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Dizem que foi aqui que tudo começou.
Que nós todos somos filhos da África.
Mas então, porque nos parecemos tão diferentes?
E como um punhado de famílias africanas
veio a se tornar um mundo inteiro cheio de gente?
Eu sou Alice Roberts, médica e antropóloga.
Sou fascinada pelo que ossos, pedras,
e até nossos corpos podem revelar sobre o passado distante.
Estou indo à procura dos rastros deixados pelos nossos ancestrais africanos
em suas jornadas para popularem o mundo.
Dessa vez, as Américas, aparentemente impossíveis de alcançar.
Ow!
Em uma direção, uma vasta parede de gelo.
Na outra, milhares de quilômetros de mar aberto.
Não parece se encaixar.
Isso nos faz repensar todas as nossas teorias sobre os primitivos americanos.
Como as pessoas alcançaram as Américas?
Venha comigo nas pegadas de nossos ancestrais
na mais épica aventura já empreendida.
Com uma população moderna de quase um bilhão,
é fácil esquecer que até bem recentemente
nem uma única pessoa vivia na América.
Para os nossos ancestrais, havia duas boas razões para isso.
Ao sul, o vasto e intransponível Oceano Pacífico,
e ao norte, gelo.
No auge da Idade do Gelo
grande parte da América do Norte estava envolta em um enorme cobertor de gelo
com mais de 3 km de espessura.
Eu vim até a Geleira Ipsuit no Canadá
um remanescente dessas antigas capas de gelo,
para tentar entender o desafio que nossos ancestrais enfrentaram.
Faça tudo bem gentilmente.
Meu guia é Jim Orava.
Ele já escalou alguns dos picos mais formidáveis do mundo.
Isso está me deixando um pouco nervosa.
Jim está subindo uma parede vertical de gelo
com um par de picaretas de gelo e esporões.
Ok, agora estamos prestes a trazê-la para cima, Alice.
Jim está colocando um pino para gelo lá, e vai me amarrar com essa corda.
Então, se eu cair, não vou muito longe.
Ok, subindo.
Gelo pode ser traiçoeiro e enganador.
Posso ouvir o gelo estalando.
É difícil dizer o que é sólido.
Você está indo muito bem.
Estou com o coração na boca.
É íngreme.
Está segurando, Jim? Estou sim.
Isso é realmente enervante.
Estou parada bem na borda dessa fenda que é um precipício.
E eu tenho que andar nessa borda estreita. Eu não posso confiar na neve desse lado.
Não quero ir parar no fundo dessa fenda.
Não pare na neve, porque isso pode ser uma armadilha.
Ok. Muito bem.
Oh, obrigada.
Mesmo com esporões, picaretas de gelo e a ajuda de Jim, foi um desafio.
Imagine famílias da Idade da Pedra numa viagem de 5.000 km através do gelo
sem guia, sem equipamento de segurança e só o alimento que pudessem carregar.
Seguramente tão impossível quanto cruzar os oceanos.
E é isso que é tão enigmático no povoamento das Américas.
Porque essa era uma terra, para todas as intenções e propósitos, inalcançável.
E ainda assim sabemos que as pessoas vieram aqui.
Então, como nossos ancestrais o fizeram?
Minha investigação começa em Calgary.
Todo verão, descendentes dos primeiros americanos se reúnem.
Eu vim ao powwow anual da Nação Tsuu T'ina.
Para eles, é uma oportunidade para celebrarem suas raízes.
Que vestido bonito.
E para mim, é a chance de procurar por algum vislumbre do seu passado.
Esses são líderes de várias tribos diferentes?
Não, dessa tribo.
Dos Tsuu T'ina? Os líderes dessa terra.
Certo. Sim, dos Tsuu T'ina.
Descobertas científicas recentes sugerem que por volta de 70.000 anos atrás
um pequeno grupo deixou a África e foi povoar o resto do mundo.
Mas como eles alcançaram as Américas,
se pelo norte ou através dos oceanos, é um mistério.
O folclore dos Tsuu T'ina diz algo sobre como seus ancestrais chegaram aqui?
Chefe, estou muito interessada em
como os Tsuu T'ina vieram para esse lugar.
Bem, o que foi contado para nós por nossos ancestrais, o povo antigo,
que há milhares de anos atrás estávamos viajando, migrando através do gelo
por causa de um desentendimento em um enorme acampamento.
Eles estavam atravessando o gelo?
