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A ciência espacial
como a nuclear, ou qualquer tecnologia,
não tem consciência
Para ser uma força do bem ou do mal
depende do homem.
Só com os EUA
que têm uma posição proeminente
poderemos contribuir para decidir
se este novo oceano será um mar de paz
ou um novo e terrível campo de batalha.
A China experimentou uma arma anti-satélite
contra um antigo satélite meteorológico.
À terceira tentativa,
conseguiu destruir o antigo satélite meteorológico.
A China pode estar a tentar estabelecer-se militarmente no espaço.
Poderiam derrubar os satélites espíões dos EUA?
Deixaram uma nuvem de desperdícios em órbita.
Ficaríamos numa posição vulnerável, paralizados.
É o que pretendem?
Há países que se mostram hostis e têm presença no espaço.
A ameaça à nossa segurança espacial é real.
IRÃO PÕE EM ÓRBITA O SEU PRIMEIRO SATÉLITE
A segurança espacial é vital para o país.
Se perdessemos o aceso ao espaço a estabilidade do país ficava em perigo.
Se se lança um ataque contra satélites comerciais,
um ataque assim paralizaria a indústria dos EUA
A China advertiu que uma guerra espacial afetaria todo o planeta.
O espaço vai-se enchendo e necessitaremos de medidas de defesa.
Fracassa o tratado de proibição de armas espaciais.
A guerra espacial é uma posibilidade.
O espaço é a base da segurança nacional.
Não há alternativa ao domínio militar do espaço.
Esta convicção deveria marcar o nosso rumo nos próximos 50 anos.
1. A AMEAÇA
A meio do séc. XX,
A humanidade pôs em órbita o primeiro satélite.
Essa nova conquista proporcionava um novo campo de batalha.
A guerra ainda não se viu no espaço,
respeitou-o.
Mas a pulsão humana para dominar
pode destroçar o espaço que envolve o nosso planeta,
e o planeta.
Em quem podemos confiar para regular o espaço?
Academia da Força Aérea dos EUA Colorado Springs
César Augusto chegou ao poder
27 anos antes de Jesus Cristo.
As pessoas viveram melhor no império de Augusto
que em qualquer outro império
em qualquer época anterior.
As estradas melhoraram,
os piratas deixaram de ameaçar os barcos...
Naquela época vivia-se tão bem,
que o período recebeu um nome especial.
ainda se lhe chama
“Pax Romana”, a paz romana.
Há outro período de paz que tem nome.
É a “Pax Americana”, a paz dos EUA.
É o período em que a influência norte-americana no mundo
produziu uma paz relativa.
Agora parece que a “Pax Americana” é ameaçada.
Para a maioria, a paz é a ausência de guerra.
Mas a paz é a presença de um Senhor ressucitado e vivo na vossa vida.
Se em cada manhã vos levantais numa zona em guerra,
o Senhor não vos livrará do vale da sombra da morte
mas ajudará a atravessá-lo.
Como se diz em Isaías 54:
“Os montes moveram-se e os outeiros,
mas o meu amor não se desviará, da minha aliança de paz."
COLTON TUTTLE Cadete da Força Aérea
Chamo-me Colton Tuttle.
Sou cadete na academia da Força Aérea.
Graduei-me em 44 dias,
e espero cumprir a minha parte
para que todo o mundo possa disfrutar da sua liberdade.
A “Pax Americana” é uma visão política
uma vez que os EUA são a única superpotência,
THERESA HITCHENS Centro para a informação da defesa
têm a responsabilidade de manter a paz mundial.
O nosso país sempre teve um papel determinante na paz mundial.
Agora, esta responsabilidade também se estende ao espaço.
Se países como a China atacarem no espaço
tal poderá levar a uma crise muito séria.
Esperemos...
que se possa falar com eles antes de um desastre.
Os EUA e os seus serviços secretos,
QUARTEL GENERAL DA CIA Langley, Virginia
TIM *** The New York Times
preocupa um ataque não com armas nucleares ou químicas,
nem biológicas, mas tecnológicas.
A comunicação global faz parte da vida diária.
A uma altitude de kms,
sem sabermos,
Os satélites dirigem a nossa sociedade híper-conectada.
Se vemos o espaço, pensamos no telescópio Hubble,
nas sondas em Marte...
mas muita gente não dá conta de que usa o espaço diariamente.
Quando falamos por telemóvel,
quando tiramos dinheiro de uma ATM...
Os satélites oferecem programas de TV e notícias do mundo.
Os sistemas de posicionamiento usam-nos,
para controlar o tráfico aéreo, marítimo, terrestre...
e até o nosso carro!
Sem satélites não haveria previsão meteorológica,
nem seguimento de possíveis catástrofes.
Toda a nossa vida depende dos satélites.
São básicos, mas não daremos por isso até os perdermos.
Pelo menos 1000 satélites ativos orbitam a Terra.
São propiedade de 45 nações,
e a maioria dos países utilizam os seus sinais.
Mas os EUA dominam a propiedade e o uso
dos sistemas espaciais,
tanto civis como militares.
Bombardeio de objetivos e gestão das batalhas em tempo real.
GENERAL FRANKLIN BLAISDELL Operações Aéreas e Espaciais
O que podemos levar a cabo por terra, mar e ar
Graças à capacidade de combinar estas forças.
Começamos com a operação “Tempestade no deserto”,
e em cada conflito posterior,
e cada vez o fazemos melhor.
BAGDADE, 21 DE MARÇO DE 2003
Desde a primeira guerra do golfo,
o uso do espaço tem sido vital para as operações militares dos EUA.
Na segunda guerra do golfo,
durante o ataque aéreo a Bagdade,
os EUA guiaram por satélite 71% dos mísseis.
O espaço é a espinha dorsal do poder militar dos EUA.
Ou será o seu calcanhar de Aquiles?
Um ataque de surpresa aos satélites.
É o grande pesadelo.
Destruindo 50 satélites militares dos EUA,
BILL GERTZ The Washington Times
Os chineses paralizariam o exército dos EUA.
Evitariam que o exército
comunicasse.
Deixariam cega a espionagem dos EUA, que usa satélites eletro-óticos
para determinar os movimentos das forças militares em todo o planeta,
e paralizariam os sistemas de navegação
que utilizam munições de precisão dirigidas por satélite.
Seria um Pearl Harbour eletrónico.
Sem satélites, os EUA seriam incapazes de levar a cabo
qualquer operação militar de maneira eficiente.
Considera-se prioritário que os EUA
possam impedir ataques aos seus recursos no espaço,
FRANK GAFFNEY Ex-assistente do Secretário de defesa
podem continuar a usá-los sem restrições
e, se necessário, podem negar a outros
o uso de recursos similares para os seus objetivos.
