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Russel Brand, quem és tu para editar uma revista de política?
Bem, suponho que sou alguém que foi convidado educadamente por uma mulher atraente.
Não sei quais são os critérios típicos.
Não conheço muitas pessoas que editam revistas políticas.
O Boris já tinha feito uma não tinha?
Então, sou do tipo de pessoa com cabelo louco, com um sentido de humor engraçado,
não percebo grande coisa sobre política, sou ideal para o trabalho!
Mas é verdade que nem sequer vota?
Sim é verdade, eu não voto.
Bem, então como pode ter alguma autoridade para falar sobre política?
Bem, eu não recebo a minha autoridade a partir deste paradigma pré-existente,
que é bastante estreito e serve apenas a algumas pessoas.
Eu procuro alternativas noutros lugares que possam servir à humanidade.
Meios alternativos, sistemas políticos alternativos.
Sendo eles?
Bem, ainda não foram inventados Jeremy.
Tive que fazer uma revista na semana passada,
tive muita coisa no meu prato!
Mas eu digo, cá estão as coisas que não deviam fazer:
Não deviam destruir o planeta.
Não deviam criar disparidades económica enormes.
Não deviam ignorar as necessidades do povo.
O ónus da prova recai sobre as pessoas com o poder.
Não às pessoas que gostam de fazer uma revista.
Como imagina as pessoas chegarem ao poder?
Bem, imagino que tenham havido sistemas hierárquicos
que foram preservados durante gerações.
Eles ganham poder por serem eleitos
Quando diz isso Jeremy,
é um parâmetro prescritivo algo estreito que muda dentro da...
Numa democracia é assim que funciona!
Eu não acho que está a funcionar muito bem Jeremy.
Dado que o planeta está a ser destruído,
dado que há disparidades económicas numa escala gigantesca,
o que você está a dizer é que não há alternativas?
Eu não estou a dizer isso.
Eu estou a dizer que se não votas
porque haveremos de ouvir o teu ponto de vista político?
Não és obrigado a ouvir o meu ponto de vista político
mas não é o caso que eu esteja a abster-me de votar por apatia,
Eu não voto devido a uma absoluta indiferença
e cansaço e exaustão das mentiras, traição, enganos
da classe política que se arrasta há gerações.
E que já atingiu seu auge
onde temos uma subclasse marginalizada, desiludida, desanimada
que não estão a ser representados por este sistema político,
portanto votar pelo sistema é manter uma cumplicidade tácita para com ele
e isso é algo que eu não apoio.
Por que não mudas o sistema, então?
Eu estou a tentar!
Bem, por que não começas por voto?
Haha! Eu não acho que funcione, as pessoas já votaram
e é isso que criou o paradigma actual.
Quando foi a última vez que votaste?
Nunca.
Nunca votaste.
Não, acreditas que isso é realmente mau?
Então firmaste uma atitude quê, antes dos teus 18 anos?
Bem, eu estava ocupado a ser um viciado em drogas naquela altura
porque eu venho de situações sociais
que são exacerbadas por um sistema indiferente
que apenas administra para as grandes corporações
e ignora a população que votou e os elegeu.
Estás a culpar a classe política pelo facto que
tiveste um problema com drogas?
Não, não, não.
Eu estou a dizer que eu fazia parte de uma classe social e económica
que é mal servida pelo actual sistema político
e a dependência de drogas é um dos problemas que surgem
quando há grandes populações empobrecidas e mal servidas.
As pessoas têm problemas de drogas e também não sinto que eles se querem envolver no actual sistema
político, porque eles vêem que não funciona para eles.
Eles vêem que não faz qualquer diferença. Eles vêem que não são servidos.
Claro que não funciona para eles, se eles não vão votar.
Jeremy, meu querido, a apatia não vem de nós, o povo.
A apatia vem dos políticos.
Eles são apáticos às nossas necessidades.
Eles só estão interessados em atender às necessidades das corporações.
Os conservadores estão a meter a UE em tribunal
porque eles estão a tentando cortar nos bónus dos nossos banqueiros,
é que o que está a acontecendo de momento no nosso país, não é?
Sim, existe...
Então, porque raio vou participar nisso?
Tu não acreditas na democracia, tu queres uma revolução não é?
O planeta está a ser destruído,
estamos a criar uma subclasse,
nós estamos a explor as pessoas pobres no mundo inteiro
e os reais problemas legítimos do povo
não estão a ser abordadas pela nossa classe política.
Todas essas coisas podem ser verdade.
Elas são verdade!
Mas você fala... Não iria pôr em causa muito do que dizes...
Bem, então como é que eu estou tão irritado contigo?
Não pode ser só por causa disso barba? É linda.
É possivelmente porque...
E se o Daily Mail não a quiser eu quero, eu sou contra eles!
Cresce-a mais! Emaranha-a nos pelos dos teus sovacosa!
