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Quando eu era garoto.. .
com uns sete ou oito anos.. .
nosso professor de história nos contou histórias da Bíblia.
Ele nos falou.. .
sobre o Egito, o Êxodo.. .
e como os judeus sofreram lá.
Foi como uma lenda que não tinha nada a ver comigo.
E muitas vezes pensei.. .
que minha neta um dia crescerá.. .
e ela sabe que eu nasci em Lodz...
Jack Fuchs - Lodz, Polônia
e irá procurar por isso numa enciclopédia.
Cidade de Lodz.. .
750 mil habitantes, indústrias txteis.. .
e é só isso que diz.
Lá viviam 250 mil judeus.. .
que morreram de uma forma muito trágica.
Nenhuma palavra.
E isso é assustador.
Talvez uma criança procure numa enciclopédia.. .
e encontre: " Holocausto, refere-se
" a 6 milhões de judeus que viviam na Europa e foram.. .
" mortos sob circunstâncias únicas.. .
" pelos nazistas, entre 1939 e 1945."
E é só.
algunos que vivieron - (alguns que viveram)
Quando terminei o primário.. .
nós viajamos para Bielks, para fazer o exame do ginásio.
Liza Zajak-Novera Hajnowka Bielsk, Polônia
Parecíamos duas flores desabrochando.
Meus pais até compraram sapatos novos.
Nós estávamos lá, esperando pelas outras...
quando quatro rapazes passaram.
Eles olharam para nós, e um deles disse.. .
tampando o nariz, assim...
" Que cheiro de cebola" ...
querendo dizer que havia uma judia ali.
Esse incidente ficou gravado aqui.
As crianças foram...
Robert Lamberg - Liberec, Tchecoslováquia
para alguém que se sente perseguido...
As crianças foram muito perigosas.
Uma vez, me perseguiram.. .
batendo em mim e gritando: "Porco judeu! Porco judeu!"
E, por desespero, eu bati na porta do padre.
Ele estava no quarto. Ele saiu e perguntou: " O que foi?"
Eu disse: " Eles estão me batendo e gritando 'porco judeu.'"
Ele olhou para mim, com um sorriso simpático no rosto e disse...
" E daí? Você não é um porco judeu?"
E ele fechou a porta.
Jovens, quando estavam bêbados, gritavam " judeus" , em polonês.
Benjamin Mehl - Uchaine, Polônia
Eles diziam em polons.. .
" Não compre dos judeus!"
Uma vez, na escola, até os professores.. .
Defenda-se da propaganda judia só compre de alemães!
chegaram a nos repreender por sermos judeus...
e, claro, sendo crianças, nos sentíamos muito mal.
Toda vez que minha mãe ia a Bialystok comprar mercadorias.. .
ela voltava contando que tinha ido a um espetáculo.
Muitos solteiros e casais vinham.
Falava-se de Eretz Israel e do futuro do povo judeu.
Falava-se sobre política, sobre o futuro do mundo.
E eu tentava entender o que era...
comunismo, fascismo.
E a palavra " Hitler" já estava na boca de todos.
Até 1937, nós vivemos em Reichenberg.. .
depois na cidade de Brno,
ou Brünn, em alemão.
E finalmente, em 1937, chegamos em Bratislava, na Eslováquia.
Por que esta viagem?
Uma viagem lenta...
em direção à Turquia ou Egito.
Porque meu pai estava seguro de que haveria uma guerra...
guerra mundial e uma perseguição...
dos judeus como nunca.
Judeus alemães vieram à Tchecoslováquia.
Alejandro Horyath Michalovce, Tchecoslováquia
Eles conseguiram fugir.
Porém, quando a Kristallnacht aconteceu.. .
a " Noite de Cristal" ...
nós falamos sobre isso, mas não era algo que...
Nós estávamos cegos.
Não víamos a realidade.
Lá, a fronteira foi fechada.
FRANÇA - POLÔNlA TCHECA - ESLOVÀQUlA
Então, nós ficamos em Bratislava.
E, como judeus...
não podíamos optar pelo que...
estava em vigor na Tchecoslováquia.
E o que vigorava na Tchecoslováquia?
Seria o protetorado alemão,
da Boêmia e Morávia...
ou o estado satélite " Hitleriano" ...
que se chamou República Eslovaca.
Quando eu tinha 13 anos...
incorporei-me num Movimento Juvenil Socialista...
conhecido na Polônia como Bund.
E quando tinha 14 ou 15 anos.. .
também entrei para a defesa civil.
Deram-me uma faixa para usar e deram-me instruções...
e tudo era parecido com a nossa infância...
brincando de guerra, os homens bons e os ruins.
Nós nos escondíamos. Tudo se parecia com um jogo.
Havia um rabino e um shochet.
O shochet era um matador religioso.
Era um protótipo do que imagino ser um tzaddik.
