Tip:
Highlight text to annotate it
X
O HOMEM DO BRAÇO DE OURO
Olá, Frankie.
Olá.
Vamos, entre.
Nada se compara ao primeiro golo do dia.
Anda, bebe, não sejas parvo. - Bebeu?
Disseram-me que dançavas muito bem.
Que tal dançares um bocadinho? Não?
Devolve-me os óculos.
Não te armes em parvo. Que brincadeira vem a ser esta?
Frankie!
Frankie, quando é que chegaste? Como estás?
Tudo bem?
Olha quem aqui está. - Frankie!
Tudo bem?
Curado? - Sim.
Que bom.
Basta de palavras, paga-me um copo.
É para já. Olhem quem nos veio fazer uma visita!
Frankie, rapaz!
Estiveste ausente tanto tempo...
...que achei que te tinham feito guarda.
Estás com bom aspecto. - Engordei 3 quilos.
Três quilos!
Pensei que o tinham feito guarda.
E que tal? - É o sítio mais lindo do mundo.
A prisão? - Sim.
Desporto, diversões, até aprendi a tocar bateria.
Então arrependo-me de não ter passado uma temporada na cadeia.
Não é uma prisão? - Parece mais um hospital.
Vos mostrar-vos uma coisa.
As cadeias federais são as melhores, é o que todos dizem.
Eu sei.
Asseguro-te que pensei que o tinham feito guarda.
Já viram coisa mais bonita?
Não toques.
Como conseguiste trazer isso?
Foram os companheiros que tocavam na nossa orquestra que me ofereceram.
Deixam-vos ter uma orquestra? - Claro, e eu também fazia parte.
Fizeram uma vaquinha e ofereceram-me.
Como foi?
Muito mau, não?
Bastante bom, até.
Seis meses, imagino que estás desesperado.
Passa pela minha casa.
Não obrigado, Louie. - Não tens dinheiro?
Não sejas estúpido, desta vez é grátis.
Não é preciso. Deixei isso.
Deixaste?
Não acredito. - Estou a falar a sério.
Não por muito tempo.
Frankie, por favor.
Não voltes a cair nas mãos desse traficante.
Eu?
Cortar-me-ia o braço antes de deixá-lo dar-me uma dose.
O Dr. Lennox, que me tratava no hospital...
...um homem muito bom, disse-me pelo menos dez vezes:
"Frankie, se quando saíres provares uma dose que seja terás uma recaída".
Não te preocupes comigo, amigo.
Vamos embora daqui. Obrigado, Antek.
Antek, por favor, guarda-me o cão, um cliente meu virá buscá-lo.
Está bem, Sparrow.
Não te deixes convencer por esse. - Esse?
Não penso ficar por aqui tempo suficiente para que me incomode.
Vou juntar-me a uma orquestra famosa.
A sério?
Por que achas que estou a reforçar as mãos?
Quem me ensinou a tocar disse-me que tinha talento.
Que não posso falhar, que tenho um braço de ouro.
É um bom trabalho tocar tambor?
Tenho tudo planeado.
Vou-me chamar Jack Duvard.
Então já não te poderei ver com tanta frequência, não é?
Se calhar encontro um trabalho para ti.
Limpar os instrumentos, por exemplo.
Viajar por todo o país, conhecer locais nocturnos de categoria.
O que achas, Sparrow? - Quando começamos?
Já, eu sou dos que quando se mexem deitam fumo.
Mas vou precisar de bons fatos.
Não te preocupes, encarrego-me de te arranjar qualquer coisa.
Sim, tamanho 39, tens? - 39.
Às riscas. - Às riscas.
Que seja bonito.
Se você e o seu marido não param de fazer escândalo...
...ponho-os na rua aos dois, ouviram?
Faço o barulho que quiser.
Sou o proprietário e vocês fazem o que eu disser.
Eu faço o que você disser? Exactamente!
Frankie, meu rapaz.
Estou a ver mas não acredito.
Como estás?
Tudo bem? - Muito bem, obrigado.
E você, proprietário? - Louco!
Vicky e o marido brigam constantemente.
Gritam e atiram coisas um ao outro. - Não mudou nada.
Esta é uma casa respeitável.
Respeitável? Vamos, fora.
Frankie!
Frankie!
Frankie!
Frankie, amo-te.
Tive tantas saudades tuas.
Tenho estado muito sozinha.
Sem ti, Frankie.
Tenho estado muito sozinha.
Não chores mais, Zosch. Deixa-me olhar para ti.
Tenho os olhos vermelhos. - Não, estás muito bonita.
A sério? Olha a borbulha que tenho aqui.
Estás com óptimo aspecto. - Anda.
Estive constipada.
Estava com medo que não desaparecesse antes de tu voltares.
Queria estar bonita para ti.
Por isso pus esta pomada para a secar.
Frankie.
Vamos Zosch, não te preocupes mais.
Ainda não viste o bolo. Vicky trouxe-o da pastelaria.
Fui eu que o decorei. Para celebrar a tua volta a casa.
Como um dia de festa.
Está muito bom.
Como estás? - Curado.
Sim? - Deixei a droga para sempre.
Sofreste muito?
Como foi?
Portaram-se muito bem.
O médico que me tratava, o Dr. Lennox, era muito bom comigo.
Frankie...
...tinhas saudades minhas?
Claro que tinha saudades tuas, dizes coisas tão parvas.
É claro que sentia a tua falta.
A sério, não estou a brincar.
O que tens aí?
Já vais ver.
Trouxe-te um presente.
É lindo.
Gostas? Fui eu que fiz. Com maços de cigarros.
É maravilhoso, gosto muito.
Foste tu que fizeste? - Fui, para me entreter.
Parte da cura consiste em fazer coisas que gostes.
Por isso aprendi música e a tocar bateria.
O Dr. Lennox pediu-lhes que me ajudassem.
Durante o dia estava distraído estudava, mas à noite...
...não conseguia dormir, e para não pensar nas drogas...
...fazia isto.
Tenho de te dizer uma coisa importante.
O quê?
Agora não me lembro.
Um apito?
Às vezes, quando estava sozinha assustava-me...
...Vicky comprou-o para eu apitar se precisasse dela.
Fala mais de ti.
A primeira coisa que se faz quando se chega lá...
...é passar duas horas a falar com o médico...
Espera, já me lembro do que te queria dizer.
Vicky levou-me ao cinema uma tarde...
...e sabes com quem se parecia o irmão da rapariga do filme?
Não. - Contigo.
Era um filme muito giro. Foi uma noite muito boa.
Devemos 60 centavos à Vicky, eu não tinha dinheiro.
E também lhe devemos o bolo.
Como assim, não tinhas dinheiro?
Schwiefka não te pagava com regularidade?
Não.
Não é possível.
A polícia revistou-lhe a loja, a minha não, eu só dava cartas.
E fechei o bico e aceitei o castigo.
Não te tem mandado 50 dólares todos os meses?
Mandava-me 50, mas não todos os meses.
Vicky teve de me emprestar dinheiro algumas vezes.
Vicky tem sido muito boa. Divertiste-te?
Sim. Mas não como contigo.
Tem sido terrível estar sozinha.
Quando me doíam as pernas não sabia fazer as tuas massagens.
O que te dizem na clínica?
Deixei de ir, está cheia de idiotas.
Na clínica sabem o que é preciso fazer.
Tens que ir outra vez, tens de te curar.
Vicky sonhou que esse novo médico da esquina me curava.
Eu já teria ido vê-lo, mas não é como na clínica.
É preciso pagar, mas como voltarás a ganhar dinheiro com Schwiefka, irei.
Não com Schwiefka, não. Não voltarei a trabalhar com ele.
Trabalhaste sempre com ele.
És um grande jogador, o melhor que há no negócio.
Já não. Agora sou músico.
Não brinques, Frankie. Nunca sei quando falas a sério.
Não estou a brincar. Ouve.
Está bem.
Contei ao Dr. Lennox a história da minha vida.
