Tip:
Highlight text to annotate it
X
Todo ano, na Cornualha,
reúnem-se para comemorar a última batalha
do maior de todos os heróis britânicos.
Artur! Artur!
Viva Britania!
As histórias de Artur tem de tudo,
amor e coragem, traição,
e busca espiritual maior.
Esta é a busca da Lenda do rei Artur,
uma viagem sobre a Grã-Bretanha Celta, França e Irlanda.
É uma história de alquimia antiga e misticismo medieval.
A história da idade dourada perdida, que um dia voltará.
E, mais que isso, a história de Artur, como os poetas celtas diziam,
era a "substância da Grã-Bretanha."
Em busca de Mitos e Heróis
A lenda do rei Artur tem sido contada
por poetas e cineastas por centenas de anos.
Como o cavaleiro puro foi destruido por amores adúlteros
e o horror da guerra civil.
Merlin! Onde você está?
Há personagens imortais e símbolos imperecíveis,
o Santo Graal, a Mesa-Redonda e a espada mágica, Excalibur.
Eis aqui a espada do poder! Excalibur!
Artur. Rei do passado e do futuro.
Nossa pesquisa pela lenda de Artur,
não começa na ilha de Avalon ou em Camelot,
mas sim aqui no canal Barges, um subúrbio industrial de Oxford.
É raro que se possa determinar o tempo e lugar exatos
no qual um mito é criado ou redesenhado por um grande narrador,
mas, neste caso, podemos.
Isto, acredite ou não, é o lugar mais importante
na criação do mito rei Artur.
Venha e veja isto. Não é genial?
Isso é tudo o que ficou na abadia do século XII,
na ilha de Osney nos arredores de Oxford.
Foi aqui, em 1129, que um jovem clérigo gaulês
se tornou na maior influência, das mais brilhantes
e o mais criativo do mito Artur.
Seu nome, Geoffrey de Monmouth.
Foi justo neste lugar que Geoffrey criou um conto imaginário dos Celtas...
como os celtas puderam haver sonhado ser sua história.
Aqui, pela primeira vez, estão Merlin e Ginebra
e o malvado Mordred, que traiu Artur.
Aqui estão os protótipos de Excalibur e Camelot... e Avalon,
e no centro, Artur mesmo... "O rei do passado e rei do futuro."
Mas quando se pensa no Artur de Geoffrey,
não se pensa em história, pensa-se em narrações.
Isto é como uma classe de deslumbrante "info-entretenimento" medieval
em comparação com o que é simplesmente
fato histórico, que é simplesmente enfadonho.
Agora, Uther Pendragon foi o Senhor da Grã-Bretanha. Deu uma grande festa.
Entre os presentes estava Gorlois, Duque da Cornualha,
com sua esposa Ygerna, a mais bela de toda a Grã-Bretanha.
Quando pousou seus olhos nela, ficou loucamente apaixonado.
Seu marido, descobrindo isto, retirou-se zangado da corte.
Colocou sua esposa no castelo de Tintagel na costa do mar,
um lugar de grande segurança.
Então o Rei Uther se dirigiu ao mago Merlin,
"Minha paixão por Ygerna é tanta, que se não a ter,
"ficarei louco de desejo."
Merlin disse: "Eu tenho uma poção mágica,
"que fará com que você se pareça com seu marido e poderás ir com ela. "
O rei bebeu a poção e foi a Tintagel e deixaram-no entrar.
Permaneceu toda a noite nos braços de Ygerna e fizeram amor apaixonadamente
e ela foi enganada pela magia de Merlin.
E foi nessa noite que Artur foi concebido.
Grandes mitos necessitam de grandes cenários
e a fortaleza Dark Age de Tintagel, na Cornualha, deve ser incluida.
Aqui, Geoffrey ouviu histórias sobre um herói celta, Artur,
que iria voltar um dia.
Sabemos que Geoffrey estava escrevendo nos séculos MCXXX,
selecionando histórias de todo o país,
e que de alguma maneira, levou-o a visitar Tintagel.
Sua descrição, quando chegamos
à pergunta do truque da concepção de Artur,
se faz perfeitamente claro de que ele esteve aqui.
Disse-nos que Artur foi concebido aqui. E presume-se que nascera aqui.
Depois disso, em "A História dos reis da Grã-Bretanha",
Artur não tem nada mais a ver com Tintagel,
mas foi a faísca que começou tudo.
De alguma maneira, uma série de crenças são unidas por este gênio romântico,
este Jeffrey Archer de nosso tempo.
E foi. É um belo livro, a "História" e é trazida aqui.
Mas o Artur de Geoffrey não era só uma boa história, era uma arma política.