Um tzaddik é um santo, um homem justo.
E ele queria essencialmente "marcar pontos para Deus" .
Ele queria representar uma mitzvah.
Ele sabia de algumas pessoas.. .
que poderiam se esquecer de acender as velas.
Então, de uma maneira delicada, ele batia na janela delas...
e dizia: " Está na hora."
E todos, crentes ou não, acendiam as velas na véspera do Shabbat.
Em 1º de setembro começavam as aulas.
Mira Kniazniew-Stupnik Bialystok, Polônia
Meu pai tinha ido trabalhar.. .
e minha mãe estava...
grudada no rádio.
E a um dado momento ela gritou...
" Guerra! A guerra começou! A Alemanha invadiu a Polônia!"
Ao invés de começarem as aulas,
os aviões começaram a voar.
FRANÇA - POLÔNlA
Nasci em 4 de setembro de 1939.. .
no momento em que os Aliados declararam guerra à Alemanha.
Meus pais não quiseram que eu fosse circuncidado...
Pedro Boschan - Budapeste, Hungria
prevendo que isso poderia ser um fator de risco.
Como resultado da recusa de meus pais.. .
eu fui excluído dos registros judeus desde o princípio.
" Os judeus causaram essa guerra mundial.. .
" Foram os judeus que a causaram!"
Ouvíamos isso por todo lado.
lsso nós aprendemos na escola.
Minha mãe vivia em Lodz durante a Primeira Guerra Mundial.. .
então isso estava muito vivo na memória dela.
Minha avó havia morrido de fome, de tifo...
Minha mãe lembrava-se das filas horríveis para o pão.
Quando começou a guerra, foi exatamente a mesma coisa.
Já nos primeiros dias havia filas para o pão.. .
e uma semana depois os alemães sentavam-se nas ruas.. .
e as pessoas seguiam vivendo.
Meu irmão menor saiu e, com seus olhos negros...
ficou observando alguns soldados que estavam comendo.
Um deles levantou-se e deu um pãozinho para ele.
Eram os primeiros soldados. Eles ainda não discriminavam.
Não nos perguntavam se nós éramos judeus.
Havia teorias que diziam poder-se descobrir um judeu pelo cheiro.. .
porque eles fedem.
Você pode vê-los à distância. Eles têm as orelhas assim...
e o nariz assim... E veja como andam...
Isso se aprendeu até na escola.. .
numa matéria que se chamou...
Rassenkunde: teoria da raça.
Tivemos que nos apresentar e eu tive que ir para uma fila...
onde estava sentado o meu professor de história.
Ele nem levantou a cabeça.
Ele anotou meu nome sem levantar a cabeça porque tinha vergonha.
Eles fizeram livros de registros de judeus onde relacionaram a todos.
Como se chamavam, onde viviam e eles os agarravam.
Não demoraram muito para dar a ordem do uso da estrela amarela...
que era usada no lado esquerdo do peito.. .
e no direito das costas.
E um dia,
durante a madrugada, cercaram nossa cidade.. .
com listas, casa por casa.. .
vieram e nos levaram.
Cada um com apenas um saquinho nas mãos.
Eu chorei pelas minhas bonecas.
Eugenia Unger - Varsóvia, Polônia
Chorei porque eu tinha um lugar especial para mim, meu quarto...
tinha uma cama, sala de jantar...
Tinha meus brinquedos tão lindos!
E quando tive que deixar tudo isso...
algo em mim se partiu.
Meu tio poderia ter se salvado com toda a família.
Ele tinha um irmão aqui, na Argentina.
E ele recebeu uma carta dele em 1938.
" Por que voc não vem para cá? Eu posso lhe ajudar.' '
" Por que não vem com a família?"
Anos mais tarde, no gueto,
ele andava com a carta na mão...
mostrando-a a todo o mundo. "Por que não ouvi ao meu irmão?"
Meus irmãos tiveram que fazer contrabando.
Eles traziam comida do lado ariano, a área gentia...
para a área judaica.
A idéia era a de se preparar para os bunkers...
para se esconder.
Então, um dia, os nazistas os agarraram.
Eu podia falar de longe com meus irmãos.
Havia um garotinho ali...
ele cantava na prisão...
Oh, meu Deus!
Aquela canção que o garoto cantava...
Uma imagem que me lembro muito bem é do meu pai...
quando o trouxeram do porão, onde haviam batido nele.
Ele estava com o rosto coberto de sangue.. .
e eu não entendia por que meu pai.. .
deixava que batessem nele assim.
No início, eles apenas contrabandeavam comida...
mas mais tarde, começou o contrabando de armas.
E muitas vezes.. .
por muito dinheiro, por muitos valores...
traziam-se armas que ou não serviam...
ou não tinham balas...
então surgiu a necessidade.. .
de se fabricar armas dentro do gueto.
