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Tradutor: Gustavo Rocha Revisor: Cláudia Sander
Um biólogo evolucionário da Universidade de Purdue
chamado William Muir estudou galinhas.
Ele estava interessado na produtividade,
acho que é algo que diz respeito a todos nós,
mas é fácil mensurar com as galinhas porque basta contar os ovos.
(Risos)
Ele queria saber o que poderia melhorar a produtividade das galinhas,
então sugeriu um belo experimento.
Galinhas vivem em grupos, e ele começou selecionando um bando mediano,
e o deixou lá por seis gerações.
Mas daí ele criou um segundo grupo
das galinhas mais produtivas individualmente,
pode-se chamá-las de "supergalinhas",
e as colocou juntas num "superbando",
e em cada geração, ele selecionava somente as mais produtivas para procriar.
Ao final de seis gerações,
o que ele descobriu?
Bem, o primeiro grupo, o grupo mediano, estava indo bem.
Estavam todas gordas e cheias de penas
e a produção de ovos tinha aumentado bastante.
E o segundo grupo?
Bem, só restaram três vivas.
Elas se bicaram até a morte.
(Risos)
As galinhas que produziam individualmente só conseguiram seu sucesso
porque suprimiram a produtividade do resto.
E agora que rodei o mundo falando disso e contando essa história
em todos os tipos de organizações e empresas,
as pessoas percebem a relevância na hora,
e elas vêm e me dizem coisas como:
"Aquele superbando, minha empresa é assim".
(Risos)
Ou: "Assim é meu país".
Ou: "Assim é minha vida".
Por toda minha vida eu ouvi que o jeito de estar à frente era competir:
entre na faculdade certa, consiga o emprego certo, chegue ao topo.
E eu nunca achei que fosse muito inspirador.
Eu abri e gerenciei negócios porque a invenção é uma alegria,
e porque trabalhar junto com pessoas brilhantes e criativas
é uma recompensa em si.
E eu nunca me senti motivada por hierarquias verticais ou supergalinhas
ou por superestrelas.
Mas durante os últimos 50 anos,
nós gerenciamos a maioria das organizações e algumas sociedades
seguindo o modelo das supergalinhas.
Nós pensamos que o sucesso se consegue escolhendo as superestrelas,
os homens mais brilhantes, e, às vezes, mulheres, do grupo,
e dando-lhes todos os recursos e todo o poder.
E o resultado sempre foi o mesmo que no experimento de William Muir:
agressão, deficiência e desperdício.
Se a única maneira dos mais produtivos terem sucesso
é suprimindo a produtividade do resto,
então precisamos seriamente encontrar uma melhor maneira de trabalhar
e uma maneira mais rica de viver.
(Aplausos)
O que faz com que alguns grupos
sejam, obviamente, mais bem-sucedidos e produtivos que outros?
Bem, essa é a pergunta que uma equipe do MIT pegou para pesquisar.
Eles reuniram centenas de voluntários,
colocaram-nos em grupos e deram-lhes problemas bem difíceis para resolver.
E o que aconteceu foi exatamente o que você esperaria,
alguns grupos tiveram muito mais sucesso que outros.
Mas o mais interessante foi que os grupos com melhor desempenho
não foram aqueles que tinham uma ou duas pessoas
com QI espetacularmente alto.
Nem tiveram mais sucesso os grupos que tinham
o maior QI agregado.
Na verdade, os grupos com maior sucesso tinham três características.
Primeiro, eles mostravam altos níveis de sensibilidade social entre si.
Isso é medido através de um *** chamado "Ler a Mente nos Olhos".
É considerado amplamente um *** de empatia,
e os grupos que tiveram as pontuações mais altas
se saíram melhor.
Segundo, os grupos bem-sucedidos dividiam o tempo igualmente,
de maneira que ninguém predominava,
mas também não tinha nenhum aproveitador.
E terceiro, os grupos mais bem-sucedidos
tinham mais mulheres.
(Aplausos)
Será que foi por que as mulheres pontuam melhor
no *** Ler a Mente nos Olhos,
e estávamos duplicando os quocientes de empatia?
Ou será que foi por que deram uma perspectiva mais variada?
Não sabemos de fato, mas o impressionante neste experimento
é que mostrou o que já sabemos, que alguns grupos são melhores que outros,
mas o mais importante para isso
é sua conectividade social entre si.