Eles estavam atravessando o gelo em Slave Lake.
E havia uma criança pequena que ia nas costas de sua avó.
E havia um chifre apontando fora do gelo.
E a criança estava pedindo o chifre, e então eles tiveram de parar a migração.
Então eles começaram a cavar o gelo para retirar o chifre
mas ele quebrou e se partiu em dois.
E os clãs que já estavam no lado sul, continuaram a migrar para o sul
e os ao norte, ficaram no norte.
E é isso que nos contaram através da história.
É fascinante.
É mesmo intrigante essa história sobre os primeiros Tsuu T'ina,
mencionar uma jornada através do gelo.
Mas é como esse povo se parece que pode ser uma pista mais importante.
Eu visitei uma tribo na Sibéria e acho que há algumas similaridades
entre o seu povo e esse povo da Sibéria.
E poderia ser bastante interessante
dar uma olhada nessas fotos de rostos Evenki.
Essa é uma velha senhora...
e uma mãe e uma criança.
Você acha que esses rostos parecem similares?
Os olhos são parecidos com os Dene de bem longe ao norte
lá no Yukon.
Sim. Bem parecidos.
Esses olhos amendoados. Sim.
E malares altos e largos.
Malares bem largos, sim.
Narizes proeminentes.
Sim.
E não são só rostos similares.
Esse "teepee" é quase idêntico ao "tchum" dos Evenki Siberianos.
Poderia ser mais uma evidência
que as primeiras famílias americanas vieram da Sibéria?
Ou seria apenas coincidência?
Se os ancestrais dos Tsuu T'ina vieram do norte,
devem ter vindo de além do Alasca.
Porque, no lugar do Estreito de Bering,
há 20000 anos atrás havia uma vasta faixa de terra, Beringia.
Mas uma imensa vastidão de gelo ainda bloqueava o caminho
para o resto das Américas.
É hora de dar uma olhada nesses lençóis de gelo com mais detalhe.
Bem, cientistas climáticos atualmente podem fazer algo maravilhoso.
Eles nos permitem retroceder no tempo e nos dão um relatório do clima primitivo.
Estou olhando aqui para um mapa da América do Norte,
como ela era há 22.000 anos atrás.
Então, antes do auge da última Idade do Gelo.
E você pode ver esse tremendo lençol de gelo bem na parte superior.
Bom, vou avançar no tempo...
e vamos ver o que acontece com esse lençol de gelo.
Está se movendo nas bordas.
Na verdade está se partindo em dois.
Se parte em dois lençóis de gelo e um corredor aparece.
Então, havia um caminho há mais ou menos 13.500 anos atrás.
Seria esse corredor o portal para as Américas?
Alô. Você é o Bert?
Sou o Bert.
Se alguns caçadores aventureiros vieram pelo corredor no gelo,
podemos estar certos de uma coisa:
não deve ter sido fácil.
Mesmo hoje em dia, temos a sensação que a Idade do Gelo
ainda abraça essas montanhas.
O caminhoneiro Bert Van de Wetering
sabe o quanto traiçoeiras essas paragens do norte podem ficar de repente.
É o meio do verão e ainda temos neve.
Isso mesmo. A área onde vamos entrar daqui a pouco
tem muitas encostas, então há deslizamentos,
e a estrada fica fechada um bom tempo por causa das avalanches.
Eu presumo que deve ficar muito gelado e escorregadio em pleno inverno.
Isso por aqui pode ficar muito louco.
Você pode ter chuvas congelantes, e pode ter temperaturas realmente baixas.
Às vezes nos vemos muita neve.
Sim. Quanto frio faz?
Temos menos 20. Acho que antigamente era mais frio,
mas ainda temos menos 20.
É bem frio.
Oh, sim.
Mas isso não é nada comparado com o corredor no gelo há 13.000 anos.
Qualquer família vindo por esse corredor
certamente deve ter enfrentado uma jornada infernal,
amontoados contra um vento cortante
numa terra de rios torrenciais e gelo flutuante.
Será que alguém tentou?
E se tentou, será que conseguiu?
As respostas para essas questões estão naquela direção.
Porque através da América do Norte
arqueólogos têm achado milhares de objetos como esse.
São chamados pontas de Clovis.
E datam de apenas algumas centenas de anos
depois que o corredor no gelo surgiu.
Então, essa poderia ser a via de entrada.
Mas que tipo de mundo
esses pioneiros teriam achado do outro lado do gelo?