O mundo mudou.
Cada vez mais países têm presença no espaço exterior,
e a possibilidade de uma guerra espacial não é ficção.
Este mundo novo pede soluções novas.
Apresentamos O Comando Espacial do Exército do Ar.
Estas forças são os olhos dos EUA no espaço,
vigiam os nossos interesses das alturas.
FORÇAAÉREA DOS EUA Acima de tudo
Rechaçar envolve o uso da força...
Armas no espaço dirigidas à Terra...
A China percebe
que o domínio militar dos EUA baseia-se no espaço.
“Os EUA converteram-se no polícia do planeta”.
BASE DE MAXWELL DA FORÇA AÉREA Alabama
Que lhes parece esta frase?
Parece exata? Se é, como se levaria a cabo?
Um dos primeiros objetivos da marinha dos EUA
foi combater a pirataria.
Se pensamos no comércio futuro, as forças de segurança
terão um papel importante.
Cada vez há mais países que utilizam o espaço para fins militares.
Tarde ou cedo terão choques,
e o espaço será outro campo de batalha.
A mesma ética que agora aplicamos às forças militares
será aplicável ao espaço.
Não há que forçar as analogias,
mas comparar o espaço com o mar é muito útil.
Os holandeses controlaram o mar no séc XVII,
os ingleses nos sécs XVIII e XIX.
EVERETT DOLMAN Estratega militar espacial
Os EUA fizeram-no no séc. XX e vão fazê-lo no XXI.
Garantirão que não se obstrua o comércio,
e que a pirataria desapareça.
Podemos fazer o mesmo no espaço,
para benefício de todos.
Seremos a polícia do espaço para benefício comum.
Quase ninguem se opõe a que os EUA
desloquem barcos de guerra nos oceanos do planeta.
JON KYL Senador republicano
Não nos acusam de “militarizar o mar”,
porque sabem que as nossas armas garantem o trânsito
de todos os que seguem os seus interesses pacificamente.
De modo similar, os sistemas espaciais dos EUA
poderiam patrulhar o espaço para benefício de todos.
A força aérea dos EUA encarregou-se da missão
de garantir o acesso ao espaço,
e de o negar em momentos de conflito.
Pode realizar-se esta missão sem armas?
O que é uma arma espacial?
O que sabemos da capacidade dos EUA
para ser a polícia do espaço e impedir o seu acesso?
LABORATÓRIO DA USAF Novo México
A tecnología chamada Starfireutiliza-se para seguimento de satélites,
e também em astronomia para calcular a distância das estrelas.
O laser determina onde está a estrela e a que distância.
No orçamento da Força Aérea
menciona-se o uso de Starfire para armas anti-satélite.
Mas, no Congresso, a Força Aérea assegurou
que não utilizaria essa tecnología para as armas anti-satélite.
Porém, estão a experimentar para fazer o laser fino,
e estável à distância, tendo a meta em satélites.
Se só se faz o seguimento,
não faz mal que o Laser seja muito fino.
É melhor ser amplo porque é mais fácil de localizar.
Por isso, preocupa-nos
que se trate na realidade de provas de uma arma anti-satélite.
Em abril de 2005,
A Força Aérea colocou em órbita um satélite experimental
chamado XSS-11.
Teoricamente, este micro-satélite experimental
tem capacidade de danificar satélites de outros países.
Fez? Não. Poderia fazer isso?
Em princípio, sim.
Mas a hora da verdade...
não sabemos.
É importante que se saiba
que a maior parte da tecnologia que se usa no espaço
pode utilizar-se como armamento
ou para objetivos pacíficos.
O laser de seguimento é mais preciso. Boa Ideia!
Os micro-satélites que orbitam ao redor de outros e tiram fotos...
Boa ideia, porque ajudam a saber que falhas teve o satélite.
O mesmo micro-satélite que orbita ao redor de outro maior,
pode-se enviar para que primeiro orbite, e depois destrua o outro satélite.
A tecnologia não sabe,
se o uso será militar ou pacífico.
O que conta são as intenções de quem faz estes sistemas.
Como distinguir se as intenções dos sistemas lançados ao espaço
são hostis ou pacíficas?
Como sabemos que a militarização do espaço ainda não começou?
2. O ENGANO
Academia da Força Aérea dos EUA Colorado Springs
Sou o diretor do departamento de astronáutica
da academia da Força Aérea.
Sempre ensinámos
os fundamentos da astronáutica aos nossos cadetes.
Todos os cadetes que se graduaram
-quase 40.000-
fizeram cursos no nosso departamento.
Como se chama esta zona?
“Arco de choque”, exato.
Temos uma órbita elítica sobreposta...
a tática militar ensina
que para controlar o campo de batalha,
tem que se ser o primeiro a controlar a posição mais alta ou vantajosa
seja em terra, mar ou ar e, agora, no espaço.
Quem a controla primeiro beneficia.
Negar o espaço aos nossos inimigos seria uma grande vantagem.
As forças militares sempre se basearam
na técnica da “posição elevada” para ganhar.
DR. HOWARD McCURDY Perito em política espacial.
Mesmo na Guerra Civil norte-americana,
o exército unionista utilizou balões aerostáticos
para ver, por cima das árvores, onde estava o inimigo.
Na Primeira Guerra Mundial, os primeiros aviões utilizados
foram de reconhecimento.
A sua missão era ver onde estava o inimigo.
O espaço considera-se a posição mais vantajosa.
O Estado que a obtenha e mantenha, terá a mesma vantagem
que a obtida historicamente em montanhas, colinas
ou, na segunda metade do séc. XX, no espaço aéreo.
6 de setembro de 1944.
Armado com mais de uma tonelada de potentes explosivos,
o primeiro míssil tático alemão, chamado V2,
a “arma de vingança”, foi lançado contra Londres.
O exército de Hitler,
com o V2 foi pioneiro da nova “posição elevada”.
A “arma de vingança”
foi o primeiro objeto feito pelo homem para o espaço.
Estava destinado a objetivos europeus.
Este foguete desenvolveu-se no Terceiro Reich,
ALAIN DUPAS Perito espacial europeu
foi usado pelo exército nazi.
Até ao fim da Segunda Guerra Mundial,
as SS tinham a seu cargo
a realização desse programa.
Boa parte dos trabalhadores
eram prisioneiros de um dos piores campos de concentração,
o campo de Dora.
Um jovem oficial das SS, Werner von Braun,
era o engenheiro encarregado do desenho e fabrico do V2.
Este primeiro míssil balístico suscitou o interesse de um rico mecenas
fora ds Alemanha.