Sua profecia, que a Grã-Bretanha se levantaria de
novo e poderia ser usada contra os opressores ingleses.
Os Celtas precisavam de um herói que Geoffrey lhes forneceria.
Artur representa o espírito celta dos estudiosos e do povo da Cornualha.
Além disso, quando todos choramos "Nyns yw marow maghytern Arthur",
expressa o fato de que o espírito Celta não está morto neste país.
Cada ano, os poetas celtas se reunem em Bodmin,
falando em ancestral linguagem da Cornualha.
Jurando na Excalibur de Artur sua independência em relação ao britânico.
"Nyns yw marow maghytern Arthur", o rei Artur não está morto.
Pelo menos não em espírito.
A espada representa o espírito de Artur, que defendeu a Bretanha,
enquanto fugiamos minguados até o oeste no ataque
violento dos anglo-saxões, centenas de anos atrás.
Mas a idéia de Artur como o herói da resistência contra os ingleses,
era mais antiga que Geoffrey.
No Império Romano, Bretanha era a jóia na coroa.
Quando se foram os romanos, foi coberta por bárbaros, especialmente os Saxões,
antepassados dos ingleses de hoje que navegaram por todo o mar desde a Alemanha.
Segundo uma lenda posterior, os invasores saxões foram acolhidos
pelo soberano britânico, o tirano Lorde Vortigern.
A tradição anglo-saxônica era que os primeiros saxões que atracaram
e criaram um lugar chamado Ebbesfleot, cujas pessoas diziam Ebbsfleet.
Então, onde está Ebbsfleet?
Ebbsfleet está atrás da estação elétrica.
Tudo parece como água parada da Grã-Bretanha do século XXI.
Mas esta é a cena que talvez os eventos
transcendentais que jamais tomaram lugar
na história das Ilhas Britânicas.
Estamos num dos canais entre a
ilha de Thanet e a ilha principal de Kent.
Segundo a lenda, foi aqui, no ano 449 dC,
que três barcos chegaram,
sob o comando de dois chefes saxões pagãos.
Seus nomes eram Hengist e Horsa "O garanhão" e "O Cavalo".
Hengist e Horsa, como a lenda diz,
foram recrutados como mercenários por Lorde Vortigern para lutar com ele.
Torpemente, talvez, Vortigern lhes deu terras como recompensa.
Mas os saxões logo se puseram contra e tomaram mais para si próprios.
Um passo na Grã-Bretanha, para tornar-se Inglaterra.
No coração de Kent rural,
este grupo está recriando o passado ancestral inglês.
Estão construindo um grande salão saxão.
Para Kim Siddhorn, é um sonho feito realidade.
Não é espantoso?
- É como os grandes poetas medievais. - Sim.
- É a mesma idéia. - O trabalho em madeira é muito semelhante.
O salão será preciso em todos os detalhes históricos,
mas também incorpora um mito inglês.
- Onde está o fogo? - Aqui, basicamente. Será um fogo grande.
Talvez de 3 metros e meio ou algo assim.
Para muitos ingleses, esse mito desperta emoções
tão fortes como os que o sentiam os poetas celtas na Cornualha.
Mas então, os ingleses foram os vencedores.
"... Aethelstan cyning
"eorla drythen,
"beorna beag-giefa and his brothor eac, Edmund aetheling...
"On thys ig-land..."
Este poema foi escrito há mil anos em inglês antigo.
"Swordes ecgum siththan Engle and Seaxe..."
Faz alarde da chegada dos saxões e suas conquistas dos britânicos.
"Britene sohton... eard begeaton."
Quase se pode ouvir em inglês moderno.
Desde que os anglos e saxões vieram pelas enormes ondas,
"ofer brad brimu".
Buscaram a Grã-Bretanha, "Britene sohton".
E eles tomaram a terra, "eard begeaton".
Incrível, hein?
Inglaterra. Inglaterra é uma ideia que tem iluminado o mundo há mil anos.
O terreno abriga os ossos daqueles que morreram por ela.
A Inglaterra é ainda uma idéia e um ideal
e está bem conservada nos corações de muitos de nós.
Falo pelas pessoas comuns e por loucos
como nós que procuram recriar esse período.
Foi em resposta a tais histórias de vitórias saxões,
que os celtas criaram seu próprio herói.
Artur, o cavaleiro de batalhas,
lutou pelos reis britânicos contra os invasores saxões.
Lutou 12 batalhas e levava a imagem da Virgem Maria em seus ombros
e de nosso Senhor Jesus Cristo em seu coração.
Em sua décima segunda batalha no Monte Badon,
960 saxões cairam em um ataque
e ninguém mais os venceu, senão Artur, sozinho.
E em todas suas guerras, ele saiu vitorioso.
