da ciência começou a tomar forma.
A ideia de que o clima fora bem mais frio,
e que as geleiras cobriram a maior parte do norte da Europa.
A teoria de Agassiz de uma grande e antiga era glacial
foi ousada. Até então,
ele estudara apenas áreas ao redor dos Alpes suíços.
Para prová-la, ele teria que ir muito mais longe.
Ele esperava encontrar pistas incontestes
em uma terra estrangeira com sinais de ter possuído geleiras,
mas que agora estava sem gelo.
E assim começou a aventura escocesa.
Assim, Agassiz veio à Escócia, no outono de 1840,
junto com seu colega cientista, William Buckland.
Ele queria descobrir na Escócia
os mesmos sinais de antigas geleiras que vira na Suíça.
Se conseguisse,
sua teoria de uma grande era glacial seria confirmada.
Juntos, eles excursionaram pelas Terras Altas.
Agassiz acreditava que somente enormes forças congelantes
poderiam ter moldado este vale em forma de "U",
assim como os vales alpinos de sua terra,
ou carregar estes blocos erráticos pela paisagem,
semelhantes aos que encontrara nos Alpes.
A teoria de Agassiz de um passado congelante
não explicava só as características óbvias
das Terras Altas.
Curioso. Isso é tudo que nos sustenta.
Uma das mais dramáticas é melhor observada do céu.
Essa foi boa!
Fantástico!
Great Glen, aqui vamos nós!
É assim que se viaja!
É assim que se faz Geologia!
Nada de andar a cavalo como se fazia há 200 anos!
Meu Deus!
Conforme avançou a viagem até a costa oeste da Escócia,
Buckland quis mostrar a Agassiz o ponto alto do percurso.
Ao norte de Ben Nevis fica Glen Roy.
Neste vale havia um fenômeno extraordinário
que ninguém tinha conseguido explicar.
Agassiz e Buckland vieram aqui
por causa dessas linhas peculiares
que estão em linha reta ao longo dos lados do vale.
Buckland considerava essas linhas paralelas,
o maior mistério geológico da Grã-Bretanha.
Todos os grandes gênios da época,
incluindo Charles Darwin, viriam aqui tentar estudá-las.
As três bordas têm cada uma 10 m de largura
e dezenas de km de comprimento.
As linhas correm paralelas e totalmente niveladas.
O que as torna tão enigmáticas e estranhas
é que são muito regulares. Parecem feitas pelo homem.
Parecem tão artificiais que contemporâneos de Buckland
achavam que foram criadas por uma antiga civilização humana,
e as 3 estradas tinham 3 finalidades distintas:
uma para o homem, uma para carruagens
puxadas a cavalo e outra para o gado!
Quando Agassiz as estudou, notou que não eram meras vias.
Para ele, essas características inescrutáveis indicavam gelo.
Ele acreditava saber o que houve.
Durante a era glacial,
uma geleira desceu das montanhas,
e obstruiu a boca do vale e o rio que o cortava.
Por detrás desta parede de gelo,
um lago lentamente se formou.
A água subiu até determinado nível.
Por centenas de anos, as ondas assolaram a margem do lago,
erodindo-a e criando uma linha marginal plana.
Ao ficar mais fria, a geleira aumentou de altura,
obstruindo o vale mais acima, e o nível do lago subiu.
Outra linha marginal foi criada mais acima nas laterais do vale.
Ao todo, isso ocorreu três vezes.
Finalmente, o clima se aqueceu,
o gelo derreteu e o lago regrediu,
deixando para trás as estranhas marcas na encosta.
É tão claro daqui de cima,
mas o surpreendente é que Agassiz
decifrou isso em solo, em poucos dias.
As linhas paralelas de Glen Roy
eram as linhas marginais abandonadas
de um antigo lago glacial.
Glen Roy era a peça fundamental do enigma.
Agora acreditava-se que enormes camadas de gelo
cobriram a Escócia,
um país distante das geleiras dos tempos atuais.
Agassiz acreditava que o gelo,
tão espesso quanto os mantos que cobrem a Groenlândia,
outrora cobriu grande parte do mundo.
Para Agassiz, esta paisagem característica e bem esculpida
fornecia as melhores provas para sua teoria.
Palavras dele: "Foi na Escócia que obtive precisão
"em minhas ideias sobre as geleiras antigas."