Depois da guerra, o V2 é algo
que querem conseguir
tanto os soviéticos como os ocidentais.
Portanto, recuperou-se Von Braun
e uma centena dos seus melhores engenheiros.
na operação “paper clip”.
levaram-no para os EUA.
HUNTSVILLE, ALABAMA, 1950
O Pentágono encarregou Von Braun e a sua equipa
de desenharem uma versão melhorada do V2.
Von Braun dirigiu a produção do Redstone,
o primeiro míssil balístico norte-americano,
o que o levou às mais altas esferas de influência científica e militar.
Von Braun acabou por ser diretor associado da NASA.
Aqueles antigos cientistas nazis,
acabaram colaborando com o exército dos EUA
KARL GROSSMAN Autor de “Armas no espaço”
considerando que o espaço era um novo campo de batalha.
O REPTO DO ESPAÇO EXTERIOR
Sentem-se, por favor, vai começar a conferência.
Tenho o prazer de apresentar o nosso conferencista,
Doutor Werner Von Braun.
Senhores, a conquista do espaço exterior
é o maior repto tecnológico da época em que vivemos.
À direita desta imagem
podem ver uma grande base espacial circular
que oferece possibilidades enormes de missões de reconhecimento
para uso tanto civil como militar.
Os cientistas espaciais nazis
que vieram para este país com o projeto “paper clip”,
desenvolveram planos
para controlar a Terra
do espaço, com armas situadas no espaço.
Seria possível usar esta plataforma
como base para bombardear objetos em terra.
Na minha opinião,
esses bombardeios poderiam levar-se a cabo
com uma precisão sem precedentes desde esta plataforma.
A maioria dos engenheiros alemães nos EUA,
foram considerados com certa reserva durante uns anos,
mas obtiveram a cidadania norte-americana,
tiveram um papel no desenvolvimento do programa espacial dos EUA,
e Von Braun
foi o responsável pela construção dos foguetões Saturno.
4 de outubro de 1957.
A Rússia surpreende o mundo.
A U.R.S.S. põe em órbita o primeiro satélite artificial,
o Sputnik I.
Os soviéticos são os líderes da corrida espacial.
encarregaram-nos de pôr em órbita um satélite científico.
Prometi ao Secretário da Defesa que o teríamos em menos de 90 días.
Apanhem-no!
Von Braun cumpriu o prazo.
CABO CANAVERAL 1 de fevereiro de 1958
A sua V2 modificada
pôs em órbita o primeiro satélite norte-americano.
A corrida espacial tinha começado.
Uma notícia largamente esperada.: Os EUA põem o seu primeiro satélite em órbita.
Como legislar neste novo território?
CRAIG EISENDRATH Ex diplomata
Entrei para o serviço diplomático em 1958 no escritório político da ONU.
Tinha 22 anos.
Era o funcionário mais jovem do Departamento de Estado.
Deram-me os aspectos multilaterais do programa espacial.
Tínhamos lançado o primeiro satélite,
E encarregaram-me dele.
Disse que tinha apenas 22 anos, mas fizeram-no.
Atualmente, o espaço exterior é livre.
LYNDON B. JOHNSON Senador, 1958
Não teve nenhum conflito.
Nenhuma nação tem o seu exclusivo.
Deve continuar assim.
Quando começamos, não havia nada estabelecido.
De quem é o espaço?
A Lua e Marte?
Tratava-se de uma situação
como quando Colombo descobriu o Novo Mundo?
Diríamos: “Em nome dos Estados Unidos...”
Em nome do rei e da rainha de Espanha...
Nós ou os russos?
Depois houve outra questão.
Será que vamos utilizar o espaço pacíficamente,
ou para fins militares e agressivos?
Temos que desenvolver conceitos que nos permitam
dentro de 10 anos, levar um foguetão à Lua,
e decidir se queremos ter uma base na Lua
com fins científicos ou militares.
Pensámos: não poderia haver uma área
um setor,
livre de armas?
Quando chegou o tema do uso pacífico
choquei com o Departamento de Defesa.
Disseram que não queriam renunciar
à ideia de armas no espaço.
“Aceitaremos que se proíbam as armas de destruição masiva
no espaço,
mas não assinaremos um tratado que nos impeça de colocar armas lá”.
ASSINATURA DO TRATADO DO ESPAÇO EXTERIOR 27 de janeiro de 1967
Eu perdi.
Ganhou o Departamento de Defesa
e o tratado de 1967
diz que não se podem colocar em órbita armas de destruição massiva
mas não proíbe outras armas.
Os líderes mundiais, sob pressão do Departamento de Defesa,
apoiaram a militarização do espaço.
Apesar de as armas nucleares serem excluídas do espaço
proliferavam na Terra.
Ao terem ambos os lados deste mundo dividido
armas muito destrutivas,
a Humanidade acerca-se de uma situação
em que é possível a aniquilação mútua.
Por si mesmos, os satélites
não têm um efeito direto na segurança da nação.
DWIGHT D. EISENHOWER Presidente dos EUA, 1959
Este lançamento tem uma importância militar real.
LANÇAMENTO DE UM SATÉLITE ESPIÃO Programa “Coroa” 1959-1972
Por temor de um ataque nuclear, os EUA e a U.R.S.S.
lutam por saber a posição e potência dos efetivos inimigos.
Ambos lançam satélites
para espiar o arsenal do adversário.
A luta para ocupar a posição melhor
tinha começado.
Os EUA planificaram o passo seguinte para militarizar o espaço,
em secredo,
a principios dos anos 80.
Em 12 de junho de 1982,
houve uma grande manifestação em Nova York.
Quase um milhão de pessoas protestaram contra as armas nucleares.
Era um momento álgido na guerra fría.
Eu pela televisão.
Quando terminou, emitiram uma conferência direitista.
BRUCE GAGNON Red global contra as armas no espaço
Falava o tenente-general Daniel Graham.
Naquela época era o chefe
da iniciativa de Defesa Estratégica de Reagan.
Perguntaram-lhe se estava preocupado com a manifestação,
com quase um milhão de pessoas
protestando contra as armas nucleares.
Disse: “Parece-me fantástico”.
Estão a protestar contra os mísseis balísticos intercontinentais,
e nós vamos para o espaço.
Não fazem ideia. Que continuem assim.
E se pudéssemos intercetar e destruir os misseis estratégicos
antes que alcançassem o nosso território ou o dos nossos aliados?
Serão décadas de esforço em muitas frentes.
Haverá fracassos e reveses,
también êxitos e grandes passos adiante.
Não vale a pena que se dediquem todos os esforços necessários
para libertar o planeta da guerra nuclear?