Na época em que foi escrito, no século IX,
os celtas, ou os galeses, como os ingleses os chamavam,
haviam sido empurrados aos cantos da ilha,
todavia agrupados contra o homem que tinha traído a Grã-Bretanha.
Vortigern, depois de ter fugido dos Saxões,
que ele tinha convidado a ajudá-lo em suas batalhas,
foi aconselhado que construisse um castelo num
dos lugares mais fortes da Grã-Bretanha, e vieram aqui.
Mas, cada vez que seus trabalhadores regressavam de seu trabalho,
encontravam as pedras dispersas e não podiam usá-las.
Seus assessores, seus conselheiros, disseram-lhe que havia uma maldição
que tornava impossível a construção de alguma coisa.
E a única maneira de quebrar a maldição era encontrar um jovem de cabelo dourado,
cuja mãe pudesse confirmar que nunca havia tido um pai,
matar o garoto e pulverizar seu sangue ao longo da colina.
O jovem levou Vortigern ao topo da colina aqui em Dinas Emrys.
Sob o pavimento de uma calçada revelou-se uma grande jarra.
Dentro, estavam dois dragões, um branco e um vermelho.
Os dragões lutavam entre si até que o vermelho triunfava e o branco fugia.
Era uma profecia, disse o jovem.
Um dia, os celtas destruiriam os Saxões, um herói apareceria
e a Grã-Bretanha se levantaria novamente.
Supostamente este é o local onde aconteceu.
Quando o arqueólogo que estava trabalhando aqui
na escavação dos anos 50, encontrou um pavimento
exatamente onde esperaria encontrá-lo.
Não acho. É realmente possível que esta teria sido a fortaleza de Vortigern?
Essa é outra sugestão.
Talvez houvesse uma fortaleza aqui. Talvez existam dragões ainda aqui!
Perdoada sua morte, foi o jovem louro
quem profetizou o regresso de Artur.
E o nome do jovem? Myrddin. Ou, como nós conhecemos, Merlin.
Mas para os galeses, Myrddin foi também um de seus primeiros poetas,
todavia hoje os poetas galeses reivindicam sua inspiração.
A imagem de Merlin que temos hoje é um pouco
como Gandalf em "O Senhor dos Anéis"
Mas quem é o primeiro Merlin?
Era um poeta cortesão no norte da Inglaterra
quando toda Grã-Bretanha era Britânico-Galês.
Converteu-se num vidente, mas não num mago.
Não vai por aí, convertendo pessoas em sapos,
mas tinha o poder de ver coisas que outros não viam.
É mais um profeta do que alguém que tira coelhos de uma cartola.
Sim, é correto.
A poesia mais velha que sobreviveu, fala sobre ele com o seu porco.
Ele falava com seu porco, como a um famíliar.
E há grandes pedaços de versos,
metade dos quais são fundamentados com base histórica
e metade somente "metendo o pau" sobre coisas diferentes.
- E sobreviveram? - Sim
- Podem fazê-los? - Podemos fazer alguns deles.
- Podemos referir a nosso livro? - Sim, claro.
Ele diz, "Sou Merlin, o rei dos profetas e, em voz alta,
"em voz alta proclamo.
"Desde que sou Merlin, palavras
proféticas saem de minha boca, igual ao bom vinho."
E qual é, "Sei a profundidade de cada lago, o número de penas das aves,
"por que os peixes vão descalços."
O que quer dizer?
Significa, "Sei que tão alta está uma estrela e sei como tão grande é o céu
"e sei porque as mentes são problemáticas. "
Foi através da poesia e profecia onde primeiro Artur fez algo.
Mas foi a magia de Merlin que o fez surgir, não só um guerreiro, mas um rei.
Na véspera do Natal, quando os nobres da Inglaterra saiam da igreja,
viram uma grande pedra com uma bigorna na qual uma espada estava afixada
e a lâmina da espada, incrustada em ouro, dizia:
"Aquele que tirar a espada da pedra será rei. "
E os homens mais ricos tentaram, mas ninguém conseguiu movê-la.
E aconteceu que o jovem Artur, em seu cavalo, viu a pedra
e inclinou-se sobre sua sela, tomou a espada pelo punho e retirou-a.
O Arcebispo disse, "Eis aqui o homem que
Deus escolheu, como todos vocês viram. "
E essa foi a maneira pela qual Artur se tornou rei.
E essa história mostra como Artur começou a atrair outras histórias, como um ímã.
- Olá, Neil. - Olá, Michael.
Isto o que é?
Uma simples caldeira de carvão que estamos usando.
Sente-se. Ou seja, apenas faça-o à esquerda e à direita.
