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Peter Joseph / Movimento Zeitgeist
Palestra 'Definindo Paz' - 12 de Fevereiro de 2012
'ZFest', Tel Aviv, Israel
Shalom!
Em momentos como este, adoraria saber falar Hebraico.
Não tenho ideia do que ele acabou de dizer, mas farei uma pequena introdução
antes de começar o discurso em si
em reconhecimento ao Movimento Zeitgeist de Israel
que tornou isto possível.
[Aplausos]
Meu nome é Peter Joseph.
Trabalho em uma organização chamada Movimento Zeitgeist.
Enquanto grande parte das minhas palestras são sobre ineficiências econômicas inerentes
que alimentam grande parte da agitação civil, abuso ecológico
e depravação em geral que vemos no mundo hoje
e também sobre conquistas científicas existentes, porém não aplicadas
que poderiam resolver boa parte destes problemas
sem mencionar a criação de um novo design social
gerado a partir de uma outra maneira de pensar
que, virtualmente, garantiria sustentabilidade ambiental
e social, se implementada
o foco central desta palestra é um pouco mais temporal.
É diferente de qualquer outra palestra que já ministrei.
E o título dela é 'Definindo Paz: Economia
o Estado e Guerra'.
Está dividida em 4 seções.
A primeira intitulada 'A História do Conflito Humano
e o Debate da Natureza Humana'.
Como será mostrado adiante, o contumaz conceito de que nós
humanos, somos própria e inalteravelmente agressivos
e territoriais será devidamente abordado.
Descobrindo que sociedades primordiais não se engajaram
em guerras massivas, e que a maioria dos conflitos
especialmente a mobilização de larga escala que vemos no mundo moderno
são, na verdade, resultado de condições
reais ou artificiais que logram
o ser humano à uma posição de agressão.
Isto então nos guiará a considerações sobre nossa condição ambiental
e às formas, estruturais e psicológicas, que as abrangem
levando ao entendimento que, quanto às guerras
suas condições são, geralmente, definidas
pelo estado.
Parte 2: 'O Personagem Estado e Repressão'.
Consideraremos a origem do estado moderno e suas características.
Diz-se haver um grupo de qualidades comuns
que pertencem a essas concentrações de poder.
Adiante e aprofundadamente, a influência do estado
nos valores da cultura serão abordados
especialmente em relação à lealdade, patriotismo
e quão fácil tem sido
para um pequeno grupo com interesses políticos e comerciais
convencer o público de que suas guerras são morais, corretas e benéficas.
Então, na Parte 3: 'A Cultura da Guerra
Negócios, Propriedade e Competição'
aprofundaremos nas motivações subliminares
que parecem ter criado este estado e seu poder.
E a propensão à guerra propriamente dita será abordada.
Focando-nos nas raízes de nosso sistema social
demonstrando que não só a guerra é natural
para os métodos econômicos que utilizamos
é também inevitável.
Será expresso que a base estrutural e a psicologia resultante
existentes no sistema de economia monetária de mercado
a qual governa o mundo hoje, é o núcleo central
do conflito humano mundial.
Na seção final, Parte 4: 'Definindo Paz
um Novo Contrato Social'
será considerada a lógica causal do que descrevemos anteriormente e
de forma reducionista, deduziremos quais características sociais
permitem paz, e quais não
e como nós, como uma sociedade mundial, podemos resetar
nossas condições sociais para permitir este inédito equilíbrio humano
antes que seja tarde demais.
Antes de começar, preciso comentar um assunto mais amplo
que sinto seja subestimado pelo mundo.
Aparentemente, reside no núcleo social como uma confusa inaptidão histórica
às mudanças (o que creio ser notado por todos)
não só no contexto de guerra global
a qual vemos quase como natural no mundo de hoje, infelizmente
mas também em relação a mudanças sociais, de senso comum, para o melhor
as quais são sistematicamente rejeitadas, sem argumentos lógicos legítimos.
Muito simples, a opinião tradicional parece estar
em constante conflito com o conhecimento emergente.
Por exemplo, uma vez que uma instituição ideológica estabelece-se
comumente, com amplo consenso da população
uma armadura atemporal emerge
cuja implicação é a de que esta prática ou crença, passa a ser empírica à condição humana
e durará para sempre.
Notamos esta característica nos pensamentos econômicos, políticos e religiosos
mais amplamente, mas nenhuma disciplina intelectual
ou advento social parece estar imune.
Até aqueles que se auto-proclamam cientistas
alegando prezar a ética vigorosa exigida pelo método científico
muitas vezes caem, vítimas de parcialidades tradicionais
e lealdades falsas, desviando suas conclusões.
Essas lealdades são, quase sempre, cunhadas
a partir de uma tradição, um hábito cultural com suas instituições dominantes
onde essas personalidades são manipuladas.
Creio que o Dr. Gabor Maté tenha abordado este tema com maestria:
"É simplesmente uma questão fatual histórica
que a cultura intelectual dominante de uma determinada sociedade
reflita os interesses do grupo dominante desta sociedade.
Numa sociedade escravocrata, as crenças acerca dos seres humanos e dos direitos humanos
irão refletir as necessidades dos proprietários de escravos.
Numa sociedade que é baseada no poder de certas pessoas
de controlar e lucrar com a vida e obra de milhões de outros
a cultura dominante intelectual irá refletir as necessidades do grupo dominante.
Se você olhar além do tabuleiro, as ideias que permeiam a psicologia, a sociologia
história, política econômica e ciência política
fundamentalmente refletem certos interesses da elite.
E os acadêmicos que os questionam demasiadamente
tendem a serem postos de lado ou serem vistos como uma espécie de 'radicais'."
Um breve olhar sobre as ideias que já foram consideradas absurdas
impossíveis, subversivas ou até mesmo perigosas
e que mais tarde passaram a servir para o progresso humano
mostra um padrão claro de como podemos ter-nos enganado com nossas lealdades.
É axiomático dizer que muitas ideias que permitirão o progresso
e beneficiarão a sociedade no futuro, serão terrivelmente inaceitas
e combatidas nos dias atuais.
Parece que quanto mais amplamente benéfica a nova ideia, em retrospectiva
pior é a reação inicial pela cultura contemporânea.
Um argumento, e um caso clássico, é o reconhecimento penoso e lento
da natureza mecanicista da causalidade científica no mundo
uma compreensão e método que facilitou
cada atributo do progresso humano na história
desde soluções para resolução de doenças
até o advento da abundância de produção tecnológica
à nossa compreensão da própria condição humana
e como o planeta funciona.
O método científico, que é realmente
a materialização da lógica e da aplicação
não foi só combatido com a condenação mais herética
por essas instituições históricas de poder político e religioso
é, lamento dizer, ainda hoje, rejeitado
em muitas áreas do pensamento e da aplicação.
Perspectivas anti-ciência
tendem a residir em questões de suposta moralidade
fundamentadas em um vasto deserto de perspectivas subjetivas.
Um exemplo clássico são os avanços tecnológicos
que têm sido utilizados para fins prejudiciais, tais como o armamento
que claramente não tem nada a ver com a tecnologia
mas com a motivação distorcida pela cultura que o está usando.
A reivindicação mais sofisticada é a de que o método científico simplesmente não é objetivo.
Vocês encontrarão este ponto de vista sustentado pelos primeiros filósofos ocidentais
como Thomas Hobbes ou Robert Boyle.
Neste caso, realmente encontro alguma simpatia
mas apenas no que diz respeito à uma certa ironia
dada a contínua interferência da cultura sobre o resultado
de conclusões ostensivamente científicas, como observado antes.
Os chamados cientistas não devem ser confundidos com o método da ciência.
Muitas vezes, a influência cultural e depósitos de valores
são simplesmente de um viés demasiado forte para permitir a objetividade necessária.
O mais controverso o novo achado científico
maior é a dissonância, e é isso que mostra o registro histórico.
Em um texto clássico, pelos autores Cohen e Nagel, intitulado
'Uma Introdução à Lógica e Método Científico' (um livro que recomendo)
este ponto foi muito bem fundamentado no que diz respeito ao processo
de avaliação lógica empírica e sua independência da psicologia humana.
Afirmando: "A distinção lógica entre deduções válidas e inválidas
não depende do nosso modo de pensar (o processo acontecendo na mente de alguém).
O peso da evidência não é em si um acontecimento temporal
mas uma relação de implicação entre determinadas classes ou tipos de proposições.
Claro, o pensamento é necessário para apreender tais implicações
no entanto, isto não faz da física um ramo da psicologia.
A constatação de que a lógica não pode ser restrita ao fenômeno psicológico
nos ajudará a discriminar entre a nossa ciência e a nossa retórica
concebendo esta última como a arte da persuasão ou da argumentação
de modo a produzir a sensação de segurança.
Nossas disposições emocionais tornam muito difícil para nós a aceitação
de certas proposições, não importa o quão forte seja a evidência a seu favor.
Uma vez que todas as provas dependem da aceitação de certas proposições como verdades
nenhuma proposição pode ser provada verdadeira
para aquele que está suficientemente determinado a não acreditar."
O que é que compreende esta força que impede
o que poderíamos chamar de pensamento objetivo? Condicionamento cultural e seus valores.
Parece muito óbvio, mas, infelizmente, somos todos suas vítimas.
Nós, seres humanos, não temos pensamentos ou ações espontâneas.
Somos organismos causais perpetuando uma cadeia de ideias e reações
sempre existindo em um 'domínio intermediário'.
