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O nosso primeiro orador é um cavalheiro bastante jovem,
mas com um currículo muito impressionante. O seu nome é Federico Pistono,
ele é educador científico, activista,
cientista da computação, blogger, especialista em media, e realizador.
Federico escreveu para vários jornais e blogs abordando vários assuntos,
desde ciência e tecnologia à inteligência artificial e alterações climáticas.
Apareceu frequentemente na rádio e na TV pela Europa e EUA,
foi anfitrião de numerosos podcasts cobrindo o impacto das tecnologias na sociedade,
activismo, bem como notícias relacionadas com a ciência.
Ele encontra-se também requisitado como orador em várias universidades,
simpósios, e outros eventos em todo o mundo.
Federico tem uma educação formal em ciência e tecnologia
com bacharelato ... (para os que só ligam ao currículo, já agora)
... com bacharelato em ciência computorizada pela Universidade de Verona
Departamento de Matemática, Física e Ciências Naturais.
Continuou os seus estudos seguindo cursos na Universidade de Stanford
em inteligência artificial, aprendizagem automática e em muitos outros assuntos,
e o que é mais impressionante, para mim,
é que em 2012, Federico foi aceite para o programa de estudos de pós-graduação
na Universidade Singularity, Nasa Ames Research Center em Sillicon Valley
uma interdisc... (É uma palavra grande. Está aqui uma palavra grande.)
... uma experiência interdisciplinar, internacional e intercultural única
cujo objectivo é reunir, educar e inspirar um grupo
de líderes que lutam para entender e facilitar
o desenvolvimento de tecnologias de avanço exponencial
e se concentrem e orientem essas ferramentas para se ajustarem aos grandes desafios da humanidade.
Já é um enorme desafio superar isso!
Sem mais demoras, Federico, é a tua vez.
[aplausos]
Zday 2012 Vancouver - 9 de Março de 2012 - Federico Pistono
Então foi a isto que chegámos:
vocês, eu, aqui.
Disseram-me para fazer uma entrada dramática.
Olá a todos. Bem-vindos, o meu nome é Federico Pistono,
e venho de um país incrível.
Um país que foi o centro da civilização
por mais de 1000 anos
e deu à luz a maioria da cultura moderna ocidental:
as artes, a ópera.
Foi o berço da Renascença e de Leonardo da Vinci;
mas também da Igreja,
bancos, o sistema de reservas fracionárias, crime organizado em ***,
fascismo. Elegemos 5 vezes um maçónico
que está a ser investigado por uma série de actividades criminosas
e foi acusado de conluio com a máfia, lavagem de dinheiro,
fraude fiscal, prostituição de menores,
e acabámos de o substituir
por um homem não eleito, membro líder do grupo Bilderberg,
antigo Presidente Europeu da Comissão Trilateral
e Conselheiro Internacional da Goldman Sachs.
[aplausos]
Vamos então começar. [Quem? O quê? Porquê?]
Quem sou eu, o que faço aqui?
Alguns de vocês devem lembrar-se de mim pelos programas de rádio que apresentei
sobre colaboração, pensamento positivo e automação,
e uma série sobre ciência e razão, em vídeos no YouTube,
ou talvez não. Talvez me conheçam porque
comecei o projecto chamado Zeitgeist Global Connect
onde programadores se unem
e constroem uma distribuição open-source
para ser usada por activistas sem qualquer conhecimento de programação,
para que comecem a criar capítulos facilmente e comecem a fazer coisas.
[aplausos]
Ou talvez me conheçam porque iniciei
o que é agora o repositório central de ensaios, artigos
e informação sobre o Movimento - o TZM blog.
Começou por uma simples ideia e depois, zás!
Agora temos uma equipa brutal com pessoas fantásticas,
algumas das quais falarão com vocês hoje.
Muito recentemente, como foi há pouco referido, fui aceite na Singularity University
e então irei passar todo o meu verão no NASA
Ames Research Center em Silicon Valley,
tentando resolver os maiores desafios da humanidade
juntamente com outras grandes mentes brilhantes de todo o mundo.
Os projetos que resultarem deste programa
terão de melhorar a vida de pelo menos mil milhões de pessoas
dentro dos próximos 10 anos; ora aí está um desafio.
[aplausos]
A maior parte de vós conhece-me como o fundador e ex-coordenador
do capítulo italiano do Movimento Zeitgeist,
que comecei há 3 anos atrás e nós fizemos
algumas coisas engraçadas desde então.
