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Em 1959, a espaçonave Soviética Luna 3 mandou para a Terra imagens de algo que os terráqueos
nunca haviam visto: o lado mais distante da lua.
Nós sempre vemos o mesmo bom e velho lado da lua porque a lua gira exatamente uma vez em torno
do seu eixo cada vez que orbita a Terra. Se não estivesse girando, nós teríamos pelo menos uma visão
em 360° da sua superfície com cada volta. Se estivesse girando duas vezes mais rápido,
também veríamos a superfície inteira da lua mais de uma vez por órbita. Mas ao invés disso, os movimentos
da nossa lua - como a rotação e órbita da maioria das outras luas em nosso sistema solar - estão,
surpreendentemente, em perfeita sincronia.
Não foi sempre assim: nosso melhor palpite é que nossa própria lua se formou graças a um
grande impacto de asteróide, e sua rotação e vertiginosa órbita de 10 horas estavam quase certamente
fora de sincronia uma com a outra - embora não saibamos qual era mais rápida.
Tão próxima, a gravidade da Terra deformou a lua em uma forma quase oval, com uma de suas
saliências virada para a Terra. Essas protuberâncias rapidamente saíram de alinhamento, devido à
rotação e órbita fora de sincronia da Lua, mas a gravidade da Terra continuamente espremeu elas de volta
Além disso, esse puxão gravitacional teria influenciado a taxa de rotação da lua:
se estivesse girando mais de uma vez por órbita, a Terra ia puxar com um leve ângulo
contra a direção de rotação da Lua, reduzindo a sua rotação; se a lua estivesse girando
menos de uma vez por órbita, a Terra teria puxado da outra maneira, acelerando sua rotação.
Qualquer que seja o caso, levou apenas 1000 anos para o puxão da Terra ajustar o giro da lua
o bastante para que uma rotação da lua correspondesse a uma volta ao redor da Terra,
deixando um lado para sempre virado para longe.
Nós acabamos vendo levemente mais do que um lado, devido à órbita elíptica da lua
que nos deixa espiar além de seus horizontes ocidentais e orientais, e seu eixo inclinado
causa "estações da lua", revelando mais dos pólos norte e sul da lua. Mas esses vislumbres
acabam dando apenas 9% adicionais, deixando 41% da lua escondida da Terra. Satélites,
começando com Luna 3, têm nos permitido mapear o resto, mas é seguro dizer que nossa
relação com a lua continua bastante unilateral.