Voltando ao contexto central, faz-se crítico apontar
que não há nada mais entranhado, no sentido cultural de identidade
do que o nosso nascimento dentro de amplas instituições sociais
com os valores que perpetuam. Quanto mais velha a tradição
mais forte a luta para preservá-la.
O mundo, em muitos aspectos, é, agora, um choque iminente
entre conceitos tradicionais teimosos
mantidos por instituições que continuam a lucrar com a sua exploração
e a realidade científica e avaliação lógica emergentes
que se provam certos em iluminar aquilo que, como uma espécie
temos mais próximo da verdade.
Conforme inicio esta avaliação da natureza da guerra e da paz
um assunto controverso, na verdade, gostaria que todos ouvissem a si mesmos
monitorando suas próprias reações pessoais, diante das declarações que faço.
Quando encontrarem algo que não concordam, honestamente, perguntem a si mesmos
de onde está vindo essa dissonância?
Está vindo de uma análise técnica
onde as variáveis estão sendo levadas em conta, no seu próprio mérito
desconsiderando o mensageiro? Ou será que o desacordo vem de perspectivas
que só podem basear-se em valores culturais cômodos, que
para melhor ou pior, têm definido o que vocês acham ser normalidade empírica
independentemente de ser verdade ou não.
Dito isto, vamos remover algumas coisas do caminho em relação a mim mesmo
dado o território sensível que estou prestes a entrar.
Não estou aqui para falar com condenação sobre qualquer país, partido político
reivindicação religiosa ou instituições em geral.
Não estou aqui para argumentar em favor da guerra ou contra o imperialismo dos EUA.
Não estou aqui para inflamar o viés no conflito israelo-palestiniano
nem estou aqui para representar o julgamento de qualquer partido ou poder explicitamente
apesar das atrocidades intermináveis destacadas pela história.
Por quê? Porque quando se trata de mudar, e quero dizer a verdadeira mudança
todos os ângulos atualmente acolhidos no debate comum
e seus postulados, sistemas internos de soluções 'na caixa'
são inválidos quando o contexto mais amplo é entendido em relação à guerra.
Precisamos pensar em um nível diferente agora.
Dado que o quadro de referência, não pode, logicamente, ser fiel a qualquer país.
Não tenho nenhuma lealdade a qualquer pessoa, guru, ou líder
ou qualquer tipo de submissão. Não sustento nenhuma lealdade a qualquer raça, religião,
partido político ou credo ideológico estabelecido
e o mais importante, não tenho nenhuma fé empírica de permanência
em qualquer hipótese de suposto fato
histórico, atual ou futuro, além da compreensão
de que todas as concepções humanas conhecidas evoluirão
mudarão, refinar-se-ão, daqui até o final de nossa existência.
A única constante é a mudança.
[Aplausos]
A única constante é, obviamente, a mudança.
Enquanto parece um paradoxo de auto-cancelamento
a finalidade do registro histórico em si é realmente o de obtermos deduções
de tudo o que vemos na história, qualquer que seja a disciplina
e quando aplicarmos o método científico de avaliação a seus padrões
podermos tirar conclusões relevantes.
Isso é, basicamente, o que fazemos com nossas mentes.
Ciência é a nossa ferramenta para criar um mundo melhor para todos os seres humanos
preservando o habitat, e, simplesmente
(como este trabalho irá descrever) é só quando mudamos a estrutura
do sistema social global predominante
ou seja, a sua premissa econômica, que precede todos os outros na causalidade
que o que poderia ser chamado de 'paz mundial' é possível.
Parte Um: A História do Conflito Humano e o Debate da Natureza Humana.
Parece que grande parte das culturas do mundo ainda possuem
grandes visões supersticiosas da conduta humana
territorialidade e supostas inevitabilidades da guerra
tanto do ponto de vista de provocação ofensiva, como de defesa.
Tem sido argumentado, historicamente, que os humanos têm uma tendência inata para a violência
implicando em casos extremos que, independentemente da natureza da circunstância
um comportamento violento e dominador entrará em erupção
quase ao acaso, como uma válvula de pressão liberando vapor.
Portanto, como diz a lógica, a postura de guerra e proteção
é considerada uma consequência natural e inevitável para todos.
Esta ideia tem assumido várias formas metafísicas na história
sendo, provavelmente, a mais notável, a noção religiosa de bem e mal:
o mal existente como uma força espiritual que simplesmente não pode ser interrompida
só protegido contra.
Como será discutido mais tarde, esse uso da dualidade do bem e do mal
juntamente com muitas outras hipóteses verdadeiramente supersticiosas
ainda é, muito mais, uma parte da motivação da política retórica
que trabalha para granjear o apoio público para os estados de guerras.
Uma poderosa ferramenta de propaganda, na verdade, especialmente dado o fato
de que a maioria dos seres humanos neste planeta ainda assume
essas formas religiosas de causalidade inerentes à credulidade.
No entanto, se você perguntar à maioria dos indivíduos moderadamente instruídos
o que querem dizer com o termo 'mal'
a definição provavelmente seria rebaixada ostensivamente
para a noção científica de instinto humano.
Dado a proximidade desses equivalentes contextuais
acho que o Dr. James Gilligan do Centro de Estudos da Violência da Universidade de Harvard
nos Estados Unidos, teve a resposta mais direta. Afirma:
"Uma razão do argumento instintivo para o comportamento violento
é apoiar o status quo.
Se a violência é inata e instintiva, então, é claro que não há nenhum ponto
na tentativa de mudar o nosso sistema social e econômico."
O que a história e a ciência moderna realmente mostram a respeito
da condição sociológica humana, acerca dos padrões de violência
nos debates da natureza humana?
Encontraram o 'gene de guerra' que permite que este instinto
nos faça matar outras pessoas em ***?
Existe alguma coisa nas ciências físicas que pode expressar
uma causalidade empírica, residente na biologia evolutiva
ou até mesmo na psicologia evolutiva
do organismo humano, que expresse a violência inevitavelmente?
A resposta, como a pesquisa sociobiológica moderna tem mostrado, é, claramente, 'não'.
Verificou-se que toda a base da suposição
que trouxe a conclusão de que os seres humanos são naturalmente violentos
vem de uma comparação estreita de eventos
com elevados níveis de omissão, com respeito a quais circunstâncias
ou condições, permitem tais eventos.
Existe apenas um fator universal que pode ser medido
no que diz respeito ao desenvolvimento e execução de violência
civil ou militar, que é o ambiente.
A única variável rastreável conhecida universalmente
é a natureza física e sociológica do ambiente
onde o ser humano tem se desenvolvido ou existe.
No cerne de nossa definição humana
está, realmente, o ambiente em si, algo que acho bastante interessante.
Como espécie, as nossas instalações, físicas e mentais, foram selecionadas
e tidas remanescentes através da evolução biológica
que selecionou o que melhor permitiu a nossa aptidão e sobrevivência.
Somos, literalmente, uma manifestação do ambiente físico
e das leis naturais da física que governam esse ambiente.
Isto é o que a evolução é: um processo de moldagem do universo
conformando, lentamente, novas entidades emergentes às condições existentes
para que trabalhem. É por isso que existimos na Terra e temos os componentes que necessitamos
parar respirar. Diferentemente de existir em Vênus.
Se evoluíssemos lá, teríamos componentes muito diferentes
para sermos capazes de sobreviver lá, se é que poderíamos.
Mesmo a nossa expressão genética, que se tem como o cerne
de nossa natureza humana psicológica, supostamente fixa
é, na verdade, controlada por estímulos ambientais
(algo que as pessoas não falam suficientemente).
Por exemplo, se você levar uma criança ao nascer e colocá-la em um quarto escuro
durante um certo período, a propensão genética para ver simplesmente não se desenvolverá.
Se você pegar um bebê, no nascimento, alimentá-lo e abrigá-lo
mas nunca tocar ou dar carinho
não só a criança não crescerá, como provavelmente morrerá
porque carinho é intrínseco à fase infantil de desenvolvimento:
influência ambiental.
No final, o que se verifica é que o maior fator determinante
influenciando o organismo humano, a longo e curto prazo
é o ambiente que nos rodeia, com os nossos genes reagindo a esse estímulo
dentro de uma determinada gama de possibilidades.
Quanto mais aprendemos sobre essa relação
maior parece ser o leque de possibilidades que se revela, em vários níveis.
O maior leque de possibilidades ativado pela causalidade ambiental
está à nível cultural.
Quando percebemos a magnitude da influência cultural sobre a psicologia e sociologia
humana, notamos, brilhantemente
que o imperativo mais profundo que temos
em tratando-se de mudar o comportamento humano
é alterar as circunstâncias onde existimos
tanto no que diz respeito à sobrevivência propriamente dita, como ao acesso às necessidades da vida
e segurança, às influências educacionais e culturais sutis
que moldam a maneira como vemos o mundo e uns aos outros.
Não significa dizer que os humanos não têm uma natureza derivada evolutivamente.
Nosso instinto geral de viver, de procriar
até mesmo para defender-nos, se ameaçados
certamente temos essas tendências; não somos folhas em branco.
A consideração de nossas respostas automáticas comuns ou os chamados instintos
são, na verdade, fatores a se considerar, em geral, na equação
apesar de os distorcerem extremamente.