Tivemos clips da série do filme Zeitgeist na TV nacional
durante 8 semanas consecutivas.
Fizemos ativismo puro, projecções de filmes e abraços grátis,
flash mobs e todas as coisas boas com as quais decerto já estão familiarizados.
(Sim, até a polícia se juntou, o que foi giro.)
Ainda recentemente, porém, fizemos algo diferente.
Organizámos um simpósio
onde nos abrimos
a outras organizações e grupos defensores da sustentabilidade.
Tínhamos um alinhamento de 15 oradores e correu maravilhosamente bem.
Passámos o dia juntos, almoçámos juntos, discutimos,
jantámos juntos, começámos todo o tipo de colaborações.
Foi maravilhoso.
Isto é, penso eu, o nosso próximo passo evolutivo como movimento.
É bom ter dias dedicados como este
onde nós de certa forma vemos o que alcançámos
como movimento e como pessoas,
mas acho que não podemos continuar só a falar para nós próprios.
Precisamos nos abrir ao resto do mundo e deixar de lado os rótulos
como o Peter mencionou antes.
Devemos ter, penso eu, eventos que durem semanas
onde nos juntamos com outras organizações porreiras
e começamos um debate.
Eu espero ver num futuro próximo mais eventos destes a realizarem-se por todo o globo.
Chega disto. Vamos ao ponto!
Que estou eu aqui a fazer? Estou aqui para vos dizer
que os robôs vão roubar o vosso emprego.
[aplausos] [Os robôs vão roubar o teu emprego]
Isto pode parecer absurdo para alguns de vós
ou óbvio para outros, então qual deles é? Absurdo ou óbvio?
Passei grande parte dos meus últimos 6 meses a tentar perceber isso,
se forem capazes de acreditar nisso, e surgiu-me a seguinte resposta:
nenhum dos dois
ou os dois, às vezes.
Está feito.
Querem que desenvolva? Certo, vamos começar.
Vocês estão prestes a tornarem-se obsoletos.
Pensam que são especiais, únicos
e que o que quer que façam é impossível de substituir.
Errado!
Enquanto falamos, milhões de algoritmos
criados por cientistas da computação e matemáticos
trabalham freneticamente em servidores por todo o planeta,
com um único propósito:
fazer o que vocês faziam, mas melhor.
Estes algoritmos são programas inteligentes de computador,
permeando o substrato da nossa sociedade.
Eles tomam decisões financeiras. Prevêem a meteorologia.
Sugerem quais os próximos países a travar uma guerra.
Em breve, teremos pouco para fazer.
Máquinas tomarão o controlo.
Este é o mapa do cérebro humano. Ó esperem,
este é na realidade o mapa da Internet. Ups...
Isto parece-se com uma fantasia futurista?
Talvez! Este argumento é proposto por uma crescente, mas ainda reduzida
comunidade de pensadores, cientistas e académicos
que vêm o avanço tecnológico como uma força disruptiva
que, em breve, irá transformar todo o nosso sistema socioeconómico,
para sempre.
De acordo com eles, o deslocamento do trabalho para máquinas
e computadores inteligentes irá aumentar dramaticamente nas próximas décadas.
Estas mudanças serão tão drásticas e rápidas
que o mercado não será capaz de corresponder
na criação de novas oportunidades para trabalhadores que perderam o seu emprego,
tornando o desemprego, não apenas uma parte de um ciclo,
mas estrutural por natureza e cronicamente irreversível.
Será o fim do trabalho como o conhecemos.
[aplausos]
Obviamente, a maioria dos economistas descartam tais argumentos.
Eles chamam-lhe mesmo de falácia Ludista.
Muitos deles nem abordam o assunto
para começar, e os que o fazem,
afirmam que o mercado encontra sempre uma solução.
À medida que todos os empregos são substituídos por máquinas, novos empregos são criados.
Graças ao engenho da mente humana
e à necessidade de crescimento constante,
o mercado encontra sempre uma solução,
especialmente neste cada vez mais ligado e globalizado
mercado gigante em que vivemos hoje.
Considerem isto: A expansão exponencial da tecnologia tem vindo a crescer
de uma forma notavelmente suave por muito, muito, mesmo muito tempo.
E não estou a falar da Lei de Moore que diz que o número de circuitos,
o número de transístores, que podem ser colocados num circuito integrado
duplica aproximadamente a cada dois anos.
