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Tradutor: Gustavo Rocha Revisor: Tulio Leao
Hoje eu quero falar com vocês sobre a matemática do amor.
Bem, acho que todos concordamos
que os matemáticos são conhecidos por sua excelência em encontrar amor.
Mas não é só por causa de nossa personalidade arrojada,
habilidades superiores de conversa e excelentes estojos de lápis.
É também porque já trabalhamos extensamente na matemática
de como encontrar o parceiro perfeito.
No meu artigo preferido sobre o assunto, que se chama:
"Por Que Eu Não Tenho Namorada" (Risos)
Peter Backus tenta avaliar sua chance de encontrar amor.
Peter não é muito ganancioso.
De todas as mulheres disponíveis no Reino Unido,
tudo o que Peter quer é alguém que more perto dele,
alguém na faixa de idade certa,
alguém com um diploma universitário,
alguém com quem ele provavelmente vai se dar bem,
alguém que provavelmente seja atraente,
alguém que provavelmente também o ache atraente.
(Risos)
O que resulta numa estimativa de 26 mulheres em todo o Reino Unido.
Não parece muito bom, não é, Peter?
Agora, só para colocar em perspectiva,
isso é 400 vezes menos do que as melhores estimativas
de quantas formas inteligentes de vida extraterrestre existem.
E também dá ao Peter uma chance de 1 em 285 mil
de se esbarrar com qualquer uma dessas moças especiais
em uma saída à noite.
Gosto de pensar que é por isso que os matemáticos
não se preocupam mais em sair à noite.
O fato é que eu, pessoalmente,
não aceito uma visão tão pessimista assim.
Porque eu sei, tão bem quanto todos vocês,
que o amor não funciona bem assim.
A emoção humana não é bem organizada, racional e facilmente previsível.
Mas também sei que isso não significa
que a matemática não tem nada para nos oferecer
porque o amor, assim como muito da vida, está cheio de padrões
e a matemática, fundamentalmente, trata-se do estudo de padrões.
Padrões desde previsão do tempo a variações do mercado de ações,
ao movimento dos planetas ou ao crescimento das cidades.
E sendo sinceros, nenhuma dessas coisas
é bem organizada e facilmente previsível também.
Porque eu acredito que a matemática é muito poderosa e tem o potencial
de nos oferecer uma nova maneira de encarar quase tudo.
Mesmo algo tão misterioso quanto o amor.
E assim, para tentar convencê-los
de como a matemática é totalmente incrível, excelente e relevante,
quero lhes dar minhas três melhores dicas de amor matematicamente comprováveis.
Certo, então Dica #1:
Como ser bem-sucedido em encontros on-line.
Meu site de encontros on-line preferido é o OkCupid,
sobretudo porque foi lançado por um grupo de matemáticos.
E, por serem matemáticos,
eles têm coletado dados
de todos que utilizam o site por quase uma década.
E vêm tentando encontrar padrões
na maneira como falamos de nós mesmos
e como interagimos uns com os outros
em um site de encontros on-line.
E eles fizeram algumas descobertas muito interessantes.
Mas a minha preferida, pessoalmente,
é que parece que, em um site de encontros on-line,
ser atraente não define sua popularidade,
e, na verdade, fazer as pessoas pensarem que você é feio
pode funcionar a seu favor.
Vou mostrar como funciona.
Em uma seção voluntária, felizmente, do OkCupid,
você pode avaliar o quão atraente as pessoas são
em uma escala de 1 a 5.
E se compararmos essa pontuação, a pontuação média,
com quantas mensagens um conjunto de pessoas recebe,
dá para começar a ter uma noção
de como atração se relaciona
com popularidade em sites de encontros on-line.
Este é o gráfico que os caras do OkCupid geraram.
E o importante a se notar é que não é inteiramente verdade
que quanto mais atraente você for, mais mensagens você recebe.
Mas então vem a pergunta: por que as pessoas aqui em cima
são tão mais populares que as aqui em baixo,
mesmo tendo a mesma pontuação em atração?
A razão é que não é só puramente a aparência que é importante.
Vou tentar ilustrar suas descobertas com um exemplo.