Pela primeiríssima vez,
Agassiz confirmara glaciação fora dos Alpes.
Uma das alegrias de ser geólogo é que
quando treinamos nossa mente a ver o que é importante,
começamos a ver o mundo à nossa volta
de uma forma completamente nova.
Para Agassiz e Buckland, o que viram em lugares assim
dizia-lhes que esta paisagem fora esculpida
por um imenso manto de gelo.
Nesse sentido, eles foram visionários.
Mas nem todos compartilhavam tal visão.
Agassiz voltou a Edimburgo com sua teoria da era glacial.
Em 1840,
muitos dos mais importantes geólogos mundiais viviam aqui.
Ele tinha de conquistá-los para sua ideia ser aceita.
Ele não poderia arrastá-los até as Terras Altas,
mas poderia lhes mostrar provas do gelo bem próximo.
Ele levou alguns dos melhores geólogos
a um passeio pela cidade.
Estou com os atuais membros
da Sociedade Geológica de Edimburgo.
Vamos a um lugar que seus antecessores visitaram.
A Pedreira Blackford, na periferia da cidade.
Ele queria lhes mostrar ranhuras e sulcos na rocha.
É preciso saber o que procurar, pois ao olho destreinado,
parecem apenas ranhuras e sulcos na rocha.
Mas o que representam...
Há um ótimo conjunto aqui, se é que consegue ver.
Parece que arranhei com as unhas.
Agassiz acreditava que fora causado
por rochas arrastadas no gelo erodindo a rocha.
Ela acabou bem polida e moldada.
É fascinante!
Quando Agassiz viu isto na Pedreira Blackford,
ele disse sua famosa frase: "Isto! Isto é obra do gelo!"
Agassiz estava convencido que houvera uma geleira aqui,
mas e quanto aos seus companheiros?
Quem veio com ele provavelmente não tinha visto uma geleira.
A sensação de tentar imaginar
este lugar coberto de gelo
seria muito difícil.
Sobretudo em um dia como este!
Sobretudo em um dia como este.
Parece perverso.
Quantos de vocês se convenceriam desta nova teoria
de que a Grã-Bretanha fora coberta por gelo,
- com base nisto? - Não, não.
Alguém se convenceria? Quero saber.
Acho que não.
Que silêncio!
Para a maioria dos geólogos da época,
estas pequenas ranhuras tinham pouca importância.
Então Agassiz recorreu a rochas mais grandiosas.
Uma em especial, visível de toda Edimburgo.
Do alto do monte Blackford, tem-se uma bela vista
da suavemente inclinada Royal Mile
saindo por trás de Castle Rock.
Agassiz acreditava que esse tipo de característica
fora esculpida pelo gelo.
Quando o gelo chegou a Castle Rock,
ele foi forçado pelas laterais.
Toda a área circundante foi esculpida pelo gelo,
à exceção da porção protegida atrás de Castle Rock.
Assim foi criada a inclinação suave da Royal Mile.
A questão é que a Geologia
geralmente não é tão óbvia quanto imaginamos.
Em razão disso,
as características apontadas por Agassiz
não eram facilmente visíveis.
Era preciso muita fé para partir
de pequenas ranhuras ou a forma de Castle Rock
e chegar à noção de uma grande era glacial.
Felizmente para Agassiz, um homem em seu passeio
por Edimburgo era o editor do jornal "The Scotsman".
Em um bar próximo à redação do jornal,
a teoria de Agassiz era assunto entre os jornalistas.
À época, a mera ideia de uma era glacial
dificilmente era imaginada.
Mesmo assim, o editor ousou a publicar o seu "grande furo".
Eis a matéria.
"Quarta-feira, 7 de outubro de 1840."
Espremido entre a crítica do Teatro Adelphi
e a sessão da câmara municipal
está o primeiro anúncio mundial da era glacial.
"Descoberta da antiga existência de geleiras na Escócia."
É incrível!
"O prof. Agassiz afirma que, em certa época,
"o norte da Europa e também o norte da Ásia e América,
"estavam cobertos por uma *** de gelo."
"O solo europeu habitado por manadas de elefantes gigantes,
"enormes hipopótamos e carnívoros gigantes
"foi de repente coberto por uma imensa *** de gelo."
"Seguiu-se o silêncio da morte."
É difícil enfatizar o quanto essa notícia estremecedora
representou para o leitor habitual naquele dia.