Circuitos integrados são na verdade uma fracção minúscula
de todo o espectro de mudanças que impregna o avanço tecnológico.
Ray Kurzweil observa que a Lei de Moore não foi a primeira,
foi sim o quinto paradigma, fornecendo um rendimento aceleradamente crescente.
Dispositivos de computação têm consistentemente multiplicado a sua potência
por unidade de tempo.
Dispositivos mecânicos de cálculo utilizados no census de 1890 nos EUA: primeiro paradigma.
A máquina de Robinson baseada em relés de Turing
que decifrou o Código Nazi da Enigma, [segundo]
e depois o tubo de vácuo da CBS
que previu a eleição de Eisenhower, [terceiro]
e máquinas de transístores usadas nos primeiros lançamentos espaciais [quarto]
e finalmente, o quinto: computadores pessoais com circuitos integrados,
que Kurzweil usou para escrever o próprio ensaio onde descreveu o fenómeno
em 2001, a que chamou Lei de Mudanças Aceleradas.
Para entender o que Crescimento Exponencial significa,
reparem neste gráfico.
Isto é a capacidade tecnológica [Eixo vertical]. Este é o tempo [Eixo horizontal].
Estes são os passos, e esta é
a ideia geral da quantidade e capacidade tecnológica e do avanço.
É um crescimento linear: com 1, 2, 3, 4, 5.
Então, se isto se expandisse até 30,
(Eu não o fiz até 30. Já vão perceber porquê.)
mas se contassem de 1 a 30
linearmente, seria 1 , 2 , 3 , 4 , 5. Iriam até
30.
Se o fizerem exponencialmente : 2, 4, 8, 16. O que teriam?
Mil milhões!
30, mil milhões, é uma grande diferença.
Uso sempre este exemplo quando vou às universidades.
Agora imaginem esta garrafa de água.
Ok? Em vez de água dentro,
imaginem que é um copo, uma caixa de Petri ou outra coisa,
e colocam uma bactéria lá dentro para se reproduzir, e dão-lhe comida
para que se possa multiplicar.
Sabem que em 60 minutos enche a garrafa, inteira,
e que a cada minuto duplica em tamanho.
Então, demora 60 minutos até encher a garrafa.
Todos os minutos duplica em tamanho. A questão é:
Depois de 55 minutos, que percentagem da garrafa está ocupada por bactéria?
Um quarto? Quanto? 50%?
10%?
200? Ui!
A resposta é : 3.125%
É contra-intuitivo, eu sei, mas é assim porque
nós pensamos linearmente e não exponencialmente. Mas imaginem,
60 minutos são 100%,
59 minutos são 50 %,
58 minutos são 25%,
e 57 minutos são 12,5%, e 6,25%... e assim sucessivamente.
Não estamos habituados a pensar exponencialmente,
mas é assim que a tecnologia trabalha.
A curva que explode para fora do gráfico normal,
parece uma linha recta num gráfico logarítmico.
É a mesma curva de há pouco.
É uma linha recta. É a mesma curva. Mas em que mudou o eixo Y,
em vez de ter 5, 10, 15
tem agora 5, 25, 125, 630 e assim sucessivamente.
À medida que avançam, aumenta a quantidade exponencialmente.
Vão perceber por que usamos gráficos logarítmicos
quando falamos de exponenciais. Simplesmente não há espaço suficiente
para desenhar o gráfico. Iria direito ao tecto.
Voltando ao gráfico.
Com este conhecimento adquirido,
verão que aquela curva não é uma linha recta.
É outra curva exponencial.
Este é o crescimento da computação nos últimos 110 anos.
Noutras palavras, o que vêem agora é crescimento exponencial,
que sabemos ser muito rápido,
na taxa de crescimento exponencial.
É exponencial a dobrar. Isso é muitíssimo rápido.
A velocidade do computador por unidade de custo duplicou a cada 3 anos entre 1910 e 1950
e depois duplicou a cada 2 anos entre 1950 e 1966.
Agora, duplica todos os anos.
O poder do computador não só aumenta. Como aumenta cada vez mais rapidamente.
Podemos ver as consequências disso hoje,
à medida que a tecnologia progride a um ritmo sem precedentes.
Antigamente os computadores custavam centenas de milhões de dólares,
precisavam de salas enormes para armazenamento, refrigeração, manutenção e muita energia.
