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Como criamos riqueza? Deveríamos viver apenas no momento presente ou pensar no futuro?
PRAXEOLOGIA
EPISÓDIO 13: CAPITAL
Olá, Praxgirl aqui.
Em nossa última lição cobrimos as leis universais do trabalho humano.
Aprendemos que trabalho tem uma desutilidade ao agente relacionada, o que,
dependendo de seus objetivos subjetivos, irá determinar o quão frequentemente e
por quanto tempo ele emprega sua energia física para satisfazer seus desejos.
Também aprendemos que a tecnologia não destrói empregos,
mas redireciona o trabalho para novos desejos anteriormente não realizados.
E finalmente vimos nosso primeiro exemplo de como a Praxeologia pode ser usada para interpretar a história.
Nós agora entendemos que propriedade (meios provenientes da natureza)
e trabalho são limitados em seu rendimento de produção.
Portanto, se um homem quer aumentar sua taxa de produção de bens de consumo,
ele precisa se empenhar em um processo que o recompense com mais tempo.
Isso envolve produzir e poupar bens que não serão usados para consumo no presente, mas em algum tempo futuro.
Essa acumulação de tempo é chamada Capital e os bens que armazenam o tempo são chamados bens de capital.
Capital ou Tempo (que como veremos são termos intercambiáveis),
é o terceiro e último elemento dos 3 principais fatores de produção.
Para a produção de qualquer bem, 3 fatores precisam ser combinados:
(1) Propriedade (meios provenientes da natureza)
(2) Trabalho (o elemento da energia humana)
(3) Tempo (o tempo envolvido na produção)
Nesta lição iremos cobrir como o capital é formado e qual é sua
importância para entender como o homem eleva seu padrão de vida.
A ESTRUTURA DE PRODUÇÃO
Em nossas lições anteriores cobrimos como a Praxeologia categoriza e deriva
logicamente as leis universais a partir de como o homem aplica
seu trabalho e propriedade para satisfazer seu desejo.
Começamos a ver que há um processo envolvendo “estágios” na
produção de bens que serão enfim consumidos por indivíduos.
Esses estágios são chamados A Estrutura de Produção.
Para ilustrar brevemente, vamos considerar os estágios envolvidos na construção de uma rede de pescaria:
Primeiro, você tem que cortar troncos de árvore.
Então precisa separar as fibras dos troncos.
Então, você enlaça e trança as fibras de modo a criar cordas.
Uma vez que tenha criado cordas o bastante, você precisa amarrá-las
juntas de um modo em que irão segurar e sustentar a rede.
Como você pode ver, cada estágio envolve usar os fatores não consumidos diretamente (bens de capital)
como os troncos de árvore ou as fibras nos estágios primários, transformando-os com o tempo e
via trabalho nos fatores dos estágios avançados de produção para finalmente produzir
um bem pronto para consumo, o bem de consumo, que é o estágio final.
A DURAÇÃO DA PRODUÇÃO
Cada estrutura de produção irá variar na extensão de tempo que o processo levará.
Uma estrutura de produção mais curta levará menos tempo para produzir o bem de consumo desejado,
mas terá uma taxa de produção menor que uma estrutura mais longa.
Para ilustrar, vamos imaginar Robinson Crusoé encalhado numa ilha deserta.
Seu desejo imediato é o de se alimentar. Ele procura e encontra peixes num lago de água fresca no meio da ilha.
Então, ele pula na água e começa a pegar os peixes com as mãos.
Essa estrutura de produção é quase instantânea pois o ato de
pesca é o único estágio que o distancia do ato de comer o peixe.
Sua taxa de pescar peixes, no entanto, é bem baixa.
Se Crusoé decidir se empenhar no processo de construir uma rede sua taxa de pescaria irá aumentar tremendamente.
Mas isso também significa que ele terá que se empenhar numa estrutura de
produção mais longa antes que possa enfim começar a comer peixe.
Uma rede levará dez dias para ser feita, período no qual ele não poderá pescar peixes para se alimentar.
Se o homem irá ou não investir seu tempo e energia em estruturas de produção mais longas
depende somente de sua preferência de tempo, ou seja, se ele prefere coisas mais cedo ou mais tarde.
Crusoé terá que decidir se se empenhar em 10 dias de trabalho que não irão alimentá-lo
imediatamente irá valer o produto final, que é uma taxa elevada de produção de peixes.
A FORMAÇÃO DO CAPITAL
Supondo que Crusoé está determinado a melhorar sua situação,
e que sente que uma rede de pesca pode realmente ajudá-lo a pescar mais peixes,
a questão é: como Crusoé irá realizar esse feito de construir a rede sem morrer de fome?
O que Crusoé precisa é de tempo.
Se ele tem passado seu dia inteiro pescando 10 peixes com as mãos,
então construir uma rede significa que ele precisa ter 100 peixes
armazenados para se alimentar durante o processo de produção.
Crusoé tem portanto duas opções de poupança:
(1) Ele poderia poupar alguns peixes todo dia até adquirir 100 peixes quando poderá
então se empenhar no processo de construir a rede, ou
(2) Ele pode pescar menos peixes por dia e usar o tempo ganho construindo a rede aos poucos.
Em ambos os casos ele está se empenhando fundamentalmente no mesmo processo: poupança.
Crusoé está escolhendo reduzir seu consumo presente para poder consumir mais no futuro.
Seus peixes armazenados representam seu capital.
Capital é propriedade, trabalho e tempo armazenados.
Com cada passo, mais capital nos aproxima de nosso usufruto de bens de consumo.
Aquele que possui capital está tão mais perto no tempo de conquistar seu bem desejado.
Uma vez que Crusoé não precise mais passar seu dia inteiro pescando,
ele pode dedicar mais tempo para conquistar outros fins.
Ele pode ler, escrever ou folgar.
Ele pode passar o tempo construindo uma casa, ou preparando roupas para o inverno.
Poupar é a ação fundamental necessária para a melhora de nossas situações.
Se eu tivesse que escolher a implicação mais importante do fato de que humanos agem, seria a importância do Capital.
O conceito de capital é a resposta de como e por que vivemos em uma sociedade moderna tão produtiva e tão complexa.
O que isso realmente quer dizer é que estamos todos vivendo em um mundo que é resultado de homens antes de nós poupando.
Em vez de consumir tudo que produziram, nossos ancestrais acumularam capital
começando com passos pequenos como armazenar peixes, então produzir ferramentas
como redes e assim por diante até estruturas de produção cada vez maiores.
Nós vivemos em uma sociedade complexa onde os bens de consumo dos quais
usufruímos não são apenas resultado de progresso tecnológico.
Tecnologiaé apenas uma receita de como conquistar nossos fins.
Mesmo se Crusoé souber como construir um barco para sair da ilha,
ele tem que satisfazer seus fins mais urgentes antes que são se alimentar e sobreviver à situação.
Não nos podemos embarcar em uma nova tecnologia sem ter a poupança para facilitar essa produção paralela.
Vejo vocês na próxima lição.