Quase desde que nasci. Falei-lhe de ti e de mim.
Disse-me que se ao sair continuasse a viver como antes...
...com certeza que em pouco tempo estaria pior que anteriormente.
Por isso quero tocar com uma orquestra.
Ouve.
Que te parece?
Muito bem.
O que contaste de mim a esse doutor?
Disse-lhe que queria ganhar dinheiro para te curar.
E disse-me que a tocar numa orquestra, o conseguiria.
Deu-me o nome de uma orquestra daqui para que eu os contactasse.
Isso seria bom se os da orquestra conhecem o doutor.
A maioria das vezes, essas coisas não resultam.
Desta vez, resulta.
O que é isso? - Uma carta de recomendação.
Vou telefonar agora mesmo. - Não. Deixa para amanhã.
Volto já.
Nem sequer comeste bolo.
Não percebes que tenho que ligar? - Agora não, Frankie.
Primeiro, acendo a vela, e depois... - Frankie!
Vens ou não, boneca? - Já vou, querido.
Molly! - Já vou.
Por favor, gostaria de falar com Harry Lane.
Não vens, miúda? - Machine, Frankie Machine.
Tenho uma carta para ele do Dr. Lennox.
Sim.
Olá, Frankie.
Do Dr. Martin Lennox.
Como estás, Molly? - Muito bem.
Vamos, Molly. - Vou já, Johnny.
Conheci-o quando estavas fora.
Senhor Lane? Tenho uma carta para si.
Vamos, miúda. - Esta tarde?
É muito amável, muito obrigado.
Muito bem. Adeus.
Frankie, é de uma casa nova, os armazéns Brad.
Não tem empregados, perdes-te lá dentro.
Confiam na honradez dos clientes.
O que é que se passa?
Vá lá, toca no tecido! É magnífico!
Gostas, não gostas?
Não gostas? Frankie.
Já sou músico de jazz. - A sério?
Quando me mexo, sou como um raio.
Fica-me bem, Zosch?
Porque me perguntas a mim?
Só perguntei se me ficava bem, Zosch.
Não me chamo Zosch, chamo-me Sofia.
O que se passa contigo?
Nada.
Como estarias se te doesse a coluna?
Porque não me disseste antes?
Porque é o teu primeiro dia em casa e não queria que te preocupasses.
Não deves ser assim. Dói-te?
Talvez esse novo doutor me consiga curar.
Iremos vê-lo quando voltar.
Seria melhor ir antes.
Não posso faltar a este encontro, sabes como é importante para mim.
Iremos assim que voltar.
Por favor... - Não te preocupes.
Frankie. Ouve.
Faz-me uma massagem antes de te ires embora.
Zosch, faço isto por ti, para ganhar dinheiro e ir a um bom médico.
Por favor, Frankie. - E para te dar um cão de presente.
Compra-lhe um, está bem?
Encarregar-me-ei pessoalmente, confia no director da empresa.
Deseja-me sorte, Zosch.
Frankie.
Frankie.
Espera. Volta, Frankie.
Não posso estar em dois sítios ao mesmo tempo.
Sim, mas ela não percebe. - Cala-te e não sejas parvo.
Zosch não repara no que faz.
Gostarias de estar numa cadeira sem te poder mexer?
Frankie, meu amigo, como estás? Antek.
Pareces em boa forma, tens muito bom aspecto.
Tens razão, Schwiefka, foram umas boas férias.
Deram-te esse fato ao sair?
Não, é um empréstimo dos armazéns Brad.
Vim ver-te assim que soube que tinhas chegado.
Suponho que estarás preocupado pelo teu emprego.
Não te preocupes. Schwiefka não esquece nunca os seus amigos.
Está à tua espera.
Precisas de alguém para dar cartas?
Eu? Não. Tenho-as dado eu próprio.
Tenho um grande negócio, com muita freguesia.
Cada dia está melhor.
Ouvi dizer que não ia bem.
Quem disse isso?
Não há muitos clientes, mas estão cheios de ***.
Então para que precisas de mim?
Já te disse, preocupo-me com os meus amigos.
Deixas-me limpar-te a coroa? Só te cobrarei 25 centavos.
Cala-te, idiota.
Ouve, o negócio vai muito bem...
...e embora saiba que os clientes preferem tratar comigo...
...a amizade é a amizade, tens de perceber. Que me dizes?
Não.
Trabalhas para outra organização?
Não trabalho para ninguém. Nem penso voltar a trabalhar.
É assim que me agradeces? Não tenho estado a dar dinheiro a Zosch?
Disse aos meus amigos que voltarias a trabalhar para mim.
Que tenho que fazer?
Por mim, voltar a jogar aos dados com os miúdos do colégio.
Antek! Antek!
Quem é esse?
Esse bêbado? Chama-se John. É do bilhar de Cubritt.
São amigos?
De vez em quando.
Queres conhecê-lo? - Não.
Adeus, Antek. - Até depois, Frankie.
Tu!
Vamos, entra.
Entrar? Porquê?
Tu também. - Eu não fiz nada.
Um momento, estão à minha espera para me dar um emprego...
...é importante. –Sobe.
Prendam-me noutra altura...
...só preciso de uma hora, é importante.
Vamos, entra.
O que vem a ser isto? Vou apresentar queixa por perdas e danos...
...e por abuso de autoridade.
Estás com bom aspecto. Quando saíste?
Na segunda puseram-me em liberdade.
De que é que são acusados?
De roubar este fato nos armazéns Brad.
Quem é que te contou essa mentira? - Um passarinho.
Pois, um passarinho de charuto. - Schwiefka.
Conseguiste portar-te bem durante dois dias.
Tenho oportunidade de tocar numa orquestra.
Se não acredita, pode confirmar neste número.
Conceda-me meia hora, por favor.
Até te empresto a minha insígnia.
Prenda-os e leve-os daqui.
Só preciso de meia hora, vá lá.
Não sou eu que faço as leis.
Por favor, tentem perceber. Não me podem deter.
Não fui feito para andar solto pelo mundo...
...mas sou parvo demais para que me prendam.
O pescoço, larga-me.
Tenho de ir apresentar queixa. Larga-me!
Estou a falar contigo!
A velha história de fazer-se surdo. Tenho o teu número.
Vou-te mostrar que não me podes tratar assim.
Não te vais esquecer de mim, bófia.
Frankie, tens um cigarro?
Faz um jogo de mãos, mesmo só para matar o tédio.
Frankie.
Olá, amigo.
Vim assim que me avisaram. Tiro-te de aqui?
Traidor.
Os armazéns retiraram a queixa.
Mas 37 notas é muita ***. Como ma vais devolver?
Traidor.
Se trabalhasses para mim era diferente.
Se estás disposto a isso, tiro-te daqui.
És um bufo!
Larga-me, não sei o que queres dizer, só te quero fazer um favor.
Queres ou não?
Está bem.
Foi-se embora com o rabo entre as pernas. Tem medo de ti.
Ninguém tem medo de mim.
Os alemães tinham.
Eras uma pessoa importante no exército.
Importante! Tive que separar o trigo do joio.
Deixem-me sair! Preciso de um chuto!
Preciso de uma dose! Deixem-me sair!
Por favor! Preciso de um chuto!
Aqui não ma dão.
Por favor! Deixem-me sair!
Tirem-me daqui!
Preciso de um chuto!
Preciso de um chuto!
Um chuto!
Um chuto!
Preciso de um chuto! Um chuto!
Quatro, quatro, dama, rei.
Terá mais sorte para a próxima, amigo.
Mais alta.
Ás para o 4.
Quatro para o quatro e par. - Café.
Isso não te vale de nada se não tiveres o rei.
Ganhas todas as jogadas. Cada vez tens mais e mais.
Esta noite estás com sorte.
Ainda aceitas gorjetas dealer? Acho que não pagam tão bem na música.
O que aconteceu com o emprego que te iam oferecer?
Rejeitaram-te? Um baralho novo.
Eu decidirei quando é preciso um baralho novo.
