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Gaza: Novas necessidades cirúrgicas
Na sala de espera da clínica de cuidados pós-operatórios de Médicos Sem Fronteiras,
Zainab está esperando por um consulta.
No ultimo dia 24 de julho, um vela acesa durante uma queda de energia
botou fogo no colchão onde ela dormia.
Com sete anos de idade, ela não consegue mais andar pro causa da queimadura nas pernas.
Após o acidente, ela passou dois dias recebendo cuidados intensivos
antes de ser admitida na Unidade de queimados do Hospital Al Shifa, na cidade de Gaza.
Ela então foi transferida para a equipe de MSF,
onde uma enfermeira troca seus curativos três vezes por semana.
Eu faço os curativos nela
para prevenir infecções, e para proteger a ferida de microorganismos.
Na clínica de MSF, 20% dos pacientes queimados são vítimas de acidentes domésticos.
Como Zainab, a maioria deles requer cirurgia reconstrutiva, desbridamento e enxerto de pele,
processos especializados usados para tratar complicações funcionais e os aspectos estéticos dos ferimentos.
Foi aqui no Hospital Nasser em Khan Younis, a segunda maior cidade da faixa de Gaza,
que a menina recebeu enxerto de pele.
MSF trabalha em colaboração com as autoridades locais de saúde
para ajudar a encurtar a lista de espera de pacientes.
Com MSF trabalhando aqui, nós conseguimos reduzir o número de casos,
diminuindo a superlotação.
Cirurgia plástica é realmente importante,
especialmente em tempos de guerra e emergência.
Nós tivemos muitos pacientes queimados com
disfunção nas articulações, por exemplo, tendo dificuldades para flexionar braços e pernas.
Zainab veio hoje para que o médicos possa remover os grampos de pele usados para proteger seus enxertos.
Perto dela está Mohamed, de seis anos, que sofreu queimaduras também, durante uma explosão de gás.
Esse é um caso muito comum, com cicatrizes hipertróficas após a cirurgia
e não adianta fazer uma nova cirurgia por que isso vai apenas torná-las mais hipertróficas.
Por causa disso eu vou injetar cortisona nas cicatrizes para fazê-las afundarem, diminuírem.
O Hospital Nasser tem a maior parte do equipamento necessário.
Três profissionais internacionais: um cirurgião, um anestesista e uma enfermeira de cirurgia,
se juntaram a equipe do hospital.
Eles operam três dias por semana.
No resto do tempo, a equipe faz consultas de avaliação pré-operatória e cuidados de acompanhamento.
Dr. Hassam Hamdam é o consultor de cirurgia plástica do Hospital Nasser.
Para ele, o programa cirúrgico de MSF não ajuda apena a melhorar o cuidado com os pacientes,
mas permite também a troca de conhecimentos.
Basicamente, é muito difícil para o pessoal médico porque o bloqueio nos impede de sair de Gaza.
Então não temos acesso a novos treinamentos e não podemos trocar informações.
A presença dessas equipes médicas internacionais é uma grande ajuda para nós.
Apesar da recente flexibilização, o embargo na faixa de Gaza continua a afetar o sistema de saúde e a população de Gaza.
Mais de 500 pacientes terão que esperar entre 12 e 18 meses pela cirurgia.