Equivale a ler que um ônibus de dois andares foi achado na Lua.
Nosso conhecimento do passado da Terra
nunca mais seria o mesmo.
Esta foi, basicamente, a chegada da era glacial.
Prestando atenção a essa nova ideia de era glacial
estava o mais influente geólogo da época,
Roderick Impey Murchison,
um ex-oficial do Exército,
cujo enfoque à Geologia parecia uma campanha militar.
Ele era um dos astros em ascensão da Geologia
e sua opinião acerca da teoria de Agassiz
poderia impulsioná-la ou destruí-la.
Murchison não acreditava em uma palavra dela.
Ele indagou sarcasticamente
se as ranhuras e o lustro nas ruas de Londres
seriam também atribuídos à ação do gelo.
Ele disse: "Chegará o dia em que a aplicaremos a tudo.
"Highgate Hill será o lugar de uma geleira,
"Hyde Park e Belgravia Square, o cenário de sua influência."
Dá para ouvir o sorriso de escárnio.
Roderick Murchison era um homem tradicional
com visões tradicionais.
Ele acreditava que o clima da Terra
permanecera constante ao longo do tempo.
Ocorrera um resfriamento gradual desde que a Terra se formou,
mas não grandes oscilações de temperatura.
Resistente a novas ideias,
Murchison classificou a teoria de uma antiga era glacial
como tolice.
E ele estava disposto a usar medidas desleais.
Estes parecem ser os anais da Sociedade Geológica de 1842,
mas na verdade são provas de um ato covarde,
um crime contra a ciência, pois Agassiz submeteu
dois de seus principais trabalhos a esta edição,
mas ao folhearmos, não os achamos.
Como presidente da sociedade, Murchison usou seu poder,
abusou do poder para atrasar constantemente a publicação.
Eles nunca foram publicados. Na verdade, ele os censurou.
Face a essa constante investida de Murchison,
até as convicções de Buckland
sobre a teoria da era glacial começaram a esmorecer.
Esta teoria inovadora
foi rechaçada por uma rixa geológica.
Louis Agassiz partiu para os EUA.
Pensou em levar suas ideias sobre a era glacial
o mais longe que pudesse.
Mas a polêmica continuou.
Os geólogos acharam muito difícil aceitar
a ideia da era glacial por uma simples razão,
pois não havia explicação
por que o planeta esfriou o suficiente no passado
para criar essa suposta era glacial.
Como a Terra esfriou e depois aqueceu de novo?
Por que mandá-la para o congelador,
para descongelá-la depois? Não parecia fazer sentido.
Por quase 20 anos,
o enigma da causa da era glacial permaneceu indecifrado.
A ajuda veio de uma fonte improvável.
Em 1859, um homem com saúde frágil
e com registro de empregos irregulares
candidatou-se a uma vaga na Anderson College, em Glasgow.
James Croll administrara uma loja de chá,
um hotel que não servia bebidas alcoólicas,
trabalhara em um moinho
e fora vendedor de seguros.
A carreira de Croll mudou de novo
ao conseguir emprego na universidade,
não como professor, pois não tinha qualificação,
mas como faxineiro.
Esse escocês tímido, quieto e pensativo
tinha pouca educação formal,
mas possuía uma mente brilhante.
Ele limpava as salas depois que os estudantes saíam
e sem dúvida ouvia algumas aulas de ciência,
ponderando sobre o que fora deixado na lousa.
James Croll usou sua mente
na teoria mais polêmica da época,
a origem da era glacial.
Em seu tempo livre, estudava sozinho astronomia física
e as complexas leis do movimento, luz e calor.
Croll me fascina.
Ele não queria saber das minúcias da Geologia.
Queria entender algo mais abrangente.
O que lhe deu vantagem foi que,
enquanto os geólogos olhavam para as rochas no chão,
ele olhava para o céu.
Nossa, achei o Sol!
O domínio de Croll sobre a astronomia
deu um enfoque original sobre o mais conhecido dos objetos.
É fascinante. Bela cor.
Fantástico, não? É a cor natural.
Por ser tão difícil de olhar para ele,
achamos que é algo branco incandescente.
Mas é um belo laranja-avermelhado.
Em um salto de imaginação,
Croll fez uma ligação entre o Sol e a era glacial.
