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Infelizmente, me parece que estou falando na maior parte do tempo
que vocês não estão partilhando, ou mantendo uma conversa com o orador.
Se me permitem, gostaria de sugerir algo: estivemos falando sobre
meditação, amor, pensamento e outras coisas, mas me parece que
não estamos falando sobre nossa vida cotidiana,
nosso relacionamento com os outros
nosso relacionamento com o mundo, com a totalidade da humanidade.
E parecemos estar nos afastando da questão central o tempo todo
que é nossa vida cotidiana, a maneira como vivemos, e se estamos
cônscios de nossa agitação diária, ansiedades diárias, insegurança diária
depressões diárias, a constante exigência de nossa existência diária.
Não deveríamos, estou apenas perguntando
estar preocupados com isso nesta manhã e amanhã de manhã
e não partir para todos os tipos de buscas vagas, idealísticas, teóricas?
Poderíamos, estou apenas perguntando, talvez vocês não gostem
estou apenas perguntando se não poderíamos nesta manhã conversar juntos
como amigos sobre nossa vida diária, o que fazemos, o que comemos
o que são nossos relacionamentos, por que nos
entediamos tanto com nossa existência
por que nossas mentes são tão mecânicas, etc, nossa existência diária.
Poderíamos falar sobre isso? E nos restringirmos a isso somente.
Poderíamos? P:Sim.
K:Finalmente! (risadas)
O que é nossa vida diária, se você está cônscio disto?
Não fugir para fantasias, corte tudo isso, o que é sua vida diária?
Levantar, fazer ginástica, se você gosta, comer
partir para o escritório, ou fábrica, ou algum negócio ou outro
e nossas ambições, realizações, nosso relacionamento com o outro
íntimo ou não íntimo, *** ou não ***, e assim por diante.
Qual é a questão central de nossa vida?
É dinheiro?
A questão central, não as periféricas
não as questões periféricas, mas a busca profunda.
Por favor, olhe para si.
O que é que nós exigimos, pedimos?
Queremos dinheiro? P:Não.
K:Não diga não, precisamos de dinheiro.
O dinheiro é a questão central?
Ou ter uma posição?
Entende?
Estar seguro, financeiramente, psicologicamente
estar completamente certo, não confuso?
Qual é a principal demanda, exigência, desejo de nossa vida?
Gostaria que você... Certo?
Vamos lá, senhores.
P:Alegria no trabalho. K:Alegria no trabalho.
Você diria isso para o homem que está virando um parafuso dia após dia
dia após dia, em uma linha de produção - alegria no trabalho?
Ou para o homem que tem de ir para o escritório todas as manhãs
ser mandado, datilografar, todos os dias de sua vida?
Por favor, encare isto.
É o que estamos perguntando: é dinheiro?
É segurança?
É falta de trabalho?
E tendo trabalho, então a rotina do trabalho, o tédio dele
e a fuga dele através de entretenimento, clubes noturnos, jazz
entende? - qualquer coisa fora de nossa existência central.
Porque o mundo - não estou pregando, você deve saber tudo isto
o mundo está em uma condição horrível.
Você deve saber tudo isto.
Então, como seres humanos razoavelmente inteligentes e sérios
qual é nossa relação com tudo isso?
A deterioração moral, a desonestidade intelectual
o preconceito de classes e assim por diante.
Você conhece tudo isto.
A confusão que os políticos fazem, a infinita preparação para a guerra.
Qual é nossa relação com tudo isso?
Por favor, vamos travar um diálogo sobre isto, uma conversa.
Vejam, quando chegamos a esse ponto, ficamos silenciosos.
P:Somos todos parte disto. K:Somos todos parte disto.
Eu concordo completamente.
Sabemos que somos parte disto?
Cônscio disto, que nossa vida diária
entende? - vida diária, contribui para tudo isso?
E em caso positivo, o que devemos fazer?
Tomar drogas?
Ficar bêbado?
Unir-se a alguma comunidade?
Partir para um monastério?
Ou vestir cores brilhantes amarelas, roxas?
Isso resolveria tudo?
Então, por favor, gostaria de discutir.
O que devemos fazer?
O que é nossa vida diária, da qual a sociedade é feita, os políticos
estão irrefletidamente usando-nos para seu próprio poder e posição?
Então, cônscios disto tudo, qual é nossa relação com isso
e qual é nossa vida, que obviamente está contribuindo para isso?
Certo?
Estou dizendo algo extravagante?
P:Gostaríamos de mudar isto, mas não sabemos como.
K:Gostaríamos de mudar isto, mas não sabemos como.
O que é o "isto"?
P:A maneira de viver que levamos agora.
K:A maneira como vivemos agora, não sabemos como mudá-la.
Portanto nós a aceitamos.
Certo?
Por que é que não conseguimos mudá-la?
P:Talvez esperemos que alguém nos diga.
K:Você está esperando algum milagre acontecer?
Estamos esperando alguma autoridade nos dizer o que fazer?
O padre, o guru, toda essa bagunça?
Ou voltar para a Bíblia?