O que se sabe é que temos uma gama comportamental previsível
baseada, quase inteiramente, nas condições presentes
e a diferença entre um ser humano pegar uma arma
e matar outro a sangue frio, como a instituição de guerra formalmente exige
e outro que escolhe não fazer, é puramente uma invenção cultural.
O que separa um serial killer
que seleciona um tipo de perfil para assassiná-lo sistematicamente
de um soldado que faz a mesma coisa?
Onde está o liame moral?
Para mim, por mais controverso que possa parecer, não existe
pois realmente não há um liame moral
quando as circunstâncias da pessoa são consideradas.
Pois cada pessoa é e só pode ser uma consequência de seu ambiente
tanto através da indução biológica, como da programação cultural
e esta última tem muito mais peso que a primeira
quando se trata de comportamento humano e de escolha.
Desculpe-me pela abordagem.
Para aqueles que possam pensar que tal noção é perigosa
e fria, imoral
talvez com a suposição de que os seres humanos necessitam de algum tipo de orientação moral
de civilidade, como o tradicional mandamento religioso:
"Não matarás".
Pergunto do ponto de vista mais pragmático:
Têm esses ideais seculares feito algo
para parar a violência mundial aparentemente interminável
os abusos entre os homens e as explorações inumanas
que vemos diariamente? A resposta é, obviamente, 'não'.
Moralidade filosófica imposta não salvará o mundo.
Apenas um plano calculadamente tangível
que altere nossas circunstâncias, de forma que tais ações percam seus méritos
parará este comportamento considerado imoral.
Com isso fora do caminho, tomemos um breve exame da história
e sua relação com o conflito.
Começarei em um lugar inesperado: nossos ancestrais primatas.
Estudos antropológicos antigos que tentaram justificar a violência humana
costumavam comparar os seres humanos aos nossos primeiros estágios evolutivos
pela sua semelhança padrão. Superficialmente, parece lógico
uma vez que partilhamos cerca de 95 - 99% do DNA de chimpanzés
e outros primatas nesse espectro. Parece impressionante.
Também pode parecer impressionante que moscas de fruta
partilham cerca de 60% dos genes humanos
mas admitamos que esta relação com o comportamento é dúbia, na melhor das hipóteses.
Isso porque a partilha de genes neste contexto
tem quase nenhuma relevância
por mais contra-intuitiva que pareça esta abordagem.
Independentemente disso, há, de fato, comportamentos comuns relacionados à violência
que vemos entre a sociedade humana e a sociedade primata não humana
como a estratificação social, até mesmo assassinato
elementos de violência organizada, reações de vingança
resposta de confiança e desconfiança
e uma série de outras reações certamente reconhecidas em nossa própria espécie.
Como a cultura humana, também mostram variações únicas e exceções
para este comportamento, com base em experiências e condições
que deixam tais noções de caráter universal
difíceis de diagnosticar empiricamente.
Por exemplo, um antropólogo e neurocientista da Universidade de Stanford
que passou décadas estudando uma tropa de babuínos na África, surpreendeu-se
ao testemunhar uma transformação social após os machos Alfa
do grupo envenenarem-se por acidente e morrerem
restando apenas, na tropa, aqueles subalternos, menos agressivos.
Esta remoção dos Alfas e seus domínios
aparentemente transformou este grupo em um com níveis muito baixos de violência
e agressividade, nunca vistos antes
não só na geração atual, até mesmo uma década depois
devido à mudança ambiento-cultural da tropa
eles ainda mantêm níveis baixos de agressão
mesmo quando incluídos novos machos migrados de outras tropas
possuídos pelas tendências agressivas normais.
Eles são realmente capazes de condicionar os novos membros
em padrões, em média, baixos de agressão
daí, o condicionamento cultural.
Este é um achado único. Isso significa que os babuínos podem ser condicionados
para vestirem ternos e dirigirem carros em manifestações pela Paz
e cantarem 'Imagine' do John Lennon? Claro que não.
Estamos lidando com uma faixa de comportamentos. Portanto, a questão pertinente seria:
Qual a faixa comportamental do ser humano?
Parece que, na biologia, quanto mais simples o organismo
(especialmente o seu desenvolvimento cognitivo, se houver) menor a flexibilidade que ele tem.
O exemplo clássico seria formigas, que mostram comportamentos totalmente previsíveis
quase como sendo meras máquinas bioquímicas
desenvolvendo-se de maneira automática
mas quanto mais complexo o organismo, de um modo geral, mais versátil será.
Se examinarmos o que entendemos hoje sobre a evolução cerebral humana
desde sua condição de répteis até os primeiros mamíferos
às mudanças nos mamíferos desenvolvidos, a evidência indicará
que o estado atual de nosso córtex cerebral, especialmente o neo-córtex
é o que nos permite uma compreensão única, adaptável e flexibilidade
que não damos valor na sociedade, ou mesmo, não reconhecemos.
Isso também é evidente nas grandes e variadas expressões culturais
que vemos e temos visto no mundo historicamente.
É algo único, onde em um lado do planeta
temos comunidades pacifistas com pouca ou nenhuma violência
enquanto, do outro lado: massacres diários.
Sendo que nenhuma evidência destaca diferenças psicológicas
entre as raças, apenas as condições regionais e culturais
podem explicar essas enormes dissonâncias.
Isso remete à história comum da sociedade humana e da guerra.
Provavelmente o melhor lugar para começarmos: o vasto período da existência humana
como caçadores-coletores antes da Revolução Neolítica
e do advento da agricultura e suas ferramentas
sendo cerca de 12.000 anos atrás.
Esquecemos, frequentemente, que 99% do que definimos como ***-Sapiens (nós)
viviam em estruturas sociais igualitárias e não estratificadas
com baixos níveis de violência, e mobilização em ***, para guerras
praticamente inexistentes tal como conhecemos.
Os poucos grupos de caçadores-coletores que ainda existem
em bolsões isolados, demonstram estes padrões pacíficos.
Acontece que após a Revolução Neolítica
com o advento da capacidade de controle do nosso ambiente
logo, produção e armazenamento de alimentos
a criação de ferramentas, o ordenamento das regras de trabalho, etc.
os gérmens de nosso atual sistema socioeconômico foram estabelecidos.
Faz-se simples notar como o conceito básico de valor
derivados do trabalho, deram lugar a um sistema protecionista e recíproco
de troca de trabalho, mesmo que tais valores e noções de mercado
não fossem descobertos até os séculos XVII ou XVIII.
Tendo continuada esta progressão, a partir da Revolução Neolítica
os estilos de vida passivos, e muitas vezes nômades, de caçadores-coletores
foram lentamente substituídos pelas tribos sedentárias e protecionistas
e, eventualmente, situaram sociedades do tipo cidade.
É aqui onde começamos a ver a guerra como a conhecemos
incluindo a tecnologia que permite esse tipo de armamento
sendo esta apenas uma manifestação da primeira.
Nas palavras de Richard A. Gabriel em um texto chamado 'Uma Breve História da Guerra'
"A invenção e disseminação da agricultura
juntamente com a domesticação de animais no século V a.C.
são reconhecidas como os desenvolvimentos que prepararam o cenário para o surgimento
dos primeiros complexos urbanos em grande escala.
Essas sociedades que aparecem quase que simultaneamente por volta de 4000 a.C.
no Egito e na Mesopotâmia, usavam ferramentas de pedra
mas, em 500 anos, estas ferramentas deram lugar ao bronze.
Com a fabricação do bronze veio uma revolução na guerra."
É também o período em que o conceito de estado
e o estabelecimento das forças armadas surgiram.
"Essas primeiras civilizações produziram o primeiro exemplo de estado regido por instituições
inicialmente como chefias centralizadas e, mais tarde, como monarquias.
Ao mesmo tempo, a centralização exigiu a criação de uma estrutura administrativa
capaz de dirigir social ... [Problema técnico com microfone]
O desenvolvimento de instituições estatais centrais e um aparelho de apoio administrativo
inevitavelmente, deram forma e estabilidade para as estruturas militares.
O resultado foi a expansão e estabilização
das castas guerreiras, anteriormente soltas e instáveis.
Por volta de 2700 a.C., na Suméria
existia uma estrutura militar totalmente articulada
e um exército organizado e estável, de acordo com parâmetros modernos.
O exército, como instituição, emergiu sendo uma parte permanente da estrutura social
dotado de fortes reivindicações a favor de sua legitimidade social
tendo estado conosco desde então."
Desde aquela época dessas formas primitivas da civilização moderna
tem havido milhares de guerras
a maioria das quais tem a ver com a aquisição de recursos ou território
onde um grupo está, ou tentando expandir seu poder e riqueza material
ou tentando proteger-se de outros, que, por sua vez, tentam conquistá-lo e absorvê-lo.
Este continua sendo o estado essencial das coisas hoje.
A pergunta a ser feita é: Por que essa tendência persiste?
Onde está sua causa raiz? O que motiva o massacre de um exército
de maneira friamente programada em benefício do estado?
Como ficará claro, à medida que prosseguimos nesta conversa
a tendência para a guerra não é uma característica humana universal, que exige vazão
mas uma vulnerabilidade muito sensível
do senso de identidade social, do sentimento de aceitação
medo e preocupação pessoal comum, que, se devidamente organizados
podem ser manipulados a serviço de um grupo em detrimento do outro.
O debate da natureza humana acerca da violência não mostra universalidades
revela uma tendência de resposta altamente provável
quando certo estímulo ambiental é apresentado ao homem
para gerar medo ou ofensa.