És um homem muito trivial...
O quê, achas que eu sou trivial?
Sim!
Há um minuto atrás havia aqui um tipo que quer fazer uma revolução.
Agora eu sou trivial. Não paro quieto!
Eu não estou contra ti, porque queres uma revolução.
Muitas pessoas querem uma revolução.
Mas eu estou a perguntar como vai ser essa revolução.
Bem, eu acho que não vai ter
uma enorme disparidade entre ricos e pobres
onde três centenas de estadunidenses têm a mesma quantidade de riqueza
que os 85 milhões de americanos mais pobres,
onde há uma subclasse explorada e mal servida
que está a ser continuamente ignorada
onde o bem-estar é reduzido, enquanto o Cameron e o Osborne
vão a tribunal defender os direitos dos banqueiros
para continuar a receber os seus bónus, é isso que eu estou a dizer.
Qual é o esquema? Isso é tudo o que estou a pedir.
Qual é o esquema? Falas de forma pouco clara sobre revolução, que revolução é essa?
Eu acho que um sistema igualitário socialista
baseado na redistribuição maciça de riqueza,
pesada tributação às grandes empresas
e enorme responsabilidade para as empresas energéticas
e quaisquer outras empresas que exploram o meio ambiente
e eu acho que deveriam ser tributadas.
O próprio conceito de lucro tem de ser extremamente reduzido.
David Cameron diz que o lucro não é uma palavra suja.
Eu digo o lucro é uma palavra nojenta,
porque onde há lucro, há também défice.
E este sistema presentemente não considera estas ideias.
Então, por que é que alguém iria votar a seu favor?
Por que alguém se iria interessar por ele?
Quem iria cobrar esses impostos?
Eu acho que um sistema administrativo centralizado é necessário.
É preciso haver um governo.
Talvez dar-lhe um nome porreior.
Chamá-los como os corpos administrativos para eles não ficarem demasiado convencidos.
E como seriam eles escolhidos?
Jeremy, não me peças para me sentar aqui e numa entrevista contigo na porra de um quarto de hotel
e elaborar um sistema utópico global.
Estou apenas a dizer que o actual...
Tu estás a clamar por uma revolução!
Sim, absolutamente.
Quero mudança.
Quero alternativas genuínas.
Há muitas pessoas que concordam contigo.
Óptimo!
O sistema actual não se envolve com todos os tipos de problemas, sim.
E eles sentem-se apáticos, muito apáticos.
Mas se as pessoas te levassem a sério e não votassem.
Sim, as pessoas deveriam abster-se. Isso é algo que deveriam fazer, não se incomodem a votar.
Porque quando se chega a um ponto...
Estas válvulas pequenas, estas como que válvulas pequenas e acolhedoras
da reciclagem, do Prius provavelmente não vão ter impacto nenhum.
Impedem-nos de atingir o ponto extremo onde pensamos:
"Eu digo que basta agora, parem de votar, parem de fingir, acordem."
Encarem a realidade agora. Está na hora de enfrentar a realidade.
Porquê votar? Já sabemos que não vai fazer nenhuma diferença.
Iss já sabemos.
Tenho mais impacto no Westham United,
a aplaudi-los e eles perderam para o City, desnecessariamente.
Coisa triste.
Agora estás no gozo.
Bem, o humor tem tanto valor quanto tem a seriedade.
Eu acho que estás a cometer um erro.
A confundir a seriedade...
Nós não vamos resolver os problemas do mundo com humor.
Nós não os vamos resolver com o sistema actual,
Pelo menos o humor tem piada.
Às vezes.
Sim, às vezes, Jeremy.
Então ouve, então vamos abordagem isto com optimismo.
Passaste toda a tua carreira a entrevistar e a discutir com políticos
e depois vem alguém como eu, um comediante que diz:
"Sim, eles são todos uns inúteis, para quê debater com algum deles?"
Tu ainda tiveste uma entrevista comigo, porque eu já não sou pobre.
Eu não estou a entrevistar-te por causa disso.
Só te estou a perguntar porque devemos levar-te a sério quando és tão inespecífico.
Não deves levar-me a sério...
Em primeiro lugar, não me importo se me levas a sério.
Estou aqui apenas para chamar a atenção para algumas ideias.
Só quero dar umas risadas.
Estou a dizer que há pessoas com ideias alternativas
que são muito mais qualificadas do que eu sou
e são muito mais qualificadas do que, mais importante,
do que as pessoas que estão a fazer esse trabalho.
Porque eles não estão a tentar resolver estes problemas.
Eles não estão. Eles estão a tentando aplacar a população.
As suas medidas que, actualmente, têm sido tomadas para a mudança climática são indiferentes.
Eles não vão resolver os problemas.
Não achas que é possível que como seres humanos eles estão simplesmente avasalados pela escala
do problema?