Quer dizer, antes de eu nascer eles eram colossais!
Agora, cabem no bolso.
São mil vezes mais poderosos
e custam mil vezes menos, até mesmo milhões de vezes menos.
É um aumento de mil milhões de vezes em apenas 30 anos.
Lembrem-se, 30 passos.
É exactamente isto que acontece.
À medida que progredimos ainda mais,
as mudanças serão tão rápidas, que dificilmente seremos capazes de acompanhar.
As coisas mudarão dramaticamente em questão de meses, ou semanas,
ou dias, ou segundos, ou nano-segundos.
Os sonhos da ficção científica, há muito esperados, estão a tornar-se realidade,
estarão mesmo?
Vou dizer-vos coisas que vos vão espantar.
[risos]
Aquilo ali, são as vossas caras de espanto.
Eu sei, existirá sempre aquele fulano,
sabem, aquele fulano. Independentemente do que digam.
Sabem como as pessoas reagem de forma diferente à tecnologia?
Contam-lhes algo espantoso e elas dizem
"Não! Estás a gozar comigo? Acreditas mesmo nisso?"
E depois tens aquele fulano que irá dizer: "Sim, eu já sabia.
Quer dizer, eu não sabia mas é óbvio, certo?"
Vou avançar e começar com exemplos, e vocês vejam
se esse fulano está sentado ao vosso lado.
Primeiro tenho de fazer uma confissão.
Eu disse que
os robôs vão roubar o vosso emprego
mas,
isso é verdade, eventualmente.
A verdadeira ameaça não é um robô antropomórfico futurista.
É hoje, agora, e elas são algoritmos de computador.
Que tal software que prevê crimes antes de eles acontecerem,
como no " Minority Report", mas
sem as crianças drogadas num tanque para que funcione.
Isto está a funcionar agora mesmo
e depois temos algoritmos de reconhecimento facial
que prevêem quais os produtos de que vocês gostam baseados na vossa aparência,
e scanners cerebrais que "ouvem" as ondas cerebrais,
o diálogo interior, ao observar as ondas,
e padrões vindos do cérebro.
E também, equações matemáticas que prevêem,
com precisão acima dos 60%, que canções farão sucesso ou não
nas tabelas de vendas? Assim mesmo,
tão simples, é este o resultado. Adiciona os números,
e saberás se a canção irá vender ou não.
Agora vamos mais longe.
Que tal um cientista robô que consegue gerar as suas próprias hipóteses,
fazer experiências que as testem, e depois fazer descobertas
sem qualquer ajuda humana?
Já agora, estes artigos não são retirados de jornais baratos,
por exemplo este é do "New Scientist",
e a publicação original é da 'Science Magazine'.
Mais longe ainda, algoritmos genéticos que desenham e constroem robôs
sem qualquer intervenção humana.
De facto, os investigadores do MIT deram um passo enorme
em direção ao objectivo de replicar funções do cérebro humano,
ao desenhar um chip de computador
que imita a adaptação dos neurónios do cérebro em resposta à informação.
Os algoritmos estão a apanhar-nos e rapidamente, digo eu,
mais rápido do que nós imaginamos.
Lembram-se que em 1997, quando o Deep Blue da IBM
desafiou o campeão mundial de xadrez, Gary Kasparov?
Disseram que um computador nunca poderia, mesmo nunca, vencer um humano,
o melhor humano no xadrez.
Diziam que o xadrez necessita de grande inteligência, compreensão de padrões,
e uma adaptação rápida a diferentes situações. "Um computador não consegue!"
Mas fez. O Deep Blue ganhou.
E o que disseram as pessoas depois disso? "Bem, sabes,
o xadrez não precisa de inteligência.
É só um processamento de números."
Ok, os computadores nunca
vencerão os humanos em coisas que não são mecânicas, como
a linguagem, a cultura e referências pop, e coisas afins. Nunca."
Esta figura é do Watson da IBM em 2011,
destruindo os melhores jogadores humanos de sempre no jogo Jeopardy.
Um jogo que requere (no que eu entendo, porque não sou americano)
um vasto conhecimento e entendimento da complexidade e das nuances
da língua inglesa: trocadilhos, cultura pop, piadas, tudo isso.
Watson ganhou sem problemas.
E o que disseram as pessoas depois?
"Bem, a linguagem não precisa de inteligência.
É só bla bla bla."
Quando é que nos vamos perceber que é apenas uma questão de tempo?