As ferramentas em si, são indícios importantes.
E para descobrir como, vim me encontrar com o arqueólogo Andy Hemmings.
Então essas são as clássicas pontas de lança de pedra Clovis.
Sim. É importante compreender sobre Clovis,
que não eram apenas pontas de pedra,
mas eles também faziam pontas de osso e marfim bastante letais e efetivas.
Essas são sofisticadas máquinas de matar de 13.000 anos atrás
E que tipo de animais você acha que eles caçavam com elas?
Os mais comuns que temos achado diretamente associados com elas
são mamutes, bisões e mastodontes, nessa ordem.
Mas em sítios Clovis através do Novo Mundo,
nós achamos mais de125 espécies de plantas e animais.
Portanto eles eram caçadores genéricos,
mas você acha mesmo que eles caçavam mamutes?
Oh, com certeza.
O melhor exemplo provavelmente é um sítio no sudeste do Arizona
onde oito pontas de Clovis foram achadas num corpo de mamute.
Cinco delas foram achadas atrás da nuca
e na frente dos omoplatas,
qualquer uma delas podendo ter causado um ferimento fatal.
Andy me mostra a maneira que ele acredita que eles faziam.
Andy, isso para mim não se parece muito com um mamute.
Não havia animal no Pleistoceno com um couro tão duro.
E se pudermos fazer um furo naquilo... se você puder furar aquilo,
poderíamos comer qualquer coisa. Exatamente como o povo de Clovis fazia.
Certo. Então tenho meu lançador.
Vamos ver o que você pode fazer.
Acertou de raspão. Você o deixou mais lento.
Acertei na pata. Tente outra vez.
Arranhou.
Quer me mostrar como faziam, Andy?
Vou tentar.
Oh, meu Deus!
Caramba, fez uma baita mossa nessa porta de metal.
Acertou em cheio, e como pode ver, destruiu a ponta da minha lança.
Teria penetrado no couro de um mamute ou mastodonte.
É.
O mamute e o mastodonte, dois dos mais formidáveis animais
que vagavam por essas vastas paisagens.
Mas que não eram páreo para um povo com uma arma mortal como a ponta de Clovis.
Alguns imaginam os pioneiros dessa nova fronteira
imersos numa orgia de matança,
exterminando animais da Idade do Gelo como o mamute.
A evidência é questionável.
Mas a imagem do caçador implacável permanece.
Então, parece como se pequenos grupos de homens, mulheres e crianças,
tivessem feito essa primeira entrada na América há cerca de 13.500 anos.
Usando suas ferramentas sofisticadas, eles tiraram o máximo partido do seu novo lar
e se espalharam por todo o continente de costa a costa.
Até recentemente, essa era a versão da pré-história americana
que a maioria dos especialistas concordava.
Mas novas descobertas aqui no Texas
estão ameaçando reescrever a história inteira.
O arqueólogo Mike Collins é um sujeito muito paciente.
Por 15 anos, ele vem escavando esse pequeno campo perto de Austin.
E ele encontrou algo que ninguém esperava.
Então, Mike, que tipo de datas você vem encontrando aqui?
Nós temos a pré-história inteira do centro do Texas representada nesse sítio.
Os tipos de artefatos encontrados e as poucas datas absolutas que temos
nos dizem que tinha gente aqui desde 500 anos,
até 13.500 anos atrás.
E mais importante, nós temos material abaixo disso.
Abaixo de Clovis, então mais antigo que Clovis?
Mais antigo que Clovis. Pré-Clovis.
Certo. Bem aqui nesse sítio.
Mas por anos os arqueólogos pensaram
que Clovis fosse a primeira cultura das Américas.
Sim, muitos arqueólogos pensavam assim,
mas alguns de nós desconfiavam.
E do outro lado do sítio, você pode ver o nível Clovis
e pode ver os artefatos sob ele.
Você quer vê-los? Adoraria vê-los.
Então vamos.
Mike, é um poço de prova bem fundo.
Sim, é um poço de prova fundo
e nós estamos realmente interessados nessa parte dele, bem aqui.
Porque bem por aqui nós temos os artefatos Clovis,
mas conforme escavávamos mais, continuávamos a ter artefatos abaixo,
por cerca de 20 ou 25 cm mais.
Uma bela lasca aqui, por exemplo, com uma plataforma
e boas marcas de lascas nele.