Hoje em dia, temos a tecnologia moderna
para mapear e entender o sistema solar.
Croll não tinha nada disso.
Mas trabalhando só, ele desconfiou que a era glacial
tinha tudo a ver com a órbita da Terra ao redor do Sol.
Isto é um planetário,
uma engenhoca incrível que simula as órbitas dos planetas.
É maravilhoso ver a coreografia de todos os planetas girando.
Esta invenção é incrivelmente simples e graciosa.
Ela nos mostra o quanto era difícil o trabalho de Croll,
pois ele tinha que definir as órbitas de todos os planetas
e depois determinar a influência que tinham sobre a Terra.
Croll gostava de lidar com esses difíceis problemas
enquanto fazia longas caminhadas.
Imagine que isto é o Sol.
E imagine que esta rocha é o planeta Terra.
A maioria das pessoas imaginaria que a Terra
circunda o Sol em 1 ano
em uma ampla órbita circular.
Bela e simétrica.
Mas a órbita é na verdade ligeiramente elíptica.
Está mais para oval.
Estou exagerando para impressionar.
Por longos períodos de tempo
essa elipse ficou cada vez mais inclinada.
Ela se alongou, ficando ainda mais ovalada.
Esse alongamento é causado pela gravidade dos outros planetas
retirando a Terra da posição.
Quando isso ocorre,
a Terra passa mais tempo de sua órbita
longe do Sol do que em direção a ele.
Os invernos ocorridos quando a Terra está aqui,
na maior distância, tendem a ser mais intensos.
E esta posição mais longe do Sol,
a órbita mais alongada,
acontece a cada 100 mil anos.
Croll levou em conta outros fatores
que também mudam com o tempo,
como a inclinação da Terra.
Quando isso coincide com a órbita mais extrema,
a temperatura do inverno na Terra
atinge o ponto mais baixo, 20% mais frio.
Parece muito, mas não o bastante
para causar uma era glacial plena.
Croll acreditava que haveria algo mais
para deixar a Terra ainda mais fria.
Esta praia virou um laboratório de ciências.
Há dois grupos diferentes de cubos de gelo aqui,
do mesmo tamanho mas com cores ligeiramente diferentes.
Estes são de água comum, por isso são transparentes, claros.
Mas estes têm um pouco de corante ***.
Agora só preciso deixá-los ao Sol para derreter.
Croll aplicou a Física simples
da luz refletida ao clima da Terra.
Todos sabem que superfícies de cor clara
refletem mais a luz solar do que as escuras.
O que deve ocorrer
é que os cubos de gelo de cor clara e transparentes
devem refletir mais energia do sol
e levar mais tempo para derreter,
enquanto os escuros absorverão mais calor
e derreterão mais rápido.
Bem, essa é a teoria.
Olha só. O gelo escuro derreteu todo.
E ainda restam um, dois, três, quatro,
cinco, seis cubos de gelo aqui.
Eu classificaria de sucesso.
A habilidade de superfícies claras em refletir o calor
é chamada de efeito albedo.
Creio que não há muitos faxineiros que teriam pensado
no efeito disso sobre o clima na Terra.
Pense nos cubos de gelo claro
como os mantos de gelo nos polos Norte e Sul.
Croll afirmava que, a cada 100 mil anos,
a órbita extrema da Terra causava o crescimento
dessas camadas de gelo.
Quanto mais o gelo se expande, mais calor do sol é refletido.
Quanto maior o calor refletido, mais fria a Terra fica
e surge ainda mais gelo.
Por fim, ele acaba cobrindo a maior parte da Terra,
em uma era glacial que pode durar milhares de anos.
O efeito albedo é um dos mais poderosos
impulsionadores do clima terrestre.
Para Croll, ele explicava como o mundo podia esfriar rapidamente,
o bastante para iniciar uma era glacial.
Croll escreveu sua tese
e a publicou em um jornal científico.
A obra chamou a atenção do Serviço Geológico.
Eles ficaram espantados com suas ideias originais
sobre as causas da era glacial.
"Que gênio pensou nisso?", indagaram.
Ficaram surpresos ao saber que o tal Croll era um faxineiro.
Isso não os fez desistir.
Ofereceram ao gênio recém-descoberto
um trabalho de pesquisa.
Acabaram-se os empregos sem futuro.
James Croll alcançara êxito.