Louie, emprestas-me um dólar? - Volta ao teu posto, idiota.
Só aceito ordens de Frankie.
Cala o bico de uma vez, nojento.
Nojento ou não, este negócio é meu e é limpo comparado com outros.
Não me dedico a brincar com a saúde das pessoas.
Queres morrer?
Volta para a mesa. Louie. Cuidado!
Lamento, foi sem querer.
Lamento.
O que é que quer dizer quando a banca tem as mãos a tremer?
Schwiefka, encarrega-te do jogo um momento.
Está bem, novo jogo.
Agora mudaremos o baralho.
Às, sete...
Sabes o que aconteceu?
Falaste depressa demais quando disseste que ias deixar isto para...
...sempre. E agora estás envergonhado.
Não é?
Sabes que eu não falo dos meus clientes...
...portanto ninguém saberá de nada.
Por que lutas, para quê, por quem?
Vem a minha casa.
Ninguém se aperceberá.
Espero aqui.
Disseram-me que trabalhavas aqui.
Passava por aqui e entrei para a beber um copo.
Por mim, podes beber.
Corre-te bem a vida? - Bastante bem.
Dão-me uma percentagem pelas bebidas e pelo jogo.
Queres beber qualquer coisa?
Whisky. E tu?
Whisky. - Duplos.
Não devias ter feito isso.
Não precisas de perder dinheiro e tempo a falar comigo.
Sabes que não me importo.
Tinha esperança que viesses ver-me.
Não tem sido simples, Molly.
Eu sei. Andas ocupado.
Por ti, Molly O.
Molly O. Ninguém me chamava assim desde que tu te foste embora.
Estás com muito bom aspecto. - Estou bem.
Disseram-me que és músico.
Sim.
Tenho um encontro amanhã para que me darem um emprego.
É óptimo.
É provável que mo dêem. - Vais ver que dão!
Dão se eu souber tocar.
Tenho a certeza que tocas muito bem.
Dantes estavas sempre tamborilar na mesa. Lembras-te?
Fazias bem.
Com ritmo.
Pensei em utilizar outro nome.
Jack Dubard.
Jack Dubard.
Soa muito bem. - Soa, não soa?
É um nome bonito e fica-te bem, Frankie.
A pessoa que verei amanhã conhece orquestras famosas.
Se for aceite, terei de andar de smoking.
Com smoking ficarás muito elegante. - Já tenho os...
Molly, preciso de um dólar, vá lá, dá-mo.
Estava muito sozinha.
E esse pobre infeliz...
...também precisava de ter alguém a seu lado.
Todos precisamos de alguém ao nosso lado.
Qualquer um é melhor que este gajo. - Como tu, por exemplo, Frankie?
Molly, eu...
...tenho pensado muito em ti enquanto estava fora...
...em ti, em mim, em Zosch.
Não poderá existir nada entre nós enquanto...
...ela continuar inválida numa cadeira de rodas.
Seria diferente se ela não me amasse e estivesse como está.
Mas não posso enganar alguém que me ama e depende de mim.
Por isso não te vim ver antes.
Nem voltarei a ver-te. Percebes?
Percebo.
És uma boa rapariga. - Boa, muito boa.
Frankie...
...que tenhas sorte com esse emprego amanhã.
Você não o primeiro que me vem ver com uma carta do Dr. Lennox.
Já ajudei muitos como você. - O doutor disse-me.
Gosto de o fazer, não pense que o faço por caridade.
Já tocou profissionalmente antes? - Só em Lexington.
Pois, então terá que fazer um ***.
Os directores vão querer ficar convencidos de que você sabe tocar.
Sim, claro. - Está bem.
Quero esclarecer uma coisa, Frankie.
Existem muitos como você, com boas intenções...
...mas são fracos, decepcionam-me.
Dou-me ao trabalho de os ajudar, respondo por eles e voltam a recair.
Fazem-me ficar mal visto. - Eu não o farei, prometo.
Aviso-o, porque se o fizer, nunca mais contará com o meu apoio.
Nem que volte de joelhos.
Nunca contará com a minha protecção.
Não o farei, Sr. Lane. - Muito bem.
Bem, ligo-lhe na sexta. Sexta ao meio-dia, está bem?
Está bem, muito obrigado. - Nada, não se preocupe.
Adeus. - Adeus.
Preferes que me penteie assim ou com o cabelo para cima?
Responde, eu não tenho culpa de que não te tenham ligado.
Eu disse-te, nunca acreditei que esse homem te ligasse.
Disse que o faria ao meio-dia e já são seis.
Como podes ainda acreditar que te vai telefonar?
Não te percebo.
Não quero que sofras, mais nada, esquece isso.
Com certeza que se esqueceu que tinha de te ligar.
Achas que não tem mais nada que fazer senão pensar em ti?
Achas que dorme a pensar em Frankie Machine?
Isso seria um milagre.
Desculpe...
Está?
Um momento.
Para ti.
Está?
Gordon Knox? - Sim, vim assim que pude.
Bem, então como está?
Vês? O doutor pergunta-me como estou.
Asseguro-lhe que ficará como nova em pouco tempo.
O que é isso?
É um aparelho eléctrico de renovação sanguínea...
...e estimulador da coluna vertebral, ajuda a renovar o sangue.
Onde está o truque? - Truque?
Fique sabendo que sou membro da Associação Americana...
...de Hidrologia Médico-psicológica e Cura Pssíquica.
Ligue à tomada.
Mãos frias.
Circulação problemática. Coma coisas fortes...
...pimenta, molhos picantes.
E vinho? - Não mais de 2 ou 3 copos por dia.
Deite-se, faremos uma massagem às vértebras.
Sabe porque estou assim, aqui? Tive um acidente.
Estou a ver, o ligamento da vértebra está encolhido.
Foi um acidente de carro, há 3 anos, dia 11 de Março.
Se calhar leu nos jornais.
Este é o carro em que viajávamos.
E esta sou eu, deitada aqui.
O meu marido vinha a guiar...
...e tinha bebido. - Bebido?
Ele teve culpa do acidente que me deixou inválida...
...e sem poder andar nem dançar nunca mais.
Casámo-nos na capela do hospital. - Zosch!
Está melhor?
Sim, muito melhor.
Olha Frankie, arranjei um cão para Zosch.
Bebe cerveja, e é um autêntico campeão.
Campeão de quê?
Apanha garrafas, garrafas, vou mostrar-te.
Anda, vamos, apanha.
É um campeão. Poderias ganhar dinheiro com ele, Frankie.
Mas o que faz melhor é caçar esquilos no parque.
Abana-os até que ficam sem sentidos.
Percebes o que quero dizer?
Ensinaram-no a caçar esquilos, mas já há poucos em Chicago...
...pela mudança de clima, percebes?
Por isso está à espera que o clima volte a mudar.
Tem espírito de lutador, mesmo tonto continua a lutar.
Leva o cão a Zosch.
Frankie, posso ir contigo? - Não.
Um momento, amigo.
São 5 notas.
A última vez foram 2.
Isso foi antes de te ires embora, amigo.
Agora o preço subiu.
Se me continuas a cobrar assim, terei que procurar algo mais barato.
Só há uma coisa que pode substituir a droga...
...mais droga.
E cada vez em maior quantidade.
De todas as formas, esta é a última vez que tomo.
Curei-me e quero continuar assim.
Claro.
Claro.
Olha Frankie, olha como bebe.
É muito simpático.
Este cãozinho tem mais sede que um peixe.
Diga?
Ainda esperas que aquele homem te telefone?
Para teu bem, esquece isso.
O Dr. Lennox disse que o Sr. Lane me ajudaria...
...e ele não mente.
O doutor? Um médico disse que me curaria e olha como estou.
Viste as minhas baquetas? Sabes onde estão?
Sabes o que vou comprar ao cãozinho?
Uma gabardina aos quadrados para quando chover.
Ou talvez compre uma amarela.
Onde estarão as minhas baquetas?
Quem as pôs aqui? - Vais gostar, não vais?