A espada na pedra é uma das mais famosas histórias de Artur.
Mas esta parte da lenda pode vir de tempos muito mais antigos.
Na Idade do Bronze, esta era uma coisa totalmente mágica,
tanto como uma inovação tecnológica dramática.
O ferreiro é alguém que transforma metais básicos
em algo bonito e extraordinário.
Neil Burridge é fundidor de bronze
e tem trabalhado numa técnica antiga para fazer espadas,
colocando o bronze fundido num molde de pedra.
Tiraremos este carvão de cima...
- Vês? - Sim.
- Vejamos aqui. - Bem.
E o vertemos.
Aqui vamos.
- Boa. Pode falar. - É tudo?
Isso é tudo.
Pode-se dar conta de que está fixo, não está se movendo.
Deixa o uso disto para empurrar a metade e ver que está pronto.
Vamos deitá-lo
e trataremos de separar as partes do molde.
Temos uma boa peça.
Veja. É absolutamente incrível! É magia.
Há uma espada na pedra.
É surpreendente quão rápido como fizeste uma arma.
É quase instantâneo.
Esta técnica é da Idade do Bronze, cerca de 1.000 anos aC,
mas agora se pode ver como um processo como este
era a classe de coisas ditas por poetas e escribas.
Talvez a história de uma espada na pedra, seja a
ressaca de um passado antigo.
No final do século XII, Artur havia se convertido
no grito de guerra na revolta galesa
e os ingleses começaram a vê-lo como uma ameaça.
De acordo com Geoffrey de Monmouth,
o último local de descanso de Artur foi a ilha de Avalon, Glastonbury.
A capela começa nesse arco aí, certo?
E aqui, o rei inglês, Henry II, decidiu provar que Artur estava morto
e que nunca mais regressaria.
- Quantos passos? - Cerca de 14, 15.
14 ou 15 passos.
Pistas em crônicas medievais nos permitem armar o que realmente houve
na primeira escavação arqueológica na Grã-Bretanha.
Nove, dez, 11, 12, 13, 14,
- Mais ou menos aqui está a tumba? - Sim
Quando começaram a escavar, colocaram uma proteção ao redor
de modo que as pessoas não poderiam ver.
Cercaram como uma investigação policial!
Igual a uma investigação policial.
Gerald de Gales disse que escavaram quase 5 metros.
Que disse Gerald que acharam no fundo?
Um ataúde oco de carvalho,
dois esqueletos, um de Artur, um de Ginebra.
Esta é a página "Camdens' Britannia"
e esta é a imagem da cruz.
''Hic jacet inclitus Rex Arturius
''in insula avalonia.''
- Isso é suspeito? - Creio que é muito suspeito.
Está falando sobre o famoso Rei Artur,
mas não era assim conhecido, mas só após a sua morte.
E a escrita é ruim. É do século XII.
- É mesmo? - Sim. Se delataram...
Aqui estão.
A escavação do corpo do rei Artur em 1911 aqui em Glastonbury,
sem dúvida, foi uma fraude.
Mas provocou uma explosão de interesses na lenda.
Dando-lhe uma boa nova tumba em Glastonbury,
Artur se tornou numa grande atração turística.
Entretanto, sua lenda se tornou internacional.
A esposa francesa de Henry II, Eleanor de Aquitaine,
contratou poetas franceses para escrever novos mitos de Artur.
Artur foi um herói educado na época dos Cavaleiros.
Uma guerrilha galês agora dirigia uma das mais glamourosas cortes na Europa.
E que melhor lugar para sonhar?
Castelos impressionantes, torres de histórias,
fadas, monges, vestíbulos de cavaleiros.
Assim é como os romances medievais iluminam o mundo do Rei Artur.
Os bretões também são celtas, primos dos galeses.
Bertrand Vanton fez uma visita aos sitios bretões de Artur.
Dirigimo-nos a uma pequena ilha por ali, Tombelaine.
- Quão longe está? Um quilômetro? - Não, 3 quilômetros daqui.
Realmente é enganoso. Pensar que está perto. Mas é distante.
Aqui na França, Artur é o Superman medieval,
que assassinou monstros, resgatou donzelas e lutou com gigantes.
As histórias de Artur e Merlin,
são bem conhecidas aqui, na França e Grã-Bretanha?
Há uma lenda britânica que trata sobreTombelaine.
Artur veio e matou um gigante. Esta história, também estará aqui?
Sim, tinha um ogro que vinha da Espanha.
Um ogro que veio da Espanha?
Somente vivia nesta ilha de Mont St. Michel.
Artur havia ido a Roma.
Ouviu que havia uma princesa que estava em perigo com este ogro,
então decidiu vir resgatá-la.