Nós temos uma data daqui de baixo de 14.400 anos.
14.400?
Sim.
Isso é pré-Clovis.
Por 1.000 anos.
Quer dizer, isso é incrível, porque nos obriga a repensar
todas as nossas teorias sobre os primeiros americanos.
Sim, temos que reavaliar nossos paradigmas.
Nós precisamos ter um novo enfoque para a população das Américas.
Mike, quanta certeza você tem quanto a datação desses artefatos?
É apenas uma data,
então temos que corroborar com mais evidências.
E é nisso que estamos trabalhando.
Por enquanto, podemos apenas tentar desenhar conclusões
das evidências emergindo daqui,
mas nossa grande teoria de como os primeiros humanos chegaram na América
decididamente está começando a parecer enganosa.
Porque se realmente havia
pessoas vivendo aqui em Gault tão cedo como Mike diz,
então deve ter havido outra rota para as Américas,
porque o corredor entre o gelo ainda não estava aberto.
Mas eu preciso de mais provas.
E se as afirmações vindas da América do Sul forem confiáveis,
então eles podem ter evidências ainda mais antigas e convincentes
do que as que vi aqui no Texas.
É hora de deixar a América do Norte e rumar para o sul.
Tenho pela frente uma viagem de três dias, que eu espero que valha a pena.
Porque o que estou prestes a ver pode mudar tudo.
Meu destino é Santarém no Brasil.
E lá tem uma excelente via de transporte pré-histórica - o Amazonas.
Estou prestes a embarcar numa viagem de sete horas pelo rio
para ir a um lugar muito especial, o lar de alguns dos mais antigos Sul Americanos.
E a menos que eu queira ficar de pé a viagem inteira, é melhor me apressar.
Acho que isso vai ser bem confortável.
Olhando para os demais passageiros, tenho a sensação de dèja vu.
Estou certa de ver as mesmas características do Leste da Ásia
que eu vi no norte.
Poderiam ser ainda os ecos
de antigos ancestrais siberianos?
Fogos de artifício improvisados anunciam a nossa chegada
no minúsculo porto de Monte Alegre.
Bem, estamos chegando no porto e minha viagem está quase terminada por hoje.
Mas ainda tenho um longo caminho amanhã.
Nelsi. Oi!
Alô. Oi!
Na manhã seguinte, Nelsi Sadeck veio me buscar,
um homem com vasto conhecimento sobre o sítio especial que vai me mostrar.
É um longo caminho, e fui avisada que pode ser um pouco difícil.
Também é incrivelmente esburacado, e temos que tomar cuidado com a cabeça.
Ow!
Vamos ter que limpar um pouco da folhagem do caminho
antes de podermos seguir adiante.
Posso ver porque não é uma grande atração turística.
Ok!
Ooh, está calor.
Temos realmente que tomar cuidado aqui,
porque há morcegos, posso ouví-los.
Portanto há risco de raiva, e há também vespas venenosas
que fizeram ninhos em toda a caverna.
Então, não queremos perturbá-las.
Oh, olhe, olhe. Morcegos.
Muitos morcegos.
Morcegos vampiros?
Honestamente? Sim.
Certo. Então mais cuidado ainda.
Quando essas cavernas foram escavadas,
ficou claro que tinham sido o lar de um povo antigo.
Arqueólogos acharam ossos de animais, conchas,
e algumas refinadas ferramentas de pedra.
Bem, essa é uma réplica de uma das pontas
que foram encontradas nessa caverna.
E é muito bonita. Talvez uma ponta de flecha ou de arpão.
É finamente trabalhada, e você pode ver um prolongamento aqui,
que foi desenhado para se fixar numa haste.
E também é bastante diferente das pontas características
que vimos na América do Norte.
Na verdade, todas as ferramentas de pedra daqui são diferentes.
Elas nos dizem que as pessoas sobreviviam num ambiente muito diferente.
Havia um modo de vida inteiramente novo acontecendo aqui.
Uma cultura da floresta tropical, com novos alimentos e desafios,
um mundo longe das planícies abertas do norte.
É um exemplo maravilhoso de nossa capacidade de adaptação a novos ambientes.
Essa é a parte principal da caverna.
As pessoas daqui chamam de Caverna da Pedra Pintada.
Ninguém sabe o significado desses estranhos símbolos
pintados em ocre vermelho.
Mas durante as escavações,
a caverna começou a revelar outros tesouros.