Há gente fazendo isto; os chamados intelectuais, escreveram
algo anti ou pró-comunismo, totalitarismo, estão voltando para Deus.
Entende?
Porque eles não conseguem encontrar uma resposta para tudo isto
e pensam que através da tradição será solucionado.
Você conhece tudo isto.
Por que não podemos, em nossa vida diária, mudar o que estamos fazendo?
Isso é por que... Voltemos: o que é nossa vida diária?
Por favor, investigue, isto é uma conversa, eu não sou o único orador.
P:Não é somente contribuição mas também fuga na contribuição.
K:Como?
P:Não é somente que estamos contribuindo
mas também escapando no que contribuímos.
K:Sim. Então estou voltando, madame.
Estou perguntando se somos parte desta sociedade e ela está se tornando
mais e mais horrível, mais e mais intolerável, feia, destrutiva
degeneradora, como ser humano está-se também deteriorando?
Entende?
P:Acho que não vemos que somos parte dela.
K:A senhora diz que não vemos.
Por quê?
Não conhecemos nossa própria vida diária?
K:Como eu...?
P:Sim, porque nossa vida diária é um tipo de atividade auto-centrada.
K:Sei.
Nossa vida interior, nossa vida é atividade autocentrada, ele diz.
E se for assim
e se isso estiver contribuindo para a sociedade monstruosa na qual vivemos
por que não conseguimos mudar essa atividade central, egoísta - certo?
Por que não conseguimos?
P:Muito frequentemente somos participantes inconscientes em nossas vidas.
Até não nos tornarmos conscientes de tudo
que estamos fazendo, não podemos mudar.
K:Entendo.
Isso é o que estou perguntando, senhor: podemos nos tornar conscientes
cônscios, conhecer as atividades de nossa vida diária, o que estamos fazendo?
P:Sendo mãe, e tendo crianças, é muito difícil.
K:Certo.
Ser mãe e ter filhos é uma vida muito difícil.
Certo?
Esse é um dos nossos problemas?
Veja, venha e junte-se ao jogo, senhor, não
Sou uma mãe.
Tenho filhos e eles estão se tornando monstros
como o resto do mundo?
Entende?
Como todo o resto de vocês? (risadas)
Feios, violentos, autocentrados, gananciosos, sabe, o que somos.
Quero que meus filhos sejam assim?
P:Nas cidades grandes há contaminação e você não pode isolar
as crianças porque é onde você está vivendo no momento.
Você tem de encarar que está lá no momento e não pode mudar
(inaudível)
K:Sei disso tudo, senhor, sei disso tudo.
P:Krishnamurti, por favor, tente talvez fazer um curto circuito na negação
da nossa condição passada que deveríamos conhecer em sua totalidade agora
não em fragmentos, e pensar como em nossas vidas diárias cada um de nós
possa colocar um tipo de amor universal a serviço, sem quaisquer motivos,
para nossos seres humanos companheiros.
P:Eu diria que não são empregos nas grandes cidades que você tem
este problema de poluição de mentes e condicionamento, mas tudo.
Eu penso que meu problema, porque tenho este problema com meus filhos.
Para mim parece que tenho de acordar para a qualidade da minha existência
em relação a meus filhos e tudo à minha volta.
Este parece ser meu problema, não as condições exteriores.
K:O que deveríamos fazer juntos?
P:Podemos olhar para o medo? K:Podemos olhar para o medo.
Senhor, se você amasse seus filhos, amasse-os - entende?
não só nascer, eles nascem
são mandados para a escola, têm de ser condicionados desta forma
precisam passar... Se você realmente os amasse, o que deveríamos fazer?
Aparentemente não é um problema para você.
Você fala sobre isto, mas não é um problema urgente, premente.
P:Senhor, parece que a sociedade está batalhando em um aspecto
para ir trabalhar diariamente, a maioria das pessoas apenas vai trabalhar
e elas não continuam quando saem do trabalho.
Em outras palavras, não há uma mistura do trabalho e da recreação.
Em outras palavras elas vão para o trabalho, aprendem o tempo todo
e quando o sino toca e é hora de ir embora, você ainda pode aprender.
Você pode adaptar seu emprego à sua recreação
pode adaptar sua recreação ao seu emprego, mas sempre há
um processo de aprendizado acontecendo, que parece não estar ocorrendo.
Não é somente ir para o trabalho e fazer o serviço
é ir para o trabalho e aprender.
Então, quando está fora do trabalho, você continua este aprendizado.
Você pode adaptar seu tempo livre a seu tempo de trabalho.
Quantas pessoas vão para casa e consideram seu trabalho
quando não estão no escritório?
Quantas pessoas vão para casa e tentam aprender mais sobre suas vidas
quer estejam no trabalho, quer estejam em casa?
K:Tendo dito isto, onde estou eu?
Onde está você?
Ainda estamos lidando com o que poderia ser
o que deveria ser, o que seria, ou estamos encarando o fato?
Entende? Encarar o fato.
P:Estamos encarando o fato de que existe uma grande separação
entre nossa vida profissional e nosso tempo livre.