Fui eu que as pus aí em cima.
Apanhaste foi uma bebedeira! Bêbado! - Zosch!
Pois, fui eu, levantei-me, andei e pu-las em cima do móvel.
Não brinques, eu... - Se calhar foi a Vicky ao limpar.
Não sei, e não me chateies.
Frankie...
...não devias continuar a preocupar-te com isso.
Há de certeza um milhão de músicos melhores que tu sem emprego.
Esquece, encontrarás melhor.
Tens razão. - Pois tenho.
Por favor, pára de fazer barulho.
De quem é isto? - O quê?
Da Vicky.
Pagou a conta da loja.
Devemo-lhe mais ainda.
Não tens dinheiro?
Não.
Não compreendo o que fazes com o dinheiro.
Não ganhas bastante com Schwiefka?
Só o faço como um passatempo, mais nada.
Não compreendes que isto não pode continuar?
O que não pode continuar?
Ficar sentada aqui toda a vida.
Temos cerveja?
Apetece-me um copo.
A cerveja engorda quando não se pode fazer exercício.
Escolhe uma carta. - Não posso beber o que gosto.
Só tenho 25 anos e vivo como uma velha.
A culpa é minha, se não posso fazer exercício?
Queres ou não escolher uma carta? - Não quero escolher carta nenhuma.
A única coisa que quero é um pouco de...
Um pouco do quê? - Um pouco de...
...de cerveja, de alegria, de compreensão.
E não posso dançar nem nadar nem beber cerveja.
Nem sequer sei que marcas há.
Que cerveja bebes agora?
Está bem, faz como se não estivesse aqui.
Sei que pensas que foi uma pena não ter morrido naquela noite.
Não tolero que digas isso!
Se não te falo, zangas-te. E se digo alguma coisa, gritas comigo.
Já não sei o que fazer, Zosch.
Disse-te que isso me dá dores de cabeça.
Compreende que tenho que ensaiar.
Tenho de estar preparado para quando aparecer o emprego.
Mas que emprego!? Vai para casa da tua amiga e incomoda-a a ela!
O quê?
Que aguente ela as dores de cabeça.
Sabes o que estás a dizer? Tens ideia?
Não tentes passar por inocente.
Não lhe dirigi nem duas palavras desde que voltei.
Apesar de estar aqui sentada sei o que acontece à minha volta.
Estou a dizer a verdade.
Sei muitas coisas.
Cala-te Zosch, por favor, pára.
Vai para casa dessa vadia, se queres fazer barulho.
Vai, porque não vais?
Está bem, vou-me embora.
Frankie.
Frankie, não queria dizer que...
Falta-lhe um bom bocado para chegar à base.
Corre desesperadamente, e é home run.
Faltam-me 5 centavos para poder beber uma cerveja.
Aqui tens 6 centavos. - Obrigado.
Já não posso aguentar mais tempo.
As dores de cabeça que me faz o meu marido.
Sabes o que gosta de fazer? Arrancar as folhas do calendário.
Pensa que olhando para ele me divirto mais que saindo ao sábado à noite.
Por vezes, perde o controlo e arranca toda a semana de uma vez.
Mugindo como uma vaca.
Sabes o que resolveria esse teu tremendo problema?
O quê? - Um cão.
E se não acreditas, pergunta a este cliente satisfeito.
Frankie, não é verdade que o cão que te dei mudou a tua vida?
Totalmente.
Louie, preciso de falar contigo.
Preciso de falar contigo.
Quando acabar.
Continuo a apostar seis contra cinco.
Primeiro strike
Robert conseguiu roubar a segunda base.
O terceiro batedor é Raul, dinâmico e ágil...
... com os seus contínuos movimentos no campo...
Olá, Frankie.
Como correu aquilo do emprego?
O da orquestra? Correu bem.
Quer dizer, nem por isso. O gajo deixou-me pendurado.
Prometeu ligar e...
Que pena.
Com um milhão de músicos sem emprego, que posso esperar?
Pode ter perdido o teu número.
Podia acontecer.
Se calhar está à espera que lhe ligues tu.
Vai achar que sou um chato.
Telefona-lhe.
Alguém que toque bateria não aparece todos os dias.
Telefona-lhe, Frankie. Vá lá.
Telefona-lhe.
Vamos, Molly. Vem ver o jogo.
Não me apetece, Johhny, vê tu sozinho, eu espero.
Sim, estúdio B, na segunda de manhã.
Obrigado, Sr. Lane. Adeus.
Molly, tenho que ir na segunda fazer um ***.
Disse-me para me juntar ao sindicato e preparar-me para trabalhar.
Isso é óptimo. - Tinha perdido meu número.
Tem estado a tentar localizar-me toda a semana.
E eu a tentar esquecer-me dele.
Se não tivesse sido por ti, não lhe teria ligado.
Alegro-me por ti.
A audição será com uma orquestra muito importante.
Eu na televisão. - Tens que ensaiar, Frankie.
Ensaiar? Vou desfazer a bateria em bocadinhos.
Mas tenho que encontrar um sítio para ensaiar.
Zosch não aguenta.
Molly.
Poderia levá-la para tua casa e passar por lá de vez em quando?
Por que não? Molly, porquê?
Johnny não compreenderia.
O que é que ele pode fazer?
Não é pelo que ele possa fazer.
Um homem como Johnny não pode fazer grande coisa.
A questão é o que eu lhe posso fazer a ele.
Só me tem a mim e não o quero magoar.
Molly, por favor, não me negues isto.
Não o conheces, Frankie.
É um homem que...
às vezes, quando estamos sós... - O que é que ele faz? Chora?
É um bêbado, Molly.
Um bêbado de manhã à noite.
Todos temos algum defeito, o dele é a bebida.
Por favor Molly, por favor.
Não percebes, Frankie.
Não quero que comecemos outra vez.
Quando disseste que não éramos bons um para o outro, disseste a verdade.
Antes de te teres ido embora tentei...
E foi impossível. Nunca nos correram bem as coisas.
Mas é preciso tentar, algum dia sairão bem.
Estive toda a minha vida à espera desse dia.
Mas não chega nunca.
Agora tenho a oportunidade de um bom emprego...
...e esse dia pode chegar. Ganharei dinheiro e Zosch curar-se-á.
Teremos uma esperança, não é?
Não me feches a porta, ajuda-me.
Querias falar comigo?
Não.
O que quer dizer isso?
Vicky...
...toma, o que te devíamos.
Frankie, Vicky pergunta se pode confiar em mim.
Diz-lhe que eu sou um ladrão honrado.
Frankie.
Podes ir lá a casa de vez em quando.
Obrigado, Molly O.
Até logo.
Que te parece? - Muito bem.
Devias ter-me ouvido antes, às vezes perdia-me.
Sim?
Espero que os vizinhos não se zanguem.
Apreciam-me muito.
Batem na parede para mostrar o quanto gostam de mim.
Mas isso não me vai subir à cabeça.
Se tocas às 5 da manhã, acontece outra coisa à tua cabeça.
Cansado?
Mas contente de o estar.
Nunca me senti melhor do que agora.
Hoje fui filiar-me. - Schwiefka emprestou-te dinheiro?
Ele?
- Então, quem? - Ninguém.
- Vou penhorar a bateria. - Não, Frankie.
Tenho tudo planeado.
Quando tiver o emprego, pedirei um empréstimo e a recuperá-la-ei.
Entretanto, utilizarei qualquer coisa.
Devias ter pedido ao Schwiefka.
Nem o vi.
Não foste trabalhar? - Passei a noite a ensaiar.
Deixei o jogo, Molly.
Não te teria prejudicado esperar uns dias mais.
Tinha de deixar aquilo.
Queria libertar-me de vez.
Custa-te muito?
Não fazes ideia.
Porque começaste de novo?
Teria de saber primeiro porque me comecei a drogar.
Suponho que foi por simples curiosidade.
Louie deu-me o primeiro chuto grátis.
Pensei que poderia fazer uma vez e pronto.