A posição profissional deu-lhe espaço
para desenvolver ainda mais suas ideias.
Ele passou os 10 anos seguintes escrevendo seu livro,
Clima e Tempo.
Não existem muitos livros que mudaram o mundo,
mas o de James Croll é tão crucial para a ciência climática
quanto A Origem das Espécies de Darwin é para a biologia.
E quantos já ouviram falar dele? É muito esquecido.
Devo confessar que nem eu o li,
por isso estou tão empolgado,
pois vou vê-lo pela primeira vez.
Aqui está. Este é o tomo sagrado.
Este é o diagrama que fica no centro do livro de Croll.
Olha só.
Dá um certo ar de drama,
esta representação gráfica da variação da temperatura.
Croll calculou as mudanças na temperatura da Terra
nos últimos 3 milhões de anos.
Representa o tempo,
um milhão, dois milhões, três milhões de anos atrás.
Ele afirmou que ocorreram tais oscilações,
um tipo de comportamento irregular,
mas algo que mesmo assim podia ser previsto.
Irregular, mas ordenado ao mesmo tempo.
O que chama a atenção são as múltiplas eras glaciais.
Ele reconstitui e disse que devia ter ocorrido
uma era glacial talvez aqui. E certamente ali.
Suscita muitas questões sobre o clima no passado.
E no futuro.
Aqui embaixo, 1800 d.C., época em que ele viveu,
e ele projetou o futuro, um milhão de anos no futuro,
imaginando quando ocorrerá a próxima era glacial.
Está claro que este homem tinha o cérebro
do tamanho de um planeta, por isso pensava neles.
Os colegas dele o achavam um gênio.
- Eles deviam estar certos. - O faxineiro gênio!
Estou surpreso com este livro.
Este gráfico de aparência comum é um grande avanço científico.
Ele mostra como a temperatura varia com o tempo,
o que foi uma ideia heterodoxa, quase uma heresia.
Havia a noção dominante de que a Terra
esfriara constantemente com o tempo,
e aqui estava essa irregularidade.
Mas o gênio de Croll enxergou ordem nessa irregularidade.
Tinha tudo a ver com as mudanças astronômicas.
É o chamado ritmo do manto de gelo,
uma espécie de marcapasso.
Croll nos deu a história de todas essas eras glaciais,
o aumento e diminuição dos mantos de gelo
ao longo de dezenas de milhares de anos.
Mas quando ele desenvolveu isso,
não havia evidência geológica para apoiá-lo.
Sua pesquisa foi teórica,
construída com princípios fundamentais.
Isso é ciência impressionante.
Para mim, James Croll foi um herói desprestigiado.
Como geralmente ocorre na ciência,
alguém roubou sua ideia.
Quando estudei as eras glaciais na universidade,
esses princípios astronômicos eram atribuídos
a um sérvio chamado Milankovitch,
e os períodos de aquecimento e resfriamento
eram chamados de ciclos de Milankovitch.
O que eu não sabia
era que Milankovitch baseou sua obra nas ideias de James Croll.
É bom esclarecer os fatos, dar crédito a quem merece.
O livro de Croll foi publicado em 1875.
A Rainha Vitória reinava.
A Revolução Industrial estava a pleno vapor.
Novos canais, vias férreas e estradas cortavam a paisagem.
Tanta exploração expôs a própria Terra.
Os geólogos tinham a chance perfeita de achar
a prova concreta no solo do que Croll previra no papel,
Múltiplas eras glaciais.
Entra em cena James Geikie.
Ele acreditava na ideia de eras glaciais recorrentes,
e estava determinado a achar prova disso na Escócia.
Geikie trabalhou com Croll no Serviço Geológico,
mas enquanto Croll teorizava,
Geikie gostava de pôr a mão na ***.
Neste antigo corte ferroviário,
podemos encontrar camadas depositadas
durante milhares de anos e, como Geikie descobriu,
revelar nosso passado glacial.
É o mais fundo que chegamos.
- O que você acha? - Parece ótimo.
Pode não parecer grande coisa,
mas o que empolga os geólogos,
é o que isso significa.
A camada cinza superior e a inferior vermelha
são ambas eras glaciais.
Elas estão separadas por uma fina camada negra.
Chama a atenção a camada orgânica negra mediana.
- Aqui embaixo. Isto. - Se extrair um fragmento,
verá que tem pedaços de galhos e folhas,
fragmentos de vegetação.