Artur matou o ogro,
mas era tarde demais. A Princesa Hélène já estava morta.
A lenda bretã diz que a enterrou aqui nesta ilha.
Aqui estamos.
Aí está o Mont St. Michel.
E assim a Grã-Bretanha se tornou em outra região de Artur.
E que coisa tão humana é, que lugares tão formosos,
criar belas histórias que se relacionem com paisagens reais.
Isto é como os mitos crescem, cristalizando nossos sonhos.
E foi aqui, na França que os sonhadores medievais
fizeram a história de Artur e seus cavaleiros,
um enfoque dos valores espirituais da época.
Mas de todos os escritores que reinventaram,
e re-imaginaram a Artur no século XX,
o mais grandioso foi Chrètien de Troyes.
Chrètien levou a lenda a um outro nível, de romance e cavalheirismo
e de busca espiritual.
E em seu último trabalho, acrescentou uma incrível mudança,
um tema charmoso o qual cativou o mundo desde então.
Um jovem cavaleiro, Sir Percival, chega
cansado e faminto, a um castelo mágico.
Daqui até Beirute, disse Chètien, um castelo mais belo nunca será visto.
Mas uma negra ameaça de guerra e sofrimento se apodera da terra.
Percival é levado ao salão e está sentado para um banquete.
E vê em silêncio que uma visão lhe aparece.
Um jovem entra segurando uma lança branca e passa em frente do fogo.
Todos no salão viram uma gota de sangue na ponta da lança
e a gota vermelha correu até a mão do jovem.
E agora surge uma jovem, limpa e atraente,
e entre suas mãos havia uma taça (graal).
E quando levava o vaso para dentro,
o salão inundou-se com uma luz tão brilhante,
que as velas perderam seu brilho,
assim como a lua ou as estrelas quando o sol nasce.
E Percival foi dormir, sonhando saber o significado desta visão
e a quem iam servir o Graal.
Quando acordou, o castelo estava vazio e o graal sumira,
e iniciou uma busca que tem fascinado escritores e cineastas desde então.
Um graal é um prato de comida, mas logo se tornou o "Santo Graal",
a taça usada por Cristo na Última Ceia.
É um lugar bonito.
A história inventada por Chretien, veio
da Inglaterra e se propagou pelas fronteiras galesas.
- Estou em "Câmera Escondida"? - Ainda não!
Aqui, se você quiser encontrar o Santo Graal,
a chave, ou melhor, as chaves, estão na aldeia do povo de Hodnet.
- Olá, Janice. Ele é o Michael. - Prazer em conhecê-lo. Desculpe interromper.
- Me emprestariam a chave da igreja? - Claro.
É um pouco complicado. Esta é a da porta de
fora, a pequena, da porta do canto.
Esta é a da fechadura de cima da porta de fora.
Esta é a da fechadura de uma porta interna e esta, de baixo.
A história do Graal aparece na lenda de Shropshire no século XIII
e reapareceu num antiquário Vitoriano, Thomas Wright.
Deixou uma série de pistas que ao final nos trazem a esta igreja.
Graham Phillips passou anos descodificando o enigma.
Acreditam que Wright deixou pistas do paradeiro do Graal
nesta janela oeste da Igreja da cidade.
Aqui está.
As quatro figuras representadas supõe-se ser Mateus, Marcos, Lucas e João,
embora que João claramente é uma mulher nesta representação,
talvez Maria Madalena.
Com a taça chamada Cálice Mariano,
a taça supostamente foi usada por Maria Madalena.
Na crucificação, ela a susteve para coletar o sangue de Cristo.
Quem o orientou até isto?
Uma família chamada Fitz Warine possuia uma
xícara, a qual chamaram de o Santo Graal.
Seus descendentes foram chamados os Vernons,
e seu descendente era Thomas Wright, o homem que colocou esta janela.
Mas o problema se torna difícil aqui.
Ele alega ter o mesmo copo, mas que não tem um filho a quem passar,
Nenhuma história gerou tantas teorias de conspiracão.
Mas é um testamunho ao poder sedutor do mito e seus símbolos.
Se uma dessas figuras é importante,
deve ser a que está acima da cabeça de São João, a da águia.
O mistério do Graal Shropshire nos leva ao parque Hawkstone.
É um jardim de fantasia do século XVIII,
que agora se tornou em outra zona de Artur.
Só que este foi feito sob encomenda.
Nesta gruta feita à mão, o malicioso vitoriano
Thomas Wright, deixou uma pista.
Certo!
Estas são as duas estátuas.
Esta daqui, a do leão,
e a outra de cá é a estátua da águia,
Podes ver aqui seu pé, este é o seu peito, e sua cabeça deve ter sido aqui.