K:Senhor, eu encaro o fato, por favor, escutem amavelmente
eu encaro o fato, você e eu, que somos parte desta sociedade?
Contribuímos para ela
nossos pais contribuíram, os pais dos nossos avós (risos)
e assim por diante, eles contribuíram para ela, e contribui-se.
Isso é um fato? Percebo isso?
P:É muito , muito claro que é assim.
K:Não senhor, peguemos nesse ponto e trabalhemo-lo devagar, por favor.
Você e eu percebemos, no sentido de perceber como você percebe a dor
como você percebe uma dor de dente, percebemos que estamos contribuindo?
Certo?
Percebemos? P:Sim, percebemos.
P:Sim, estamos contribuindo para ela com olhos
do nosso passado condicionado, se ainda estivermos envolvidos nele e não
vemos o que não é certo agora, para nossa posição presente de viver agora.
Sim, estamos nesse caso.
P:Não, eu não vejo. Se...
K:Isso se (risos), pudesse, ou fosse.
P:Senhor, precisamos saber como estamos contribuindo para isso, por que
estamos contribuindo, o efeito total do que essa contribuição envolve.
Como contribuímos para ela?
P:Se você analisar, vai levar a eternidade.
Você precisa olhar para ela, entendê-la, e dizer: "Olhe, eu entendo
e não sou mais assim, e vou sair dela."
Não, não!
Você pode fazer isto em um instante.
P:Senhor, não consigo encarar o fato porque o pensamento intervem.
K:Não consegue encarar o fato?
Quando dizemos, "Sou parte dessa sociedade", o que queremos dizer?
P:Não vejo de modo nenhum... (inaudível)
K:Senhor, como vamos conversar
juntos quando cada um de nós está puxando em direções diferentes?
Não podemos pensar juntos sobre esta coisa: que
nós seres humanos criamos esta sociedade, não deuses, anjos, ninguém
mas seres humanos criaram esta sociedade horrível, violenta e destrutiva.
E somos parte disso.
Quando dizemos que somos parte dela, o que queremos dizer com "parte"?
Entende minha pergunta? Comece simplesmente devagar, por favor.
O que quero dizer quando digo que sou parte disso?
P:Senhor, esta abordagem que você está fazendo não está já
fazendo uma divisão entre eu e a sociedade?
Em outras palavras, existe algo como a sociedade
ou esta aqui é a sociedade, e não eu e você sociedade?
Quando você estabelece esta sociedade horrorosa e monstruosa
é uma abstração que é diferente das pessoas que estão nesta sala.
K:Sim, senhor, estou dizendo isso.
Estou exatamente dizendo isso: a sociedade não está lá fora, está aqui.
P:Exatamente aqui. K:Sim, senhor, exatamente aqui.
P:Bem, não podemos trabalhar juntos e perder nosso passado condicionando
destas palavras que você vem nos dizendo durante todos este anos
e começar a agir juntos, de uma forma ou outra que seja nova e criativa?
K:Madame, não podemos trabalhar juntos.
Isso é um fato. Não podemos pensar juntos
parece que não somos capazes de fazer nada juntos, a não ser forçados
a não ser que haja uma enorme crise como uma guerra, então nos unimos.
Se houver um terremoto, estamos todos envolvidos.
Mas descarte os terremotos, as grandes crises de guerra
voltamos para nossas pequenas individualidades, lutando contra os outros.
Certo? Isto é tão óbvio.
Vi uma mulher há alguns anos, que era inglesa, aristocrática
e tudo o mais, durante a guerra viviam todos
embaixo da terra, sabe, no metrô, e ela dizia
que era maravilhoso: "Estávamos todos juntos, ajudávamos uns aos outros".
Quando a guerra acabou, ela voltou para seu castelo e - acabou!
Podemos olhar para isto só por um momento?
Quando dizemos que somos parte disso, é uma ideia ou uma realidade?
ideia, quero dizer um conceito, uma figura, uma conclusão.
Ou é um fato, como ter uma dor de dente é um fato?
P:São ambos.
K:Não? O que se deve fazer?
Certo?
É um fato para mim que sou parte desta sociedade?
P:Sou essa sociedade. K:Oh, sou essa sociedade.
Então o que está acontecendo lá fora para o qual estou contribuindo?
Estou procurando minha própria segurança, minhas próprias experiências
envolvido em meus problemas, preocupado com minhas próprias ambições.
Certo?
Cada um está lutando, para si próprio - certo? - como a sociedade agora.
E provavelmente esse tem sido o processo histórico
desde o começo, cada um lutando para si próprio.
Certo?
E portanto, cada um contra o outro.
Ora, percebemos isso? P:Sim.
P:O que mais podemos fazer, somos pequenos, a sociedade é... (inaudível)
K:Espere! Descobriremos o que fazer, madame...
comece primeiro com o que está mais perto, e então podemos continuar.
Certo?
Estamos falando sobre nossa vida diária.
E nossa vida diária, aparentemente, é não somente parte da sociedade
mas também estamos encorajando esta sociedade com nossas atividades.
Certo?
Sabemos disto, dizemos: "Sim, por deus, é assim."