Um amigo meu aconselhou-me a quebrar a tensão um pouco
a meio da minha apresentação.
Então eu perguntei-lhe : "Ok, o que propões?"
e ele responde "Gatinhos e seios."
[risos]
[mais risos]
Pensei que era algo reles, então pensei em algo diferente.
Que tal um tubarão
dando "mais cinco" a um gorila
em frente a uma explosão?
Espectacular!
[aplausos]
Sabem o que mais é espectacular?
Temos carros automatizados que conduzem centenas de milhares de quilómetros
sem problemas, sem qualquer intervenção humana.
São bastante seguros, e até têm melhor performance que os melhores condutores humanos.
Vamos ver um pequeno video:
[Desde que o nosso trabalho se foca em construir carros que se conduzam
por eles próprios em qualquer lado,
em qualquer rua na Califórnia,
conduzimos 225.000 km.
Os nossos carros têm sensores que, por magia, conseguem ver
tudo à sua volta e decidem sobre qualquer aspecto da condução.
É o sistema de condução perfeito.
Conduzimos em cidades como São Francisco.
De São Francisco até Los Angeles na auto-estrada 1.
Encontrámos praticantes de jogging,
auto-estradas congestionadas, portagens,
e isto sem uma pessoa a olhar. O carro conduz-se a ele próprio.
De facto, enquanto percorremos 225.000 km,
as pessoas nem repararam,
estradas de montanha, dia e noite
e até a sinuosa rua Lombard em São Francisco.
[risos]
Às vezes os nossos carros ficam tão doidos,
(Oh meu Deus) que até fazem pequenas acrobacias.
(Oh meu Deus!)
(O quê?!)
(Está a conduzir sozinho.)]
Ok, aquilo foi o carro da Google.
[aplausos]
A propósito, aquele era Sebastien Thrun da Universidade de Stanford,
que agora abriu um curso de Aprendizagem de Máquinas
que eu segui, e que vai agora ensinar online gratuitamente,
como construir software para um carro autónomo.
10 semanas e saberá como fazê-lo. É só seguir o curso.
[aplausos]
De graça obviamente e ao contrário de nós,
estas coisas só podem melhorar à medida que envelhecem.
Temos grupos coordenados de robôs autónomos
que conseguem fazer o trabalho de constructores,
construindo, por exemplo neste caso, uma torre de 6 metros de altura
sem qualquer intervenção humana.
[... e colocá-la exactamente no local indicado
por um programa de controlo conhecido por " The Foreman".
Levanta voo e voa até apanhar um tijolo,
e assegura-se de que outros veículos que transportam tijolos
não estão no seu caminho, por isso desvia-se
até sentir que tem espaço para se mover.]
Aquilo é um centro de pesquisa na Suíça
e já agora, um tipo italiano.
Temos também formas novas e inteligentes de construir casas.
Tipicamente, pode levar de 6 semanas a 6 meses
para construir uma casa de 2 andares nos EUA ou no Canadá,
principalmente porque dezenas de humanos fazem o trabalho todo.
Ponham os olhos nisto. Isto é hoje, e não daqui a 20 anos.
É hoje, na China.
Isto é uma cronologia da construção de um arranha-céus de 30 andares.
Podem ver a barra de tempo aqui no fundo.
É um arranha-céus com todos os confortos modernos.
Consegue aguentar terramotos de magnitude 9,
tem um excelente sistema de isolamento,
um sistema de circulação de ar MART, controlo de qualidade, todas essas coisas boas.
É o fim. E vão reparar que acaba nos 360,
é muito bom, 360.
Um edifício de 30 andares em menos de um ano,
nada mau.
Oh esperem! Não são dias, 360 são as horas!!
15 dias para construir um edifício de 30 andares.
Isto pode ser feito hoje. Espreitemos então o amanhã, sim?
É possível que, dentro de uma década, a Construção por Contorno,
(e vejam-na como construção de grande escala)
tornar-se-á tão avançada,
(é como uma camada depois da outra, certo?)
que será possível carregar um desenho específico
e o enorme robô,
é só preciso clicar "imprimir" no computador,
e ver o robô a cuspir
uma casa de betão em menos de um dia.
Humanos não são necessários, excepto alguns supervisores
e arquitectos. E pronto.
Não pensam que isso é possível?
Pensem de novo!
Impressão 3D é já neste momento uma indústria de milhares de milhões de dólares.