Então, Nelsi, foi essa caverna que você escavou no início dos anos 90?
Sim, do nível do chão até embaixo nós escavamos 2.2 metros.
E em cada camada, muitas coisas foram achadas.
muitos ossos d pássaros, de peixes. Sem falar nos restos de plantas.
E esses restos de plantas deram aos arqueólogos
sua informação mais importante, a data.
As evidências nas camadas mais profundas datam em torno de 13.000 anos atrás.
Essas são as mais antigas datas que temos para humanos vivendo aqui.
13.000 anos. É uma data incrivelmente antiga para a América do Sul.
Sim, essas datas são muito antigas.
E você deve ter ficado incrivelmente excitado quando encontrou essa data.
Sim, sim, sim.
Essa datação de cerca de 13.000 anos, é de fato problemática.
Desafia a história tradicional de como as Américas foram colonizadas.
Porque significa que pessoas estavam aqui em Pedra Pintada
na mesma época que caçadores na América do Norte.
A data é tão antiga, que acho difícil de acreditar
que seus ancestrais tenham vindo pelo corredor no gelo.
Porque se vieram, significa que levaram apenas
algumas poucas centenas de anos para percorrer todo o trajeto
através da América do Norte, América Central,
até aqui no meio da Amazônia,
se adaptando a todos os diversos ambientes pelo caminho.
Eu não acredito.
Agora me parece mais improvável
que o corredor no gelo tenha sido a primeira rota para as Américas.
As datas da Caverna da Pedra Pintada não encaixam.
Mas existe uma descoberta ainda mais incrível
na América do Sul, que vai reforçar esse argumento.
A trilha arqueológica nos leva 5.000 km ao sul
para uma parte do Chile chamada Los Lagos, o Distrito dos Lagos,
famoso por sua espetacular paisagem vulcânica.
É o meio do inverno Chileno,
e depois do calor e umidade no Brasil,
as condições parecem bem diferentes aqui.
Estou indo para um lugar chamado Monte Verde,
uma minúscula aldeia sem nenhum real significado
a não ser pelo fato que é o local
da talvez mais importante descoberta arqueológica
em todas as Américas.
Os achados em Monte Verde são nada menos que um milagre.
É bem estranho, não há nenhuma evidência
de ter havido aqui um sítio arqueológico.
Tem ovelhas pastando.
Não tem nada de óbvio.
Mas há alguns anos, moradores locais se depararam com algo estranho
despontando na margem do rio.
Ossos de um mastodonte,
um parente pré-histórico do elefante moderno.
Foi numa margem como essa que
os ossos do animal foram originalmente encontrados
o que alertou as pessoas que esse era um sítio arqueológico.
Conforme os especialista cavavam,
eles descobriram muito mais do que apenas os ossos antigos do animal.
Camada por camada,
emergiram os restos de todo um acampamento humano.
Lar de uma comunidade de 20 a 30 pessoas,
com abrigos, áreas de trabalho e montes de refugo.
Uma relíquia única do nosso passado pré-histórico.
A principal estrutura nesse sítio era uma longa cabana, com 20 metros.
Eu vou ver se tiro a medida,
mas acho que vou ter dificuldade,
porque fica onde o rio está atualmente.
Esse tronco tem mais ou menos 7 metros.
Dez metros me levam até ali.
Não quero ir além,
porque não quero acabar dentro dessa corrente gelada.
Mas você pode imaginar como essa cabana ia longe.
E incrivelmente, sabemos como essa cabana foi construída,
por que restos das estacas de madeira e das peles de animais que a cobriam
foram preservados no solo encharcado.
E dentro dessa longa cabana os arqueólogos encontraram lareiras,
e nelas restos de nozes, grãos e sementes
que as pessoas comiam.
As lareiras eram delineadas com argila.
E numa parte dessa argila presumivelmente ainda úmida,
havia a pegada de alguém.
Cerca de 30 metros adiante, havia esse estranho contorno,
que talvez fosse outra cabana bem menor.
Do lado de fora havia ossos descarnados de mastodonte,
mas do lado de dentro havia alguns achados certamente muito intrigantes.
Alguns restos de plantas, algumas delas algas marinhas
que ainda hoje são usadas pelos índios Mapuche como remédios.
Incrivelmente, a equipe encontrou até restos de cascas de batatas.
É a primeira evidência em qualquer lugar do mundo
de humanos usando, comendo batatas.