Mas chutei. E voltei a chutar.
Um dia que Louie não estava. Pensei que ia ficar maluco.
Procurei-o por todo o lado. Estava muito mal.
Nunca me tinha sentido tão mal na minha vida.
Então percebi que estava viciado.
Sentia um peso tremendo nas costas.
E a única forma de suportá-lo era com a droga.
Não chores.
Não chores.
Eu tenho muita sorte, Molly.
Consegui vencer o vício uma vez e posso voltar a fazê-lo.
Isso acabou-se, acredita.
Diz-me Molly...
...achas que terei muitas admiradoras?
Acho, muitas. Terás muito sucesso, estou convencida.
Talvez consiga um emprego com Sparrow na orquestra.
E quando tiver poupado dinheiro suficiente...
...levarei a Zosch a um bom hospital.
Onde se poderá curar e voltar a andar e dançar outra vez.
E depois se calhar...
Quem é? - Schwiefka. Abra.
Um momento.
Está bem, onde está?
Frankie? - Frankie, onde está?
O que é que se passa? O que é que ele fez?
Sabe o que é que ele me fez? Foi-se embora, sem avisar.
Mandou-me um recado a dizer que tinha acabado comigo.
Onde está?
Não foi ver o jogo?
Acha que se tivesse ido, estaríamos aqui à procura dele?
Durante 6 anos tenho estado a mantê-la, minha querida.
Quando foi preso dei-lhe dinheiro.
E quando saiu voltei a dar-lhe o emprego.
Basta. - Não percebes que...
Pensas que foi fácil convencer Williams e Markette...
...a jogarem numa espelunca como a tua?
Louie. - Põem Frankie nas nuvens.
Porque temos que discutir?
Têm os bolsos cheios e vontade de entrar em acção.
Mas quando temos oportunidade de ganhar-lhes dinheiro...
...tu deixas escapar a banca.
Louie, juro-te que quando Williams e Markette vão ao meu casino...
...terei o mesmo croupier ou outro melhor.
Não há melhor.
Por que não lhe ofereceste mais dinheiro ou uma comissão?
Da tua parte ou da minha?
Não vamos debater de que parte lhe oferecemos comissão.
Da tua.
- Olha! Já sou músico. - E como te sentes?
Sinto-me... que é melhor prenderes-me, para não levantar voo como um balão.
Eu, músico.
Onde vamos?
Não sei. Onde te possa comprar qualquer coisa.
Não.
Tenho que gastar o dinheiro ou rebento.
Que te parece um desses? - Frankie!
Ou um televisor a cores. Gostas?
Não brinques.
Olha este aparelho. Só serve para cozinhar.
Conheço alguém que gostaria de ter um assim.
Ena.
Isto é ridículo.
É bonita.
Gostaria de saber como ganha a vida.
Ele?
Deve ganhar muito dinheiro.
Olha como está vestida. E com aquela cozinha...
Mas vejo que ele não a ajuda.
Acho que nem sequer estão casados. Não tem aliança.
Pode tê-la tirado para cozinhar.
E ele está cansado de trabalhar durante todo o dia.
Está bem que fique ali sentado mas podia falar com ela de vez em quando.
Não tem razão para estar com o nariz metido na revista.
Se fosse eu, falava com ela. - E que dirias?
Dir-lhe-ia: Como estás, querida? Como foi o teu dia?
O que há para jantar? - Bife grelhado.
E tive um dia maravilhoso. - Bife? Que bom.
Que te parece se sairmos depois de jantar?
Porque não ficamos em casa a ouvir música?
Pode ser.
Prefiro.
Ficamos em casa a ouvir música.
Gostaria que já fosse segunda.
Olá, Zosch. - Onde tens estado?
Schwiefka veio à tua procura, disse que tinhas deixado o trabalho.
Olha. - Porque deixaste o trabalho?
Tenho uma audição na segunda e se o director gostar, sou contratado.
Frankie, vai dizer a Schwiefka que foi uma brincadeira.
Pode ser que esse director não goste de como tocas.
Zosch olha, pertenço ao sindicato de músicos.
Porque tens que mudar as coisas?
Porque não podemos continuar como antes?
Porque deixaste de dar cartas?
Como viveremos se não ganhas dinheiro?
Começarei a ganhá-lo na segunda.
E se cancelarem a audição? Tens a certeza de que não a cancelam?
Eu... - Volta, Schwiefka está à tua espera.
Esquece-te essa maldita música. - Deixei de jogar.
Não posso correr esse risco, não percebes?
Se a polícia for ao casino, prende-me e o Sr. Lane não...
...ia querer saber de mim para nada. Como poderia tocar numa orquestra?
Como vais tocar se Schwiefka te partir um braço?
O quê? - Foi o que ele disse.
E além disso ameaçou bater-me.
Porque não pode voltar tudo a ser como antes? Porquê?
Antek.
És um miserável verme.
Tenho direito a escolher o meu emprego.
Markette e William vêm amanhã.
E isso quer dizer... - Deixa-me em paz.
Eu deixo-te em paz...
...mas deitado numa rua.
Basta Schwiefka, se ele não quer dar cartas deixa-o.
- Isso vem a propósito de quê? - Não me levantes a voz, imbecil!
Ele não é teu escravo e não podes obrigá-lo a fazer nada.
- Eu... - Serviu-te muito bem todos estes anos.
E agora já não lhe interessa, não?
Está bem. Markette e Williams não existem.
E as notas utilizam-se para assoar o nariz.
Lavo daí as minhas mãos.
É um porco.
Mas tens de tentar perceber o seu ponto de vista.
Perder dois peixes gordos por culpa do melhor croupier...
...que há no negócio, não é fácil de engolir.
O comportamento dele justifica-se porque és o melhor.
O velho truque de me elogiar?
Não seria capaz disso. - Não sou novato nisto.
Tu achas que o que te pedimos é demais, mas é apenas uma noite.
Sinto não poder fazer-lhes a vontade. - Ajuda-nos a fazer uma boa maquia.
Repartiremos a alegria por todos.
Que tal 200 dólares? Dá-te jeito? Ou se calhar 250?
Com 250 podem-se pagar bons médicos.
Amanhã? - Deixa-o, está a pensar.
Está bem, mas só uma noite. Ganhe ou perca, aconteça o que acontecer.
Claro. Que alívio! Vou dormir como uma pedra.
Tem cuidado com o braço.
Que carácter.
Tentaste tirar-lhe mais dinheiro...
...ou é certo esse emprego de músico numa orquestra?
Se gostam como toco...
Não é ainda certo? Estás nervoso?
Estamos à espera de quê? - Não fales disso. Não quero ouvir.
Já sei.
Aqui há tempos tinha um vício.
Não, os doces, os rebuçados. Comia demais.
Quando me examinaram para entrar no exército...
...encontraram tanto açúcar no... meu sangue que...
...me disseram que ou me despedia dos doces ou do mundo.
Renunciei aos rebuçados.
Lamento profundamente. Que tragédia!
Foi.
Senti durante muito tempo uma sensação de vazio.
Mas isso não tenho que te explicar. - Então não expliques!
Quero dizer que essa obsessão ocupa completamente o cérebro.
E não te deixa pensar em nada. - És um tipo de grande sabedoria.
Sabes o que fiz?
Disse a mim mesmo: Está bem, renunciarei aos doces...
...mas só a partir de amanhã.
Pela última vez na vida vou comer todos os doces que puder.
Comprei 18 dólares de doces e levei-os para o meu quarto.
Passei a noite toda a comer.
Suava, vomitava, mas continuava a comer.
Desde então, quando me apetece um doce penso:
...é impossível desistir de uma coisa de que gostavas tanto, percebes?
O que quero dizer é que...
Como estás, Molly O?
Bem, mas onde tens estado? - O que vão tomar?
Dois whiskys.
Tenho estado todo o dia à espera que fosses ensaiar.
Ensaiar? Quando me ouvirem deixá-los-ei atónitos.