O que vem acontecendo desde o início do período da guerra moderna
não é uma anomalia da sociedade humana
nem parece ser uma tendência humana incontrolável.
Ao contrário, parece ser uma característica natural de:
1) A função da instituição do Estado e sua necessidade inerente de controle
juntamente com sua causa primeira
os pressupostos de escassez de recursos, fundamentais à economia
a superstição e a psicologia que isso perpetua.
Parte Dois: O Estado, Caráter e Coerção
Sendo a própria natureza da guerra moderna quase que representada universalmente
por uma entidade social e um aparato governamental conhecido como o estado
vamos considerar suas características gerais básicas.
A primeira nota é a sua base de auto-proteção.
Como o Estado nasceu da soberania tribal
onde a autoridade independente reivindica uma área geográfica
(uma região roubada de algum outro grupo
que provavelmente irá reivindicar a mesma coisa em outro momento)
a questão da proteção é inerente e consequente.
não só a proteção de forças externas
mas, pelo que pode ser legitimamente chamado, em termos feudais, de 'seus sujeitos'.
Estes sujeitos também são obrigados, historicamente, a manter um dever
ou responsabilidade, em prol da preservação institucional do Estado.
Este remanescente medieval não se restringe à relação de "servitude ao seu país"
como ingressar nas forças armadas, mas é também encontrado nas noções de traição
rebelião e outras proteções legais
que funcionam diretamente contra os cidadãos
se eles saírem "demais" da linha.
Também é importante ressaltar que esses elementos de proteção interna
foram atualizados para meios mais modernos
como o conceito, relativamente novo, de 'terrorista'
e sua definição inerentemente ampla, ambígua
que pode ser aplicada a ambos os cidadãos, domésticos e estrangeiros
admitindo uma forma ainda mais flexível de proteção interna
devido à sua ambiguidade.
No que tange as características gerais e a natureza da interação dos Estados
entidades estatais (desculpem-me) em todo o mundo
é geralmente seguro dividi-los em categorias de superpoderes
poderes, sub-poderes e, em termos feudais, estados vassalos.
Após a Guerra Fria, os EUA emergem como a primeira superpotência do mundo
conforme definido pelo seu poderio militar e econômico.
Os poderes, muitos dos quais estão ganhando força hoje
e podem ser chamados, hoje, de super-poderes paralelos
são as outras grandes economias, como China, Inglaterra, Rússia, etc
cada uma sempre com enorme poder militar.
Os sub-poderes poderiam ser considerados os mais passivos
ainda que independentes, enquadrando a maioria
enquanto os estados vassalos, são os que operam em subserviência
aos estados de poder, muitas vezes fornecendo vantagens econômicas
através da subjugação, em um nível ou outro.
Com respeito à subjugação, esta é uma característica essencial
da natureza predatória da instituição estatal.
É importante ressaltar que as táticas de subjugação
que é o que, em muitos aspectos, fornece o 'poder' aos outros estados
mudaram ao longo dos tempos, tornando-se mais sigilosas em suas guerras.
Alguns destes métodos não chegam a ser fisicamente violentos
pelo menos, não superficialmente.
Estes incluem abordagens econômicas de guerra que servem
como atos de agressão completos, em si mesmos
ou uma parte de um prelúdio processual
à ação militar tradicional, que vem sob a forma de tarifas comerciais
sanções, dívidas por meio de coerção
e outros métodos menos conhecidos, secretos
normalmente ligados a um tipo de dívida
nas relações com o Banco Mundial ou FMI
ou das Nações Unidas, em forma de sanções.
Estas instituições financeiras globais
têm interesses comerciais e estatais pesados por trás delas
e têm o poder de impor dívidas para socorrer países que sofrem
à custa de qualidade de vida de seus cidadãos
muitas vezes assumindo o controle dos recursos naturais ou industriais
através de privatizações ou outras maneiras que poderiam enfraquecer
a capacidade de um país, no sentido de torná-los dependentes de outros
e de suas indústrias.
Isto é simplesmente uma forma mais velada de subjugação
do que vimos com o Império Britânico durante a sua expansão imperial
e a Companhia das Índias Orientais, a força comercial
que se aproveitou dos recursos regionais recentemente conquistados
e da mão-de-obra na Ásia, no século XIX.
Alguns analistas comparam o império britânico com os Estados Unidos
e analisam como os EUA ganhou o seu status
através de, não apenas, pressão militar
mas através desta estratégia econômica complexa e disfarçada
que posiciona outros países como subjugados
aos interesses econômicos e geo-econômicos dos EUA.
Por quê?
Porque, como será abordado mais detalhadamente na Parte III
apesar da retórica supersticiosa em oposição
o Estado não é nada mais que uma manifestação
e extensão do paradigma econômico.
É uma entidade econômica na sua forma mais pura
e isso é algo que muitos hoje parecem não entender completamente.
A conduta do Estado é baseada em métodos de auto-proteção
por qualquer meio necessário. Aqueles que condenam os Estados Unidos
como um império empresarial do Estado
como se tal disposição fosse uma anomalia do comportamento do Estado
não levam em conta a premissa econômica
sobre a qual ele se baseia, como veremos, à medida que avançarmos.
Questões básicas à parte
vamos agora nos aprofundar na tendência coerciva do Estado
no que diz respeito à sua postura perante a guerra.
Uma vez que, por trás do estado (como qualquer instituição) estão seres humanos
e seus valores, a questão do condicionamento em ***
em suporte à integridade do Estado, é fundamental para sua sobrevivência.
Como a história tem mostrado, quando se trata de guerra
o público em geral, raramente, ou nunca
tem interesse no conflito
apenas os políticos e seus financiadores têm.
Então, eles trabalham para seduzir seus súditos ao apoio.
O patriotismo, a honra, a cruzada moral:
O primeiro ponto sobre todas as guerras interestaduais em preparação
é que nunca se expressam como sendo ofensivas
apenas defensivas, a defesa comum, como é chamada.
Nos EUA, Departamento de Defesa é o nome do nosso Ministério da Guerra.
Soa nobre, ao mesmo tempo que implica
uma suposição de medo do externo.
Enquanto grande parte do público vê o medo num sentido tradicional e invasivo
o medo mais relevante é em nível estadual.
Ele é discreto e tem a ver com um medo do poder estatal:
a perda do poder.
Talvez, o melhor exemplo disto está na obra
do ex-conselheiro de Segurança Nacional, Zbigniew Brzezinski
'The Grand Chessboard' ('O Grande Tabuleiro de Xadrez'), onde ele detalha
uma série de observações e previsões extremamente precisas
em relação ao que fará os Estados Unidos permanecer
como a grande potência mundial, especificamente, sua necessidade de controlar a Eurásia
e o Oriente Médio.
Nesta postura, o medo surge de um pressuposto axiomático
de que a liderança global dos EUA seja o único caminho.
O jogo de xadrez para preservar
deveria estar sempre em nosso próprio favor, ou então, talvez
o mundo todo sofreria como resultado.
É uma visão imperialista clássica
onde os americanos e seus aliados devem controlar tudo
porque entendem mais.
Juntando à esta suposição, baseada no medo, se os EUA
não é o poder imperial, então, outro será
e ferirá nossos interesses
que no estágio atual de maturidade social, seria inevitável
(e isto que Brzezinski argumenta), mas em nenhum momento
há uma reflexão viável sobre o equilíbrio social.
Simplesmente não é considerado
o que é absolutamente característico da entidade Estado
e sua fundamentação, por isso, não devemos culpar Brzezinski por sua visão.
Ele simplesmente expressa a triste normalidade
embora, como iremos descrever, ela seja totalmente desumana
e extremamente insustentável.
Ele afirma que "a América é, hoje, a única superpotência mundial
e a Eurásia a arena global central.
Daí, o que acontecer com a distribuição de poder no continente euro-asiático
será de importância decisiva para a primazia mundial da América
e para o seu legado histórico.
Transmutando em terminologia que remonta
à idade mais brutal dos impérios antigos
os 3 grandes imperativos da estratégia geo-imperial
são impedir a conspiração e manter uma dependência segura entre os vassalos
mantendo os clientes dóceis e protegidos
e, também, impedindo a agregação entre os bárbaros.
Doravante, os EUA pode ter determinado
como lidar com coalizões regionais que buscam remover a América da Eurásia
ameaçando o status dos EUA como uma potência global."
Se você ler este trabalho, que foi escrito há 15 anos atrás
notará, mesmo agora
que o Estado imperialista americano e seus aliados vêm atuando
sobre esse interesse específico, explicitamente.
No entanto, você não verá o establishment político ou a mídia
expressando essa visão ao público nos seus boletins diários
embora Brzezinski argumente como se fosse de senso comum.
Os meios de comunicação, corporações e o Estado
recorrem às antigas táticas de coerção psicológica
que se baseiam inteiramente numa espécie de fantasia metafísica da retórica
que utiliza ideias como a fé e a moral
patriotismo e a ideia de honra, o medo na defesa comum
e outros conceitos, em grande parte, vazios
que só servem para mobilizar a população
em apoio aos interesses da parte bélica.
Thorstein Veblen, sociólogo e economista, que será "pouco" citado
nesta apresentação, colocou melhor isso em 1917:
"Qualquer patriotismo servirá de formas e meios aos interesses bélicos
sobre a gestão competente, mesmo se as pessoas
não são habitualmente propensas a um temperamento belicoso.