Então o que devo fazer como ser humano
sendo parte desta sociedade, que devo fazer, qual é minha responsabilidade?
Tomar drogas?
Deixar a barba crescer?
Fugir?
Qual é minha responsabilidade?
A sua? Você não responde.
P:Fazer algo a respeito.
K:O quê? Primeiro, senhor
P:Primeiro ver. Eu vejo
K:Só posso fazer algo sobre isto quando estiver claro comigo mesmo.
Certo?
P:Não é surpreendente que se estivermos claros e lógicos sobre isto
podemos ser excluídos da sociedade.
K:Certo.
Então descubramos como ser claros conosco mesmos.
Como estar certo sobre as coisas.
Vamos descobrir se se pode ter segurança.
Certo?
Tanto psicológica quanto física.
Então, como uma mente, que está confusa, como a da maioria das pessoas
como essa confusão pode ser varrida para que haja clareza.
Certo?
Se houver clareza, a partir daí eu posso agir.
Certo?
Está claro? P:Sim.
K:Ora, como posso eu, um ser humano, ter clareza sobre política, trabalho
sobre minha relação com minha esposa, marido, namorada e tudo o mais
relação com o mundo, como posso ser claro quando estou tão confuso?
Certo?
Os gurus dizem uma coisa, os padres dizem outra, o economista
diz outra coisa, os filósofos outra coisa - entende?
Os analistas dizem outra coisa, dor primordial, ou o que quer que seja.
Então eles estão todos gritando, gritando, escrevendo, explicando.
E eu fico preso a isso e fico cada vez mais confuso.
Não sei quem devo considerar claro, quem está certo, quem está errado.
Certo? Esta é nossa posição, não é?
Não? P:Sim.
K:Então digo a mim, estou confuso, aí afora com todas estas pessoas.
Certo?
P:E então você se torna solitário.
K:Olhe, quero esclarecer a confusão.
Certo?
Essa confusão tem sido causada por todas estas pessoas
cada uma dizendo coisas diferentes. Certo?
Então estou confuso.
Então digo, por favor, não vou ouvir nenhum de vocês
vou ver porque estou confuso
Comecemos por aí. Certo?
P:Certo. K:Por que estou confuso?
Por que você está confuso?
P:(inaudível) K:Não, atenha-se a uma coisa, senhor.
Por que você está, como ser humano, confuso?
P:Porque eu aceito.
K:Não, olhe para dentro de si, madame.
Não diga palavras quaisquer.
Por que estou confuso? O que é confusão?
Comecemos com isso. O que é confusão?
P:Contrariedade.
K:Você diz que a confusão surge quando há contradição
não somente lá fora - certo? - no mundo, mas também em mim.
O mundo sou eu, portanto há contradição em mim.
Agora vá devagar, por favor.
O que queremos dizer com contradição?
P:Separação.
K:Investigue, senhor, observe, vá devagar.
Por que estou confuso?
Você diz que é porque há contradição.
Pergunto, o que você quer dizer com a palavra "contradição"?
Contradizer, dizer algo oposto.
Certo?
Isto é, digo algo e faço o oposto.
Certo?
Penso algo e ajo contrário ao que penso.
Essa é uma parte da contradição.
Imito porque não estou seguro sobre mim mesmo.
Há uma contradição.
Sigo porque estou incerto.
Me adequo, tanto psicologicamente quanto ambientalmente
porque este tem sido o condicionamento.
Então percebo que contradição significa conformidade, imitação
dizer uma coisa e fazer outra, pensar uma coisa e exatamente
o oposto - acredito em Deus, e corto a cabeça de todo mundo.
Certo?
Então, isto é o que queremos dizer com contradição - "contra dicere"
dizer algo oposto ao que é.
Agora estamos cônscios disto?
Comecemos daqui: estamos cônscios disto?
Em nós mesmos, estamos contradizendo o tempo todo.
Agora espere um minuto.
Se você estiver cônscio disto, então o que devemos fazer?
Entende minha pergunta?
Estou cônscio de que sou contraditório: digo uma coisa na plataforma
vou para casa e faço exatamente o oposto.
Pessoalmente não faço, se fizesse, nunca apareceria na plataforma.
Então vou fazer algo exatamente diferente.
E digo, por que estou fazendo isto - entende?
Digo uma coisa e faço exatamente o oposto, por quê?
Não, descubra, madame, vá dentro de você, descubra.
É que digo algo para agradá-lo
para me fazer popular, ter uma reputação de ter
um enorme conhecimento, e vou para casa, faço o contrário disso?
Porque quero impressioná-lo, quero mostrar que sou muito maior do que você
sei muito mais do que você, vou para casa e me comporto como uma criança.
Ora, por que eu faço isto?
Não eu - por que você faz isto?
P:Senhor, como me tornar cônscio do meu condicionamento enquanto falo
sobre meu condicionamento, é possível sem verbalizar?
Porque você está sempre dizendo, vá dentro de você, e tente fazer isso
e eu pareço ter uma grande necessidade de falar e tentar descobrir
em mim enquanto estou ouvindo, e estou ouvindo a mim mesmo.