Cresce exponencialmente. E vai revolucionar
a maneira como pensamos a construção para sempre.
Podemos nós próprios imprimir objectos físicos,
tanto como indivíduos ou fazendo parte de centros de pesquisa,
e não falo só de brinquedos, ferramentas, simples objectos para a casa,
embora sejam úteis. Falo também de próteses,
dentes, e até mesmo órgãos humanos.
Fizeram um transplante e resultou.
Foi na Suécia, e mais uma vez, um tipo italiano.
Nunca trabalham em Itália, estes tipos.
Pergunto-me porquê.
As coisas melhoram, ficam mais fiáveis, baratas
adaptáveis e personalizadas.
E mais importante, são facilmente partilhadas,
mesmo com um mercado similar ao iTunes, Amazon, Android Market,
legal ou não.
Seja como for, depois da informação sair,
não há como a parar.
Mal uma tecnologia esteja
disponível, não se pode "desinventar".
Está fora do vosso controlo.
Então, onde é que isto nos leva?
Eu sei que alguns de vós, "tecno-cépticos" irão pensar
que tudo isto é apenas uma moda,
e que muito pouco vai mudar.
Por outro lado sei que existem muitos entusiastas da tecnologia,
que acreditam que isto finalmente nos libertará
desta mentalidade do séc. XVIII que nos mantém atrasados,
e que nos projectará para um futuro parecido ao Star Trek
de abundância, maravilha e exploração;
mas antes disso,
há um problema muito real para o qual nos precisamos de dirigir agora,
e não daqui a 10 anos, ou 100 anos, agora.
Os seguintes dados foram tirados do US Bureau of Labor Statistics em 2011.
Vejam bem esta tabela e respondam-me a isto:
Quantos tipos de ocupações foram criados nos últimos 50 anos?
Estão listadas 7 ocupações principais:
Construção civil...
Que perfazem 43.88% da mão-de-obra americana.
Quantos novos tipos de trabalho foram introduzidos
devido a estes avanços na tecnologia?
Nem um só.
A realidade é que os novos trabalhos, criados pela tecnologia,
empregam muito pouca gente,
e tendem a desaparecer pouco tempo depois de serem criados.
Exigem um nível elevado de educação, flexibilidade,
inteligência e empreendedorismo.
A maioria das pessoas não foram treinadas para serem assim.
De facto, todo o nosso sistema educativo
foi criado pouco depois da Revolução Industrial,
com a ideia de criar operários fabris, trabalhos manuais, trabalhos repetitivos,
e não o tipo de trabalhos que a nova economia irá precisar.
Eu tenho uma questão simples:
O que irão fazer os milhões de trabalhadores, de meia idade e pouco qualificados
quando forem desalojados pela tecnologia?
É uma questão simples.
Já discuti isto com economistas, empreendedores futuristas,
académicos, e nem um deles
foi capaz de me dar uma resposta convincente.
A tecnologia simplesmente avança demasiado rapidamente para que os novos desempregados
aprendam novos empregos.
No passado, vimos a automação reduzir a mão-de-obra,
mas isso não era um problema
porque os trabalhadores não qualificados iam para outros empregos,
ainda pouco qualificados, como, não sei, Wal-Mart,
onde é fácil encontrar emprego, embora seja muito insatisfatório
e não penso que seja o sonho de uma vida, trabalhar no Wal-Mart.
Se a Wal-Mart começar a automatizar, o que irá acontecer,
a competição terá que fazer o mesmo para que se mantenha à tona,
para se manter viva neste mercado competitivo.
Não haverá retorno para a indústria comercial.
É um processo irreversível.
Os empregos substituídos nunca regressarão.
Estão perdidos.
O mesmo se irá passar com os milhões de condutores, construtores
e muitos outros. Mas removendo empregos, o que farão as pessoas?
Até agora, ninguém foi capaz de responder a esta questão,
e a razão para tal, penso eu, é não haver resposta,
não neste sistema, não da maneira em que foi desenhado para funcionar.
O deslocamento do trabalho humano a favor da automação
terá um efeito bola de neve em tudo.
Com o nível de desemprego nos 30%, 40%, o que irá acontecer,
a economia irá colapsar.
Sem um plano B para se ajustar a este novo paradigma,
podemos esperar o pior: desacatos, rebeliões, violência policial,
o desconforto geral continuará a aumentar
até que níveis críticos sejam atingidos, a ponto
de todo o sistema socioeconómico se desmoronar sobre si próprio
como um castelo de cartas.