É surpreendente ter esse grau de preservação num sítio arqueológico.
Isso é realmente um tesouro.
Monte Verde nos dá uma incrivelmente rara e maravilhosa janela
para a vida diária de nossos ancestrais.
Mas além disso,
o que é mais impressionante em Monte Verde é sua idade.
Os 50 mil e poucos artefatos do sítio estão guardados aqui
na Universidade do Sul do Chile.
Os achados arqueológicos de Monte Verde são realmente extraordinários.
Esse pedaço de madeira obviamente foi trabalhado por mãos humanas.
Foi furado ou escavado aqui.
Talvez usado para fazer fogo.
Esse pedaço de madeira foi afiado numa ponta.
Foi achado cravado no solo, como se fosse um grampo de tenda.
E isso é mesmo maravilhoso.
Um pedaço de couro de mastodonte.
Olhe só para isso.
Usando datação por radiocarbono na madeira carbonizada do sítio,
os cientistas puderam determinar sua idade.
E o que essas datas nos dizem
é que havia pessoas aqui no sul do Chile
há 14.500 anos atrás.
É ainda mais antigo que a evidência que eu vi no Brasil.
Tão antiga que afasta completamente a ideia
que os primeiros americanos vieram através do corredor do gelo
de uma vez por todas.
Pessoas devem ter chegado às Américas
bem antes do corredor se abrir.
Mas como as pessoas chegaram aqui,
quando o caminho descendo para a América do Norte
estava bloqueado por gelo sólido?
Bem, talvez eu esteja me esquecendo o óbvio
e exista outro caminho por onde nós alcançamos esse continente.
Até agora, eu assumi que as pessoas vieram para as Américas
do norte, da Beringia.
Mas, e se não vieram?
E se eles tiverem vindo direto da Ásia cruzando o oceano?
Então, os lençóis de gelo não teriam importância.
Seria essa uma ideia maluca?
Se os bisavôs desses antigos americanos
não chegaram através do corredor no gelo,
então talvez tenham chegado através do Pacífico.
E se chegaram, isso poderia explicar
um dos grandes mistérios da jornada humana.
Estou de volta ao Brasil, dessa vez no Rio de Janeiro,
onde vou ver alguns restos humanos muito antigos
que espero que lance alguma luz na ideia
de nossa migração através do Pacífico.
Esses restos são tão preciosos
que têm sido mantidos por 30 anos a sete chaves
no Museu Nacional do Brasil.
Esse belo crânio foi chamado de Luzia.
Pertenceu a uma mulher entrando em seus 20 anos quando morreu.
E data de cerca de 13.000 anos atrás.
Mas não é só a data o que me interessa nela.
É sua aparência.
O antropólogo Walter Neves
acredita ter descoberto um segredo sobre Luzia.
Bom, esse é o crânio de Luzia.
E a má notícia é que ele não se parece como deveria parecer.
Como você esperaria que ele se parecesse?
Bem, como sabe,
os nativos americanos vieram do leste da Ásia.
E vou mostrar um crânio típico do leste da Ásia.
Como você pode ver,
eles têm faces bem diferentes.
Umas das maiores diferenças
em termos da morfologia facial,
acontece nos malares.
Você vê que asiáticos,
tem ossos malares bem largos.
Sim. Ok?
como se projetassem lateralmente.
Sim, e isso lhes dá um rosto largo. Isso mesmo.
Não é isso, esses malares? Isso mesmo. Sim, sim.
E se olhar para Luzia, vai encontrar ossos malares estreitos.
Ok,se Luzia e seu povo
não se parecem asiáticos nem se parecem com nativos americanos modernos,
com quem se parecem?
Descobrimos que, surpreendentemente,
ela se parece mais com Australasianos,
do que com leste asiáticos ou americanos nativos.
Australasianos? Parece estranho.
Mas Walter acha que Luzia
tem mais similaridades com crânios Australasianos do que com qualquer outro.
E quando as feições de Luzia foram reconstruídas,
ficou ainda mais óbvio
que ela não se parece com siberianos ou nativos americanos modernos.
Sugere um feito de navegação sobre humano.
Se esse primeiros americanos parecem mais com australianos e melanésios,
então significa que chegaram aqui através do Pacífico?
Não, não, não, porque se você levar em consideração
a tecnologia disponível há 12, 13 mil anos atrás,
isso seria impossível.
Ok.
Mas então como explica o fato que
os nativos americanos modernos não se parecem com Luzia,
e sim com leste asiáticos?