RONALD REAGAN 23 de março de 1983
Hoje iniciámos um esforço
que promete mudar a história da humanidade.
Peço as vossas orações e apoio.
Obrigado, Boa Noite.
Quando entrei como colaborador
no Comitê das Forças Armadas do Congresso
em 1985,
JOSEPH CIRINCIONE Ex membro do Comitê das Forças Armadas
a minha primeira tarefa foi investigar e supervisionar
a iniciativa de Defesa Estratégica,
a “Guerra das Estrelas” do Presidente Reagan.
Esta nova estratégia nacional representa uma rotura
com a perigosa política da destruição mútua assegurada
Na versão de “Guerra as Estrelas” de Ronald Reagan,
“A força” debvia ser deslocada pelo novo transportador espacial.
Quando se desse um ataque soviético,
dispararamos os intercetores norte-americanos.
Tratava-se de baterias de armamento colocadas em órbita
para repelir um ataque nuclear
antes que alcançasse espaço aéreo dos EUA.
FILME PROMOCIONAL DA I.D.E. The Heritage Foundation, 1985
A opinião maioritária era que o sistema funcionaria
porque a tecnologia estava quase pronta, e isso mudaria tudo.
O diretor do nosso grupo disse
que não só os sistemas anti-mísseis
mas todos os sistemas de armamento iriam para o espaço.
O espaço era a nova “posição elevada” -como já se denominava-
onde ocorreriam todas as operações militares importantes.
Foi um debate “estelar”.
O astrónomo mais popular do país
contra o chefe da “Guerra as Estrelas”.
Não pode proteger a população dos EUA
Os soviéticos podem colapsar, aprender a superá-lo...
Não estou disposto a aceitar a ideia
de que não funcionará.
A maioria daqueles planos era fantasia
e não passou de animações publicitárias.
Mas o exército norte-americano não abandonou a “Guerra das Estrelas”.
Quando os EUA se converteram na única superpotência,
o Pentágono manteve os planos de utilizar armas espaciais.
A “Guerra das Estrelas” reapareceu no principio do séc. XXI
com um novo nome: “Escudo anti-mísseis”.
Isto permite-nos construir un escudo anti-mísseis
para contrariar as ameaças do mundo de hoje.
Espero que avancemos com o escudo...
Temos que desenvolver e deslocar
um escudo anti-mísseis.
No ano 2000, quando G. Bush chegou à presidência,
STEVEN STAPLES Autor de “Escudo anti-mísseis, primeiro assalto”
Ele e as pessoas que o rodeavam,
Paul Wolfowitz,
Donald Rumsfeld, *** Cheney,
tinham duas prioridades:
a primeira, desfazer-se de Saddam Hussein.
a segunda, construir un escudo anti-mísseis.
Bons dias.
Acabo de ter uma reunião com o Conselho Nacional de Segurança.
13 de dezembro de 2001
Revimos
o que falamos com o meu amigo, o presidente Putin
em muitas reuniões e muitos meses.:
a necessidade de que os EUA
deixem de reger-se pelo tratado anti-mísseis balísticos de 1972.
anti-mísseis balísticos de 1972.
Quando G. W. Bush chegou à presidência,
avisou a Rússia com 6 meses de antecipação
que os EUA se retiravam do tratado anti-mísseis balísticos,
que limitava a capacidade dos EUA para experimentar e deslocar
armas anti-satélite,
escudos anti-mísseis e outras tecnologias espaciais.
O Pentágono adverte que o espaço será o próximo grande campo de batalha.
Para responder a este repto, o secretario de defesa
considera o espaço uma das prioridades do Pentágono,
e colocou um general como chefe do Comando Espacial da Força Aérea
para que se encarregue da actividade militar no espaço,
e do escudo anti-mísseis.
Estamos muito atentos à proteção
dos nossos interesses no espaço.
O Pentágono diz que é o primeiro passo para levar armas para o espaço.
O orçamento propõe
gastar 8.300 milhões de dólares
no programa do escudo anti-mísseis.
É um aumento de quase 60% em relação ao ano anterior.
3.000 milhões.
É muito dinheiro dos contribuintes.
Por outro lado, o Presidente quer o escudo anti-mísseis
para proteger os centros populacionais dos EUA.
e as nossas forças no estrangeiro.
Evento válido de míssil.
Evento válido. Seguimento 2, 0, 0, 0.
A Força Aérea simula uso do escudo anti-míssil,
em que “nações párias” atacam cidades norte-americanas.
Posívele impacto em São Francisco...
Na realidade, quem lançaria um ataque assim?
A ameaça reduz-se, não aumenta.
A ameaça dos mísseis balísticos diminui.
Há muito menos mísseis balísticos que há 50 anos.
Há menos países que produzem mísseis balísticos,
e menos países hostis aos EUA.
que produzam mísseis balísticos,
Na realidade, a preocupação reduz-se
a un pequeno grupo de países,
basicamente Coreia do Norte e Irão,
que só têm mísseis de médio alcance, que não podem chegar aos EUA.
Desde Ronald Reagan,
todos os presidentes reservam fundos para a defesa anti-míssil,
sob diferentes nomes,
e com diferentes orçamentos.
No total, mais de 200.000 milhões de dólares.
Têm o que pagam, os contribuintes norte-americanos?
É um engano. O escudo anti-mísseis é a maior fraude
do Departamento de Defesa, apesar de ter muita competência!
Acredito nisto.
O escudo anti-mísseis é a burla de maior duração
na historia do Departamento de Defesa.
Se um ataque balístico é inverosímil,
por quê gastar tanto a repeli-lo desde o espaço ?
E se o escudo anti-mísseis
dissimular maiores ambições?
Qualquer escudo anti-mísseis terá capacidade para destruir satélites.
Esteja ou não situado no espaço.
BAKER SPRING The Heritage Foundation
Creio que isto é inevitável.
É mais difícil acertar num míssil que num satélite.
alvejar um satélite
é uma capacidade associada ao escudo anti-mísseis.
Em fevereiro de 2008,
os EUA destruíram um satélite proprio
com um sistema de intercetores de mísseis.
Os EUA demostraram que estes intercetores
também chamados “bombas relativistas”,
podem destruír qualquer satélite nas órbitas baixas terrestres.
O escudo anti-mísseis era um cavalo de Troia.
Não tem nada a ver com defender-se.
Trata-se de projetar poder e de agredir.
Eu mesmo vi, na base de Colorado Springs,
sobre la porta, a frase: “Amos do espaço”.
Li o documento “Uma visão para o ano 2020”
e toda uma série de documentos militares do Comando Espacial
que há anos dizem
que os EUA controlarão e dominarão o espaço,
que negarão a outros países o acesso ao espaço.