Isto terá consequências negativas por todo o espectro da população,
e é contra os interesses de todas as pessoas no planeta,
até mesmo entre os mais ricos e abastados,
nem eles querem isso, especialmente eles.
Por isso penso que, para resolver este desafio no nosso tempo,
temos que repensar toda a nossa estrutura económica e social.
Repensar as nossas vidas, os nossos objectivos,
os nossos propósitos, as nossas prioridades
e mais importante, as nossas motivações.
Está na hora de uma mudança de paradigma,
uma que revolucione radicalmente o nosso sistema social.
Este é um excelente livro de Herman Daly, um grande economista.
Ao que chamamos Economia Baseada em Recursos,
ele chama de Economia de estado estacionário, ou Economia Ecológica.
É basicamente a mesma coisa. Espreitem-no, livro espetacular!
Alguma vez considerámos
que arranjar um emprego substituto, de qualquer forma,
talvez seja uma escolha errada para começar?
Estou só a dizer, alguma vez parámos e questionámos
se os únicos sistemas económicos possíveis são o socialista e o capitalista,
e tudo o resto se encontra no meio?
Alguma vez concebemos a noção
de que talvez a constante necessidade de crescimento e consumo
não seja só ecologicamente insustentável e fisicamente impossível,
mas também diminua a qualidade das nossas vidas?
Muito frequentemente tratamos as coisas como assuntos separados,
não nos apercebendo da natureza interligada da nossa realidade.
Este erro tornou-nos fracos e vulneráveis.
Desde os últimos 70 anos, temos vindo a pôr em marcha a nossa morte.
Tornamo-nos cada vez mais descontentes,
a qualidade das nossas vidas e relações caiu,
e perdemos a noção do que realmente importa.
Ser feliz, certo?
Não consumam. Sejam felizes!
Hoje em dia, tudo é espantoso e ninguém é feliz.
É tempo de dar um passo atrás e pensar para onde vamos.
Como um grande poeta uma vez disse: "O tempo é uma porcaria",
por isso não posso elaborar mais o assunto porque estou sem tempo.
Mas felizmente, eu escrevi um livro inteiro sobre isso.
O quê, pensavam realmente que tinha passado 6 meses da minha vida
só a preparar esta apresentação?
O livro chama-se:
"Os Robots Vão Roubar O Vosso Emprego, Mas Não Faz Mal"
e o subtítulo é "Como sobreviver a um colapso económico e ser feliz."
[aplausos]
No livro, exploro o que falei em mais detalhe,
e vou muito mais longe do que poderia nesta apresentação.
O desenvolvimento do livro foi muito interessante:
eu lancei a campanha num web-site de financiamento colectivo,
e recebi um apoio esmagador,
como também muito boas ideias de diferentes pessoas de todo o planeta.
Mas depois tornou-se viral à medida que os meus artigos eram publicados
no Instituto para Ética e Tecnologias Emergentes,
e passaram no Singularity Hub, IO9 e até na televisão italiana.
Foi muito bom.
Este é o plano.
Durante os próximos dois meses, vou refugiar-me num retiro medieval,
numa localização remota nos bosques para terminar o livro.
Isto sou eu daqui a uns meses.
Sim, pareço ter 15 anos, mas sou mais velho.
Irão encontrá-lo online, penso que em Junho. Espero tê-lo feito até lá.
Há um site. Estará no Amazon,
Lulu, iTunes. Podem comprá-lo...
Há também uma versão gratuita.
Yeah! Licensa creativa comum,
porque não estamos aqui só para ganhar uns trocos, certo?
Certo, Peter? Onde está o Peter?
Peter!? Caramba!
Enfim, há um rapaz que poderia ser um milionário vendido,
mas que decide dar o seu livro de graça. E esta?
[aplausos]
Ele, tal como outros antes dele,
e suspeito muito mais depois.
O mundo está a mudar, pessoal.
Falando de motivações?
Que tal ver o mundo a tornar-se um sítio melhor,
pelo que fizeste, que tal essa motivação?
[aplausos]
Estamos todos juntos nisto.
O melhor é apreciarmos a viagem.
Muito obrigado.
[aplausos]
[É só uma viagem.]
Federico Pistono no ZDay 2012 em Vancouver www. TheZeitgeistMovement.com