Isto é certo ou é uma ilusão?
K:Quando pergunto, por que faço isto - por favor, escute por dois minutos
estou procurando por uma causa?
Entende minha pergunta?
Digo, por que estou contradizendo-me em minha vida, uma coisa e outra.
E então digo, quando pergunto por quê, meu desejo é encontrar uma causa.
Certo?
Por favor, escute por alguns minutos.
Descobri a causa através da análise
e esta descoberta da causa porá um fim à contradição?
Entende minha pergunta?
Descobri a causa pela qual eu contradigo - porque tenho medo
porque quero ser popular, porque quero ser bem visto
quero aprovação do público, e internamente faço outra coisa.
A causa é, talvez, que dentro de mim estou inseguro.
Dependo de você, ou de alguma outra coisa,
então, dentro de mim, estou absolutamente inseguro.
Então digo uma coisa e me contradigo.
Certo?
Aguarde um minuto, madame, passo a passo, pelo amor de deus
vocês todos são tão... E eu descubro a causa
e a causa não porá fim à contradição.
Entendem?
A causa e o efeito nunca são os mesmos
porque a causa torna-se o efeito, e o efeito torna-se a causa.
É uma corrente.
Imagino se você vê isso.
Então, acho fútil descobrir a causa.
O fato é que estou inseguro
e portanto há contradição, querendo ser seguro.
Internamente estou inseguro
e querendo ser seguro, o que é uma contradição.
Certo?
Então, por que estou inseguro?
Inseguro sobre o quê?
P:Você não se contradisse?
Você acabou de dizer que procurar uma causa é fugir.
K:O cavalheiro diz que eu acabei de me contradizer, foi onde?
Gostaria que fosse apontado.
Não diga simplesmente você se contradisse.
Gostaria de descobrir onde me contradisse
é tão desesperador conversar com esta geração! - Estou inseguro.
P:Talvez eu possa dizer algo?
K:Com prazer, senhor. P:Ok.
Não sei porque eu reagi, mas posso explicar.
Você disse que procurar por uma causa é fugir do fato
o fato do que quer que você esteja olhando.
K:Certo, senhor.
Procurar por uma causa é fugir do real.
P:Mas então, a próxima palavra que diz
é "por quê", que é procurar por uma causa!
K:Expliquei muito cuidadosamente que não estou procurando por uma causa.
P:Mas você disse "por quê". K:Eu expliquei isso, senhor.
Não sou estúpido! (Risadas)
Sei o que ele diz. Sei o que vocês todos estão dizendo.
Fiz essa pergunta de propósito, usei essa palavra "por quê".
Quando você usa essa palavra "por quê", está procurando por uma causa.
Por favor, não balance a cabeça, madame.
P:Senhor, se não estamos procurando pela causa, por que estamos na tenda?
K:Expliquei, senhor, quando fazemos a pergunta
por quê, geralmente questionamos a causa.
E eu expliquei que a causa e o efeito nunca são os mesmos, porque
a causa acarreta um efeito e o efeito torna-se a causa.
Assim, questionar sobre essa corrente é inútil.
Mas quando usamos a palavra "por quê", estou usando em um modo especial
que é, estou questionando, não procurando a causa.
Certo?
Veja a diferença, por favor, se for bom o suficiente.
Se não gostar da palavra "por quê", digamos "como isto aconteceu?"
P:Senhor, é possível questionar verbalmente?
Eu realmente gostaria de uma resposta.
Eu sigo perguntando e você não responde
e sinto que é porque você quer que eu ache minha própria resposta.
Tudo que estou realmente procurando é, é possível
questionar o problema, enquanto expressamos o problema?
K:Não.
Primeiro precisamos entender o uso
das palavras verbalmente e então ir atrás.
Veja, gastamos 45 minutos.
Ainda nem abordamos ou entramos no modo de nossa vida diária.
Estamos novamente disparando.
Então, por favor, atenha-se a isto.
Inseguro... estou inseguro sobre o quê?
Você, está inseguro sobre o quê?
Ou, você está completamente seguro?
P:Me vejo escutando muitas pessoas
e isto tem de trazer confusão para mim.
Então sei que tudo o que tenho de fazer é escutar a mim mesmo.
Mas quando digo, como posso ouvir a mim mesmo, estou fazendo um decisão.
Preciso escutar meus pais, e todas as outras pessoas
e então há minha insegurança - a quem devo escutar?
K:Você está dizendo, senhor, você
que ao questionar a insegurança, encontrou a segurança?
P:Não.
Ele pergunta a quem deve ouvir, seus pais dizem uma coisa
outras pessoas dizem outras coisas, você diz outra coisa.
K:Foi o que disse (risos).
Os pais dizem uma coisa, você diz outra coisa
os filósofos dizem outra coisa, os políticos - certo?
Estão todos dizendo algo diferente, cada um deles.
Cada guru está competindo com o outro guru
dizendo alguma coisa completamente diferente.
Agora - devo voltar a isso?
isto é trazido pela pressão constante de outras pessoas.
Certo?
A pressão do político, do economista, do filósofo
do guru, do padre, do pai, dos avós, e da sua própria - certo?