Os norte-americanos, 5% da população mundial,
negarão aos demais países
o acesso ao espaço. Uma autêntica provocação.
O nosso domínio do espaço é tão absoluto
que me compadeço do país que nos enfrente.
A sinergia das nossas forças aéreas, terrestres e marítimas
e a nossa capacidade
para controlar os campos de batalhas são devastadoras.
Os EUA podem estabelecer um império, uma "Pax Americana"
que dure muitas décadas.
E uma das maneiras de o fazer
é estabelecer um controlo férreo do espaço.
Desenvolvendo as armas espaciais,
os EUA fortalecem a sua economia
e o seu âmbito de controlo.
Protegem os seus interesses no seu território e nas zonas mais distantes,
seguindo a tradição dos impérios.
Ao longo da História,
todos os países, também os EUA,
formaram exércitos para defender-se.
NOAM CHOMSKY Ativista e escritor
Os EUA necessitavam de um exército para defender-se dos índios
que íamos exterminando ao expandir-nos pelo território nacional.
E para nos defender do México
quando lhes roubamos a metade do país, etcétera.
Para isso, necesita-se de um exército.
Depois, os países desenvolvem forças navais,
como fizeram os Britânicos, para defender-se da Índia,
de África, etcétera.
São bastante sinceros, quando o explicam.
Dizem que desenvolveram a marinha para proteger
“os seus interesses e investimentos comerciais”.
Como nós.
Agora há um novo território, o espaço,
temos que controlá-lo
para proteger “interesses e investimentos comerciais”.
Benvindos ao futuro!
Onde se conseguem maiores benefícios,
onde há melhores perspectivas.
E um lema insistente.
¡Pensa em grande! Grandes vantagens em impostos,
grandes negócios, grandes benefícios.
As 500 melhores empresas do mundo estão a aproveitar.
Se tem planos de mudança, expansão,
ou de conquista do universo com a tua visão do sonho capitalista,
eles ajudarão a consegui-lo.
Demos as boas vindas a Kevin Chilton, general da Força Aérea.
Alegro-me de estar aqui, em Colorado Springs
para esta magnífica reunião.
É muito adequado que estejamos aqui no Colorado,
porque há 25 anos, o primeiro chefe
do Comando Espacial da Força Aérea,
general James Hartinger,
disse aqui que Colorado Springs
se converteria na capital da tecnologia militar espacial.
E assim foi.
Em Colorado Springs encontramos empresas militares
LORING WRBEL Cidadãos pela paz no espaço
e também empresas auxiliares subcontratadas,
onde trabalha um terço da população.
É um grande número.
Agora, os empresários disseram: “não faremos carros”,
“não faremos roupa nos EUA.”
“não faremos isto e aquilo nos EUA.”
“Faremos armas”.
Simpósio Nacional Do Espaço Colorado Springs
Este é o nosso sistema de vigilância e seguimento espacial,
é uma versão mais avançada
de um satélite de deteção e seguimento de mísseis,
que localiza, segue e distingue mísseis.
Este encontra-os, e outros derrubam-nos.
Estamos a trabalhar nas tecnologias mais importantes e espetaculares do mundo,
e somos os melhores do mundo no que fazemos.
Enquanto a maioria das indústrias luta para superar a recessão,
a militarização do espaço
proporciona contratos a empresas.
À direita temos uma das empresas mais recentes,
S.I. lnternational.
São empresas que eram desconhecidas, e que crescem muito depressa.
Por exemplo, L3 Communications,
Sparta... São nomes que não se conheciam,
mas são os novos tubarões dos contratos militares.
À direita, The Aerospace Corporation.
À esquerda, Mitre Corporation.
Do otro lado, uma instalação da Lockheed Martin.
À nossa direita, Northgrop Grumman.
A Northgrop Grumman sempre foi uma empresa importante,
há 2 anos comprou TRWCorporation,
e agora é uma das empresas militares maiores do mundo.
Este é o crescimento sem precedentes que vemos em Colorado Springs.
Hoje em dia, nos EUA, de cada dólar de impostos,
50 centavos
vão para o Pentágono,
para guerras passadas, presentes e futuras.
Estão a converter-nos numa cultura guerreira.
Quase 750.000 pessoas excecionais
servem o seu país,
e todos creem que têm o melhor trabalho do mundo.
É fantástico, chegar a casa e poder dizer aos filhos
que lanças satélites em órbita geoestacionária.
É genial!
É fantástico, encarregar-se dos radares mais potentes do planeta,
e vigiar os ceus,
manejar telescópios cruciais para a defesa nacional.
É fantástico, poder dizer que és o responsável
por manter mísseis nucleares em alerta para defender o país.
Estamos metidos em algo fantástico!
ALISTA-TE FORÇA AÉREA NORTE-AMERICANA
NADA ESTÁ À NOSSA ALTURA
Este é o nosso maior laboratório.
Neste lado estão os cadetes que cursam o primeiro ano.
Trabalham em componentes do satélite Falcon SAT-5.
desenharam-nos,
e experimentaram-nos na base de Kirtland,
no Novo México.
Desde pequeno,
fascinou-me a exploração espacial.
Quando comecei a ver universidades,
a Força Aérea tinha boa pinta, porque me permitia
aprender tecnología espacial e desenho de satélites.
Foi uma escolha natural.
Estamos na Academia da Força Aérea
Estamos na Academia da Força Aérea
da base de Kirtland.
Os estudantes trabalham com um software de desenho de estações espaciais.
Estão a tentar apresentar modelos
que interessem a algum comprador.
Por todo o país contam-se histórias
de como nas escolas
se endoutrinam os jovens desde muito cedo
nesta cultura guerreira e na nova tecnologia espacial.
Em cada ano,
ensina-se tecnologia espacial a mais de 50.000 jovens
nas bases militares da maioria dos Estados dos EUA
O Pentágono trabalha a longo prazo,
e tenta que as novas gerações se interessem
pelo estudo, fortemente subvencionado, da tecnologia aeroespacial.
Para nós é muito importante ter estudantes
de ciências, tecnologia, engenharia, matemática...
À medida que a nossa força de trabalho envelhece,
devemos ter jovens preparados
para ocupar os postos de trabalho dos cientistas atuais.
Nenhum momento é melhor que o atual
para comprometer-nos num futuro de excelência e liderança
alimentado pelas novas gerações.
Hoje estamos preparados, com os nossos sócios da indústria.
Convosco ao nosso lado, estaremos preparados para o amanhã.
Muito Obrigado.
O Pentágono disse que a deslocação da corrida armamentista para o espaço
será o maior projeto industrial da história
do planeta Terra.