Nem por isso... Bem, possivelmente. Pode ser que. Mas isso é apenas semântica na verdade.
Estejam eles avassalados ou tacitamente a fazer serviço ao problema por causa dos hábitos...
Quero dizer, tipo... amigo.
Isto foi o que eu notei quando estive no Parlamento.
É decorado exactamente como Oxford,
para um certo tipo de pessoas entrarem e ficarem:
"Ohh isto põe-me nervoso".
E outro tipo de pessoas entram e ficam tipo:
"É assim que isto deve ser!"
E eu acho que isso vai mudar agora.
Já não podemos ter sistemas bipolares erróneos mantidos a menos que seja para o
serviço...
Apenas os sistemas que servem o planeta e servem a população do planeta podem ser permitidos
a sobreviver.
Não aqueles que servem às elites.
Sejam essas elites políticas ou empresariais.
E é isso que está a acontecer actualmente.
Não acreditas realmente nisso...
Eu acredito nisso completamente.
Não olhes para mim com esse ar de preocupação como se estivesses ao lado do fogo.
Com a tua barba a arder.
Nós andámos na mesma escola primária do Boris, no entanto não foi?
Sim pois foi, mas depois ele foi para uma escola abrangente no norte de Londres.
Bem, isso é muito bom, isso é tudo muito bem.
Mas o que eu estou a dizer é que, dentro do paradigma existente
a mudança não é dramática o suficiente, não é suficientemente radical.
Assim, consegues entender muito bem o mal estar
e a insatisfação pública.
Quando mudanças genuínas e alternativas genuínas não estão a ser oferecidas.
Eu digo quando há verdadeiras alternativas, uma opção genuína então votar sim votar nisso.
Mas até lá pffft. Não se incomode. Porquê fingir?
Porquê ser cúmplice dessa ilusão ridícula?
Porque quando finalmente vier alguém em quem finalmente decides votar poderá ser
tarde.
Eu não penso assim, porque o tempo é agora,
esses movimentos já estão a acontecer,
isso está a acontecer em toda a parte,
vivemos um momento em que a comunicação é instantânea
e há comunidades no mundo inteiro.
O movimento Occupy fez a diferença
mesmo se apenas na medida em que introduziu no léxico público popular
a ideia de um por cento contra os noventa e nove por cento.
As pessoas, pela primeira vez numa geração estão conscientes da enorme exploração económica multinacional.
exploração.
Estas coisas não são tretas.
E estes são assuntos que não estão a ser abordados.
Ninguém está a fazer nada em relação aos paraísos fiscais.
Ninguém está a fazer nada em relação às suas afiliações políticas
e afiliações financeiras do partido conservador.
Então, até que as pessoas comecem a tratar as coisas que são realmente reais
Porque raio não falaria eu no gozo?
Porque iria eu levá-la a sério?
Porque iria eu incentivar um eleitorado
de jovens, que são absolutamente indiferentes, a votar?
Porque haveríamos de o fazer?
Não sentes aborrecimento?
Não estás mais aborrecido do que qualquer pessoa?
E continuamente, ano após ano
ouviste as suas mentiras, as suas tretas.
Este entra, então é a vez daquele de entrar lá dentro.
Mas este problema continua?
Porque vamos continuar a contribuir para esta fachada?
Surpreende-me como consegues levar na brincadeira quando estás tão irritado com tudo isso.
Sim, eu estou irritado. Eu estou enfurecido.
Porque para mim isto é real.
Porque para mim não é apenas uma coisa periférica
que de vez em quando me faz fiel e aparecer numa igreja.
Para mim esse é o lugar de onde venho.
Isso é o que me interessa.
Vês alguma esperança?
Sim, totalmente. Vai haver uma revolução.
Vai mesmo acontecer.
Eu não tenho uma centelha de dúvida.
Isto é o fim.
Esta é a hora de acordar.
Eu lembro-me de te ver no programa,
onde relembras os teus antepassados e viste que, enquanto a tua avó tinha de se defender
ou ser roubada pelos aristocratas que eram proprietários da sua casa.
Choraste porque sabias que era injusto e desonesto e isso foi quê, há um século.
Isso está a acontecer com pessoas agora.
Acabei de vir de uma mulher que foi tratada assim.
Acabei de falar com uma mulher hoje, que tem sido tratada assim.
Então, se nos pudéssemos envolver com esse sentimento,
em vez de algum momento de sentimentalismo lacrimoso
apregoado na TV para as pessoas carpirem sobre pornografia emocional,
se nos pudéssemos envolver com esse sentimento e mudar estas coisas, por que não o faríamos?
Porque é que isso é ingénuo?
Porque é que isso não é um direito que me assiste só por ser um actor?
Simplesmente, eu tomei o direito.
Eu não preciso que me dês o direito.
Eu não preciso que ninguém me dê o direito.
Eu tomei o direito.