Então, por favor, prossiga.
Estou confuso sobre o quê?
P:Sobre o futuro.
K:Sobre o futuro.
Estou inseguro sobre o futuro, o futuro sendo o que eu fui
o que sou agora, o que possa vir a ser.
Certo? Isso é o futuro.
O futuro é fisicamente incerto, psicologicamente incerto.
Assim, a mente está procurando certeza.
Certo?
Sendo insegura, ela quer ser segura.
Certo?
P:Não estamos cônscios do que somos no momento
caso contrário a questão sobre o futuro não teria surgido, acho.
P:Não existe certeza no pensamento.
K:Me pergunto qual é o objetivo desta discussão.
Qual é o objetivo de mantermos uma conversa, que não estamos tendo.
Estamos dizendo que precisa ser, que é assim, não é assim.
P:Devemos ter mudado o modo de viver agora.
K:Estou fazendo isto. P:Sim.
K:Mas você não faz.
Todo tempo alguém interrompe, de acordo com sua própria maneira.
Não estamos pensando juntos. Certo?
P:Você perguntou, sobre o que estamos inseguros.
E nesse momento pensei que estávamos inseguros sobre coisas diferentes
então o problema não é descobrir sobre o que estamos inseguros
mas o fato disso
que acho que surge de nossa falta de clareza sobre as contradições.
E se olhássemos para isto e víssemos a contradição
então a incerteza desapareceria.
P:Ela disse que deveríamos olhar para nossa incerteza e ela desaparecerá.
K:Estamos fazendo isso, senhor.
Vejo que é impossível manter uma conversa com alguém.
Então comecemos assim: estamos seguros em nossas relações com outros?
Seguros na relação com o marido, a esposa, namorada, namorado?
Estou perguntando a vocês, por favor. P:Não, não.
P:Estamos inseguros em nossa condição.
K:Sim, inseguros em nossas relações uns com os outros.
P:E com a sociedade.
K:Nossa relação uns com os outros cria a sociedade - não?
Claro, obviamente.
Se sou contra você, então eu crio uma sociedade que é divisiva.
Isto é tão óbvio, não precisamos explicar.
Então, qual é nossa relação um com o outro?
Você e o orador. Peguemos isso.
Muito simples.
Ou qual é sua relação com o seu vizinho
com sua esposa, ou seu marido, ou namorada e assim por diante?
Qual é sua relação?
Eu presumo que todos vocês tenham um marido ou uma esposa, não?
P:E relacionamento. P:E filhos.
K:Ou uma nomorada ou um namorado. P:E filhos.
K:Senhor, por favor, responda isto: qual é sua relação com o outro?
P:Muito pobre. K:Pobre?
O que significa isso?
P:Você quer algo do outro.
K:Você quer explorar o outro e ele quer explorar você, é isto?
Senhor, olhe, madame, quando você olha para a relação com o outro
existe nela alguma característica de certeza?
Portanto nisso não há nenhuma certeza, há?
Você pode pensar, no começo dessa relação
que existe certeza, mas gradualmente esta certeza vai desaparecendo.
Então, no relacionamento não existe certeza.
Por quê? Não a causa.
Estou perguntando o "por quê" no sentido, como isto acontece?
Por que há incerteza em nossos relacionamentos?
Você não busca, busque isso
por favor, atenha-se a essa coisa e exercite.
P:Falta de comprometimento. K:Falta de comunicação?
P:Falta de comprometimento. K:Falta de comprometimento?
P:Somos egoístas.
P:Não sabemos o que realmente queremos.
K:(Risos) O que devemos fazer?
Posso explicar. Qual é o objetivo disto?
Você verá a realidade disto?
Isso é, sexualmente um é atraído pelo sexo oposto.
Então gradualmente a fascinação do sexo, a excitação, tudo desaparece.
Mas se forma uma ligação.
E a ligação causa medo.
Certo?
E quando há medo, o amor foi-se embora.
Certo?
Então, há constante divisão entre você e mim, divisão constante.
Você está se afirmando, e ele está se afirmando.
Você domina e ele se submete, ou vice-versa.
Então, sempre há contradição em nossa relação
o que é um fato cotidiano.
E como é que isso acontece?
Entende, essa é a próxima questão.
É porque cada um está preocupado consigo próprio.
Certo?
Por que nós... por que cada um está preocupado consigo mesmo?
Como?
Entende minha pergunta?
Qual é a importância de estar preocupado consigo mesmo?
É porque somos condicionados assim, somos educados assim
toda nossa pressão ambiental e social é assim.
Entende?
Então, pode-se escapar disso?
Escapar da relação autocentrada.
Está seguindo?
Pode-se pôr um fim a esta relação autocentrada?
Ora, como isso pode ser feito - certo?
Agora atenhamo-nos a isso.
Isso é nossa vida diária, e portanto
Por que o ser humano é tão terrivelmente autocentrado?
É sua natureza? É sua necessidade biológica?
Porque quando se é primitivo, é preciso cuidar de si próprio
ou um tem de cuidar de poucos.