Os líderes judeus, assim como parte da população.. .
não viam a Resistncia com bons olhos.. .
mas devemos manter em mente que essa era uma população civil.
Não era um exército.
Havia pessoas valentes, pessoas covardes.. .
havia famílias com crianças, com velhos e enfermos.
Nem todos nasceram para ser herói.
Nas cidades menores, eles pegavam a população...
forçavam todos a cavar uma cova,
e os matavam com metralhadoras.
Muito poucos conseguiam escapar, escalando sobre os mortos.
Depois vinham ao gueto e contavam o que haviam feito.
Alguns fugiram do gueto através...
de contatos com a Resistência...
e foram para os bosques.
Um dia eles divulgaram uma lei...
dizendo que libertariam a todos da prisão.
Agarrei uma mochila, coloquei botas e sapatos nela...
porque pensei que iríamos para o trabalho forçado.
Eu corria.. .
eu corria atrás deles...
gritando:
" David, fuja! Ignaz, fuja! Fujam! Fujam!"
E eu dei a ele, como se chama.. .
dei a ele a mochila.
E ele foi levado pro Umschlagplatz, onde estavam os trens.
No início, eles diziam.. .
" Se você se apresentar hoje, vamos lhe dar um ou dois quilos de pão" ...
e as pessoas estavam morrendo de fome.
Elas acabavam indo.
O medo era o de ser deportado...
não de ser morto.
As famílias que acompanhei até os trens.. .
levaram os pertences com elas.
Ninguém podia imaginar...
que viajando com seus pertences,
estariam indo ao encontro da morte.
Chegou um homem que havia fugido de Treblinka.
Os nomes Treblinka, Ponary, Majdanek, Auschwitz.. .
já eram pronunciados no gueto.
Aquele homem começou a contar o que acontecia em Treblinka.
Ele mencionou as câmaras de gás, os crematórios...
então todos acharam que ele fosse louco.
Eram ***ões de gado...
hermeticamente fechados...
David Galante - Rhodes, ltália
com uma pequena janela...
para que pudéssemos respirar, para entrar o ar.
Começamos a sentir a superlotação.
As doenças surgiram. Pessoas morriam dentro do ***ão.
Num geral, para pessoas enfermas...
ou idosos, isso era insuportável.
Eu estava com febre. Sentia-me mal...
e havia um pequeno lago, e minha mãe me levou até lá...
para banhar-me e baixar minha febre.
E nesse momento, entraram os trens.. .
e eles ocultavam a nossa visão dos guardas.
Então minha mãe aproveitou para me esconder.
Ficamos escondidos atrás dos arbustos...
enquanto empurravam as pessoas para dentro do trem e as levavam.
A partir deste momento...
nunca mais vi minha irmã...
que desapareceu ou morreu, nunca ficamos sabendo.
Nós chegamos à estação de trem...
Victor Oppel - Poienu Glodului, Romênia
na última cidade da Hungria.
Antes de passarmos pela Eslováquia...
alguém nos fez esse gesto com a mão...
para nos avisar que estávamos seguindo para nossa morte.. .
e alguém na traseira do trem disse: "Ele é anti-semita."
Meu irmão disse que se lembrava de um livro que havia lido...
onde as pessoas se escondiam no subsolo, em bunkers.
Ele sugeriu que tentássemos fazer o abrigo subterrâneo.
Podia ser por um dia, um mês, por um ano...
Então, escavamos um buraco.
Medimos para que coubessem 10 pessoas.. .
lado a lado, na largura e na altura...
uns 80 centímetros, para que pudéssemos nos virar um pouquinho...
mas não dava para sentar.
Não se podia se sentar lá dentro.
No começo foi mais fácil.
Tudo era mais fácil no princípio.
Nos escondíamos atrás de um guarda-roupa.. .
usando-o como uma porta blindada.
Colocava-se um guarda-roupa ali, e todos se escondiam.
Mas isso não servia para nada.
Aqueles nazistas de merda conheciam todos os truques.
Enquanto eles procuravam por pessoas doentes.. .
tínhamos a sensação de que algo terrível ia acontecer.
Por isso, as pessoas se escondiam.
No meu caso, eu e minha mãe...
fomos para a seleção. Meu pai...
e duas irmãzinhas foram se esconder.
E eu.. .
fiz uma coisa que hoje penso...
ter sido imoral...
porque eles precisavam ter um certo número de pessoas.
Se eles não pegassem meu pai e minhas duas irmãs...
eles teriam que pegar outra pessoa.
Havia muitas filas.. .
e uma mãe carregando uma mala recusou-se a abri-la.
Os nazistas atiraram duas ou trs vezes nela.. .
a mala se abriu e nela estava um bebê morto.
Vi isso de.. .
uma janelinha, quando estávamos escondidos no teto.
Havia momentos em que se abriam as escadarias...
e nós saíamos.
Havia pilhas de mortos.