O sentimento patriótico ordinário manuseado corretamente
pode ser facilmente mobilizado à investida bélica
por qualquer órgão de congressistas razoavelmente hábeis e bitolados
dos quais existem abundantes ilustrações."
De fato abundantes
pois o cerne de toda a motivação social belicosa
circunscreve um subconjunto de valores intangíveis
que são, de todas as formas, extremamente xenófobos
neuróticos e irracionais.
Veblen continua "Também é uma generalização bastante segura
que, uma vez as hostilidades tenham sido iniciadas
pelos congressistas interessados, o patriotismo da nação
pode confiantemente ser incluído no apoio desse investimento
independentemente dos méritos da briga."
Creio melhor contextualizar isso hoje com o bordão americano
que provavelmente mais transporta-nos a outros países "Eu sou contra a guerra
mas apoio o exército!"
Isto é o que poderia ser chamado de "dubiedade orwelliana clássica"
e tem sido muito eficaz na redução dos protestos
ao mesclar-se ao conceito de honra
e à natureza sacrificial do papel dos soldados.
Aqui é onde as cerimônias, trajes elaborados
medalhas e títulos de autoridade encontram seus lugares.
Formaliza-se a honra através de cerimoniais, medalhas e postos de respeito
eventos e outros adornos que impressionam o público
quanto ao valor das ações dos soldados
e, portanto, o valor bélico que eles representam.
Isso também cria um tabu cultural
onde insultar qualquer elemento do aparato bélico
é visto como um desrespeito ao sacrifício
às Forças Armadas, à sua honra, reforçando assim a ampla ilusão
de que o ímpeto bélico é um ato nobre com participantes nobres.
Emparelhada com a noção de honra e o efeito por ela representada
reside a melhor ferramenta para a cruzada: a moralidade.
Veblen continua: "Qualquer interesse bélico, esperançoso em ser desfechado
deve carregar a sanção moral da comunidade ou da grande maioria
na comunidade. Consequentemente, tornando-se a primeira preocupação
do congressista bélico investir sua própria força moral
a favor da aventura desejada.
Há dois focos principais de motivação:
1) A preservação ou promoção
do interesse material, real ou imaginário, da comunidade
2) Reivindicação da honra nacional.
Talvez devesse ser acrescentado um terceiro:
o avanço e a perpetuação da cultura da nação."
Este último ponto sobre a perpetuação da cultura 'da natureza'
é melhor exemplificado pelo slogan imperial ocidental
de buscar espalhar a 'Liberdade e Democracia'
numa noção metafísica / religiosa, pura e simples.
O significado real desta frase, poeticamente fantasiosa, ainda que totalmente vazia
tem mais a ver com a perseverança dos interesses privados e sua liberdade
do que com alguma objeção moral à suposta desumanidade de outro país
ou com o interesse de 'libertá-los', ou coisa do gênero.
Não é diferente do que as cruzadas
infames e ideológicas da Idade Média
que sempre tiveram um interesse subjacente material e territorial
em benefício aos poucos nos bastidores
apesar da sobreposição religiosa alegada na história.
Não consigo pensar em nada mais poderoso
que a mobilização de valores morais religiosos
a serviço dos poucos que realmente ganham com a empresa bélica.
A noção de liberdade e democracia é tão persuasiva
quanto a noção histórica de um grupo religioso em busca da salvação de outro
através da invasão e subjugação.
Espero ter esclarecido esta conexão.
Reconhecido isto, consideraremos o desdobramento do empreendimento bélico.
Com a semente de patriotismo e do reforço sentimental contínuo
numa dada população, cujos políticos procuram incentivar a guerra
o primeiro passo é, geralmente, um evento que cria uma imposição direta de medo
acoplado à uma violação da metafísica da honra nacional.
Zbigniew Brzezinski compreendeu isto muito bem e disse sobre a questão:
"A atitude do público americano de projeção externa
do próprio poder americano tem sido muito mais ambivalente.
O público apoiou o engajamento americano à 2ª Guerra Mundial
em grande parte por causa do choque provocado pelo ataque japonês a Pearl Harbor.
Conforme os EUA torna-se uma sociedade multicultural
fica mais difícil atingir um consenso sobre questões de política externa
exceto numa circunstância de ameaça externa
direta, massiva e clara."
Isso pode não ser apenas uma ameaça
num sentido real, mas também num metafísico
demonstrado em uma desonra ou indignação intangível.
Se analisarmos a história, digo a das guerras dos EUA...
(como norte-americano, é com esta que tenho mais familiaridade)
se a analisarmos, descobriremos que o ponto de provocação
que conduz à guerra é, quase sempre, de natureza menor
em proporção, ao que se segue, há uma indignação moral e neurose de honra
irracional e integralmente exacerbadas
que levam à retribuição, à procura de vingança
manipulando o credo da *** acerca de tais coisas.
Por exemplo, desde a Guerra Mexicano-Americana de 1846
iniciada por uma briga envolvendo a dominação mexicana do Texas
a mídia passou a relatar, improvisadamente, que
"Os mexicanos estão matando nossos garotos no Texas!" em todos noticiários.
Nesta pequena guerra, roubar terras do México
custaram-nos 30.000 mortes ao longo de alguns anos.
30.000 mortes e isso foi há muito tempo.
A Guerra do Vietnã, provocada por um suposto ataque de torpedo
que não matou ninguém, mas arrecadou o apoio público a um envolvimento
que matou cerca de 3,5 milhões de seres humanos!
Quase todas estas guerras imperiais, incluindo a inclusão dos EUA
em guerras mundiais, comportam-se como danos, na aparência estatística
grosseiramente amplificados por reações ultranacionalistas do público.
O entendimento sociológico básico foi formalizado
num plano da CIA chamado 'Operação Northwoods'
quando os EUA estavam procurando uma desculpa para invadir Cuba na década de 60.
Planejavam realizar uma série de ataques terroristas internos
e depois culpar Cuba, de forma a chamar atenção e obter apoio do público
portanto, explorando a sua indignação moral e seu medo. Este é um registro público
e ouso acrescentar
o rei de todos os eventos religiosos modernos
um que provocou todos os níveis de indignação moral
desonra e neurose patriótica
os acontecimentos de 11 de setembro de 2001 provam, além de qualquer dúvida
que a causalidade de uma dada provocação não precisa ter
qualquer caráter relacionado às ações tomadas pelo Estado
considerando um choque suficiente e um fervor ultranacionalista.
Mesmo que a alegação oficial do governo dos EUA
fosse absolutamente verdadeira
as ações tomadas pelo governo e seus aliados, em seguida ao ataque
não tinham qualquer relação com o mesmo.
Absolutamente nenhuma, se você prestou atenção.
[Aplausos]
Apenas deu guarida ao fluxo de revide patriótico
permitindo uma mobilização imperial virtualmente livre.
Voltando ao ponto mais importante do caráter estatal, além dos EUA
os atos de 11/9 também abriram as comportas à uma ampla redefinição de termos
em quase todas estruturas de poder do mundo
porque, intrinsecamente, estas estruturas, a entidade estatal
são auto-suficientes em sua própria definição.
Eles realmente não se preocupam com qualquer outro país ou com sua população.
Não se trata de algo moral. É a maneira que foram construídos.
Da Turquia à Rússia, até Israel, Reino Unido, etc
o benefício de 11/9 foi enorme para o Estado que, ocultando do público
o externo, engolfou e exacerbou seu poder.
Registrando, não há nenhuma guerra contra o terrorismo.
Não pode haver ...
[Aplausos]
Não pode haver tal coisa como uma guerra à uma abstração.
Não possui uma premissa operacional. Não possui um local
e, pior ainda, não possui um noção de vitória
sem mencionar que todos os atos do 'terrorismo' são estatisticamente inválidos
com relação às verdadeiras ameaças à sociedade humana
e à saúde pública, mas isso é para outra conversa.
Trilhões de dólares gastos numa questão, quando temos pessoas morrendo
de tantas outras coisas, onde o dinheiro poderia ser aplicado
mas todos sabemos qual é a real intenção:
A verdadeira guerra a ser travada é a favor da resolução de problemas e da harmonia humana.
A verdadeira guerra está no equilíbrio de poder e justiça social.
A verdadeira guerra é sobre a instituição da igualdade econômica.
Infelizmente, a estabilidade social não é uma característica buscada
pelas grandes empresas estatais, pois não oferece qualquer vantagem.
O verdadeiro instrumento do terrorismo não é como um ato de violência
por uma subcultura incrivelmente pequena e desesperada
mas uma ferramenta de desculpa para o Estado
em favor de consolidação de mais poder, externo e interno. Não me aprofundarei.
Completando esta seção da palestra sobre a manipulação da sociedade
pelos poderes do Estado, de forma a reforçar a integridade do mesmo
à custa de outros estados e seus indivíduos, muitas vezes sou questionado:
O que então define a coesão social e confiança em comunidade?
Não seria patriotismo e orgulho nacional, de alguma forma, forças positivas?
Se você for pensar nisso, quase todas as noções de comunidade
tem basicamente sido substituídas pela premissa, sempre fracionante
da competição de mercado e da privatização de tudo.
Há poucas reminiscências no mundo que incutem
um capital estruturalmente social e confiança em comunidade.
Mesmo aqueles estados denominados igualitários:
Noruega, Suécia, etc estão mostrando
grandes padrões de crescimento e igualdade de renda desequilibrados
daí, sua perda em comunidade. Está ficando cada vez pior, em outras palavras.