Estava na base disto,
deveriam tê-lo removido de lá, e caiu para o fundo.
Na base havia um pequeno buraco e aí foi encontrada a taça.
A taça que encontraram sobre a estátua,
é pequena. Na verdade, quando a vemos...
Podemos levá-la à luz do dia?
Quando a vemos, não é muito diferente de uma taça para ovos.
- Mas, - Meu Deus, que interessante.
Foi levada ao Museu Britânico, onde a identificaram como
uma jarra de essências do primeiro século romano.
Não!
Não se pode provar que é assim, mas certamente é deste estilo.
Como somos parecidos com o povo medieval.
O poder desta história é tão grande, que queremos que seja verdade.
Mas, apesar dos que a buscam, desde os medievais ao Código Da Vinci,
o Graal é puro mito.
Um símbolo criado por Chrètien e os poetas depois dele
de algo que nunca pode ser possuido, mas que todavia, devemos prosseguir.
Um símbolo, talvez, da busca do ser humano em si.
O Santo Graal não é o único símbolo de Artur,
que foi criado para satisfazer nossas necessidades,
Na Inglaterra medieval, pensaram que Camelot era Winchester,
e aqui está a mesa redonda de Artur.
É o melhor símbolo de igualdade entre os homens do poder,
copiados nos parlamentos de todo o mundo, mesmo nas Nações Unidas.
Foi feita por Edward I, em 1290,
depois que voltaram para enterrar os ossos
de Artur em um túmulo de mármore em Glastonbury.
Esta é a melhor forma de vê-la!
É falsa, é claro, mas também é real.
Estando aqui podemos ver os nomes dos heróis.
- Galahad, Lancelot du Lac... - Gawain.
- Esse é Gawain? - Percival.
- Este é Tristram. - Tristram d'Orleans.
Gareth, Bedivere e todos os estranhos...
200 anos depois, a mesa foi repintada por outro que queria ser Artur, Henry VIII.
- Quando foi pintada? - Em meados de agosto de 1516.
Henry havia vindo aqui, sua primeira visita como rei,
viu-a em más condições e imediatamente ordenou
que reparassem a sala e que pintassem a mesa.
Esta é um dos símbolos mais grandiosos
do mundo, mas mudou seu significado simbólico.
Que interesse tinha Henry em Artur?
Henry queria ser nomeado Santo Imperador Romano.
Então, fez pintar um rei Artur com seu próprio rosto,
claramente é um descendente de Artur que governou a mesa redonda nesta vida.
- O renascimento de Artur. - O renascimento de Artur. Rege vivus.
E a profecia de Geoffrey de Monmouth se fez realidade.
Henry VIII era um Tudor. Os Tudores eram galeses.
A velha monarquia da Grã-Bretanha tinha sido restabelecida.
O mito de Artur tinha-se tornado em si uma parábola da Grã-Bretanha,
um sonho da qual a Bretanha tinha sido e poderia ser novamente,
um paraíso cuja idade dourada poderia voltar ainda.
Mas apenas alguns anos mais tarde, foi Henry mesmo
quem esmagou o velho mundo para sempre.
Quando brigou com o Papa e fez a Inglaterra protestante,
ordenou a demolição da cultura católica medieval da Inglaterra.
E aqui em Glastonbury, na ilha de Avalon de Artur,
a Reforma caiu com toda a fúria.
É como o talibã no Afeganistão, ou a Revolução Cultural na China.
Entre as vítimas, os ossos que permaneciam
no túmulo de mármore *** na nave.
Artur e Ginebra, ou a quem tenham pertencidos, foram para sempre.
E com isso, se podia pensar, que o mito de Artur tinha acabado.
A revolução Tudor nos levaria ao mundo moderno.
A época de anjos e graals se foram para sempre.
Mas, como em toda nação, os britânicos precisavam de seus mitos.
Mitos de identidade, mitos de estado.
Os visitantes pensam que é medieval mas na verdade é...
Bem, sabem o que representa, a história britânica.
No século IXX, as Casas de Parlamento foram reconstruídas,
decoradas com as histórias de Artur e seus cavaleiros.
Esta é a nossa lenda e mito na qual
os vitorianos pensaram ser mais adequada.
Em seu camarim, quando a Rainha Victoria se vestia para grandes assuntos de Estado,
fazia-o sob o olhar de seu lendário antecessor.
O que queriam nesta sala era uma classe de estética,
que representasse os méritos e virtudes do reinado, da monarquia.
E através de Artur, a Inglaterra se uniria com o seu passado perdido.
Para sua epopéia arturiana, o poeta favorito de Victoria, Alfred Tennyson,
juntou forças com a pioneira da fotografia, Julia Margaret Cameron.