Eles ainda estavam vestidos. Ainda tinham alguns pertences.
Depois vinham os mais pobres.. .
tirando as roupas e usando-as.
As pessoas estavam morrendo de tifo, diarréia.. .
Era terrível. Os piolhos as comiam.
Lembro-me de um garotinho que veio carregando um pacotinho...
ele era tão pequenininho...
tinha uma foto e dizia: "Eu tinha uma mãe e um pai.
" Veja que lindos minha mamãe e meu papai."
Minha mãe conseguiu.. .
acho que teve que pagar.. .
documentos de identidade falsos, em Budapeste.
Nós, crianças, íamos brincar nas ruas...
usávamos armas ou capacetes que estavam jogados, como brinquedos.
Mas ao mesmo tempo, tínhamos a conscincia permanente.. .
que tínhamos que manter segredos perante eles...
e assim, meus amiguinhos eram inimigos em potencial ou informantes.
Era a noite de 15 para 16 de agosto.. .
quando começou a dissolução do gueto de Bialystok.
Às 6 da manhã apareceram os avisos.. .
de que todos deviam se apresentar ao ponto de concentração.. .
que se encontrava em Pietrasze.
Eles sempre mandavam a polícia judia primeiro...
ou os colaboradores ucranianos e bielo-russos.
E depois eles vinham.
Eles começaram a retirar todos das casas, e foi quando.. .
a Resistência reagiu.
Foi uma luta desigual, mas repleta de muito heroísmo.
Ver soldados alemães mortos.. .
nas ruas do gueto significou muito.
Mas depois eles vieram com os aviões.. .
e começaram a atirar de uma altitude baixa.. .
tornando quase impossível para a Resistência, mas eles não pararam.
Os nazistas cercaram o gueto por mais de um ms.. .
até finalmente exterminarem todos...
os focos de resistência existentes.
Eles foram os heróis...
a valente juventude judia.. .
que já não defendia mais a vida...
mas sim a honra do povo judeu.
Saímos todos.
Fomos os últimos a deixar o gueto de Varsóvia.
Nos levaram pro Umschlagplatz...
onde estavam os transportes...
e pelo caminho, quando saí do bunker.. .
vi mortos estendidos lá.. .
os meus primos, tios, tias... Estavam todos caídos ali.
Após quatro anos no gueto.. .
estávamos entre os últimos a serem deportados.. .
já se sentia que o fim da guerra estava próximo.
Havíamos suportado tanto e tentamos...
ficar juntos, e não sermos deportados.
Mas no último minuto, eles nos encontraram.
A porta permaneceu aberta.
lsso é algo que tenho gravado na memória.
Como alguém pode sair de casa...
e deixar a porta aberta?
Em janeiro de 1943 exterminaram nosso gueto.
Eu parti no terceiro transporte.. .
com toda minha família.
Viajamos durante...
quatro dias e quatro noites...
sem água.. .
sem nada.
Um dos meus tios estendeu o braço com um copinho na mão.. .
e o nazista atirou na cabeça dele e ele caiu ali mesmo.
Ele estava morto por três dias, caído no ***ão...
junto conosco, enquanto atravessamos toda a Polônia.
Levados para Auschwitz.
Nos tiraram do trem, enquanto éramos espancados.
Nós simplesmente caíamos como uma *** disforme...
como lixo no chão.
Eles tinham uns cachorros enormes...
e gritavam: " Direita, esquerda!" .. .
escolhendo só alguns jovens.. .
e o resto para o outro lado:
mulheres, crianças, idosos.
Disseram à minha tia, Sarah, para correr...
e minha mãe ficou com a filha dela.
Minha mãe se virou e gritou: " Corra!"
E eu corri.
Atrás de mim veio minha irmãzinha, um ano mais nova que eu.
Mas eles a espancaram e a mandaram de volta...
para onde minha mãe e meu irmão estavam.
Eu corri atrás da minha tia.
Fiquei ao lado dela.
Minha irmãzinha correu atrás de mim, mas apanhou sem piedade.
E minha mãe e todos os outros...
subiram no caminhão.. .
e foram para a câmara de gás.
Tiraram toda a nossa roupa. Tudo.
E nos levaram a um bloco de barracões.. .
onde havia um kapo...
e ele gritou: " Vocês estão no maior...
" campo de concentração do mundo!
" Existem centenas de prisioneiros e cada um está nas minhas mãos!
" Posso fazer o que quiser com vocês!"
E depois veio o Dr. Mengele.
Ele se sentou no alto...
e, então...
selecionou...
à direita e à esquerda.
As velhas, os velhos e aqueles com defeitos físicos...
todos eles...
foram levados imediatamente para a câmara de gás.
E as crianças também.
Todos aqueles menores de 16 anos foram asfixiados.
Lembro-me de um garoto.. .
de 1 4 ou 15 anos, não sei...
e Mengele disse a ele...