Se pegarmos alguém como Portia de Rossi, por exemplo,
todos concordam que Portia de Rossi é uma mulher muito bonita.
Ninguém acha que ela é feia, mas também não é uma top model.
Se comparar Portia de Rossi a alguém como Sarah Jessica Parker,
bem, muita gente, inclusive eu, devo dizer,
acha que Sarah Jessica Parker é realmente fabulosa
e possivelmente uma das criaturas mais lindas
que já caminhou na face da Terra.
Mas algumas outras pessoas, ou seja, a maioria da Internet,
parecem achar que ela se parece um pouco com um cavalo. (Risos)
Eu acho que se pedirmos a opinião das pessoas sobre quão atraentes
Sarah Jessica Parker e Portia de Rossi são,
e pedirmos para que lhes deem uma pontuação de 1 a 5,
estimo que as duas teriam, em média, a mesma pontuação.
Mas a forma como as pessoas votariam seria diferente.
As pontuações de Portia se concentrariam em torno do 4
porque todo mundo concorda que ela é muito bonita,
enquanto Sarah Jessica Parker divide opiniões.
Haveria uma grande dispersão em suas pontuações.
E, na verdade, é essa dispersão que conta.
É essa dispersão que a deixa mais popular
em um site de encontros on-line.
E isso quer dizer então
que se algumas pessoas te acham atraente,
é, na verdade, melhor para você
ter algumas pessoas que acham que você é um grande tribufu.
É muito melhor do que todos pensarem
que você é a vizinha bonitinha.
Bem, eu acho que isso começa a fazer mais sentido
quando pensamos em termos de quem manda as mensagens.
Digamos que você acha alguém atraente,
mas suspeita que outras pessoas não necessariamente estariam interessadas.
Significa que há menos competição para você
e é um incentivo extra para entrar em contato.
Comparando, se você acha alguém atraente,
mas suspeita que todos vão achar que ela é atraente,
bem, por que você perderia tempo se humilhando, sejamos sinceros?
Aqui é onde entra a parte realmente interessante.
Porque quando as pessoas escolhem as fotos que usam em site de encontros on-line,
normalmente tentam minimizar as coisas
que acham que algumas pessoas vão achar pouco atraente.
O exemplo clássico são pessoas que, talvez, estão um pouco acima do peso
deliberadamente escolhendo fotos cortadas.
Ou homens carecas, por exemplo,
deliberadamente escolhendo fotos onde estão usando chapéu.
Mas isso é exatamente o oposto do que você deveria fazer
se quiser ser bem-sucedido.
Você deveria, de fato, enaltecer qualquer coisa que o torne diferente,
mesmo achando que algumas pessoas vão achar pouco atraente.
Porque as pessoas que gostam de você vão gostar de você de qualquer jeito,
e os fracassados pouco importantes que não gostam,
bem, eles só agem a seu favor.
Certo, Dica #2: Como escolher o parceiro perfeito.
Então imaginemos que você é um grande sucesso
no quesito namoro.
Mas surge a questão de como você converte esse sucesso
em felicidade a longo prazo e, particularmente,
como você decide que é hora de se estabelecer?
Geralmente, não é aconselhável recolher as fichas
e casar-se com a primeira pessoa que aparecer
e mostrar um mínimo de interesse em você.
Mas, do mesmo jeito, você não quer deixar para esperar muito tempo
se quiser maximizar suas chances de felicidade a longo prazo.
Como diz Jane Austen, minha autora favorita,
"Uma mulher solteira de vinte e sete
jamais poderia esperar sentir ou inspirar afeição novamente."
(Risos)
Muito obrigada, Jane. O que você sabe de amor?
E a questão é a seguinte:
como saber quando é a hora certa de se estabelecer
considerando todas as pessoas que você pode namorar em sua vida?
Por sorte, há uma coisinha deliciosa na matemática que podemos usar
para nos ajudar aqui, chamada teoria da parada ótima.
Imaginemos então,
que você começa a namorar com 15 anos
e idealmente, você gostaria de estar casado quando estiver com 35 anos.
E há um número de pessoas
que você poderia namorar durante seu tempo de vida,
e elas estariam em vários níveis de qualidade.