É muito fácil de explicar.
Porque se você voltar para a Ásia,
por volta de 14.000 anos atrás,
o povo que vive hoje na Ásia,
com sua morfologia típica, ainda não estava lá.
Certo, então você está dizendo
que o povo de Luzia veio para as Américas
antes que surgissem as características dos asiáticos do leste.
Com certeza, com certeza.
Mas eles usaram a mesma rota
que os mongolóides usaram alguns milhares de anos depois.
Então absolutamente não há
evidência de nenhum tipo de uma travessia através do Pacífico.
Com certeza não houve travessia.
Walter é inflexível que o povo da Idade da Pedra
não pode ter atravessado o Pacífico.
Ele acredita que os ancestrais de Luzia vieram da Ásia,
mas antes que as características clássicas dos asiáticos do leste
se tornassem comuns.
Entretanto, Walter não resolveu o mistério
de como os ancestrais de Luzia encontraram um caminho através do gelo.
Bem, parece que novamente chegamos a um beco sem saída.
Não parece haver nenhuma evidência de uma migração cruzando o Pacífico.
Então, significa que o único caminho para a América do Sul era pelo norte,
através dos lençóis de gelo, mas isso parece que não faz sentido.
A menos que, ao invés de virem através do gelo,
os primeiros americanos encontraram um meio de contorná-lo.
Talvez o mar guarde a resposta, afinal.
Se eles não cruzaram o oceano aberto,
poderiam eles terem seguido a costa?
Ainda parece improvável.
É hora de refazer meus passos,
e retornar ao norte na costa oeste do Canadá.
Deve haver evidências ao longo dessas costas.
Mas há um problema.
Como você procura por algo
que está oculto sob centenas de metros de água?
Bem, no auge da última Idade do Gelo
o nível da água deve ter sido muito mais baixo que hoje
e muitos desses fiordes deveriam ser vales profundos.
Hoje, esses mesmos vales onde nossos ancestrais podem ter vivido,
estão cheios d'água.
Por mais que esse possa ser o lugar perfeito
para procurar sinais de uma rota costeira...
O mais frustrante é que a maiorias das evidências provavelmente está lá embaixo.
...esse é o ponto onde a evidência direta
de humanos na América do Norte nos foge.
Mas podemos descobrir se essa jornada costeira seria ao menos possível?
Estou em Vancouver para me encontrar com o botânico forense Rolf Mathewes.
Suas habilidades frequentemente são solicitadas
em casos complicados de assassinato.
No domingo, o corpo parcialmente vestido
da menininha foi descoberto flutuando no...
Quando o corpo de uma menininha foi recentemente descoberto num lago,
a identificação por Rolf de restos de plantas em seu cabelo
ajudou a condenar o assassino.
Mas quando ele não está resolvendo homicídios,
Rolf tem paixão por tentar resolver enigmas do passado.
E a evidência em que ele confia
é tão minúscula que é invisível a olho nu.
Esse é o grão de pólen de um cipreste.
Eles têm coisas que não dá para descrever,
mas eu posso colocá-lo aqui na tela.
Tem só uns trinta milésimos de milímetro.
Esse é um grão de pólen de cipreste de uma amostra marinha?
Bem, não é de uma amostra marinha.
É uma amostra colhida sob 30 metros de água no Estreito de Hecate.
Quando o nível do mar era mais baixo, essa área era terra firme,
com pântanos, rios e lagos.
Mas agora está submersa. Agora está submersa.
E você datou esse pólen, então?
Você foi capaz de datá-lo pelo radiocarbono?
Não podemos datar por radiocarbono grãos de pólen individuais,
mas a amostra de onde esse veio
tem por volta de 17.000 anos.
Então, há 17.000 anos,
nas Ilhas da Rainha Charlotte aqui, na costa oeste do Canadá,
os lençóis de gelo estavam se retraindo e havia vegetação.
Não como uma parede única contínua.
Voltava em espaços muito irregulares,
e surgiam em várias gradações,
dependendo da espessura do gelo, e assim por diante.
O que realmente me interessa é
a possibilidade de uma rota costeira
até a América do Norte para os primeiros colonizadores.
Sim. Então isso,
o pólen nessas ilhas, é um fato isolado
ou poderíamos encontrar vegetação ao longo da costa?