" Que idade você tem?"
O garoto disse: " 16 e meio."
Ele disse: "Eu te perguntei quantos anos tem!"
" Quinze.' '
Ele mandou matá-lo.
Em um barracão havia crianças com uns oito...
dez, doze anos de idade.
E ali eles nos alimentavam muito bem.
Nos davam boa comida, cuidavam de nós.
Nos davam leite.
E eles escreveram no meu cartão que eu tinha oito anos.
Quando eles perceberam que eu tinha 18...
tiraram-me de lá e me mandaram para os blocos de trabalho.
Mais tarde descobri que usavam.. .
estas crianças em experimentos.. .
que os médicos faziam e depois elas eram mortas.
Tiraram minha roupa...
deram-me tamancos de madeira...
cortaram meu cabelo.. .
nos mantiveram em quarentena.. .
em Birkenau.
Os piolhos nos comiam vivos. Não nos davam comida.
Eles só traziam um pote de água, com cascas de batatas.. .
e um pedacinho de pão. Essa era nossa refeição.
E éramos forçados a trabalhar.
Tínhamos que fazer qualquer coisa que eles mandassem.
Podia ser 3:00 da manhã.
Eles gritavam conosco, dando ordens a todos.
Na chuva, neve ou frio, formávamos filas em grupos de cinco para nos contar.
Passavam o tempo nos contando.
A vida de uma pessoa não valia nada, mas não podia faltar ninguém!
Depois disso, fomos enviados para recolher escombros.
Os nazistas destruíram todos os vilarejos em torno de Auschwitz...
para eliminar as testemunhas. E mataram a todos.
Os espancamentos eram terríveis.
Se escorregasse, eles não deixavam que se levantasse.
E minha amiga Malka, caminhando na lama, escorregou e caiu.
E um cachorro enorme pulou encima dela.
Quando era hora de voltar, todos eram contados...
vivos ou mortos...
para se ter certeza de que ninguém havia fugido.
E tive que carregar Malka.. .
juntamente com outra colega.
Minha colega segurou as pernas dela...
e eu a cabeça, pendurada...
e os braços de Malka, enquanto caminhávamos, batiam em mim.
Eles batiam em mim.
E os sinto batendo até hoje.
Tínhamos que carregar cimento.
Você precisa saber carregar o cimento...
porque se você não souber, cai morto.
Trabalhamos nas montanhas.
Moises Borowicz - Sokoly, Polônia
Fazíamos túneis com martelos pneumáticos.
Eles iam fazer fábricas...
de munição lá, ou de algum tipo de armamento.
Eles tinham vilarejos inteiros com fábricas, com aviões...
tudo escondido no subsolo.
Eu tive que trabalhar na fábrica onde produziam granadas.
Às vezes, conseguíamos mandar granadas sem detonadores.
Valeria Wollstein-Cohn Beled, Hungria
Era nossa pequena contribuição, pode-se dizer...
para a guerra.
Numa segunda-feira, quando fugimos.. .
tivemos que caminhar com um metro de neve...
e temperaturas de 25 graus abaixo de zero, à noite.
E nossos pais não conseguiam respirar nem caminhar, nada.
No final, um dos irmãos...
dois irmãos carregaram meu pai...
e a minha mãe nós carregamos nas costas.
Na metade do caminho pediu.. .
que não a levássemos mais.
" Deixem-me aqui. Não posso continuar!"
Ela não conseguia respirar.
Não podia mais viver.
Meu pai sentia o mesmo.
Então dissemos: " Se ficarem aqui, nós também ficaremos.
" Não seguiremos em frente."
As roupas que tiravam daqueles que iam para a câmara de gás.. .
eram levadas para os campos das mulheres.
Tudo era verificado na presença de dois SS com metralhadoras.
Se eles vissem algo, tínhamos que retirar e pôr numa caixa.. .
chamada Wertkasten, a caixa dos valores.
Se havia um pacote de suéteres bons...
não se podia colocar nele um que tivesse um buraquinho.
Cada Staplerin, a mulher que preparava o pacote...
tinha a sua Sortiererin, que era...
aquela que classificava a roupa que os homens traziam do crematório.. .
Era um bom trabalho.. .
pois se podia encontrar um pedaço de pão.. .
lsso salvava nossas vidas.
Meu pai me fez um par de sapatos...
bem reforçados...
E existe toda uma história em torno desses sapatos...
que depois me fez sentir mal, pois em Auschwitz...
a única coisa que nos deixaram manter foram os sapatos.
A última vez que vi meu pai.. .
eles queriam me separar dele e eu não queria...
não sei se foi um sonho...
mas meu pai me empurrou e disse: " Vá!"
E eu tinha os sapatos. Eu os guardei.
Depois, caminhando.. .
um ucraniano ou francês, não me lembro...
viu meus sapatos e disse...
" Por que não me dá seus sapatos e eu te dou um pão?"
