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Cheguem aqui, ao círculo.
O círculo.
Façamos uma armadilha para que não possamos sair.
Um círculo.
É um círculo aqui, círculo, isso, é.
Muito bom, assim.
Isso, isso, aqui.
Essa é uma leitura privada que vamos fazer para o público.
Ou uma leitura pública que faremos em privado.
O que é isto?
O que é isto?
Eu não sei o que é.
Porque é um trabalho primário
feito por um menino que está sentado em sua casa
e que pega uma foto e começa a armar um mundo através das imagens.
Como um diretor de cinema e como um compositor.
Então...
isso é uma explosão de uma compressão.
É primário, é...
por isso está escrito à mão, por isso que...
E tudo isso é uma visão. Se não há visão, não há poema.
Então...
quero ler...
algo que se veja e que tenha... que se possa ver
porque você se vê e esse poema também se vê.
É um poema... imagine que Marlon Brando está preso na Capela Sistina.
Brando, vou ler Brando. [tradução livre]
Queríamos Brando aqui no barco
Queríamos recuperar Brando
Que levava sete anos como prisioneiro de guerra
Encarcerado na Capela Sistina
Convertida em cela da consciência pelos disciplinantes milenares
Mas os milenares não queriam soltá-lo
Estavam encantados com a captura de Brando
E o faziam caminhar olhando o teto
E à primeira descida do pescoço
Ameaçavam agregá-lo ao Juízo Final
Enquanto isso, do lado de fora, planejávamos como retirá-lo
Como irrompiríamos sem tocar na Capela
Mas continuaram com árduas refeições privadas
De baixas recíprocas e de graves danos
E com atentados colossais durante a sobremesa
Onde as chamas ampliavam as sacristias
Trocamos Brando por um Ticiano
Guardado no mar sob armas para cobrir as despesas dos gostos caros
Mais pra lá do que pra cá colocamos Brando no Harrier
E abraçamos sua papada na cabine
Mas Brando vinha difícil e contrariado, vinha com a boca mordida de jejuns
E assim que o colocamos suavemente sob as cobertas da Città Felice
Mandou escovar seu casaco de sacos
E cuspiu o cacho que trazia na língua
É difícil imitar Brando, mas
"Prescindirei de recepções e chancelarias,
Prescindirei do álcool, das massas, dos sorvetes de coração de alcachofra
Dos propensos excessos da desilusão
E das minhas adoráveis mulheres que me crucificaram
Mas não cruzarei o deserto
Para que me perdoem
O ouro da dor que eu causei
O ouro da dor... eu gosto, não está repetido mas eu vou repeti-lo.
O ouro da dor que eu causei. Não fornicarei,
não me deleitarei,
Nem me colocarão de joelhos
Não quero nem mostrar, nem surpreender
Nem divertir, nem persuadir
Não se preocupem.
Aspiro ao fim de mim mesmo em vida
E sem a constatação da minha morte
Como Mayorana, minha estrela
Como Carnevali, minha cruz
Aqui não estão, mas eu escrevo depois.
Isso se chama "work in progress".
Ninguém voltará a me ver em milênios
O tempo está acabando. É sério
O duro sangue e as lagartas da miséria
Não cessarão até me devastarem.
Eu sei
A um mímico como eu não se pode permitir viver.
Bravo, acabou!