E as regras são que uma vez que você tenha decidido se casar,
você não pode continuar vendo o que poderia ter,
e do mesmo modo, não pode voltar e mudar de ideia.
Na minha experiência, pelo menos,
sei que tipicamente as pessoas não gostam de serem relembradas
anos após terem sido trocadas por outra, ou talvez seja só eu.
A matemática diz que o que você deveria fazer
nos primeiros 37% de sua janela de namoros
seria rejeitar todo mundo como sério potencial de casamento.
(Risos)
E então, você deveria escolher a primeira pessoa que aparecer
que for melhor que todas as outras que você viu antes.
Um exemplo.
Se você fizer isso, pode ser provado matematicamente, de fato,
que essa é a melhor maneira
de maximizar suas chances de encontrar o parceiro perfeito.
Infelizmente, devo dizer-lhes que esse método tem seus riscos.
Por exemplo, imaginem que seu parceiro perfeito aparecesse
durante os primeiros 37%.
Assim infelizmente, você teria que rejeitá-lo.
(Risos)
E se estiverem acompanhando a matemática,
receio que não vai aparecer ninguém
que seja melhor do que os que você já viu.
Você teria que seguir rejeitando todos e morrer sozinho.
(Risos)
Provavelmente rodeado de gatos mordiscando seus restos.
Certo, outro risco é, imaginemos, em vez disso,
que as primeiras pessoas que você namorou em seus primeiros 37%
são pessoas enfadonhas, chatas, terríveis.
Está tudo bem, porque você está na fase de rejeição,
está tudo bem, você pode rejeitá-las.
Mas imaginem que a próxima pessoa que aparece
é ligeiramente menos chata, enfadonha e terrível
do que todos as outras que você viu antes.
Se estiverem acompanhando a matemática, receio que teria que se casar com ela
e acabar com um relacionamento que está, francamente, abaixo do ideal.
Sinto muito por isso.
Mas eu acho mesmo que há uma oportunidade aqui
de que a Hallmark possa aproveitar e atender esse mercado.
Um cartão de dia dos namorados assim. (Risos)
"Meu querido marido, você é ligeiramente menos terrível
do que as primeiras 37% pessoas que eu namorei."
Realmente é mais romântico do que eu normalmente consigo.
Certo, esse método não garante uma taxa de sucesso de 100%,
mas não há outra possível estratégia que seja melhor.
E de fato, na natureza, há certos tipos de peixes
que seguem e aplicam essa mesma estratégia.
Eles rejeitam todos os possíveis pretendentes que aparecem
nos primeiros 37% da temporada de reprodução,
e escolhem o próximo peixe que aparece depois dessa janela
que seja, sei lá, maior e mais corpulento
que todos os outros peixes que viram antes.
Também acho que, subconscientemente,
nós humanos meio que fazemos isso também.
Nós esperamos um certo tempo para conhecer o campo,
entender o mercado ou o que seja quando somos jovens.
E só começamos a procurar seriamente por candidatos ao casamento
quando nos aproximamos dos 30.
Acho que isso é prova conclusiva, se for necessário,
que o cérebro de todos está pré-programado para ser um pouquinho matemático.
Certo, essa foi a Dica #2.
Agora, Dica #3: Como evitar o divórcio.
Certo, imaginemos então que você escolheu seu parceiro perfeito
e está se estabelecendo em um relacionamento vitalício com ele.
Eu gosto de pensar que todo mundo, idealmente, gostaria de evitar o divórcio,
sem contar, sei lá, a esposa de Piers Morgan, talvez?
Mas é um fato triste da vida moderna
que 1 a cada 2 casamentos nos Estados Unidos acabe em divórcio,
com o resto do mundo não ficando muito longe.
Você pode ser perdoado, talvez,
por pensar que as discussões que precedem um rompimento matrimonial
não são o candidato ideal para investigação matemática.
Por um lado, é muito difícil saber
o que deveria ser medido e o que deveria ser quantificado.
Mas isso não impediu um psicólogo, John Gottman, que fez exatamente isso.