E esse pão.. .
foi como uma injeção de sangue...
como uma transfusão.
Eu pude sentir de imediato que meu corpo se reabastecia...
e que isso poderia me ajudar a sobreviver mais alguns dias.
Até hoje não entendo por que nos mantiveram em plena Alemanha.. .
com tifo, tuberculose, diarréia.
Pessoas morrendo, cadáveres por todo canto. Qual o propósito?
Alguém me explicou mais tarde que eles não nos mataram...
porque esperavam encontrar...
uma maneira...
de nos eliminar completamente.
Um Muselmann era... No final eu era um Muselmann...
porque eu estava nas últimas.
Quando se pesava 30, 35 quilos.. .
um corpo como o meu...
já era um Muselmann. Era um corpo para ser queimado.
Birkenau era o fundo do inferno.
Os crematórios não paravam nunca...
e o cheiro.. .
o ar impregnado com um cheiro penetrante de carne queimada.. .
um cheiro adocicado que sinto até hoje.
Onde eu estava, me deram uma porção de pão para meu irmão...
e quando fui vê-lo, o encontrei morto.
Foi terrível.
Eu achei que isso aconteceria comigo porque...
depois que meu irmão adoeceu e morreu, eu peguei tifo.
Havia cadáveres sobre você e você gritava: " Sai de cima de mim!"
" Não posso mais te agüentar." E a pessoa estava morta.
Morta!
Eu acordei pela manhã, e ao meu lado havia dois mortos.
Eu os sentei...
pois assim eles receberiam um pedaço de pão.
Então, eu os sentava...
e em vez de um pedaço de pão eu tinha três.
Mas como esperança... Eu via pessoas mortas todo o dia.
Sabia que meu irmão havia morrido e eu não sabia nada sobre o outro.
Eu sabia que meus pais tinham sido mortos em Treblinka.
Então, eu praticamente não tinha mais esperanças de viver.
Quando estavam praticamente começando a evacuação...
meu pai, que sempre nos infundia...
tanta coragem...
e tanta esperança...
nos disse.. .
que pegaria o trem para Auschwitz.
Claro que, depois disso, minha mãe já não era mais uma pessoa.. .
ela já era praticamente uma Muselmann.
E eu decidi que, na próxima seleção.. .
se ela fosse enviada para a esquerda, eu a seguiria.
E a tão temida seleção chegou.
Mengele se apresentou...
e indicou que ela fosse para a esquerda...
Eles nos levaram para o bloco da morte.. .
de onde vinham os caminhões.. .
diretamente, e as pessoas eram levadas para a câmara de gás.
lsso aconteceu em janeiro de 1945.
Os Aliados já haviam ocupado Majdanek.
E lá, eles encontraram, em pleno funcionamento...
as câmaras de gás, os crematórios.
Mas os caminhões não vieram.. .
Então nos levaram de volta para o campo.
E não deixaram de levar apenas a nós para a câmara de gás.
Houve um grupo antes de nós...
que já estava na câmara de gás que foi libertado.
E todos os enfermos que permaneceram vivos.. .
foram libertados, no final de janeiro de 1945.
Tivemos que cavar covas...
e jogar os mortos nelas.
E depois, cobri-los com cal, eu acho...
cal e terra e...
Deram-me uma tigela a mais de sopa porque fui até lá.
Eu nem pensei.
Nem pensei. O que eu tinha que.. .
Eu não conseguia.. .
Não conseguia pensar.
Não estávamos lá para pensar.
Estávamos apenas para sobreviver.
A única coisa que tínhamos em mente era...
" Onde podemos conseguir uma batata?"
A neve batia nos nossos joelhos e continuamos andando.
E dos dois lados, havia nazistas com as metralhadoras.
Andávamos em filas de cinco.
A terceira pessoa dormia enquanto as outras duas a seguravam.
Quando havia um bombardeio.. .
nos atirávamos na neve e eles gritavam: " los hinlegen" .. .
que significava " deitem-se" .
E de repente, passamos a perceber que havia um nazista a menos.. .
e outro a menos desse lado...
e olhávamos do outro lado e víamos que faltava outro.
Eles desapareceram como mágica.
E quando nos demos conta do que aquela gritaria significava.. .
os soldados americanos estavam ao nosso lado.
E então...
nós nos abraçamos.
E um oficial americano...
Ele era judeu.
Ele me abraçou como se fosse meu pai.
Ficamos tão agradecidos, tão felizes por nos terem libertado.. .
que enfiamos açúcar na boca dos soldados.
Como dando a eles o que tínhamos de mais precioso.
E eles tentavam explicar que não tinham fome. Que nós deveríamos comer.
" Batatas! Peguem as batatas!"
E nós arrancamos o solo...
e começamos a comer essa papa...
e os soldados americanos olharam, pensando: " Eles são doidos."