Não se podem arriscar: necesitam de um inimigo.
Têm que meter medo às pessoas.
“Alguém nos atacará com armas nucleares”,
“o escudo anti-mísseis tem que proteger-nos dos ataques”,
“Iraque”, um dos estados párias, “Irão!”
“Coreia do Norte!” e agora juntam a China à equação.
Um momento. Que ameaça chinesa?
Não pode a China, como os EUA, destruir satélites em órbita?
No está a tentar obter superioridade militar no espaço?
...a ameaça à nossa segurança espacial é real...
...um Pearl Harbour eletrónico...
Exagera-se muito a ameaça chinesa,
GREGORY KULACKI Analista de política chinesa
dizendo que é iminente, e que a China quer lançar um ataque
contra os sistemas espaciais norte-americanos no Pacífico,
o que chamam “um Pearl Harbor espacial”.
E procuram-se histórias sensacionalistas
em jornais e tabloides,
publicações que tendem a não ser muito fiáveis.
Por exemplo, a historia do “satélite parasita”.
Um tabloide de Hong-Kong
publicou uma informação que obteve numa página web chinesa,
e a informação chegou aos comunicados do Pentágono ao Congresso.
Ninguém se incomodou a investigar se a página web chinesa
tinha alguma credibilidade.
Acontece...
que era alguém que que o tinha na sua página web.
Era uma espécie de blog pessoal,
mais ou menos inventado.
Nessa página web há outras coisas.
Por exemplo, fotos de mulheres sem roupa,
fotos sensacionalistas de “armas secretas”...
No é uma fonte de informação credível.
Não se incomodaram a verificar a fonte de informação.
A nós levou umas 6 horas.
O Pentágono está há 3 anos a tentar fazer da China o novo "bicho".
E a China, sem se dar conta, fez-lhe o jogo
com 1 experiência anti-satélites.
Eu estava numa conferência em Colorado Springs.
e os funcionários saíram da sala para presenciar a experiência
em direto.
Estavam observando a experiência anti-satélites da China.
Quando se realiza um lançamento, sabemo-lo.
Quando se lança um foguete, sabemos.
Temos satélites de reconhecimento que o detetam.
E detetamos a experiência da China, por exemplo.
Até detetamos as duas experiências anteriores que falharam.
Ou seja, sabemos.
É muito difícil esconder uma experiência espacial.
São as experiências de armamento mais observáveis que existem.
Qual era o objetivo daquela exibição de capacidade destrutiva da China?
LITAI XUE Universidade de Stanford
Querem dar um sinal,
uma advertência.
O outro lado deve ver a advertência.
Os chineses disseram...
Quereis dominar o espaço? vereis isso conosco
A China queria alertar
sobre os planos norte-americanos para dominar o espaço.
E advertiu que se oporia a essa ambição.
Tem capacidade para destruir as armas espaciais norte-americanas.
Não quiséramos ver
LIU JIEYO Vice-ministro dos Assuntos Exteriores
um planeta rodeado por uma cintura de armas
poria a humanidade
numa situação ainda mais vulnerável que a atual.
A China mostrou o que poderia ser
a confrontação mortífera que começaría
se os EUA colocassem armas no espaço.
Esse risco está próximo?
O exército dos EUA
está a desenvolver o que chama “ataque global imediato”.
Que significa isso?
Atualmente temos mísseis nucleares
que podem chegar a qualquer objetivo em 30 min.
O exército refere-se a um sistema de armas convencionais similar
que possa destruir, por exemplo,
as rampas de lançamento dos sistemas chineses anti-satélite
em questão de minutos.
Com o “ataque global imediato” estudam-se uma série de conceitos.
Por exemplo, una nave espacial em órbita
que pudesse manobrar e disparar
a um ritmo muito maior do que é possível atualmente.
Outro conceito é o de um satélite
com uns mísseis
que disparariam do espaço e alcançaríam o seu objetivo
em menos de 10 min,
em vez dos 30 atuais.
Trata-se de um sistema chamado “as varas de Deus”,
capaz de lançar grandes barras de tungstenio
de um satélite, de maneira a penetrarem em bunkers.
Tudo isto se está a desenvolver.
Gastámos milhares de milhões em investigação
nestas armas.
Algumas já estão prontas a ser testadas.
Postas em órbita?
Os sistemas de “impacto global” poderiam alcançar 100 objetivos de cada vez
a quase 12.000 Km/h.
Não seriam armas de destruição massiva
como as definem as resoluções da ONU.
Mas o impacto destrutivo de uma “vara de Deus”
equivaleria a um míssil nuclear.
Os satélites já identificam objetivos,
comunicam entre eles com os centros de decisão militares,
e guiam com precisão as bombas,
para que destruam os objetivos à primeira.
O projetil também se dispararia do espaço?
Praticamente não há diferença.
As pessoas que sofrerem o impacto não verão diferença.
OBJETIVOS DESTRUÍDOS
Em alta tecnología existe o conceito de “acidente normal”.
São os acidentes que acontecerão
de maneira não previsivel em qualquer sistema complexo.
qualquer utilizador de computadores sabe o que é um “acidente normal”.
Às vezes, a máquina "gela" sem que haja explicação.
Em sistemas muito mais complexos, sucede o mesmo.
Com toda a nossa tecnologia
sabemos perfeitamente que não nos podem assegurar
MARTIN SHEEN Ator e ativista
que as chamadas “bombas inteligentes” acertem no alvo.
Sabemos pelo Afganistão e pelo Iraque
que é uma falácia.
Estão bombardeando civis!
Não estão bombardeando as bases. O que fazem está mal!
Como piora a probabilidade de errar o alvo
-ou que errasem conosco-
disparando do espaço?
Não há maneira de calcular.
Um projetil descontrolado poderia acertar no Iowa,
ou em Nova York, ou sabe Deus onde.
Isso é uma realidade. Estamos cegos se não o vemos,
e seremos vítimas da nossa própria tecnologia.
20% dos satélites falham no ano posterior ao lançamento.
O resto do mundo entendeu que os EUA
querem militarizar o espaço.
Por isso realizaram-se esforços para renovar e estender
o Tratado do Espaço Exterior.
Diz que no espaço não podem existir “armas de destruição masiva”.
Houve tentativas de renová-lo para o reforçar.
Mas os EUA bloqueiam-no.
Os resultados são de... 160 a 1,
170 a 1.
Só os EUA votam contra. Neste assunto estamos isolados.
Seria bonito pensar
que se evitava a militarização do espaço
não pelos protestos -embora isso não fosse mau-
mas porque ninguém, nem os EUA,
podem gastar tanto dinheiro.