Tenho o pulso com a pulsação necessária, Molly.
Olha, firme como uma rocha. Fará o que eu quiser.
Fica com o troco.
Obrigada.
Tens um cigarro? - Tenho.
Começaste a fumar outra vez. Porquê?
Não, escuta-me.
Porquê? - Molly.
Deixe-a em paz. - Molly.
Vá-se embora. - Vai-te embora!
Molly, quero explicar-te...
Deixa-me. - Páre de a incomodar!
Cala-te Frankie, por favor. - Deixe-a em paz!
Estás maluca? Queres perder o teu emprego?
Por favor, Molly, quero falar contigo - Deixe-me!
Não quero saber nada de vocês...
Ouve, Molly!
Molly! Molly!
Molly,
Molly, abre a porta.
Molly, ouve o que tenho para te dizer.
Molly, abre a porta!
Molly!
Molly, abre a porta!
Molly! Não ouves? Molly... Abre a porta. Molly!
Onde vais?
Onde vais?
Tens de ouvir e ficarás a perceber... - Táxi.
Escuta-me, Molly.
...porque fiz o que fiz. Ouve, Molly.
Por favor, deixa-me contar-te o que aconteceu.
Onde vais?
Molly! Molly!
Não te esqueças de limpar a sala. - Já limpei.
E pede-me as coisas por favor ou comprarei uma sala...
...e estabeleço-me por conta própria. Como estás, Frankie?
Não dizes nada? Está bem.
Lembra-te Schwiefka, vou ganhar 250 ou talvez mais.
Nunca falto à minha palavra.
Olá. - Olá.
Como estás, Frankie? - Tudo bem, Louie?
Olá, Schwiefka. - Olá, como estás?
Vamos ver se temos sorte.
Hoje a partida apresenta-se boa.
Que desejam? - É aqui?
Não sei o que querem, isto é a Companhia de correias e roldanas...
...Sem Fim. Vêm comprar alguma? - Afasta-te, idiota.
Vamos começar. Como estão? - Bem, e vocês?
Entrem. Já não serves nem para vigiar a porta.
E tu não sabes nem aquecer as toalhas no barbeiro.
Conhecem o Schwiefka? Markette e Williams.
- Muito prazer. - Como está?
Você é o Machine, o homem do braço de ouro.
Vejamos se consegue ganhar-nos isto.
Aqui vamos nós...
Não sabes que aqui não é permitida a entrada a mulheres?
O Frankie está aí dentro?
- O que é que se passa? - Não consigo que Zosch durma.
Tiveram uma discussão e está como louca. Está aí?
- Não posso chamá-lo agora. - Só quero saber se está.
Corri mais à procura dele que uma bola de bilhar.
Está bem, tenho que voltar.
- Diz-lhe que Zosch está preocupada. - Está bem.
Trio de ases.
Dois pares.
- Princípio de flush. - Apostas.
- 200. - Ponho os 200 e mais 200.
Aposto os 400 e mais 300.
É a sua vez.
Não sei que fazer, é muito dinheiro.
Tens 3 ases.
É muito possível que tenha um flush, olha as cartas dele.
É bluff. - Já fez isso duas vezes esta noite.
Não acho que seja parvo a ponto de tentar uma terceira.
Jogue e tenha a certeza.
Aposta, é perito em bluffs.
500.
- Também entro e jogo mais 500. - Sammy!
Eu sei o que estou a fazer.
Os teus 500 e a banca sobe mais 500.
- Estou-te a dizer que tem um flush! - Cala-te, deixa-me pensar.
É a sua vez.
Porque está com tanta pressa?
Faça a sua aposta.
Já sei, mas posso pensar o meu jogo, não posso?
Ou vai a jogo ou não vai.
Usa a cabeça, tem um flush, não percas *** assim.
Sei o que faço.
O que é que tem?
Ainda não pagou para saber.
Nada. Dois noves nojentos.
Deixaste-o ganhar a partida com dois míseros noves.
Não volte fazer isso ou arrepender-se-á.
Esquece, Frankie. Já tens para apanhar o eléctrico.
Joga você muito bem, bem demais.
O que quer dizer com isso?
Não ligues.
Isto está muito carregado.
O que quer dizer com muito carregado?
Deixe-se de perguntas e dê as cartas.
Por hoje acabou, já é dia.
Diga-lhe que se sente e que dê as cartas.
Acalme-se, costumamos fechar a esta hora.
Só mais uma partida. - E o meu dinheiro?
Que a banca volte à mesa.
Frankie, queres continuar? - Não. Só quero aquilo que é meu.
Só mais uma hora.
Eu darei as cartas. - Queremos jogar com o Machine.
Pensa que eu não sei jogar? Sente-se e comecemos.
Dá-me a minha ***. Agora. - Quando acabarmos.
Dá-nos tempo para contá-lo, depois pagamos-te.
Não tenhas tanta pressa, Frankie.
Os meus cem. - Os meus.
Comecemos o jogo.
Bom dia, Frankie.
Frankie! - O Louie ainda está aí?
Está a ter um ataque de apoplexia, não sabes o que está a acontecer.
Tens de te encarregar da banca, está a arruinar-nos.
Não vim jogar. Olha. Tens de me dar um chuto, Louie.
Se não jogas, não há pica. - Dá-me o dinheiro, vou pedir a outro.
Não posso, precisamos de tudo. - Esse dinheiro é meu.
Recorre aos tribunais. - Por favor, ajuda-me.
Ajudo-te, mas antes tens de trabalhar umas quantas horas.
Tenho de ir dormir, tenho de estar descansado amanhã.
Faz isto e garanto-te que amanhã estarás tão fresco...
...como se tivesses passado uma semana no campo.
Louie, dá-me um chuto agora. - Por mim podes morrer.
Espera!
Está bem.
Louie disse-me que tens dinheiro para ele, dá-mo, está à espera.
À espera? - Sim.
Que espere. É sempre a mesma coisa quando fica aflito.
Diz ao Louie o que ele costuma dizer: Não há nada de nada.
Nem um centavo? - Não.
- Como vai o jogo? - O jogo?
Schwiefka está-se a derreter como um gelado.
A banca está a perder? O que aconteceu ao Braço de Ouro?
Não te preocupes com ele, o jogo dura já há dia e meio, mas acabará bem.
É natural, com esses dedos, um jogo de mãos e a ganhar.
Fecha essa boca de sapo.
Ninguém consegue que Frankie jogue sujo.
Nem sequer 500 notas?
200, vou a jogo.
Já sei que é domingo à noite.
Não te liguei para saber que dia é.
É a sua vez. - Espere um momento.
Manda-me embora a mim também.
Preciso de me ir embora, estou morto.
Há dois dias que não durmo. - Espera um pouco.
Não os ajudo em nada, a casa continua a perder.
Fica, começa a notar-se a tua classe.
Não posso, a minha cabeça não funciona.
Louie, não encontro ninguém que nos dê dinheiro.
Nippy. - Não sei onde está.
Eu encontro-o. - Vou-me embora.
- Fica mais um pouco. Enquanto faço um telefonema, depois levo-te a casa.
Continuamos? - Onde estávamos?
É a sua vez. - Ponho mais 200.
Café? - E bem forte.
Não encontrei nem um centavo, como é que isso vai?
Espremem-nos, cada aposta aumenta até nos retirarmos do jogo.
Que dia é hoje?
Não conheces ninguém que nos empreste uns milhares?
Que dia é hoje, segunda?
Ouve.
Tens que me ouvir. - O quê?
No próximo jogo, quando tentarem que abandones, não te deixes vencer.
Schwiefka toca-me e obriga-me a abandonar o jogo.
Porque não sabe se podes ganhar. - Ninguém pode saber.
Tu podes saber, fazes o que queres com as cartas.
Nunca o farei durante um jogo.
Queres ir-te embora, não é? - É.
E queres chegar a essa prova em boa forma.
Quero sentir-me bem quando for. - Depende de ti, fá-lo e nem notarás.