Uma manhã, ouvimos canções russas.
Nós fomos até lá.. .
levantamos os braços e dissemos: "Nós somos judeus."
Eles disseram: " Judeus? Tudo bem. O que deveríamos fazer?
" Façam o que quiserem."
E ouvir aquilo " o que quiserem" foi como um sonho para nós.
Não se pode imaginar o que foi isso.
Quando ouvíamos a canção...
Era a canção que cantava enquanto eles vinham à nossa direção.
lsso foi... não sei...
Nesse momento, eu achei que não tinha ninguém de minha família...
e pensei: " Para aonde irei?
" Não tenho a Polônia. Não tenho para aonde ir.
" Não tenho mais minha mãe comigo.
" Não tenho meus irmãos. Não tenho ninguém.
" Para aonde irei agora?"
Depois da libertação, voltamos para ver o que havia acontecido...
e dentro do bunker, nossos pais estavam mortos.
Provavelmente caíra uma bomba lá dentro.. .
e meu irmãozinho, com os ossinhos da mão...
Veio a Cruz Vermelha; repórteres de jornais vieram me filmar.
Pediram-me para me despir.. .
Podia-se ver todas as minhas vértebras sob a minha pele.
Depois me barbearam, cortaram meu cabelo e me desinfetaram.. .
deram-me uns pijamas.. .
e eu me deitei em uma cama pela primeira vez...
e nesse momento eu disse: "Agora já posso morrer."
Por que não disse: "Agora eu posso viver" ?
Eu não pensei nisso naquela hora.
Eu pensei 50 anos mais tarde.
Era o sentimento de que agora já não podiam me matar...
Agora eu posso morrer.
Um dia, meu pai apareceu.
Mesmo depois de ter sido alimentado em um campo médico...
ele pesava apenas 37 quilos.
Minha outra identidade estava...
gravada tão profundamente...
e havia o risco de morte caso não a usasse...
que quando meu pai mencionou a família Boschan...
eu disse, claro, que não conhecia ninguém com esse nome.
Para mim isso ficou como uma lembrança amarga por todos esses anos.
Tia Gisela, tia Camila
e outro primo, Ernest Lamberg.. .
todos mortos.
E nós recebemos apenas cartas idênticas.
Sabe-se que eles estiveram...
no campo de concentração Sered até tal data...
no campo de concentração Oranienburg-Sachsenhausen...
até tal data...
campo de concentração perto de Berlim até...
Saí do campo de concentração com uma saia que roubei de uma alemã.
Com essa saia e um pedaço de pão preto, que já estava verde...
porque eu tinha dó de com-lo.
Eu tinha minha mochila.
Essas foram as riquezas que trouxe de volta comigo...
para minha Polônia querida.
Entramos na casa.. .
de uma garota cristã que vivia ali.. .
e a mãe dela a esperava.
A mãe esperava por ela, com toda a família.
Você tinha que ver a festa que fizeram quando ela chegou!
Não era para menos, não?
No dia seguinte, eles foram a uma igreja.
Eu os acompanhei, mas disse...
que não era cristã...
que não ia me ajoelhar.
E eu era atéia e não acreditava em Deus.
Agora, peço-te perdão, Deus.
FlNDA A GUERRA NA EUROPA A ALEMANHA RENDE-SE
Quando saímos para a rua.. .
ouvimos um garoto com jornais dizendo que os nazistas...
que Hitler com todo seu povo, haviam fugido para a Argentina.
Naquela época, eu nem imaginava que um dia estaria na Argentina.
Todos os croatas e os nazistas vieram para a Argentina...
e nós não podíamos entrar.
Foi o secretário do bispo...
quem arrumou tudo para nós.
Ele arrumou tudo.
Nós tivemos que entrar às escondidas na Argentina.
Perón não nos permitia.. .
entrar no país, por sermos judeus.
Minha tia pagou 200 ou 300 dólares para que nos trouxessem para cá...
e assim nós chegamos.
Depois de trs ou quatro meses meu esposo chegou.
E assim começou nossa luta à sobrevivência.
Aprender o idioma, aprender a trabalhar.. .
a costurar na máquina, fazer algo.
Nós passávamos o verão em Miramar.
Quando estávamos na praia ficava imaginando: " Quem mora aqui?"
Era uma casa de dois andares.
Mais tarde, descobri que encontraram Schwamberger ali...
um dos nazistas mais procurados do mundo!
Morava naquela casa, no bairro onde eu estava com meus filhos.
Talvez ele até me via e passava por mim na rua quando andávamos.
Ele deve ter tocado no meu braço, que eles tatuaram.
Muitos vieram para cá. Vou dizer alguns nomes que sei.. .
como Mengele, Schwamberger, Eichmann.
Muitos deles entraram aqui e ainda não sabemos até hoje.
Quando vim para este país...
e vi os soldados.. .
pensei que todos os nazistas estavam aqui.. .
porque eles usavam os mesmos capacetes e uniformes.
