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Difícil hoje em dia ter um filme do cinema brasileiro
que não tenha atores do Nós do Morro.
Difícil ter uma novela que não tenha uma participação do Nós do Morro.
Mas nós não vivemos dessa visibilidade,
o Nós do Morro, na verdade, vive com a realidade diária.
No teatro aprendi muito a ler também...
Tipo, a focar mais em leitura, interpretação, em projeção de voz, jeito de me expressar,
porque, pode não parecer, mas eu era muito tímida.
E daí, quando eu entrei no Nós do Morro, era todo mundo falando com todo mundo.
Aí eu: ah não, eu tenho que ser assim também, tenho que mostrar meu lado... ãrr.
Eu decidi procurar o teatro, sozinho,
falei com a minha mãe que queria fazer teatro.
Desde criança eu sempre trabalhei, sempre estudava e trabalhava.
Porque chegou um determinado momento da minha vida que meu pai deixou minha mãe.
Isso é meio comum entre a gente.
Porque esta realidade diária, ela não é fácil.
Hoje, nós abrimos dentro do Vidigal, dentro do Nós do Morro,
uma fusão sócio-cultural, porque é importante, também,
você ter jovens de outras comunidades que não tem oportunidades,
e que tem aqui, dentro do Vidigal e dentro do Nós do Morro,
uma oportunidade digna.
Eu moro na Rocinha. Sempre morei lá. Eu acordo às seis e meia...
Aí chego no teatro... Aí eu chego: -oi bom dia!
"Se o Papa passe pão."
Montar um grupo de teatro onde a base seja o coletivo, a idéia multiplicadora.
De eu olhar pra você assim, eu olhar dentro dos seus olhos, ver sua alma,
e, sabe, perceber nesse momento, um vazio que tem em você
e que, de repente, talvez eu tá do seu lado eu possa te fortalecer.
Eu era muito criança na época.
Eu trabalhava na fila de carregar bolsa o Guti olhou para mim e acreditou em mim.
Então o parabéns dele pra mim eu acho que foi muito forte sabe.
O Nós do Morro é uma família porque, se tem alguém precisando,
ali sempre tem gente para ajudar.
E fui cada vez mais me apaixonando, me apaixonando, me apaixonando.
Comecei a dar aula e há seis anos eu dou aula.
Tô no Nós do Morro há vinte anos. E hoje em dia é a minha vida.
E aí começou meu primeiro filme como diretor.
Graças a esse filme, agora eu fui convidado pelo Cacá Dieguez
para dirigir um dos episódios do “Cinco de vezes favela”.
E o teatro ele te libera, ele te dá oportunidades e viagens inimagináveis.
E, às vezes, essas viagens não condizem com a linguagem que tá na sua família,
no dia-a-dia.
Então, quando você consegue ser você na escola, na casa, na família...
Eu acho que conquista.
Primeiro passo eu acho que já comecei: teatro. Depois, eu quero fazer várias peças.
Já fiz várias peças, assim.
Eu quero fazer mais pelo Brasil, espalhando conhecimento teatral,
depois fazer filmes, novelas, mini-séries, seriados, tudo ligado a interpretação.
Sonho de atingir essas pessoas que também sonham.
Eu tinha vontade de voltar atrás, de voltar e fazer tudo de novo de uma forma mais ampla.
Do jeito que eu vejo os professores passando, a forma que eles passam, parece que contagia.
Parece que você ... não sei.
Em mim faz isso, faz com que eu queria passar sempre para alguém.
O que me fortalece é a paixão.
É quando eu percebo essas crianças acreditando que a vida,
levada através da arte, é mais bonita de ser vivida, é mais firme.
E o meu delírio acaba aqui.
Só há duas maneiras de viver a vida. A primeira:
É vivê-la como se os milagres não existissem. A segunda:
É vivê-la como se tudo fosse milagre.