Já descansámos bastante, continuemos, estou impaciente.
- Carta. - Carta.
Três, rei, valete.
O rei primeiro.
Vou a jogo.
Eu também. Três para o três.
Dez para o rei. Sete para o valete. O par primeiro.
Mais 200.
Vou a 200.
Eu também. Jogada feita.
Par de 3, par de reis, par de valetes.
Um momento!
Batoteiro.
Tira os óculos. - Não.
Eu tiro-os.
Eu não sabia. - Já trato de ti.
Juro-lhe que não sabia de nada.
Estou há 11 anos neste negócio e isto nunca me tinha acontecido.
Nunca mais voltarás a trabalhar comigo.
Bata-lhe. - Não quero sujar as mãos.
Eu joguei sempre limpo.
Digam-lhe que eu sempre fui um homem honrado. Digam-lhe!
Frankie...
...está tudo acabado.
Ouve.
Ouve, Frankie...
...o que é um par de estalos?
Nada, não é verdade?
Vais ver, daqui a umas horas estamos a rir disto no bar de Antek.
Devias ter visto a cara do Schwiefka...
...quando o Williams lhe disse que ia tratar dele.
Ficou branco, foi muito engraçado.
Cala-te!
És o melhor homem que conheci em toda a minha vida.
Não me ouves?
Afasta-te de mim!
Louie, depressa. - Vou dormir.
Por favor, despacha-te.
Os efeitos começam a desaparecer cada vez mais rápido.
Terás de chutar mais frequentemente.
É igual, depressa, por favor.
Está bem.
Dá-me o dinheiro. - Depois!
Agora mesmo. - Não confias em mim?
Não confio em ninguém.
Pago o dobro mais tarde, mas dá-me isso agora, por favor.
Vai-te embora.
Até vou à procura de clientes para ti.
Todos dizem o mesmo.
Louie, por favor.
Não me toques com essas mãos sujas!
Frankie.
Acorda! Levanta-te! - Não. Não.
Onde está? - Não vás.
Onde está? - Não!
Onde puseste? - Frankie, deixa-o ir.
Não encontro! Tenho que encontrar!
Vamos, Frankie.
Por favor, escuta-me, deixa-me acompanhar-te a casa.
Tenho de ser pontual.
Tenho de estar lá à hora marcada.
Frankie!
Alto! O que é que se passa? Estão a tocar desafinados.
O Sr. Machine.
Senhor... - Sim.
Está bem. Sabe ler música?
Charlie, deixa que o Sr. Machine toque este número.
É o número 37.
Preparado, Sr. Machine?
Um, dois, três, quatro.
Sr. Machine, os quatro primeiros compassos são só seus.
Comecemos outra vez.
Um, dos, três, quatro.
Peço desculpa.
Está preparado? Comecemos mais uma vez.
Um, dos, três, quatro.
Vamos Charlie, começa.
Zosch, tens dinheiro?
Preciso de dinheiro. - Não, o que se passa?
Ontem havia dinheiro aqui, onde é que puseste?
Preciso de dinheiro. - Já não há. O que é que te aconteceu?
O que tens?
Podes andar, desde quando?
Que surpresa.
O que estão a tramar tu e o Frankie?
Diz-me, entre nós não deve haver segredos.
Vamos, conta-me.
Se não me dizes, desmascaro-te.
Digo a toda a gente que já podes andar, que sempre pudeste.
Digo a todos que os enganaste.
Não. Louie! Louie!
Louie, não faças isso. Não digas a ninguém.
Por favor. - Solta-me!
Não me toques. Hipócrita! - Não!
Avisa a polícia. - O que é que aconteceu?
Louie caiu pelas escadas abaixo. - Está morto?
Não sei, chama a polícia.
Molly!
Molly.
Molly.
Não foi isso que aconteceu?
Discutiram e Louie caiu.
Zosch, confessa. Não tentes enganar-me, acabarás por me contar.
Não sei nada de discussão nenhuma.
Passei toda a manhã a dormir nesta cadeira.
Então pode ter acontecido de outra forma.
Enquanto estavas a dormir o Frankie atirou-o pelas escadas abaixo.
Não foi o Frankie. - Como é que sabes? Não estavas a dormir?
Não dormia profundamente, teria reparado se estivessem a discutir.
Frankie não fez nada, não estava aqui.
Quando? - Quando aconteceu.
Como podes saber isso se estavas a dormir?
Mas estava acordada quando se foi embora esta manhã.
Então hoje de manhã, esteve aqui.
Só por um momento e não discutiu com ninguém.
E por que foi embora tão cedo? Andava alguém atrás dele?
Não, ninguém andava atrás dele, andava à procura de dinheiro.
Para quê?
Não sei. - Para uma dose.
Para que Louie lhe desse um chuto.
Ele não foi ver o Louie.
Como é que sabes? - Porque não tinha dinheiro.
Para quê ir ter com o Louie se não tinha dinheiro?
Para conseguir que ele lhe desse o chuto sem ter de pagar.
Está bem, eu espero.
Mais tarde ou mais cedo aparece para lhe darem a dose.
Molly.
Escuta-me, por favor. - Está tudo terminado entre nós.
Tenho que falar contigo.
Por favor. - Não.
Acabou para sempre.
Tenho que falar contigo.
Tens dinheiro? Preciso de uns dólares.
Dez chega, devolvo-te daqui a uns dias.
Então cinco.
Cinco já me chega, por favor.
Estou doente.
Dói-me tudo, estou muito mal.
Não me digas que não por favor. Ajuda-me, Molly.
Se queres matar-te, atira-te de um telhado e não me peças que te ajude.
Farei o que me disseres, o que quiseres.
Mas agora tens que me ajudar.
Preciso de uma dose. - Não.
Cinco chega. Ou três ou até dois, mas depressa.
Não te vou ajudar a drogares-te.
Eu sei, tens razão, prometo-te...
Mas agora preciso de uma dose.
Para tirar esta dor, prometo-te que é a última vez.
Por favor, dá-me uns dólares.
Olá Molly, vim só dizer-te olá.
Não me deixas entrar? - Disse-te que não voltasses.
Tenho saudades tuas. - Estou cansada, John.
Só uns minutos. - Não.
Quem está aí contigo?
Vai-te embora Johnny, não voltes. - Quem é?
É o jogador? Não tentes escondê-lo.
Não és parva ao ponto de te tornares sua cúmplice.
Cúmplice de quê? - Matou o Louie.
A polícia anda à procura dele.
De Frankie Machine?
Está aí?
Não. - Deixa-me entrar.
Não faças isso, se queres voltar a ver-me.
Sairás comigo amanhã?
Sim, encontramo-nos no bar de Antek.
Mas não te dou qualquer certeza, se calhar é melhor outro dia.
Eu fico à tua espera.
Eu não o matei.
O que posso fazer?
Entrega-te a Bednar e diz-lhe.
Não posso.
Não posso enfrentar a polícia como estou agora.
Olha para mim, daria tudo por um chuto.
Então, cura-te.
O que é que estás para aí a dizer? Como queres que me cure?
Curaste-te uma vez.
Com a ajuda de médicos e medicamentos.
Não posso pedir que me levem a Lexington...
...se me acusam de assassinato.
Consegue-o sem teres de ir para lá.
Não percebes?
Não é possível.
Morreria de dores.
Matar-me-ia. - Então, o que é que vais fazer?
Só preciso de um chuto, uma dose.
Está bem.
Toma o dinheiro.
Vá, toma.
Leva tudo, porque depois de um chuto vais precisar de outro.
E de outro e de outro.
Toma!
Toma!
Porque é que a ti tem de doer-te mais que aos outros?
Sei que tiveste uma vida muito dura, sem nenhuma oportunidade.
Porque não enfrentas a realidade de uma vez?
Não, é mais cómodo envolveres-te nas tuas queixas e problemas...
...até as converteres numa grande dor que se cura com um chuto.
O que esperas encontrar do outro lado dessa porta?
Não compreendes que Bednar sabe do que é que precisas?