Numa época em que os EUA
continuam com um orçamento de defesa de 500.000 milhões,
não podemos contar com eles.
É uma loucura. Estamos dispostos a gastar
centenas de milhares de milhões para desenvolver
meios de controlo do espaço que um tratado eliminaria,
LORING WRBEL Autor de “A supremacia espacial”
Se tivéssemos vontade de negociar um tratado podíamos fazê-lo.
Não seria fácil, mas podia conseguir-se.
Um tratado pode proibir as armas anti-satélite?
Os laseres terrestres,
os mísseis convencionais, e quase todos os sistemas orbitais
podem usar-se para destruir satélites.
Pode garantir um tratado em que as “bombas relativistas”
só destruiriam mísseis e não satélites nem objetos na Terra?
Segundo os opositores do tratado essas promessas são inpossíveis,
e chegam tarde.
MIKE MOORE Autor de “O polícia do espaço”
A militarização do espaço há muito que ocorreu.
A ideia que é um ambiente puro
e que se pararmos agora tudo ficará bem, é errada.
E ainda é mais sem sentido,
pensar que podemos voltar a "meter o génio na garrafa".
Necesitamos de um tratado da ONU.
Mas não é suficiente, é o primeiro passo.
O segundo passo diz:
“O espaço foi militarizado, há sistemas militares no espaço.
Muitos, como o GPS são úteis,
mas deveríamos trabalhar em tratados internacionais
para que esses sistemas militares situados no espaço
se usassem para fins multilaterais.
Crê que isso vai ocorrer? Duvido muito.
Mas quero acreditar que essa possibilidade existe.
CAMPANHA PRESIDENCIAL DE BARACK OBAMA
Eliminarei dezenas de milhares de milhões de desperdício.
Eliminarei os investimentos no escudo anti-mísseis.
Não militarizarei o espaço.
Quem temia a militarização do espaço,
viu com esperança a eleição de Barack Obama.
Mal chegou à presidência,
a Casa Branca anunciou que seguiría a proibição internacional de armas
que interfiram em satélites comerciais ou militares.
Mas é muito difícil mudar décadas de políticas
para militarizar o espaço.
O orçamento de 2010 de Obama
dedicava quase 1.000 milhões a sistemas militares espaciais.
Contava com um programa novo, chamado “contra-ataque espacial”.
O Pentágono descreve-o assim: “Medidas de ataque para interromper,
obliterar, piorar ou destruir
os sistemas espaciais de qualquer adversário.”
A História indica que as nações não se desarmam voluntariamente.
Desarmam-se porque são derrotadas,
ou fazem pequenos ajustes
no modo de comprar, construir e empregar as armas.
Nenhuma superpotência dirá:
“Sería melhor que fôssemos mais fracos”.
Não me recordo que tenha sucedido.
3. O CAMINHO
É difícil ter superioridade no espaço sem atacar.
Se queremos superioridade no espaço
teremos que atacar os recursos do inimigo.
e pelas leis da mecânica orbital,
se se criam detritos no espaço,
também nos atingirão.
Provoca-se uma reação em cadeia,
e forma-se uma nuvem de detritos ao redor da Terra.
Atualmente, uns 600.000 fragmentos percorrem o espaço
a uma velocidade 10 vezes maior que a bala de um rifle.
Esses objetos viajam a 22.000 km/h
mesmo um objeto como uma ervilha,
a essa velocidade tem mais força que uma bala de canhão.
O problema com os detritos é tão grande que a NASA teme
que mesmo que nunca mais se realize nenhum lançamento espacial
-porque cada lançamento cria detritos-
dentro de 50 anos, algumas órbitas
estarão tão cheias que nada as poderá utilizar,
porque os detritos que já existem se irão fragmentando
e criarão mais.
A destruição de um satélite provoca uma nuvem de detritos,
que suja o espaço e ameaça tudo o que está em órbita.
RICHARD DALBELLO Intelsat
É boa ideia, criar estes detritos?
É claro que é muito má ideia.
Porque não se pode subir e limpar.
Quanto mais se vai ao espaço,
e se vai praticando a destruição
de outros satélites, criam-se tantos detritos,
que se coloca o problema mais que provável
que chegará um momento em que um foguetão não possa saír do planeta.
Haverá como que um campo de minas
e o foguetão não poderá atravessá-lo
porque os detritos destruiriam-no.
O espaço também é meio ambiente!
Temos centenas de milhares de milhões
investidos em usos pacíficos do espaço.
Refiro-me a satélites meteorológicos,
satélites de posicionamento,
satélites científicos...
Todas as redes de comunicações dependem dos satélites.
Todo esse investimento incrível,
dos EUA, da UE, do Canadá e outros países,
tudo isso fica em perigo se se colocam armas no espaço.
Como mudaria o mundo se não pudéssemos usar os satélites?
Primeiro dia: 6 h 15 min.
Os satélites de comunicações dos EUA emudecem.
Em todo o planeta, perde-se a cobertura de GPS.
Os relógios atómicos, situados nos satélites de GPS,
não podem transmitir o Horário Standard Universal.
Falha a sincronização de enormes infraestruturas.
350 milhões de telefones móveis ficam inutilizados.
Centenas de milhões de conexões de internet desaparecem.
Cartões de crédito e contas bancárias ficam congelados.
Indústrias e empresas perdem milhões de dólares
e a bolsa afunda-se.
Os serviços informativos paralizam.
O caos toma as cidades que regulam o tráfico por GPS.
As redes elétricas perdem sincronização.
Os apagãoes deixam às escuras grandes zonas em todos os continentes.
A Guarda Costeira não recebe chamadas de auxílio.
Perde-se o paradeiro de dezenas de aviões.
Os controladores aéreos tentam combater o pânico.
Os voos são cancelados ou voltam ao ponto de origem.
No final do dia sucederam-se acidentes de trânsito,
acidentes ferroviários, marítimos e aéreos.
Até agora, evitou-se uma catástrofe assim.
Mas uma guerra no espaço destruiria satélites
e poria em órbita toneladas de detritos.
O sistema em que nos baseamos desfazia-se,
e seria impossível recompô-lo.
São 6:25.
Estamos a realizar um programa especial
sobre a militarização do espaço.
Em breve os EUA dominarão tanto o espaço,
que vai acabar a corrida armamentista.
A tecnologia implicará
que embora tenhamos vantagem a outros países,
mais tarde ou mais cedo, nos desafiarão de novo.
Depois da Segunda Guerra ninguém mais tinha a bomba atómica.
Pensávamos ter o exclusivo,
e com as armas nucleares
poderíamos dominar a Terra.
Mas isso não durou. Os soviéticos fizeram a bomba atómica,
os chineses também.