Era a época.. .
do auge do Nacionalismo, etc...
então, novamente, tivemos que conseguir documentos falsos...
com certidões de nascimento de locais diferentes.. .
contendo religiões diferentes...
datas diferentes.
Com isso, a chegada e o estabelecimento na Argentina...
era ainda cercado de uma aureola de ilegitimidade...
devíamos ser cuidadosos para não sermos descobertos.
1976 - GOLPE MlLlTAR ARGENTlNO
Quando el Proceso, a ditadura, instaurou-se na Argentina.. .
tudo ficou muito parecido com a Europa.
E ficou provado.. .
que isso não foi algo que aconteceu apenas lá.. .
como uma circunstância fortuita de um lugar e época no mundo...
mas sim algo a que estamos todos sujeitos, permanentemente...
não importa onde vivemos e nem quem nós somos.
Havia muitas pessoas...
que viviam como na Alemanha e não queriam ver.
Mas eu sabia sobre muitas desaparições.. .
de muitos conhecidos.
Meus filhos na época estavam fazendo faculdade de direito.
E a cada dia que os via eu pensava: "Nós sobrevivemos mais um dia."
1992 - ATENTADO À EMBAlXADA DE lSRAEL
Quando explodiram a embaixada de Israel.. .
não se prenderam pessoas envolvidas...
e ficou por isso mesmo.
Com o ataque à A.M .I .A . (Federação Israelita).. .
eles destruíram uma parte de uma cultura.
1994 - BOMBARDElO DO PRÉDlO DA A.M.l.A
O atentado ao prédio da Federação Judia, por exemplo.. .
e a descoberta recente do envolvimento da polícia nele...
desmentem a versão tranqüilizadora do governo...
que todos precisavam tanto para poder se acomodar...
estabelecer raízes, sentir-se tranqüilo, pertencendo aqui.
Alguns repórteres disseram...
" Houve vítimas inocentes que passavam pelo caminho."
Como se os judeus não tivessem sido vítimas inocentes.
Eu me tornei cidadão argentino. Sinto que sou argentino...
e acho que isso foi um ataque contra um país, contra a Argentina...
e não contra os judeus.
A profanação dos túmulos me lembrou a época dos nazistas.. .
quando eles destruíram os cemitérios judeus na Europa.
Na Alemanha, no início, Hitler encontrou as circunstâncias ideais.
Um índice de desemprego alto...
e o Tratado de Versalhes pressionou muito a Alemanha.
Os impostos eram muito altos, havia hiperinflação...
e o desemprego era terrível.
E isso me lembra muito a situação daqui.
Me assusta muito um índice de desemprego tão alto.. .
e o fato de não se buscar um bode expiatório.
Como isso foi acontecer na Alemanha?
Com um povo tão culto?
Eles elegeram um homem como Hitler.
Lembro-me de uma vez quando fui trabalhar um tempo em Porto Rico.. .
e eu não conseguia acreditar naquele paraíso.
Não acreditava!
Os coqueiros, bananas crescendo por todo lado.
Você podia tocá-las!
Laranjas, o mar, a beleza e a tranqüilidade...
A primeira coisa que me ocorreu foi...
" Tudo isso era assim enquanto eu estava em Auschwitz...
" ou no gueto?"
Aparentemente, sim.
Lembro-me dos primeiros dias em Dachau.. .
as cores.. .
porque fica na Bavária. Era outono.
Como eu tive coragem.. .
de olhar para a natureza...
olhar para as montanhas...
que jamais tinha visto na vida?
Em setembro, normalmente comemoramos as festas.. .
de Rosh Hashana e Yom Kippur.
E numa noite de Yom Kippur.. .
quando se canta Kol Nidre...
alguém pegou um siddur,
que é um livreto de reza...
e começou a rezar.
O pranto nos barracões...
ficou gravado profundamente na minha memória.
O choro e a dor eram sentimentos que envolviam a todos.
E quem sabe não é preciso se agarrar a essas memórias.. .
daquele Yom Kippur.. .
para poder seguir vivendo?
E as pessoas não conseguiam se livrar dessa dor.
Elas morreram.
As dores se vão e tudo isso converte-se em nostalgia.
Às vezes, eu até penso.. .
no gueto com certa nostalgia.
E me pergunto: " Como é possível?"
Como é possível? Lembro-me dos meus amigos...
e minhas amigas caminhando no gueto.. .
cantando canções.. .
e às vezes é o orgulho dos sobreviventes...
que os impede de admitir que se esqueceram.
lsso não quer dizer que não se lembram...
mas é impossível de se reviver...
e ninguém pode criticá-los.
Os testemunhos deste filme são parte das 922 entrevistas gravadas
pela Shoah Foundation, na Argentina, Chile e Uruguai
entre 1996 e 1998.