E a partir daí, se está tão condicionado que se continua.
Certo?
Esta condição pode ser rompida, terminada?
Certo?
P:Me parece que o instinto animal foi projetado
para dentro do campo psicológico e isso criou o "eu".
K:Sim, senhor, sei disso. Dissemos isso.
Já dissemos isso antes.
Agora, chegou-se a um ponto em que em nosso relacionamento
cada um está preocupado consigo próprio.
E este condicionamento, pode ser rompido, mudado?
P:Precisamos entendê-lo.
K:Não, madame, não entendê-lo.
Está certo, pelo entendimento.
O que você quer dizer com entendimento?
P:Ver a coisa toda.
K:Não posso ver o todo porque minha mente está condicionada.
Isso é somente uma ideia.
Você nem mesmo escuta... Você está desligado na sua, veja.
Então, sou condicionado porque fui criado desta forma.
Certo?
Meus pais, minha sociedade, meus deuses,
meus padres, todos disseram: "Você primeiro"
seu sucesso, seu negócio, sua felicidade, sua salvação, - você.
Ora, pode esse condicionamento ser quebrado, mudado?
Um minuto apenas, quero entrar nisto
por favor, siga isto, passo a passo.
Você fará isto enquanto estou falando?
Como sei que sou condicionado, primeiro?
É porque estou aceitando a palavra e então imaginando ser condicionado?
Está seguindo o que estou dizendo?
Ou é um fato?
É uma ideia ou é um fato?
Está seguindo? Entende?
Entende isto, madame?
P:Aceitar a palavra e imaginar nosso próprio condicionamento - correto?
K:Olhe, senhor, penso que sou condicionado.
Penso.
Mas não penso que tenho dor quando alguém me bate.
Vê a diferença?
Quando alguém me bate e há dor
eu não "penso" que há dor, há dor.
Certo?
Vejo, igualmente, que sou condicionado?
Por favor, senhor, primeiro ouça isto.
Ou penso que sou condicionado?
O pensar que "sou condicionado" não é um fato.
Mas o condicionamento é um fato.
Certo? P:Sim, senhor.
K:Vou continuar.
Então, estou somente lidando com o fato, não com a ideia.
O fato é que sou condicionado.
Agora, vá devagar.
De qual maneira eu olho para o fato?
Isso é muito importante. Certo?
Você está seguindo isto?
De qual maneira eu observo o fato?
Ao observar o fato, digo: "preciso me livrar dele"?
Ou digo, "preciso conquistá-lo, suprimi-lo" e assim por diante?
De qual maneira eu olho para o fato?
Entendeu?
Como olho para ele.
P:Com medo. P:Sou ele, senhor.
K:O fato - por favor, siga isto
o fato é diferente de mim que estou observando o fato?
Entendeu minha questão?
P:Não. P:Sim.
K:O fato é que sou condicionado.
E estou dizendo, como olho para o fato, de que maneira olho para ele?
Olho para ele, o fato, como algo diferente de mim?
Ou esse condicionamento sou eu?
Por favor, vá devagar.
Certo?
Como você olha para ele?
Você olha para ele como se fosse separado do fato
ou diz: "Sim, o fato sou eu"?
P:Separado.
P:Primeiro você está envolvido nele.
K:Olhe, madame, a raiva é diferente de você?
Obviamente não.
Então, seu condicionamento é diferente de você?
P:Não. K:É isso aí.
Agora você está entendendo.
Então você está observando o fato como se ele fosse você, você é o fato.
Agora espere um minuto. Então, o que acontece?
P:Observamos o fato de que estamos vivendo no campo das ideias somente.
K:Senhor, suas mentes não estão treinadas.
Suas mentes são vagas, sabe, divagam por todos os lados.
Aqui está um problema, olhe para ele.
Isso é, a raiva é você.
Você não é diferente da raiva.
Espere. Espere.
Quando você está bravo, você é isso
então o pensamento aparece e diz: "fiquei bravo".
Então o pensamenteo separa a raiva de você.
Entende?
Assim, igualmente, você está condicionado, e esse condicionamento é você.
Espere.
O que você pode fazer se é você?
P:Nada. K:Não, espere, olhe.
Meu deus, vocês são todos tão...
A pele do orador é um pouco marrom.
Certo? É marrom.
Mas quando ele diz: "Preciso mudá-la para outra coisa
porque as pessoas brancas são melhores", então estou em conflito.
Mas quando digo: "Sim, é assim", o que aconteceu à minha mente?
P:O pensamento...
K:Senhor, não salte ainda, indague.
O que aconteceu com a mente que disse antes: "A raiva é diferente
de mim", mas agora a mente diz: "Que tolice, a raiva sou eu."
Agora, igualmente, a mente disse: "O condicionamento é diferente de mim"
e percebe que o condicionamento sou eu.
Certo?
Então, o que aconteceu à mente?
P:Ela está clara.
K:Oh, senhor, por favor, não salte para coisas que você não vê realmente.
Não repita nada, não diga nada
que você próprio não tenha visto.
P:Não há mais conflito. O conflito foi resolvido.
K:A mente agora não está em contradição.