Pensar que podemos colocar armas no espaço
estar sós, e ser os reis no trono do espaço,
é um erro de cálculo trágico.
Todo o mundo crê que a militarização do espaço é uma ideia perigosa
que só fará que outros países participem no armamento do espaço.
A Índia está a considerar a construção de armas anti-satélite próprias.
Se a Índia o fizer, o Paquistão não tardará a fazer o mesmo.
Em Israel também se trata esta questão.
É clara a posibilidade de um “efeito dóminó”.
Poucos países aceitarão voluntariamente a supremacia dos EUA no espaço.
Alguns tentarão derrubar os EUA, outros lutarão por um lugar próprio,
Os inimigos competirão.
A corrida arrastará países estáveis e instáveis.
A UE opõe-se à militarização do espaço.
Mas por quanto tempo?
Se os norte-americanos colocam armas no espaço,
ISABELLE SOURBÉS-VERGER Centro nacional para a investigação
teremos que prever os meios para enfrentar
-não diremos a ameaça norte-americana-
mas a possível corrida armamentista que pode gerar-se.
A Rússia entraria em cena.
Comprometeu-se a destruir qualquer arma
que os EUA ponham em órbita.
Se os norte-americanos deslocarem
defesas anti-mísseis balísticos
para o espaço,
então, os sistemas de interceção
ROALD SAGDEEV Ex-director do Instituto Espacial russo
baseados em bases espaciais militares,
sobrevoariam território russo ou chinês.
Os russos considerariam isso inaceitável.
As possíveis vítimas não vão dizer:
“aqui está a minha garganta, por favor cortem-na”.
Sabem que são objetivos possíveis
e se os EUA desenvolverem armas espaciais,
NOAM CHOMSKY Professor Emérito do MIT
estariam indefesos se não as destruissem
ou desenvolverão elementos disuasórios, que já conhecemos.
Por exemplo, armas nucleares, ou terrorismo.
Por isso, o militarismo agressivo
leva à proliferação armamentista e ao terrorismo.
A “Guerra das Estrelas ” já não é fantasía,
é uma realidade.
VLADIMIR PUTIN Primeiro-ministro da Rússia
Uma política assim é um catalizador da corrida armamentista.
a dominação do fator de força
está alimentando a proliferação de armas
de destruição masiva.
A militarização do espaço
pode ter consequências imprevisíveis
e provocar uma nova era nuclear.
Durante a guerra fria, a Humanidade temia
que numa série de explosões,
o planeta se convertesse num cemitério.
No planeta ainda existem milhares de armas nucleares
prontas para serem utilizadas.
A militarização do espaço poderia fazer usar esse arsenal.
A ansiedade produzida
pela presença de armas no espaço, ou pelo seu uso,
HELEN CALDICOTT Ativista antinuclear
poderia induzir, por acidente, por erro humano,
o por ataque terrorista,
o lançamento de até 9.000 bombas de hidrogénio
o que provocaria a morte da maioria dos seres vivos do planeta.
Estamos à beira de um precipicio.
Se se produz a militarização do espaço, podemos despedir-nos do planeta.
A probabilidade de sobrevivência será mínima.
Quando toda a vida nos disseram que os EUA
são uma nação excecional,
que somos diferentes do resto,
acabamos por acreditar.
Eu estive na Força Aérea, colaborei com Nixon
e crescí por trás do arame farpado das bases militares.
Tudo o que me ensinaram foi puro militarismo,
e um modo conservador de ver o mundo.
Mas fui dando conta
que o que fazem os EUA não é uma estratégia defensiva,
mas ofensiva.
É uma doutrina militar de agressão,
baseada no controlo e domínio.
Pessoalmente, sofri uma grande transformação.
Tudo o que aprendi era diferente.
Há algo que não é diferente, é sempre igual.
Dei conta que tinha um bom coração,
mesmo quando era conservador, quando me identificava com o exército,
tinha boas intenções, como as de muitos militares.
Têm bom coração,
fazem o que acham correto, querem proteger o país.
ROBERT M. GATES Secretário de Defesa
Há momentos que demonstram se seguimos o caminho fácil ou o difícil,
o incorreto ou o correto.
A maioria das pessoas tem bom coração. Se as fazes pensar,
não vão mudar em seguida. Eu mesmo não o fiz,
levou-me tempo,
atrás dos portões da base militar, fazer aquela mudança.
O importante é começar a mudar.
A disposição de seguir sempre o caminho correto,
mesmo difícil, chama-se caráter.
Tanto nos aspetos profissionais como pessoais,
deveis manter as vossas convicções com valentia
a vossa retidão pessoal.
MANIFESTAÇÃO PELA PAZ NO ESPAÇO Base da Força Aérea de Vandenberg
Vivemos numa época muito perigosa,
e quase nada faz soar o alarme.
A gente tem tantas preocupações!
Chegar ao fim do mês, a vida diária,
tentar não perder a sanidade entre tanta loucura...
É difícil que te escutem se dizes: “Já sei que achais que isto está mal,
a verdade é que está muito pior”.
Não querem ouvir algo assim.
Temos que encontrar um modo
de fazer ver às pessoas a realidade.
Não é uma tarefa fácil.
Evitemos algo terrível antes que ocorra.
Normalmente, tentamos limitar as armas depois do seu emprego,
tentamos reduzir os mísseis nucleares...
Pela primeira vez na história, temos a oportunidade
de avançar em relação aos acontecimientos,
de deter uma nova corrida armamentista antes que se produza.
Este momento é crucial.
O debate sobre a militarização do espaço é o mais importante
do século.
Estamos quase a tomar decisões
em muitos países, sobre o caminho a escolher.
Em boa hora.
Que Deus os proteja, e que proteja os EUA.
Senhor, pedimos-te que nos permitas prestar-te culto com sinceridade
na nossa missão no mundo.
Poderia a “posição de superioridade” ser de superioridade moral?
Ou estamos condenados a perseguir só a superioridade militar?
Muitos países não estão dispostos a buscar a paz global
sob o mando de um só.
Poderiam os EUA mostrar liderança
em vez de lutar pela supremacia?
Mais que insistir na Pax Americana,
poderiam os EUA encabeçar um grupo de países
em busca de uma Pax Universalis,
de uma paz para todo o planeta?
Em nome de Cristo, amén.
JOHN F. KENNEDY Discurso de graduação na American University
Que tipo de paz buscamos? Não uma "Pax Americana",
imposta pelas armas norte-americanas.
Refiro-me a uma paz autêntica,
que faça que a vida na Terra valha a pena.
Não só paz para os norte-americanos,
mas para todos os homens e mulheres.
Não só paz para a nossa época,
mas para todas as épocas.