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África do Sul: a luta dos mineiros continua
Os enormes postes de eletricidade que abastecem as minas de Marikana...
...atravessam este campo ocupado...
...por aqueles que trabalham no subterrâneo e levam uma vida às margens.
Paseka Ramosebetsi é um dos mineiros em greve...
...que recentemente se juntou ao protesto contra os baixos salários.
"Esta é minha casa. Aqui eu tenho algumas mesas, esta é a cama em que durmo "
Paseka tem vivido nesta cabana nos últimos nove anos.
Sem eletricidade, sem água corrente,
uma vida miserável, ele sequer tem colchão.
Ganha cerca de £ 300 por mês,
mas envia quase tudo para casa, para sustentar sua família extensa.
"Eu trabalho duro, mas aqueles que trabalham na superfície...
...e os gestores ganham altos salários e bônus,
...mas nós que trabalhamos aqui no subterrâneo, não recebemos nada."
Como muitos, Paseka está desapontado...
...com governo ANC (Congresso Nacional Africano),
...que já foi campeão dos direitos trabalhistas...
e agora parece ter outras prioridades.
"Eles só querem dinheiro, construir casas bonitas ou possuir belos carros,
...enquanto nós sofremos. Eles não se importam com a gente.
Veja, nós moramos em barracos,
não há espaço, não há água."
"O mundo está assistindo aos mineiros sul-africanos...
O mundo está apoiando os mineiros da África do Sul.
Queremos ver a vitória dos mineiros...
uma vitória para a classe trabalhadora."
"O estado de agitação parece estar se espalhando.
Uma grande greve com 15.000 mineiros...
...também bloqueou a extração da mineradora vizinha Gold Fields.
Mike Hanna é nossa conexão agora com a mina de Marikana em Rustenburg.
Mike, vemos muitos manifestantes atrás de você,
a situação se desenvolveu sem tensões hoje?"
"Bem, o interessante é que esta não é mais a mina de Marikana
os manifestantes se afastaram vários quilômetros da mina,
e do assentamento perto da mina, onde estavam concentrados esta manhã.
Eles caminharam uma longa marcha para chegar a este estabelecimento.
Trata-se de outra mina de Lonmin nesta área.
Como você pode ver, a greve é total,
o poço está completamente parado
não há sequer um trabalhador na mina."
"A mobilização dos trabalhadores na indústria de mineração está se espalhando.
Os manifestantes forçaram o maior produtor mundial de platina...
AngloPlat, a parar todas as suas operações em Rustenburg.
Eles demandam um salário mais alto...
...e depois de chocar o mundo pela morte de 34 pessoas...
...a polícia africana se tornou tão cautelosa, que agora os mineiros lideram o jogo"
"Eles ameaçaram abrir fogo contra nós se não voltássemos a trabalhar,
mas não temos medo, porque nós queremos esse dinheiro."
"Nós exigimos um salário mínimo de 18.500 Rand...
...arriscamos nossas vidas e devemos ganhar o dinheiro já, mas não é assim."
A Gold Fields confirmou que representantes do sindicato NUM...
...foram à mina falar com os mineiros...
...e os mineiros se recusam a falar com o sindicato.
O NUM nega tudo.
"Não é verdade que os nossos líderes foram demitidos.
Se tivessem sido demitidos, por quem?
Pois deveria ter tido uma a reunião nessa época, mas não chegou a acontecer.
Mas nossa liderança está lá agora, porque naquela época houve um mal-entendido."
A polícia sul-africana abriu fogo contra mineiros grevistas, desarmados.
34 mineiros foram mortos neste ato de repressão bárbara.
"Não há nenhuma chance de que podemos trabalhar...
...quando o nosso sindicato está de acordo com os gestores.
É como se fossem uma só coisa.
Então, o que nós queremos fazer agora?
Queremos pessoas que não se corrompam."
Uma onda de protestos.
Os trabalhadores de diferentes minas agora estão unindo forças.
Foi formada uma comissão nacional de greve.
O novo Movimento Democrático Socialista (DSM)...
...planeja uma greve nacional em 30 de novembro...
...e uma marcha massiva ao prédio do sindicato.
"É Liv falando pelo Movimento Democrático Socialista.
Fomos convidados por seu líder para vir aqui e nos unirmos a vocês.
Estas grandes empresas multinacionais têm lucros de 40 bilhões de Rands por ano.
Com esses lucros poderiam pagar todos os trabalhadores. "
Mametlwe Sebei (DSM): " Nenhum assassinato, nenhuma prisão,
nenhuma intimidação nos fará voltar atrás, companheiros"
Antes dessa greve, NUM foi o maior sindicato do país.
Foi deixado de lado pelos grevistas,
mas ainda está tentando recuperar o consentimento.
O Movimento Democrático Socialista preencheu este vazio
por ser um campeão de reivindicações que falam aos mineiros
de um salário mínimo, condições de trabalho decente,
garantia de emprego para os jovens e melhores condições de vida.
"Com o dinheiro que ganhamos, só compramos comida de cachorro
não conseguimos comprar alimentos para sobreviver."
Sebei: "Companheiros, vamos intensificar e ampliar a greve.
Mandamos uma chamada e estamos nos preparando
para uma greve em toda a indústria de mineração.
Estamos nos certificando que não haja uma máquina sequer em ação
em qualquer lugar do país."
Esses trabalhadores frustrados estão à procura de uma alternativa
ou apenas esperando uma liderança honesta?
O Movimento Democrática Socialista alega que os trabalhadores tem sido
chamados para a formação de um novo partido, que luta pelos direitos dos trabalhadores.
A organização tem coordenado os mineiros em greve em Rustenburg.
Sebei: "Não estamos procurando um partido que promove apenas os
interesses de classe média negra do país,
como vimos com o ANC e outros grupos menores surgiram desde 1994.
Estamos à procura de um partido que, primeiro, e como prioridade,
junte-se a classe trabalhadora na luta,
porque há claramente uma guerra entre classes sociais no país."