Gottman observou centenas de casais conversando
e registrou, bem, tudo o que podem imaginar.
Ele registrou o que era dito na conversa,
registrou a condutividade da pele,
registrou suas expressões faciais,
sua frequência cardíaca, sua pressão sanguínea,
basicamente tudo, exceto se a esposa estava mesmo sempre certa,
o que, aliás, ela sempre está.
Mas o que Gottman e sua equipe descobriram
foi que um dos indicadores mais importantes
de que um casal vai se divorciar ou não
foi quão positivo ou negativo cada parceiro estava sendo na conversa.
Casais com baixo risco
marcaram muito mais pontos positivos na escala de Gottman do que negativos.
Enquanto relacionamentos ruins,
com o que quero dizer, que provavelmente vão se divorciar,
eles se encontravam entrando em uma espiral de negatividade.
Simplesmente usando essas ideias bem simples,
Gottman e sua equipe conseguiram prever
se um determinado casal iria se divorciar
com uma precisão de 90%.
Mas foi só quando ele se juntou com um matemático, James Murray,
que eles realmente começaram a entender
o que causa essas espirais de negatividade e como elas acontecem.
E os resultados que encontraram
eu acho que são incrivelmente simples e interessantes.
Essas equações, elas preveem como a esposa ou o marido vão reagir
em sua próxima vez na conversa,
quão positivos ou negativos eles vão ser.
E essas equações dependem
do humor da pessoa quando está sozinha,
o humor da pessoa quando está com o parceiro,
mas mais importante, elas dependem
de como a esposa e o marido influenciam um ao outro.
Acho que é importante notar nesta etapa,
que as mesmas equações também foram provadas
perfeitamente capazes de descrever
o que acontece entre dois países numa corrida armamentista.
(Risos)
Então, um casal discutindo entrando num funil de negatividade
e oscilando à beira do divórcio,
é matematicamente equivalente ao início de uma guerra nuclear.
(Risos)
Mas o termo realmente importante nessa equação
é a influência que as pessoas têm mutuamente,
e particularmente, algo chamado de limiar de negatividade.
O limiar de negatividade,
vocês podem imaginá-lo como quão irritante o marido pode ser
antes de a esposa começar a ficar irritadíssima, e vice-versa.
Eu sempre imaginei que bons casamentos tratavam-se de abrir mão e compreensão
e permitir que as pessoas tenham o espaço para serem elas mesmas.
E eu teria imaginado que talvez os relacionamentos mais bem-sucedidos
são os que têm um limiar de negatividade bem alto.
Onde os casais deixam as coisas para lá
e só mencionam o que for realmente um grande problema.
Mas, na verdade, a matemática e as seguintes descobertas da equipe
mostraram que exatamente o oposto é verdade.
Os melhores casais, os mais bem-sucedidos,
são aqueles com um limiar de negatividade bem baixo.
Esses são os casais que não deixam nada passar despercebido
e deixam ao outro um pouco de espaço para reclamação.
São os casais que estão constantemente tentando consertar seu relacionamento,
que têm uma perspectiva muita mais positiva em seu casamento.
Casais que não deixam as coisas para lá
e casais que não deixam coisas triviais se tornarem grandes problemas.
Mas é claro, é preciso um pouco mais do que um baixo limiar de negatividade
e não engolir sapos para ter um relacionamento bem-sucedido.
Mas eu acho que é bem interessante
saber que há realmente evidência matemática
para dizer que você não deve levar sua raiva para o dia seguinte.
Essas são minhas três melhores dicas
de como a matemática pode ajudá-lo no amor e relacionamentos.
Mas eu espero que, além de serem úteis como dicas,
elas também deem uma ideia do poder da matemática.
Porque para mim, equações e símbolos não são só uma coisa.
São uma voz que representa a incrível riqueza da natureza
e a surpreendente simplicidade
nos padrões que se viram, torcem, retorcem e evoluem ao nosso redor,
desde como funciona o mundo até como nos comportamos.
Espero que talvez, para alguns de vocês,
conhecer um pouco a matemática do amor
possa persuadi-los a ter um pouco mais de amor pela matemática.
Obrigada.
(Aplausos)