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Momento de Reflexão
A MISERICÓRDIA DE DEUS NA BÍBLIA
1- É O PRÓPRIO PECADO QUE PUNE O PECADOR OBSTINADO!
Aquele que come veneno, pune-se a si mesmo com a morte e não precisa que seja Deus a puni-lo.
O mau uso da liberdade, o abuso das leis reguladoras da natureza
num mundo maravilhoso pode provocar desordens nocivas,
mas não por decisão do juiz e autor das leis.
Assim, não foi Deus que criou o Inferno,
mas sim o pecado, o renegar a Deus,
recusando até ao último instante de vida o perdão divino que priva o pecador,
obstinado, de possuir Deus e toda a felicidade, porque o mal não pode estar com a Santidade de Deus.
O pecador, recusando a sua felicidade, que é Deus, auto-exclui-se da última salvação
e perde-se eternamente no estado contrário a Deus que é de todo o mal sem bem algum.
Se Deus não quer o mal, pelo menos podemos dizer que Deus o permite?
Dizer que Deus não quer o mal mas só o permite é acusar Deus de assistir, sem intervir.
Já não seria um Deus Salvador. Deus não envia a dor, nem é passivo,
mas sempre está presente para nos acompanhar na nossa dor
e torná-la obra de salvação com um amor sempre salvífico.
2 - MAS A BÍBLIA TAMBÉM FALA MUITO NA IRA DE DEUS
A ira de Deus na Bíblia é escatológica, isto é, lembra a ira da última sentença, no juízo final,
para quem recusou o perdão de Deus e assim escolheu a Sua reprovação.
Deus quer salvar-nos desta última ira, e a ira no tempo da misericórdia
é uma ira antecipada que nos faz prever o futuro, ou seja, é ainda salvífica.
É uma ira de Deus que olha trepidante para a nossa última salvação.
É uma ira que corrige e chama à conversão, para salvar o homem.
3 - A MISERICÓRDIA DE DEUS ESTÁ SEPARADA DA SUA JUSTIÇA?
Quando Deus é justo e intervém de modo doloroso não é vingativo,
mas faz uma operação dolorosa e salvífica como quando o bom cirurgião opera o doente
para livrá-lo do mal e não para abafar e violar os direitos do culpado.
Deus não é Aquele que premeia e castiga,
mas Aquele que só pede que abandonemos o mal e reconheçamos o direito de Deus em amar-nos e salvar-nos.
Só pede amor em vez de uma reparação vingativa e esquece e alegra-se com o nosso retorno para Ele.
Deus só quer lançar os nossos pecados no fundo do mar, esquecê-los.
Não condena o pecador arrependido, mas declara-o justo e restitui-o à dignidade de filho de Deus.
Vê a parábola do filho pródigo!
4 - COMO SERÁ O DIA DO JUÍZO FINAL?
O dia do Juízo Final não é o dia em que Deus põe de parte a Sua misericórdia para desabafar toda a Sua ira.
As palavras: expiação, sacrifício, vítima, satisfação, purgatório, sofrimentos da vida, etc,
não concordam com a Cristologia Bíblica. Não existe na Bíblia um código penal.
A eficácia da redenção não é posta no corpo martirizado sobre a cruz,
mas na disposição da Alma e Corpo com que Jesus viveu a paixão,
o Seu amor a Deus e aos homens, o Seu abandono total ao Pai.
É nisto que devemos colocar a eficácia da redenção de Jesus.
Não foi só o Sangue de Jesus a lavar o mundo e a purificar a consciência,
não foi o sangue materialmente derramado (apesar de ter sido Jesus a causa da nossa salvação),
mas sim o dom que Jesus fez de Si mesmo até morrer por nós em obediência ao Pai.
Isto é, através da cruz, Jesus assumiu sobre Si, com infinito amor,
todo o peso do nosso pecado e a nossa condição humana de miséria.
A Cruz de Jesus é a prova de todo o amor do Pai que enviou ao mundo o Seu Filho
para o salvar e do Filho que aceitou dar a Sua vida para nos salvar e se doou ao Pai e a nós.
Jesus na Cruz é imagem do Pai invisível,
que nos amou no Seu Filho sofredor para salvar todos do pecado e da perdição.
5 - RENDEI-VOS E CONVERTEI-VOS !
Depois do cristão crente olhar para Jesus na Cruz,
no Seu extremo amor em tomar sobre Si todo o peso do pecado para nos livrar,
já não considera o sofrimento como caminho único de purificação,
mas o sofrimento unido a Cristo, em Cristo, com Cristo.
Este amor deve ser trinitário, ao Pai que nos criou,
ao Filho Jesus que nos redimiu e ao Espírito Santo que é todo Amor, Paz, Alegria.
Assim, o sofrimento de Cristo torna-se meio de salvação e completa em nós
o que falta à paixão de Jesus, para sermos ”co-redentores”, com Ele.
Irmãos e Irmãs: esta é uma profunda licção de Teologia da Extrema Misericórdia de Deus.
Todos os acontecimentos, mesmo dolorosos da nossa vida,
não são fruto da “vingança ou castigo de Deus, mas do Infinito Amor de Deus Salvador!
+ A Bênção de Deus Omnipotente, Pai, Filho e Espírito Santo, nosso Misericordioso Salvador,
desça sobre vós e permaneça para sempre. – Ámen
Autor do texto: «Pe. Duci Francisco, scj».