Para fins internos, pode-se dizer que o patriotismo tem uma serventia
já que é a única coisa que resta, mas apenas dentro dos interesses
da comunidade isolada.
No entanto, lamento muito dizer, este tribalismo pode facilmente
ser revertido contra outras forças, na mesma lógica.
Tenho certeza de que houve grande camaradagem e apoio interpessoal entre
os 10 milhões de soldados nazistas
mas que a coesão nacionalista também facilitou
um dos maiores exemplos de destruição social
e divisão do mundo moderno.
Em um nível diferente, como nota final, neste ponto
nossas economias estão fora de escala e são internacionais por natureza.
Eles têm que ser. Nacionalismo patriótico não tem lugar
na nossa realidade terrena técnica, em qualquer nível, especialmente em se tratando disto.
O Estado, tal como existe é realmente um redutor incrível
de eficiência técnica quando se trata de apoiar
a população humana através de produção e semelhantes.
O respeito ao meio ambiente como um todo também é perdido
por causa dos limites que são estabelecidos.
Realmente, desacelera certos atributos e responsabilidades inerentes
ter essas paredes territoriais. Não é economicamente eficiente.
Não permite agirmos de modo responsável
em relação ao ambiente, e acho que estamos começando a notar essas questões
cada vez mais, em vários aspectos.
Mesma premissa: Ainda hoje a ideia de 'fabricado nos EUA'
(eu mesmo vi um "feito em Israel", enquanto estava aqui)
é um mantra comum para a publicidade do comércio agora.
No entanto, esta intenção é de uma ineficiência técnica imediata
pois uma produção adequada é um assunto inerentemente global em todos os aspectos
incluindo o usufruto do conhecimento do mundo.
Todo mundo é colaborador do conhecimento; não há conhecimento isolado;
é impossível supor que apenas o seu país poderia produzir coisas isoladas.
É um organismo de conhecimento que continua a evoluir.
No verdadeiro sentido da palavra, a economia não pode ter limites
e restrições. É simplesmente muito ineficiente.
Você pode operar dessa maneira, mas você não estará operando
realmente no verdadeiro sentido de gestão terrena
que é o que uma economia é, portanto, redução de resíduos.
Nacionalismo patriótico não é apenas perigoso, é tecnicamente ineficiente.
Coesão social só pode ser verdadeiramente sustentada
numa escala humana mundial, com lealdade entre nós, o habitat
e as leis da natureza, uma realidade técnica, não uma poética.
Caso contrário, você não terá nada, além de ineficiência, conflitos e degradação
que é exatamente o que temos agora.
Nas palavras de Albert Einstein "Nacionalismo é uma doença infantil:
É o sarampo da humanidade."
[Aplausos]
Parte III: A Cultura de Guerra, Negócios Privados e Concorrência
Na seção prévia, conhecemos algumas características essenciais da entidade estatal.
Agora eu gostaria de expressar a premissa óbvia
ainda que grosseiramente ignorada e fundamental da sua existência
que reforça a lógica de todas as características citadas anteriormente.
Quando refletimos sobre os valores fundamentais do Estado
e seu interesse em auto-proteção, juntamente com a propensão geral
de expansão territorial e comercial
daí, os impérios rotativos vistos historicamente
achamos que o núcleo da instituição é realmente um ponto culminante
nascido a partir de determinados pressupostos
ou seja, aqueles que definem a fundação
do que chamamos de economia moderna hoje
ou, especificamente, economia de mercado.
Gostaria, em primeiro lugar, salientar que ao tentar falar empiricamente
não vejo mérito em termos, como capitalismo ou livre mercado
ou socialismo ou comunismo ou qualquer outro "ismo"
que, realmente, servem como limites do debate
na discussão do funcionamento social, uma vez que representam um quadro
truncado de referência no que diz respeito à nossa economia e o que significa uma economia.
A premissa verdadeiramente fundamental
de todas essas instituições tradicionais é muito mais antiga no tempo
do que qualquer economista tradicional admitiria.
O que descobrimos é que a evolução do sistema econômico que conhecemos hoje
tem estado em sintonia com a evolução contínua da entidade estatal.
Se queremos diagnosticar o que é que inicia a guerra, a subjugação
e disputas territoriais, juntamente com uma possível solução para a paz mundial
precisamos dar um passo para trás, muito distante, e examinar a estrutura
que deu origem à estruturação da nossa vida
e valores, pessoais e sociais.
Como observado anteriormente, a Revolução Neolítica foi um momento decisivo
para a maneira pela qual a sociedade humana organizava-se.
Com a compreensão súbita, logo em seguida eclipsada, da causalidade científica
emergindo lentamente, nossa nova capacidade de controlar o ambiente
e produzir, estrategicamente, mais do que era disponível até então
deu a luz à uma classe produtora
e as trocas comerciais em si tornaram-se especialidades
agregando-se ao modelo sócio-econômico como parte fixa e integrante.
Esta nova base de organização social, eventualmente avançou
ao uso de símbolos que representassem o valor de troca
dentro do comércio, de um bem ou serviço, chamado "dinheiro"
que, de fato, foi a introdução
de uma nova commodity, através desta abstração.
Este valor monetário inerente
uma noção abstrata de valor do papel
(mesmo com o padrão-ouro, ainda era abstrato)
levou ao conceito de investimento.
O trabalho lentamente tornou-se cada vez mais centralizado
conforme a empresa ou fábrica tornou-se propriedade
da classe de investidores que lidava com o dinheiro
como commodity, podendo comprar o produtor.
Então, com o avanço natural da ciência e tecnologia
lentamente reduziu-se a eficiência do ser humano como produtor (mecanização)
de todos os novos conceitos de serviço e produção
por uma questão de manutenção do sistema de trabalho estabelecido
uma transformação ocorreu, onde o papel original da pessoa
mudou da de um produtor que se aproveitava diretamente da troca
por interesse pessoal, para um veículo de servidão aos interesses
da classe de proprietários e investidores.
Hoje, como consequência, a forma de participação social mais bem remunerada
que, na verdade, nada se relaciona com os processos de manutenção da vida
ou com o conceito original de economia, é o investimento.
Como será reiterado adiante, esta consequente classe de proprietários
é a que atualmente manda no mundo, falando coloquialmente.
O sociólogo Thorstein Veblen resume esta questão
a partir de um ângulo ligeiramente diferente, mas bem preciso:
"As teorias padrões da ciência econômica assumiram os direitos de propriedade
e contrato, como premissas axiomáticas e ferramentas finais de análise.
E suas teorias são geralmente desenhadas desta forma:
modeladas às circunstâncias da indústria artesanal e do pequeno comércio."
O que ele esclarece com isso são as noções simplistas do produtor
logo no início, antes da tecnologia moderna.
"Essas teorias parecem sustentáveis, no todo, quando utilizadas na aplicação
à situação econômica, daquele tempo recuado
abrangendo praticamente tudo o que é dito na questão dos salários, poupança
na economia e eficiência da gestão e da produção
pelos métodos da iniciativa privada que se assentam nesses direitos de propriedade
e contrato, regidos pela busca do ganho privado.
É quando estas teorias padrões são aplicadas à situação atual
que superou as condições de produção artesanal
que parecem inoperantes e aberrantes.
O sistema competitivo, assumidos por essas teorias padrões
como condições necessárias à sua própria validade
e sobre o qual elas são projetadas como uma cobertura defensiva
pareceria, nas condições anteriores de pequena empresa
e contrato de pessoal, ter tanto uma suposição passivamente válida
como premissa, como um esquema aceitável de expediente
das relações e movimentações econômicas." Ele continua
"Sob essa ordem artesanal e de pequeno comércio
que levou à padronização destes direitos de propriedade
da forma acentuada que vemos nos direitos e costumes modernos
o homem comum teve uma possível chance de livre iniciativa
e auto-direcionamento, representadas na busca de uma profissão e de subsistência
na medida dos direitos de propriedade que lhe cabiam.
A complexidade das coisas, no que tange a eficácia
da instituição da propriedade e o direito primitivo de posse
mudou substancialmente.
O sistema competitivo, em grande medida, deixou de operar
como uma liberdade natural rotineira, de fato; particularmente, no que tange
a sorte do homem comum - a *** de pessoas sem dinheiro."
O autor então justifica-se. E este é o ponto mais crítico
"Pelo menos na concepção popular e, presumivelmente, em algum grau, também de fato
o direito de propriedade servia como uma garantia de liberdade pessoal
e uma base de igualdade, assim, seus apologistas
continuam a olhar para a instituição.
Em um grau muito apreciável, esta complexidade das coisas
e das concepções populares mudaram desde então.
Embora, como seria de esperar, a alteração nas concepções populares
não manteve o ritmo com as mudanças de circunstâncias.
Na transição à tecnologia maquinaria, o aparato tornou-se uma unidade de operação
e o controle, claramente, não pertence mais ao indivíduo ou ao aparato isolado
mas a um grupo articulado de tais aparatos trabalhando em conjunto
como um sistema equilibrado (corporações)
sob uma gestão empresarial coletiva e, coincidentemente
os trabalhadores individuais têm caido à posição de fator auxiliar
quase como uma peça de suprimento
sendo debitado como um item de despesa operacional
de modo que, neste momento, o direito de propriedade deixou de ser
de fato, uma garantia de liberdade pessoal para o homem comum
e passou a ser, ou está chegando a ser, uma garantia de dependência."
