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Sim, foi por isso que escolhi a ideia porque esse assunto sempre me intrigou
como gravador e como alguém interessado em arte
"Como alguém produz algo assim?"
Eu acho que, se você olhar para cada um dos pares
verá que ele tentou diferentes possibilidades para mudar a obra
No começo, foi apenas uma mudança de cor
e, em alguns casos, tornou-se uma mudança de papel
mas, em outros, a mudança foi testar
diversas possibilidades usando os mesmo materiais
A mudança está lá
e eu achei que seria muito informativo
para as pessoas no Brasil
entender mais claramente o jeito de pensar do artista
ver exemplos de onde ele fez isso
Às vezes, ele simplesmente usa preto e branco num papel diferente,
ou há oito matrizes e o artista só usa uma ou duas
ou ele usa uma matriz como em Green Angel
e corta a matriz
gira a matriz e empurra contra o material
e usa isso, desenhando novas matrizes sobre ela
É tudo sobre... a forma como...
Da forma que conheço Jasper...
ele começa algo trabalhando sobre algo
Ele tem uma ideia do que aquilo é
e ele faz disso um objeto
torna-se um objeto como vemos
Neste caso, uma gravura
Mais precisamente, uma água-forte ou uma serigrafia
E o que acontece com isso é que depois ele usa aquela fonte de imagem
para continuar a pesquisa
como eu posso usar novas marcações para fazer a mesma coisa
Uma das coisas que... Uma palavra que eu citei ontem
numa entrevista, para ilustrar isso, é pensar nisso como uma abertura
Digamos que temos a abertura da Quinta Sinfonia de Beethoven
Bom, vamos imaginar que existe uma sinfonia ligada a isso
Existe essa abertura Do que ela é feita? De notas
Essas notas podem ser arranjadas de qualquer maneira
Músicos fazem isso há séculos
Artistas fazem marcações há séculos
e as montam de diferentes formas
e elas se tornam imagens diferentes como resultado disso
Jasper é assim, porque todas as suas marcações
totalizam uma abertura ou uma sinfonia
Podemos ver que... bom,
digamos que é uma sinfonia. Uma sinfonia das marcações que ele fez,
de pequenos desenhos que ele acrescentou
sabe, parecido com Beethoven tocando uma nota, ouvindo um acorde,
ouvindo um arranjo, uma progressão
como aquilo vai, sabe?
ou...
Sabe? É tudo diferente
Eu vejo a obra de Jasper na mesma linha desse tipo de ideia
Que cada trabalho é uma composição em si
Ele tem uma ideia no começo e talvez algo o intrigue
Pode ser uma ideia simples: negar um pedido
E depois pensar "o que eu teria feito se tivesse acatado o pedido?"
Então sentar e fazê-lo
só para ver, explorar seu subconsciente sua própria consciência
"Como eu lidaria com isso?"
Eu acho que em várias obras dele
e espero que as pessoas no Brasil também o percebam
esse processo criativo é revelado
nas escolhas de pares, trios e álbuns
Sim
é exatamente isso
Aquela obra é criticada
por esta aqui
Eu acho muito interessante o conceito da passagem de tempo
Sabe...
Você e eu estamos diferentes a cada segundo que passa
Somos um conglomerado químico que muda a cada segundo.
O crescimento celular, a morte celular estão acontecendo a todo momento
O cabelo está crescendo as unhas estão crescendo
Estamos mudando
Se eu fizer uma marca, eu nunca poderei fazê-la novamente
porque sou uma pessoa diferente
Mas se eu fizer aquela marca em gravura
eu consigo me capturar naquele momento
e eu posso me rever de 1978 até 1998
Posso continuamente rever aquilo que achava que era e o que sou
Então, esse tipo de evolução na obra de Jasper
é, de fato, uma revelação sobre a vida
e eu gosto muito desse conceito
que ele compartilha conosco em que pega algo, faz algo, pega algo...
Mas o conceito de gravura fortalece isso,
porque na pintura ou no desenho,
a marca do lápis é só na superfície
é só naquela tela
Na gravura, ela vira uma ferramenta para trabalhar
experimentar, continuar, desenvolver
e, de alguma forma distorcer o elemento do tempo
revelar um tipo de nova solução para um novo conjunto de problemas
Ele tem uma imagem muito específica em mente
Agora, a variação dessa imagem acontece com as técnicas
Mas você já conhece a imagem
E com, digamos um artista abstrato
eles nunca sabem qual é a imagem até o momento em que eles a encontram
então você trabalha com diferentes... você nunca sabe onde está
Com Jasper, você sempre sabe onde está A ideia é construir mais uma camada
para fortalecer o desenho que já existe
E, normalmente, é bem simples trabalhar assim
Ele é muito exigente a respeito do visual que ele quer
mas você certamente está livre para interpretar isso
e você pode completar seu trabalho sabendo que isso vai te aproximar
cada vez mais do que ele quer
Com os abstratos, você não sabe. Talvez você jogue fora e comece de novo
Cada artista tem sua personalidade e suas características
Então, como impressor, você se adapta a sua personalidade e características
e você tenta entender o que pode fazer
para que a imagem fique mais próxima do que o artista deseja
Você está sempre entendendo isso ou tentando entender isso
Agora, Jasper é bem específico sobre aquilo que faz
Você interpreta o que ele desenhou ou pintou na matriz
grava, processa, imprime
e mostra a prova para ele
Aí ele presume que esse é o visual e ele faz as cores
e você imprime e segue essa guia
Ele pode dizer "Eu queria mais escura"
e você responde "Vou tentar escurecê-la"
ou, "Quero que fique mais claro" "Vou tentar fazer mais claro"
Então, você trabalha com a ideia total
mas aquilo que ele quer ver é o que você tenta adaptar, produzir