E como isso se reflete no mundo real?
Significa que o que acontece entre as pessoas é realmente importante,
porque em grupos que são altamente sintonizados e sensíveis entre si,
as ideias conseguem fluir e crescer.
As pessoas não ficam travadas. Não perdem energia em becos sem saída.
Um exemplo: Arup é uma das firmas de engenharia mais bem-sucedidas do mundo,
e foi encarregada de construir o centro equestre
para as Olimpíadas de Pequim.
Esse edifício tinha que receber
2.500 cavalos puros-sangues muito exaustos
que chegavam de voos de longa distância,
com um "jet lag" enorme e não se sentindo muito bem.
O problema que o engenheiro enfrentou foi:
qual a quantidade de excremento deveria levar em conta?
Bem, isso não se aprende na faculdade de engenharia... (Risos)
e não é exatamente a coisa que você vai querer errar.
Ele poderia ter passado meses conversando com veterinários, pesquisando,
mexendo com as planilhas.
Em vez disso, ele pediu ajuda
e encontrou alguém que tinha projetado o Jockey Club em Nova Iorque.
O problema foi resolvido em menos de um dia.
Arup acredita que a cultura da cooperação
é essencial para o sucesso deles.
Bem, cooperação parece um pouco anêmico,
mas é absolutamente essencial a equipes bem-sucedidas,
e comumente supera a inteligência individual.
Cooperação significa que eu não preciso saber tudo,
só tenho que trabalhar com pessoas que sejam boas em ajudar e serem ajudadas.
Na SAP, eles estimam que é possível responder qualquer pergunta em 17 minutos.
Mas não tem uma única empresa de tecnologia em que trabalhei
que imagina por um momento que isso seja um problema de tecnologia,
pois o que motiva a cooperação é as pessoas começarem a se conhecer.
Bem, isso parece tão óbvio, e nós pensamos que vai acontecer naturalmente,
mas não acontece.
Quando eu gerenciava minha primeira empresa de software,
eu percebi que estávamos travando.
Havia muita fricção, mas nada mais.
E aos poucos eu notei que as pessoas
brilhantes e criativas que eu tinha contratado
não se conheciam.
Eles estavam tão focados em seu trabalho individual,
que nem sequer conheciam quem sentava ao seu lado,
e foi só quando eu insisti para que parássemos de trabalhar
e investíssemos tempo para nos conhecermos melhor
que conseguimos realmente impulso.
Bem, isso foi há 20 anos, e agora eu visito empresas
que baniram canecas de café nas mesas
porque querem que as pessoas passem tempo na área das máquinas de café
e conversem entre si.
Os suecos até têm um termo específico para isso.
Eles chamam de "fika", o que significa mais do que uma pausa para o café.
Significa restauração coletiva.
Na Idexx, uma empresa em Maine,
eles criaram hortas na empresa para que as pessoas
de diferentes partes do negócio
possam trabalhar juntas e assim conhecer melhor o negócio.
Será que eles ficaram loucos?
Pelo contrário, eles perceberam que quando a situação aperta,
e sempre vai apertar,
se você estiver fazendo algo inovador que realmente importa,
o que as pessoas realmente precisam é de apoio social,
e eles precisam saber a quem pedir ajuda.
Empresas não têm ideias; só as pessoas têm.
E o que motiva as pessoas
são as conexões, a lealdade e a confiança que eles desenvolvem uns com os outros.
O que importa é a argamassa, e não somente os tijolos.
E quando juntamos isso tudo,
o que temos é algo chamado capital social.
Capital social é a interdependência que constrói confiança.
O termo vem de sociólogos que estavam estudando comunidades
que se mostraram particularmente resilientes em tempos de estresse.
Capital social é o que dá impulso às empresas,
e capital social é o que torna as empresas robustas.
O que isso significa em termos práticos?
Significa que tempo é tudo,
porque capital social se forma com tempo.
Então equipes que trabalham juntas por mais tempo melhoram, porque leva tempo
para desenvolver a confiança necessária para verdadeira sinceridade e abertura.
E é o tempo que constrói valor.
Quando Alex Pentland sugeriu a uma empresa
que eles sincronizassem as pausas para o café
para que as pessoas tivessem tempo para conversar,
o lucro subiu US$ 15 milhões,
e a satisfação dos funcionários aumentou 10%.