Ele escreveu isso em 1917
para evitar uma divergência aparente
acerca das grandes falhas da economia de mercado monetário, em geral
mantendo-se a par com o foco específico de guerra, o estado
e como evolução desta fundação do núcleo econômico.
É fundamental a compreensão do pensamento de Veblen
por ressaltar o que é o crescimento
de uma premissa econômica abstrata de propriedade
com uma mudança de poder da classe geral de trabalhadores/produtores
para a classe de investimento e negócios
que são, na realidade, uma perversão prejudicial
do conceito de produtor - a base original da teoria
pois essas pessoas não contribuem em nada, literalmente
à base técnico-artística e científica da indústria;
no entanto, elas são agora o foco do interesse.
Curiosamente, devido ao poder já conquistado
por essa classe de investimento e propriedades
temos uma entidade estatal que não só opera
como uma manifestação desses valores de concorrência e de propriedade
mas atrai a maioria dos seus governantes
para o conjunto riqueza, negócios e pool de operações.
Surpresa!
Estes valores também criam e perpetuam um sistema legal
o qual trabalha para beneficiar não apenas os interesses da classe proprietária
mas também o interesse de sua expansão
que é uma marca do empreendimento de capital
o qual se manifesta na tendência, monopolista e imperialista
que define uma característica essencial do estado de grandes dimensões.
Como monopólio comercial no mundo comercial
quanto maior o establishment
mais ele tende a querer aumentar o seu tamanho.
É uma visão de negócios básica.
Sobre a questão da propriedade e, portanto, inevitável atrelamento
à classe de governança, Veblen declara
"Os funcionários responsáveis e os seus principais oficiais administrativos
que podem ser razoavelmente chamados de governo ou de administração
são invariavelmente e caracteristicamente tirados dessas classes beneficiárias:
nobres, cavalheiros, ou empresários
todos chegando ao posto para o objetivo em questão;
o ponto de tudo isso é que o homem comum não partilha
desses recintos, muito menos desses conselhos
os quais são os responsáveis por conduzir o destino das nações."
Acrescenta, em respeito à orientação legislativa
a qual essas classes beneficiárias definidas pelos valores de investimento e propriedade
estão no controle
"Pode-se incluir nisso, com certeza, todo o aparato legal
e todas as agências coercitivas da lei e da ordem, que, de prontidão
defenderão os direitos primitivos de propriedade
sempre que algo for feito em oposição a seu desconsentimento ou restrição.
Há um interesse forte e contumaz conectado
à manutenção da fé pecuniária (que significa dinheiro)
e a classe onde estes coletes de interesses materiais encontram-se, também está
investida dos poderes coercitivos da lei"
o que significa que você está ferrado duplamente.
Dito de outra forma, os fatores que permitem que a classe alta e de propriedade
que têm sido codificadas pela aceitação quase religiosa
dos direitos de comércio, de propriedade e exploração
como a prática do regime social
são reforçados pelo regime jurídico através do próprio eleitorado
que beneficia a maioria pelo próprio sistema econômico e toda a sua ineficiência.
Quando se trata do estado de iniciação de guerra
não é preciso muita criatividade para entender os interesses, comerciais e financeiros
que estão realmente por trás disso, especialmente agora.
É suficientemente ruim que a natureza básica
da culminação da instituição estatal seja econômica
auto-preservativa e de exploração em geral
mas quando cada guerra é levada em conta
e as especificidades de quem ganhou e quem perdeu são entendidas
um novo patamar de predatorialismo configura-se
assim como um nível totalmente novo de aversão.
No passado, o roubo básico de terra e seus recursos inerentes
eram, mais ou menos, o benefício central de guerras interestaduais.
Hoje, podemos estender esses benefícios econômicos
para os gastos militares maciços
que têm grandes impactos sobre o PIB e o comércio
a reconstrução das áreas conquistadas devastadas pela guerra
filiais estatais subsidiárias
o empurrão contínuo da integridade de um país através de tarifas comerciais
sanções debilitantes e imposições de dívida
por causa da subjugação da população
em benefício às indústrias transnacionais
e muitas outras convenções modernas, que, universalmente
beneficiam, na maior parte, um número pequeno de pessoas
e, novamente, as classes de propriedade e investimento.
Este aspecto é melhor expresso
por um dos oficiais mais condecorados do Exército dos Estados Unidos do século 20
o major-general Smedley D. Butler. Ele escreveu um livro após a I Guerra Mundial
chamado de 'War Is a Racket' ('Guerra é uma mentira').
Ele tinha isso a dizer sobre a indústria de guerra
"A guerra é uma mentira. Ela sempre foi. É, possivelmente, a mais antiga
facilmente, a mais rentável, certamente, a mais cruel.
É a única de âmbito internacional. É a única
em que os lucros são contados em dólares e as perdas em vidas.
Passei 33 anos e 4 meses no serviço militar ativo
e, neste período, passei a maior parte do tempo como um musculoso de alta classe
para as grandes empresas: para Wall Street e os banqueiros.
Em suma, eu era um mentiroso, um gângster do capitalismo.
Eu ajudei a fazer o México e, especialmente, o Tampico seguro
para os interesses petrolíferos americanos, em 1914.
Eu ajudei a fazer do Haiti e Cuba um lugar decente
para os bancários nacionais recolherem receita.
Eu ajudei no estupro de meia dúzia de repúblicas da América Central
em benefício a Wall Street. Eu ajudei a purificar o Nicarágua
para a casa bancária internacional "Brown Brothers", de 1902 a 1912.
Eu trouxe luz à República Dominicana para os interesses açucareiros americanos, em 1916.
Eu ajudei a corrigir Honduras para as companhias americanas de frutas, em 1903.
Na China, em 1927, eu ajudei a fazer com que a Standard Oil
continuasse o seu caminho sem ser molestada.
Olhando para trás, eu poderia ter dado a Al Capone algumas sugestões.
O melhor que ele podia fazer era operar sua mentira em três distritos;
Eu operei em três continentes."
É incrível!
[Aplausos]
Gostaria de concluir esta seção apontando
que esta análise é de um aspecto muito amplo
por causa da audiência global abrangida por esta palestra
e da relevância deste esquema de abordagem ampla.
Guerra, enquanto a sua unidade nuclear histórica é, de fato, econômica
também pode ser a força direta da ideologia, cruzada
e direito moral como um motivador central
não só em relação à sanção pública, como observado antes
mas também como um componente ativo da motivação em nível estadual.
No entanto, esta é a exceção, não a regra.
Mesmo com a fundação religiosa, ostensivamente guiada
do Estado de Israel, e o suposto direito divino admitido
como pano de fundo para sua reivindicação de propriedade contra a Palestina
os fatores decisivos ainda estão para serem encontrados
de maneira central, como econômicos.
Como será observado na próxima seção, a paz, provavelmente, não surge
a partir da interação de qualquer estado
ou de qualquer nível de governança pela classe proprietária, a classe beneficiária.
Ela virá do povo, seus sujeitos...
[Aplausos]
que trabalhará para superar, inteiramente, o poder da soberania
percebendo que o nível humano de lealdade
é a única perspectiva possível.
[Aplausos]
Parte IV: Definindo Paz - Um Novo Contrato Social
Como todos sabemos, a paz hoje não é definida por uma reconciliação amigável
de diferenças por largos esforços de colaboração.
Não, hoje a paz é definida pelo armamento competitivo
e a premissa geral de 'destruição mutuamente assegurada'
como foi cunhada em relação à Guerra Fria.
Hoje a paz é apenas uma mera pausa entre conflitos
na fase de civilização global.
Há uma guerra acontecendo em algum lugar praticamente o tempo todo.
Quando não há, as grandes potências estão ocupadas
movendo seus pequenos tanques na areia, construindo armas mais avançadas
vendendo antigas para algum outro país aliado
que, basicamente, porta-se da mesma maneira
tudo sob o título de, não apenas proteção, mas, também, um bom negócio.
Estabelecimentos militares de hoje têm à sua disposição
as formas mais avançadas de propriedade tecnológica
empregando alguns dos melhores cientistas do planeta
neste empreendimento de morte orquestrada.
Quando consideramos o aumento exponencial da tecnologia da informação
ocorrendo no mundo, o que facilita níveis cada vez maiores
de avanço, material e técnico, e avanço de armas
a realização é que níveis incalculáveis de destruição humana
e planetária, possivelmente, nos espera.
Nas palavras de Albert Einstein
como testemunha da expressão da bomba atômica
"Nossa tecnologia excedeu nossa humanidade."
A pergunta a ser feita é se nós, como sociedade, suficientemente, madura
podemos lidar com as possibilidades incríveis
do nosso novo avanço tecnológico?
Tecnologia, que também poderia beneficiar o mundo de maneira profunda
ou beneficiará nossas premissas, tribais e xenófobas, de divisão
e de egoísmo econômico?
Pelo menos, no passado, imaturidade social, prevalência de territorialismo
e dominância, teve um custo limitado, mas temos armas nanotecnológicas
que acabarão por transformar a bomba atômica numa catapulta romana
sendo necessário e urgente um novo nível de responsabilidade e consciência social
pois isso não é mais uma questão de segurança nacional.
É uma questão de segurança mundial.
Parafraseando um dos meus heróis, Carl Sagan, o astrônomo americano
e ávido defensor do pensamento científico e sua aplicação na sociedade
"É quase como se houvesse um Deus e ele nos desse uma escolha.