- É um tipo de solo. - Basicamente isso.
Este solo é de um período de aquecimento quando
havia árvores e outras plantas,
bem diferente das camadas superior e inferior.
Embaixo dele, temos este material arenoso vermelho.
Se escavarmos, acharemos pedras bem grandes nele.
Conforme subimos,
chegamos a uma argila pegajosa,
mas com pedras bem grandes dentro dela.
Bem similar ao material do fundo do qual falamos.
É assim que era glacial tende a se depositar.
O que vemos aqui é, basicamente, um depósito da era glacial,
depois temos um solo,
um período de aquecimento, a vegetação ressurge,
e abaixo, outro depósito da era glacial.
Glacial, não glacial, glacial.
Isso mesmo.
E não apenas aqui. Acharam vários sítios em toda a Escócia.
Geikie registrou grande número destes sítios em seu livro,
que publicou no início da década de 1870,
registrando tais sítios em cortes férreos da Escócia.
Deve ter sido um livro e tanto!
Cortes ferroviários da Escócia!
James Geikie achou evidências diretas
de múltiplas eras glaciais na paisagem.
Foi a primeira indicação de que Croll estava no rumo certo
com seu conceito de ritmo natural do planeta.
Mas a pesquisa de Geikie não pôde revelar
as datas exatas das eras glaciais.
Era impossível vincular seu trabalho
aos ciclos astronômicos de Croll.
Nos últimos anos, os cientistas nos deram
intervalos cada vez mais exatos das eras glaciais.
Aqui, na ensolarada Cambridge,
o Centro Britânico de Pesquisas na Antártica
tem uma coleção que remonta a quase um milhão de anos.
Eles usam o gelo para descobrir mais
sobre a temperatura passada da Terra.
Entendi o que quis dizer com "agasalhar-se".
É bem frio aqui dentro, não?
Qual é a temperatura?
- 20 graus negativos. - Menos 20°.
São as condições em que trabalhamos na Antártica.
Usando os mesmos trajes que lá.
É isto que vocês extraem. Cilindros de gelo.
É o gelo no qual estamos trabalhando.
Os cilindros são extraídos do manto de gelo antártico.
Quanto mais profundo o cilindro, mais antigo ele é.
Ao medir a profundidade das amostras de gelo,
os cientistas definem quando ele se formou.
Este cilindro que acabei de retirar
tem uma seção de 20 anos de gelo.
Se esse tem 20 anos,
então o de 800 mil anos
é gigantesco!
Tem 3 km de profundidade. Temos de perfurar o gelo
para obter um registro de 800 mil anos.
Com certeza, vocês não têm tudo isso aqui!
Usamos a serra para cortar umas amostras de gelo
e descobrir mais sobre o clima do passado.
Isso! Veja só esse brilho,
essa textura açucarada. Quantos anos tem?
Este pedaço de gelo tem cerca de 10 mil anos.
De onde ele é? Temos um mapa da Antártica aqui.
É da Ilha James Ross,
que fica bem no extremo da península antártica.
A equipe da Antártica está mais interessada
na temperatura da Terra à época em que o gelo se formou.
Cada amostra tem composição química distinta.
Os cientistas usam esta característica
para medir o quão quente ou fria a Terra era à época.
Eles descobriram que, ao longo dos últimos 800 mil anos,
a temperatura da Terra variou,
e tais mudanças seguem a órbita da Terra.
James Croll não conseguiu desvendar todos os detalhes,
mas seu princípio geral foi confirmado.
O que você sabe sobre James Croll?
Não muito. Só sei que ele estava
envolvido nas primeiras ideias
sobre mudanças naturais no clima da Terra.
Estou tentando tirá-lo da geladeira.
Andei pensando que ele ia adorar pôr as mãos nisto,
ter visto o que estão fazendo com os cilindros de gelo,
pois isto está dando resultado, não?
Disseram que se eu saísse com este pedaço de gelo,
eu ouviria algo esquisito.
Não ouço nada.
Eu devia estar ouvindo o gelo começar a derreter,
bolhas de ar estourando.
Está estalando.
Estou ouvindo o som da atmosfera
de milhares de anos atrás saindo.
O som da era glacial!
Hoje, aprendemos mais sobre as eras glaciais
do que Croll jamais sonhou.