As mesmas histórias que haviam apanhado os medievais fascinados,
agora pegavam o ânimo da época vitoriana.
O "rei passado e rei futuro" estava de volta.
- Este é o volume original? - Sim.
- A assinatura original. - Aqui está o mesmo homem.
Deus, estes são os impressos originais.
O que é tão avassalador disto é o muito que correspondem
à nossa imagem de quão longe vemos o período Arturiano.
DW Griffith, o grande cineasta americano,
foi fortemente influenciado pela Srta. Cameron.
Pode-se ver seu sentido de iluminação
e vestimentas direto nos primórdios de Hollywood.
Há uma linha direta disto aos filmes mudos?
- Sim. - São lindas imagens.
Veja isto. Lancelot e Ginebra.
Há algo melancólico em tudo isto, ou não?
Este é o apogeu do Império Vitoriano. Como explica isso?
Tens Arnold a dizer, "O mar de fé se retira".
Tens a Darwin que desenvolveu a Teoria da Evolução.
Ainda não publicado, mas no ar, por assim dizer, intelectualmente.
Este sentimento de certezas vitorianas
iam e vinham enquanto estiveram no alto.
É uma conexão consciente do que se tornou o mundo moderno.
Rebelde, super-homem herói cristão,
e agora cabeça do primeiro Império Britânico.
Um gigante cansado, cujas nobres ideias deslizavam entre seus dedos.
Mas foi uma figura que uniu os britânicos,
em uma visão mística do seu passado.
Uma fantasia, mas de algum modo, como os melhores mitos, mas é verdade.
Uma política de "não fumar agora", operada no interior do avião.
Um vê esta grande *** de lendas e histórias sobre o Rei Artur,
ir crescendo por mais de centenas de anos.
Atendendo aos tempos,
às necessidades políticas e culturais e até mesmo emocionais.
Podemos também ver que a maioria não têm origem de eventos reais.
São produto da maravilhosa imaginação dos narradores.
Mas isso é tudo o que existe?
De onde tomou a história de Artur, o primeiro narrador?
O que tem atrás disso realmente?
Para descobrir nas ilhas da Grã-Bretanha,
atualmente, apenas há um lugar a onde ir.
A Irlanda.
Fui ao County Cork com o professor Dathi O'Hogain,
encontrar um dos narradores que ainda vivem,
que podem recitar as histórias do herói gaélico da antiga Irlanda.
Prazer em conhecê-lo. Sou Michael.
Michael Wood.
Padraig, o violinista, tem noventa anos
e é narrador mesmo, Sean, enérgicos 80.
Esta história narra a Finn McCool e os jovens guerreiros, os Fianna.
Uma história com ecos misteriosos de Artur,
a espada mágica, a taça que dá a vida eterna.
Como você ouviu pela primeira vez estas histórias?
- Com o conhecimento dos idosos. - Os idosos?
A única coisa que temos neste mundo é a nossa maneira de pensar.
Não há nada mais forte do que isso.
Quando a história é escrita por volta do século XVI,
o escritor estava usando velhos temas e velhos materiais de Fianna.
Quando ouves a Sean, ouves uma voz que viaja de volta através de séculos.
Ao ouvir Sean contar a história de Fianna,
dá-lhe a impressão de como era a Gália do século IX ao XI,
antes de que a tradição Arturiana formara parte da literatura na Europa.
Quando conto essas histórias... estou vivendo-as.
Através de Sean, podemos traçar elementos
da história de 1.500 anos ou mais.
Mas, são apenas fantasias?
Poderia ter sido um Artur real, como os galeses acreditavam?
Há uma curta distância, cerca de 24 quilômetros, se não menos,
entre County Antrima na Irlanda e as ilhas da Escócia.
Este curso de água tem sido a passagem de migrantes, marinheiros e santos,
que carregaram histórias e lendas por milhares de anos.
Esta é a ilha de Iona.
É o local de enterro dos reis da Escócia,
oradores gaélicos que vieram aqui da Irlanda, em época obscura.
Aqui foi onde um santo irlandês, Columba, veio no século VI
e converteu os escoceses ao Cristianismo.
- Esta é uma edificação do século IXX? - Sim.
Veio do que agora se chama Irlanda do Norte,
e esta área da Escócia foi colonizada pelo seu povo.
Estavam tendo dificuldades
porque o rei dos Pictos estava lhes dificultando a vida.
E talvez enviaram por Columba como pessoa importante de sua própria tribo,
a ajudá-los a reduzir a pressão do rei Picto.
Columba foi uma época brutal de batalhas entre os escoceses, pictos e saxões.
Sua vida foi escrita numa das primeiras biografias da Grã-Bretanha.