Que não aguentarás nem uma hora?
Está à tua espera, pacientemente. Certo que irás à procura do teu chuto.
Anda, vai-te embora. Vai e espero que te mate.
Morrerás muito mais rapidamente do que fazendo-o à tua maneira.
Não.
Não.
Não deixarei que me mate.
Não.
Não quero apodrecer num túmulo.
Mas, tenta perceber.
Não percebes? Não conseguirei curar-me sozinho.
Eu ajudo-te.
Sabes o que isso significa?
Será desagradável e perigoso.
Não me importo que me acusem de cúmplice.
O perigo não virá de Bednar, mas de mim.
Às vezes chegamos a matar.
Para fugir do tratamento.
Percebes?
Se tens facas ou tesouras em casa, terás que as esconder.
Não me deixes sair do quarto diga o que disser...
...ou prometa o que prometer.
Porque se me deixas sair, será para ir à procura do chuto.
Percebeste?
Fecha-me e se tentar escapar, evita-o seja como for.
Por muito que vejas que me dói...
...não tentes ajudar-me dando-me calmantes ou narcóticos.
Pensas que poderás fazê-lo?
Então...
...vamos a isso.
Não me podem deter, cometem um duplo perjúrio ou qualquer coisa assim.
Senta-te.
Não me podem deter.
Não me podem deter, já sabe que me falta um parafuso.
Deixa-te de parvoíces Sparrow, e vamos ao assunto.
Não fiz nada.
Frankie matou Louie e quero que contes o que sabes.
Deviam erguer um monumento ao gajo que matou esse tipo.
E eu teria com gosto dirigido as obras...
...mas isso nada tem que ver com o que aconteceu.
Escuta, quando o prendermos será julgado...
...quer tu fales quer não.
A única questão é se te detenho ou não como cúmplice.
Bednar, suplico-lhe, é o único homem a quem chamo amigo.
Esse gajo não é amigo de ninguém...
...esganava-te sem pensar duas vezes se tentasses impedi-lo de se chutar.
Fala duma vez, Sparrow!
Está bem, vai-te embora.
Um médico.
Um médico.
Deixa-me sair!
Deixa-me sair.
Entre.
Vim ver como estavas.
Sozinha, como sempre.
Trouxe isto para ti.
Sozinha e doente.
Onde é que ele está? Sabes?
Foi ver-te?
Não digas se não quiseres.
Li os jornais, o que disseste a Bednar...
...comprometeu Frankie, dás-te conta disso?
Não disse nada, os jornais mudam tudo.
Se tu não quisesses, não se atreveriam.
O que posso fazer para ajudá-lo?
O que posso fazer sentada aqui?
Podes dizer a Bednar que ele não estava aqui quando aconteceu...
...que não foi o Frankie que o matou. - Nunca disse que foi ele.
Mas é o que acreditam se ele era o único que aqui estava nesse momento.
E tu sabes que foi outra pessoa.
O que queres dizer? Quem? - Não sei.
Mas Bednar não investigaria se pensasse que não foi o Frankie.
E a ti que te importa tudo isso? - Só quero ajudá-lo.
Tentas enganar-me.
Pensas que não sei o que queres.
Pensas que ignoro o que tens andado a fazer nas minhas costas...
...enquanto eu estive aqui sentada todos estes anos.
É inútil tentares enganar-me. - Não, enganas-te.
Tu é que estás enganada, porque ele nunca será teu.
Estou nesta cadeira por culpa dele e enquanto continuar doente...
...não me abandonará, pertence-me.
Só quero ajudá-lo. - Não poderia viver sem ele.
Prefiro vê-lo morto a deixá-lo abandonar-me.
Zosch... - Vai-te embora daqui!
Vai-te embora! És uma vadia!
Fora!
Fora daqui!
Não, pára!
Não aguento mais!
Só um pouco mais. - Ajuda-me, por favor!
Tenho frio. Não consigo!
Deixa-me!
Preciso de uma dose!
Abre a porta, Molly.
Faz o que te digo ou mato-te. - Frankie!
Ouve o que te digo, espera. - Não consigo!
Espera, tenho algo que te vai acalmar.
Dá-me, depressa.
Onde está?
Onde está?
Molly!
Molly!
Abre a porta. Deixa-me sair!
Abre!
Abre! Abre!
Por favor, Molly! Abre a porta.
Por favor, Molly!
Molly!
Molly!
Frankie.
Frankie, responde.
Frankie, responde. Estás bem?
Não penses que me vais convencer a abrir a porta.
Estás bem, Frankie? Por favor, responde.
Molly.
Molly, se me amas, mata-me, por favor.
Tenho muito frio.
Muito frio.
Molly.
Dá-me qualquer coisa para me aquecer.
Por favor, Molly.
Molly, não me deixes.
Por favor, Molly.
Tenho muito frio.
Molly, muito frio.
Muito frio.
Meu Deus, ajuda-me!
Ajuda-me.
Tenho muito frio.
Ontem à noite estive à tua espera no bar de Antek.
Não te disse que iria de certeza.
Eu sei, mas imaginei que talvez estivesses doente.
Só queria dizer-te que não fosses à minha procura ao bar de Antek.
Ontem à noite tivemos uma discussão e expulsou-me.
Encontramo-nos no Safari.
Está bem, John, até já.
Estou muito melhor.
Vai com cuidado. - Estou bem.
Só estou um pouco fraco.
Que dia tão lindo.
Na realidade parece o primeiro dia da minha vida.
Apetece-me um doce, tens?
Açúcar? - Dá-me.
Mais.
Dá-me mais.
Como podes comer isso?
Nunca estive tão bem na minha vida.
Sinto-me como se tudo dentro de mim tivesse ido ao lugar.
Obrigado, Molly.
Molly.
Cuidado, que te arranhas na minha barba.
Não faz mal.
Tens qualquer coisa para me barbear?
Posso confiar em ti? - Totalmente.
É esta a casa? - É.
Está bem, vamos. - Não precisam de mim, pois não?
Onde é que ele está, Molly? - Frankie não o matou.
Eu não sou juiz, a minha obrigação é só prendê-lo.
Se me disseres onde está, receberá ajuda.
Já não está viciado, está curado. - Pois, claro que está.
Pode ver por si mesmo, não se anda a esconder.
Então está onde?
Com Zosch.
Muito bem, vamos ter com ele.
Olá, Zosch.
O que fazes aqui?
Não sabes que Bednar anda à tua procura?
Não te preocupes com isso, não tenho medo.
Tu sabes que não fui eu.
Não. Então quem foi?
Vim dizer-te uma coisa. Vou-me embora daqui.
Bednar deter-te-á, disse aos jornais que tu...
O quê?
Vou-me embora.
Não terás de te preocupar com o dinheiro.
Encontrarei maneira de enviar-to.
Vicky cuidará de ti.
Abandonas-me?
Não te abandono, mas vou-me embora.
Já viste o que aconteceu desde que regressei.
O Dr. Lennox preveniu-me.
Comecei outra vez com as drogas e sem pensar, voltei ao mesmo.
Não me podes abandonar.
Tens que ficar e cuidar de mim.
Sei que sou responsável pelo que te aconteceu.
Mas não posso passar o resto da minha vida atormentando-me até morrer.
Não penso noutra coisa desde que aconteceu.
Nem por um momento deixo de pensar nisso, mas...
Bom, tudo é inútil.
Tenho de me ir embora.
Frankie, não te podes ir embora.
Temos de nos despedir, Zosch.
Pensas que me enganas? Sei quem te afasta de mim. Molly!
Não.
Vais-te embora para poderes ir viver com essa vadia.
Frankie, não! - Adeus.
Não te vás embora, não me abandones.
Não me deixes, suplico-te, não...
Vá lá, veste-te, Zosch.
Zosch!
Pára!
Zosch!
Zosch, não te mexas!
Cala-te, não digas nada! Vais ficar boa.
Fi-lo por ti.
Matei o Louie para te poderes curar.
Amo-te tanto...