Certo? Isso é tudo o que estou apontando.
Não está mais dizendo: "Devo fazer algo a respeito."
Entendeu? P:Sim.
K:Então a mente agora está livre da ideia, do conceito
do condicionamento de que eu tenho de agir.
Certo?
Assim, a mente agora está livre para olhar.
Está seguindo isto? Apenas olhe.
O que é isso?
A mente diz: "Sou condicionado"
não a mente é condicionada, mas a coisa toda é condicionada.
Então, diz: "Agora observe esse condicionamento".
O que acontece quando você observa?
Não há observador, porque o observador
não é diferente da coisa observada, há somente observação.
Certo? P:Sim, senhor.
K:Você está seguindo isto? Não, não verbalmente, realmente?
Então, o que ocorre quando você observa?
Observar puramente, não dar-lhe uma distorção.
A distorção acontece quando você diz: "Tenho de mudar".
Ou: "Preciso suprimir, tenho de ir além disto."
Tudo isso terminou porque você está meramente observando
o fato de que a mente é condicionada.
Há pura observação.
Certo?
Não há esforço.
Então, o que acontece?
A coisa observada simplesmente se transforma.
Certo? Você está seguindo?
Não irá, a não ser que o faça, não irá.
A não ser que aplique, faça, você dirá: "Não vejo isto".
Olhe, por um microscópio você pode ver uma célula.
Se você observar atentamente, sem dizer: "É uma célula, não precisa
ser isto, ser aquilo", você vê então a célula se transformando.
Mas se você se aproximar com uma ideia, a coisa não irá se mover.
Entende?
No momento que você se aproxima com frescor e olha pelo microscópio
para a célula, ela está se movendo, então o condicionamento está mudando.
Entende? - se você puramente observar.
Agora, para voltar: Eu observo, observa-se o relacionamento
que está na vida diária, observá-lo puramente.
Você consegue observar a relação com sua esposa, marido, seja lá quem for
sem a imagem, sem a ideia de que é meu marido, minha esposa
e tudo o mais, sem a lembrança do sexo
e tudo o mais, apenas observar sua relação com o outro?
Você fará isto?
Ou sua atração pelo outro é tão forte que torna impossível olhar.
Vejo o que está acontecendo aqui: segurar a mão
abraçar-se um ao outro, tudo isso está acontecendo.
Então, essas pessoas obviamente não conseguem observar.
Assim, se você observar bem de perto, sem o observador
que é o pensador e tudo o mais, a coisa em si muda.
Minha relação com você, ou com o outro, marido, esposa
se eu observar silenciosamente, sem qualquer pressão
direção, a coisa em si muda, e a partir disso o amor é.
Entende?
Amor não é o produto do pensamento.
P:O que há de errado em segurar a mão, senhor?
K:Oh, pelo amor de deus!
O que há de errado em segurar na mão do outro.
Vocês têm mentes tão infantis.
P:Senhor, quando você olha para a célula pelo microscópio, a célula
está mudando, mas ela está mudando mesmo quando você não está olhando.
K:Claro. Claro.
Sabemos disso.
Viu o que você fez, senhor?
Não está aplicando.
Você partiu para a célula.
Você não diz
"Olhe, vou aplicar isto. Vou observar isto."
"Vou observar meu relacionamento com minha esposa"- ou marido.
O fato é que somos separados.
Ele é ambicioso, sou ambiciosa, ele quer isto, e tudo o mais, separados.
Estou observando esta separação.
Não quero mudar isto, não quero modificar isto
Não quero colocar isto de lado porque não sei o que irá acontecer.
Então eu observo.
Não eu observo, há observação.
Certo? Faça isto, senhor.
P:Senhor, o problema é que quando quero observar, é um pensamento também.
K:Não, senhor, expliquei isso, senhor.
Não posso voltar a isto, senhor.
P:Mas isto é um problema para nós. K:O quê, senhor?
P:Isso é um problema para nós. K:Qual é o problema?
P:Que não conseguimos observar, não sabemos como fazer.
K:Estou mostrando isto a vocês. Você não... P:Não vivemos isto.
K:Então vocês não estão ouvindo. P:Estou ouvindo, esse é o problema.
K:Senhor, a comida foi posta a sua frente.
Ou você a come, ou não a come.
Se estiver com fome, você a comerá.
Se não estiver com fome, dirá: "Bem, isso não significa nada para mim."
Está faminto para descobrir uma forma de viver, no dia a dia, sem conflito?
P:Sim. K:Estou apontando para você.
Assim, existe uma forma de viver na qual não há confusão.
Quando a mente é capaz de observar sem direção
sem motivo, que é o movimento do pensamento - apenas observar.
Observar a teto desta tenda, a altura, apenas observar.
A cor do seu vestido, não dizer
"Eu gosto, não gosto, gostaria de ter", apenas observar.
Da mesma forma, se você puder observar seu movimento psicológico total
então, a coisa em si muda radicalmente.
Você não tem de praticar nada, gurus, jogue tudo isso de lado.
Certo, senhores.
P:Obrigado.
P:Obrigado, senhor.