Aqui há uma parte crucial.
É sobre os filhos do rei Aidan, que realmente foi o primeiro rei escocês,
emergido das sombras como uma pessoa real.
E é sobre uma profecia que faz São Columba.
"Nunc barbari in fugam vertuntur,
Aidanoque quamlibet infelix, tamen concessa victoria est."
As tropas do rei Aidan ganham a batalha, mas é uma vitória infeliz.
303 guerreiros heróicos morrem na batalha.
Mas o mais importante ainda, na mesma batalha
"Miatorum superius memorato in bello, trucidati sunt..."
foram mortos os dois filhos de Aidan.
Echodius, e o filho mais velho,
Arturius.
Artur.
Igual que com o Santo Graal, buscamos a Artur, desejando que fosse real.
Mas existe um Artur real, que morreu numa trágica batalha no século VI,
em algum lugar no norte da muralha romana.
Foi este nome que foi moldado por poetas e narradores?
E nunca mais se havia visto batalha mais triste em qualquer terra cristã.
Lutaram todo o dia e nunca pouparam esforços,
até que todos os nobres cavaleiros estivessem
deitados para descansar em terra fria.
Lutaram até quase à noite
e, em seguida, o rei Artur descobriu o traidor, Sir Mordred,
e correu para ele chorando, "Traidor! É chegado teu dia de morrer!"
e o rei Artur golpeou Sir Mordred
com uma estocada de sua lança atravessando seu corpo.
Quando Sir Mordred sentiu que tinha uma ferida mortal,
correu com suas últimas forças até o início da lança do rei Artur
e golpeou a seu pai Artur com sua espada o lado de sua cabeça.
Então, Sir Mordred caiu morto à terra
e o nobre Artur desfaleceu.
"Ah", disse. "Agora tenho a minha morte."
As crônicas galesas dizem que a batalha final
de Artur foi em um lugar chamado Camlan,
um forte romano no muro de Adriano, chamado Camboglanna.
- É tão belo. - Agora estamos escalando o muro.
- Agora estamos dentro... - No interior da fortaleza.
No alpendre de Majior Johnstone havia relíquias do fim do mundo romano.
Isto é incrível. Absolutamente incrível.
O forte foi ocupado por uma equipe de soldados,
e nunca foi escavado, mas sabemos que foi ocupado no século VI,
quando a lenda de Artur pode ter começado.
E, ainda mais especial,
o poeta galês, Myrddin, o primeiro Merlin,
cantou suas heróicas canções nesta mesma área.
Sim Olhe aqui. Outra figura de herói.
Isto parece ser uma espécie de altar,
com um herói ou figura divina...
Poderia ser um deus da guerra.
Não sei se você conhece esta história,
mas nos anais de Gales, um manuscrito do século X. na Biblioteca Britânica,
há uma nota que fala de uma batalha num lugar chamado Camlann,
a qual, se é um lugar romano, deve ser Camboglanna.
- É verdade. - E onde morreram Artur e Medrawt.
Que interessante.
Sim, lembro-me disso o que se sabe sobre Artur,
mas que nunca conectei. - Poderia ser aqui.
Afinal, aqui, talvez, esteja um elo tangível da história de Artur.
Não tem de ser um protótipo histórico,
mas talvez esta seja a conexão.
Enquanto morria, Artur disse a Sir Bedivere...
"Aqui, tome a Excalibur. Vá até o lago e atire minha espada na água."
Mas Sir Bedivere não foi capaz de jogar essa coisa maravilhosa
e duas vezes escondeu Excalibur e disse que a tinha atirado na água.
"O que você viu?" disse Artur.
"Não vi nada mais do que as ondas na água", disse Bedivere.
"Traidor, não é verdade!" disse o rei Artur.
"Agora me traistes duas vezes."
Na terceira vez, Bedivere lançou a espada no lago
e um braço apareceu, agarrou a espada e a devolveu à água,
a salvo até o dia em que o rei retorne.
E assim, pelos séculos, o rei Artur se tornou um símbolo de suas histórias,
para as pessoas das ilhas da Grã-Bretanha.
E nesse sentido, como em todos
os grandes mitos e lendas, ainda vive hoje.
Como disse Thomas Malory, há mais de 500 anos,
"Alguns homens dizem que o rei Artur não está morto,
"mas está, pela vontade de nosso Senhor Jesus Cristo, em outro lugar.
"Um homem disse que iria voltar e ganharia a Santa Cruz.
"Não vou dizer que isto seja assim,
"mas em seu túmulo está escrito este verso:
"Aqui jaz Artur, rei passado e rei futuro... "
Legendas: Marime e KokinFrog Asia Team.Tv Tradução: caconti