Onde começaram,
quanto duraram e a sua extensão.
O último manto de gelo a cobrir as Ilhas Britânicas
foi há apenas 20 mil anos.
Era de se pensar que começou no Polo Norte
e espalhou-se rumo ao sul,
mas a interpretação das rochas
revela que a era glacial da Grã-Bretanha
inciou-se no meio das Terras Altas escocesas.
Nas Ilhas Britânicas,
o manto de gelo surgiu em Rannoch Moor.
Atingindo a espessura máxima de 1 km,
mil metros de gelo, similar à Groenlândia atual.
Este foi o coração da era glacial.
Daqui, as geleiras se moveram lentamente
por estes vales rumo ao mar,
esculpindo estes magníficos vales.
Hoje sabemos que houve 10 grandes eras glaciais
no último milhão de anos.
Mas o que o futuro nos reserva?
Hoje, os cientistas seguem os passos de James Croll.
Eles também preveem que se aproxima uma era glacial.
Neste barco, na costa oeste da Escócia,
eles decifram para onde irão as geleiras da próxima era glacial.
A melhor forma de fazer isso
é olhar para onde o gelo foi da última vez.
Este é o Estuário de Lorne.
Estive aqui muitas vezes, mas nunca deste jeito.
Parece um reservatório.
Pode parecer estranho estudar geleiras no mar,
mas há milhares de anos, isto não era o mar,
era terra coberta de gelo.
Durante as eras glaciais,
tanta água ficou represada nos mantos de gelo
que no mundo todo o nível do mar caiu até 150 metros.
Quando os mantos de gelo derretem, o mar sobe de novo,
assim, ao mapear o leito do mar, John Howe e Tom Bradwell
podem achar os rastros dessas antigas geleiras.
Dá para ver aqui o rastro da geleira
no manto de gelo ao descer o lago.
Podemos ver estes belos cumes que cruzam a área.
Isto foi produzido por uma geleira.
Eles ficam melhor preservados no fundo do mar
pois não há nada para erodi-los.
Vemos tais características melhor preservadas no mar
do que em terra.
Pela primeira vez, podemos ver aonde o gelo chegou.
São limites reais. Não é suposição.
Colhemos dados reais sobre onde o gelo chegou em dado momento.
A equipe fez um modelo em computador que mostra
como pode ser a próxima era glacial na Grã-Bretanha.
A extensão destas geleiras gigantes
dependerá da queda da temperatura.
Uma queda de oito graus mergulharia a Grã-Bretanha
numa completa era glacial.
Isso quer dizer que o gelo pode no futuro
- cobrir esta área de novo? - Exato.
Haverá outro enorme manto de gelo,
centenas de metros de gelo, e ele irá arrastar tudo.
E remover o que restar de nós, as cidades.
Tudo o que achamos tão familiar será destruído.
- Irá nos esmagar! - Tudo será demolido.
Oban será varrida.
Não são apenas as cidades escocesas que serão destruídas.
A próxima era glacial será uma catástrofe mundial.
Milhões ficarão desabrigados.
América, Europa e Ásia serão tomadas pelo gelo.
É por isso que a Geologia é extraordinária.
Temos de imaginar mundos estranhos.
Obtemos pistas instigantes aqui e ali,
mas boa parte disso está em nossa cabeça.
Como visualizar centenas de metros de gelo acima de nós?
É difícil imaginar.
Mas quando isso acontecerá?
A pergunta do milhão.
Quando a Terra entrará na próxima era glacial?
Daqui a 40, 50 mil anos, haverá uma era glacial,
e a Escócia voltará às condições
que vimos há cerca de 12 a 20 mil anos.
Mas essa previsão ainda se baseia nos ritmos naturais
que Croll e Milankovitch desenvolveram?
Isso mesmo! Essas frequências naturais
existirão no futuro. Sabemos disso.
Ao olharmos o passado, nos últimos 2 milhões de anos,
vimos essa frequência natural.
Esta é uma visão do nosso futuro,
e só viemos a percebê-la graças aos pioneiros do passado.
Gente como Louis Agassiz, que abriu nossos olhos
para a força do gelo que esculpiu nossa paisagem.
E a James Croll, que olhou para o céu
para resolver o mistério das eras glaciais da Terra.
Esses homens de pedra
deram-nos os meios para entender o nosso planeta.
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