Podemos usar as nossas capacidades tecnológicas emergentes para melhorar a vida da espécie humana
e criar uma abundância onde ninguém precise sofrer privação ou fome
ou podemos criar melhores meios de destruirmo-nos.
Essa é nossa escolha."
Nosso sistema econômico global é baseado em um darwinismo social
que declara que se todos olharem apenas para seu próprio interesse
muitas vezes, à custa dos outros
que estão, basicamente, buscando a mesma coisa, em teoria
uma ordem maior de equilíbrio social ocorrerá magicamente.
Esta é a fundação mágica meta-filosófica
de figuras, como o pai do livre mercado, Adam Smith
e sua noção de 'mão invisível'
mas as coisas mudaram.
Chegamos a um ponto, onde o nosso auto-interesse
precisa, desesperadamente, tornar-se interesse social
se esperamos sobreviver às muitas provações pela frente.
A nossa aptidão evolutiva está se tornando um imperativo social
não um pessoal ou auto-interessado.
Nosso auto-interesse deve tornar-se interesse social, se esperamos sobreviver
porque eles são, em suma, os mesmos
se você, realmente, seguir a lógica.
Ou nos tornamos uma sociedade globalmente consciente, singular
com os valores centrais respeitáveis como núcleo fundamental, ou perecemos.
Ou mudamos ou morremos.
Hoje, os EUA, Israel e outras extensões do império
estão estimulando os estados do Irã e da Síria em uma crescente e próxima
provocação acerca de recursos energéticos
outros atos de comércio, controle geopolítico e geoeconômico
da Eurásia, como Brzezinski apontou 15 anos atrás.
A recente retirada das tropas americanas do Iraque já liberou alguns recursos
e dado que maior parte das campanhas presidenciais
tendem a perseverar na reeleição do presidente em exercício
não seria surpresa para mim se víssemos emergirem conflitos
antes das eleições de 2012 dos EUA.
No entanto, o Irã não é Iraque. Está em equilíbrio econômico com a Rússia e China
as duas outras superpotências, com capacidades militares enormes.
Não está fora de questão o prenúncio de que qualquer invasão do Irã
gerará, rapidamente, uma desestabilização global do poder
onde uma guerra mundial poderia começar.
Se você examinar as despesas militares dos grandes poderes
verá uma curva ascendente, acelerando, na maioria dos casos, na última década.
Acordo comercial militar desses poderes, como a venda recente de
U$30 bilhões em armas para a Arábia Saudita, revelam a intenção de crescer.
Por outro lado, a Rússia continua a vender armas à Síria
outro estado na mira do império dos EUA.
O Ministro de Relações Exteriores russo, Lavrov, declarou, em meados de janeiro deste ano
na sua conferência anual de imprensa
que a Rússia usaria seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU
para bloquear qualquer resolução que apela à força militar a ser usada contra a Síria
dizendo também que a Rússia está "seriamente preocupada"
sobre a ação militar contra o Irã estar sendo considerada
e juram que Moscou faria de tudo para impedi-la.
"As consequências serão gravíssimas", disse.
"Isso provocará uma reação em cadeia e não sei onde vai parar."
Da mesma forma, no final de 2011, um major-general chinês comentou
"A China não hesitará em proteger o Irã, mesmo numa 3ª guerra mundial"
de acordo com a NDTV, uma estação de notícias chinesa.
Essas reações fazem sentido, sendo o Irã um componente chave de energia
e profundamente enraizado aos interesses geo-econômicos das potências regionais.
No final, quem sofrerá com os interesses desses estado...
essas intervenções do Estado, o imperialismo
e até mesmo com a luta e falta de reconciliação?
(pois o imperialismo está em ambos os lados, se você pensar sobre isso.
As motivações são as mesmas.)? O povo sofrerá.
Possivelmente, em uma escala trágica, levando em conta
a automação crescente das aventuras militares
onde, hoje, menos pessoas são necessárias, com aeronaves drones
que podem ser controladas remotamente, a milhares de quilômetros de distância
entrando em combate sem perda militar direta.
Nem entrarei na questão da perda de empatia
que implica em violência, ainda mais fria, no horizonte
porque as pessoas estão separando-se do ato de assassinato
através de meios automatizados. Acho que o Dr. James Gilligan explica melhor
"No passado, ao longo de quase toda a história humana
a principal ameaça à sobrevivência humana foi a natureza. Hoje, é a cultura."
Portanto, não só o protesto, direto e tradicional, precisa persistir
em sua capacidade limitada
mas é tempo das pessoas do mundo começarem a formar uma nova aliança
que desafia não só o comportamento, doentio e viciado
do Estado e seu incentivo, interminável e juvenil, à guerra competitiva
porém descendo também à raiz de sua natureza causal:
o sistema econômico de mercado monetário
e suas noções metafísicas de propriedade, riqueza
energia, comércio e competição.
Nas palavras de Thorstein Veblen, em 1917
"Constatou-se, no decurso do argumento
que a preservação da presente lei e da ordem pecuniária
com todo o seu incidente de propriedade e investimento
é incompatível com um estado de paz e segurança.
Este esquema atual de investimentos, negócios e sabotagem (industrial)
deve ter uma chance bem melhor de sobrevivência, em longo prazo
se as condições atuais de preparação bélica
e "insegurança" nacional forem mantidas
ou se a paz esperada for deixada em um estado problemático
suficientemente precário, para manter animosidades nacionais em alerta
e, assim, negligenciar os interesses nacionais
particularmente, o bem-estar público.
Assim, se os projetores desta paz, como um todo, estão inclinados
a procurar termos concessivos em que a paz pode ser duradoura
deve, evidentemente, ser parte de seus esforços, desde o início
colocar a caminho
a diminuição (parada) e revogação (fim)
dos direitos de propriedade e do sistema de preços
que esses direitos sustentam."
Reafirmando, a paz não é uma característica
do atual modelo de prática econômica. A pergunta então é:
Que tipo de modelo econômico (se houver mesmo um)
recompensaria, inerentemente, um estado de paz em sua própria construção?
Como o método científico de raciocínio fez o seu caminho na vida cotidiana
com a dissipação lenta de superstição em todo o mundo
(pelo menos com respeito à organização social)
um meio, novo e poderoso, de pensamento está surgindo.
Este meio de pensamento coloca a base da economia
sobre os princípios das leis naturais
e não sobre os caprichos do comportamento humano primitivo
e outras dualidades falsas e coisas que são bagagem de nossa evolução.
É neste trabalho que o Movimento Zeitgeist encontra a sua vocação.
A revolução de nossa premissa econômica, de supersticiosa à científica
não só irá transcender a grande falha da guerra
a neurose de poder do Estado, bem como
superará as grandes ineficiências associadas. Permitirá
e reforçará, um mundo de aperfeiçoamento humano, além de qualquer coisa já vista.
Respeito social e ao meio ambiente (que é desesperadamente necessário)
e abundância de um material que nossa tecnologia poderia criar
se a permitirmos
algo que o mundo jamais viu.
Assim como tivemos uma grande mudança de paradigma social pós Revolução Neolítica
estamos à beira de uma mudança igualmente forte de consciência
conforme galgamos à uma era de pós-escassez e colaboração global.
Hoje não há nenhuma razão técnica para qualquer ser humano morrer de fome
estar sem moradia ou roupas, não ter educação avançada
acesso à saúde pública, tanto física quanto mental.
Se pudermos transcender esse período ***, que, atualmente residimos
civilizações futuras certamente olharão para trás com horror
à loucura enorme de nossas ações, medos e arrogância.
Talvez um novo termo será cunhado para descrever a época em que vivemos.
Gostaria de sugerir 'A Era da Ignorância'.
Em conclusão, farei uma consideração em respeito
à superação dessa máquina de guerra.
Não virá do Estado ou como eles dizem 'sendo éticos no poder'
nem virá através das classes de propriedade e investimento controladoras
as quais projetaram a função da sociedade como nós a vemos.
A paz mundial virá de um aumento global da solidariedade pública
no nível humano civil, virá a partir de
uma rejeição em *** dos valores distorcidos
e táticas de manipulação vinda do estado e dos seus valores comerciais.
Virá de um movimento mundial, ausente de fronteiras
noções raciais ou partidos políticos e religiosos
baseado nas semelhanças imutáveis que compartilhamos como espécie
que simplesmente diz: "Não, não vamos jogar este jogo mais."
Enquanto o mundo está desmoronando ao nosso redor com o desemprego crescente
o esgotamento de recursos, a expansão da dívida sem limites
e pressão de colapso, o que poderia fomentar ainda mais
a motivação para a guerra internacional, como mostra a história
talvez não haja um melhor momento da história moderna
para se levantar e começar a fazer algo de uma forma muito ativa.
1% do mundo está no controle
de mais de 99% da população, no conceito mais amplo.
Eu, realmente, não posso esperar para ver os olhares em seus rostos
quando 99% perceberem o quanto de energia eles realmente têm.
[Aplausos]
Em conclusão, nas palavras imortais de Carl Sagan
"Os velhos apelos ao chauvismo racial, *** ou religioso
ao fervor nacionalista estão começando a não funcionar.
Uma nova consciência está se desenvolvendo, que vê a Terra como um organismo único
e reconhece que um organismo em guerra consigo mesmo está condenado."
Somos um planeta. Obrigado.
[Aplausos]
www.thezeitgeistmovement.com