Um retorno nada mau de capital social,
que se forma até quando é gasto.
Não se trata de camaradagem,
e não há espaço para folgados,
porque quem pensa assim costuma ser mais arisco,
impaciente, absolutamente determinado a pensar por si mesmo
porque essa é sua contribuição.
O conflito é frequente porque a sinceridade é segura.
E é assim que boas ideias se transformam em grandes ideias,
porque nenhuma ideia nasce pronta.
Ela surge aos poucos como uma criança ao nascer,
meio bagunçada e confusa, mas cheia de possibilidades.
E é somente através da contribuição, fé e desafio generosos
que elas alcançam seu potencial.
E é isso que o capital social apoia.
Bem, não estamos acostumados a falar disso,
de talento, de criatividade desse modo.
Estamos acostumados a falar de estrelas.
E eu comecei a pensar: "Bem, se começarmos a trabalhar assim,
será que vai ser o fim das estrelas?"
Então eu participei dos ***
na Real Academia de Arte Dramática em Londres.
E o que eu vi lá realmente me surpreendeu,
porque os professores não estavam buscando "pirotécnica" individual.
Eles estavam buscando o que acontecia entre os alunos,
porque é aí que está o drama.
E quando falei com produtores de álbuns de grande sucesso,
eles disseram: "Claro, temos muitas grandes estrelas na música.
É só que elas não ficam muito tempo.
São os incríveis colaboradores que conseguem longas carreiras,
porque trazendo à tona o melhor dos outros é como eles encontraram o melhor
neles mesmos".
E quando eu fui visitar empresas que são famosas
por sua engenhosidade e criatividade,
eu não vi nenhuma superestrela,
porque todos lá eram realmente importantes.
E quando eu refleti sobre minha própria carreira,
e as pessoas extraordinárias com quem tive o privilégio de trabalhar,
eu percebi o quanto mais poderíamos agregar uns aos outros
se parássemos de tentar ser supergalinhas.
(Risos)
(Aplausos)
Uma vez que você aprecia realmente como é o trabalho social,
muitas coisas têm que mudar.
O gerenciamento por competição de talentos normalmente
joga funcionários uns contra os outros.
E a rivalidade tem que ser substituída por capital social.
Por décadas, nós tentamos motivar as pessoas com dinheiro,
mesmo tendo uma grande quantidade de pesquisas mostrando
que o dinheiro corrói a conectividade social.
Agora precisamos deixar que as pessoas se motivem mutuamente.
E durante anos, pensamos que os líderes
eram solistas heroicos de quem se esperava
que sozinhos resolvessem problemas complexos.
Agora precisamos redefinir liderança
como uma atividade na qual condições são criadas
para que todos possam usar seus pensamentos mais corajosos juntos.
Nós sabemos que isso funciona.
Quando o Protocolo de Montreal exigiu a remoção progressiva de CFCs,
os clorofluorcarbonos envolvidos no buraco da camada de ozônio,
os riscos eram enormes.
Os CFCs estavam em toda parte,
e ninguém sabia se poderiam encontrar um substituto.
Mas uma equipe que respondeu ao desafio adotou três princípios chave.
O primeiro, disse o gerente de engenharia, Frank Maslen:
"Não haverá nenhuma estrela nesta equipe.
Nós precisamos de todos.
Todos têm uma perspectiva válida".
Segundo: "Trabalhamos somente por um padrão,
o melhor imaginável".
E terceiro, ele disse ao seu chefe, Geoff Tudhope,
que ele tinha que cair fora,
pois sabia o quão disruptivo o poder pode ser.
E isso não quer dizer que Tudhope não fez nada.
Ele deu cobertura à equipe,
e ele escutou para garantir que eles honrariam seus princípios.
E funcionou: à frente de todas as outras empresas
enfrentando esse problema difícil,
esse grupo o resolveu primeiro.
E até hoje, o Protocolo de Montreal
é o acordo ambiental internacional mais bem-sucedido
já implementado.
Havia muita coisa em jogo naquela época,
e há muita coisa em jogo agora,
e não vamos resolver nossos problemas se esperarmos que sejam resolvidos
por alguns super-homens ou supermulheres.
Agora precisamos de todos,
porque somente aceitando que todos têm valor,
que vamos liberar a energia,
a imaginação e o impulso de que precisamos
para criar o absolutamente melhor.
Obrigada.
(Aplausos)