Na época a que você se refere, por volta de 16.000 anos atrás,
havia várias áreas livres de gelo desde o Golfo do Alasca
até o sul da Colúmbia Britânica,
que também estava descongelando rapidamente.
Então você acha que
humanos poderiam vir por essa rota que estava descongelando?
Bem, acho que com certeza.
As possibilidades são muito fortes.
Na verdade, a única outra rota que eu acho que eles podem ter tomado
é descendo o corredor costeiro,
usando essas áreas recém descongeladas como pontos de parada,
conforme iam rumando para o sul.
Finalmente eu sinto que estou chegando a algum lugar.
Antes de encontrar Rolf, eu imaginava o gelo se erguendo diretamente do mar,
se estendendo de costa a costa, formando uma barreira impenetrável.
Mas o que o pólen em suas amostras prova
é que pode ter sido ao menos possível
que humanos tenham contornado a margem do gelo ao longo da costa,
muito antes que o corredor no gelo tenha se aberto no interior.
Mas não deve ter sido fácil.
Famílias descendo a costa, com frequência devem ter tido seu caminho bloqueado
onde o gelo ainda se elevava direto do mar.
E se nossos ancestrais vieram por esse caminho,
ao menos parte da viagem deve ter sido feita de barco.
Mas há alguma coisa que sustente essa ideia de navegação primitiva?
1,500 quilômetros adiante,
na costa da Califórnia,,
surgiu algo notavelmente raro.
um antigo tesouro,
que por milhares de anos conseguiu escapar das garras do mar.
Estou indo para uma linha de ilhas rochosas
próximas à costa sul da Califórnia.
Elas são chamadas Ilhas do Canal.
E a que me interessa é a Santa Rosa.
Não tem barca todo o dia,
e o número de visitantes é estritamente controlado.
Mas, é só um pulinho de táxi aéreo.
E lá vamos nós.
Estamos prestes a aterrissar em Santa Rosa.
Eu tive muita sorte por estar aqui,
porque soube conversando com o piloto Mike,
em muitos dias tem neblina demais para poder pousar aqui.
Hoje, o problema não é a neblina, mas o vento.
Cuidado com os joelhos, pode balançar um pouco.
Muito bem feito. Obrigado.
Esse é um motorista de táxi que merece uma boa gorjeta.
A manhã revela a beleza solitária de Santa Rosa.
Graças ao seu isolamento,
essas ilhas são lar de cerca de 150 espécies de plantas e animais
não encontradas em mais nenhum lugar do planeta.
E há milhares de anos atrás, a vida selvagem era ainda mais exótica,
com criaturas estranhas e maravilhosas, como o rato gigante e o mamute pigmeu.
A evidência do passado único de Santa Rosa está por toda a parte.
Olhe para isso. Se não me engano, é um osso de mamute.
Esse é um osso da pata e aqui tem vértebras,
ossos da coluna, vindo até aqui.
Esses ossos estão enterrados nesses sedimentos
há dezenas de milhares de anos,
e agora estão aparecendo novamente.
Em 1959, um arqueólogo local se deparou com o que se parecia
mais ossos antigos de animais.
Mas o que ele achou foi algo ainda mais excitante.
E essas são as réplicas.
Despontando da encosta dessa colina, ele encontrou restos fragmentados
de dois fêmures humanos, ou ossos da coxa.
Datações por radiocarbono revelaram que esses ossos pertenceram a uma pessoa
que viveu aqui há quase 13.000 anos.
E a descoberta desses ossos é realmente surpreendente.
Porque nessa época,
essa ilha já estava a 10 km do continente.
E isso significa que a única forma de se chegar aqui
era de barco.
Então, não parece muito forçado, imaginar
que o primeiro povo a alcançar a América
deveria também ter pequenas embarcações,
permitindo que viajassem de uma cabeça de praia para a próxima,
na esperança que além da próxima esquina
o gelo tivesse derretido o suficiente para permitir que encontrassem terra nua novamente.
Mas talvez isso seja um pouco demais para ler em um par de antigos ossos da perna.
É frustrante que a evidência arqueológica
para essa rota costeira seja tão esparsa.
Mas existe mais alguma coisa
que eu espero que resolva essa controvérsia
de como as Américas foram colonizadas, de uma vez por todas.
John Johnson é um especialista
na pré-história da costa oeste americana.
Mas há outras linhagens genéticas entre os Chumash
que mostra que eles são um grupo muito antigo...
E por 15 anos ele vem coletando DNA
de nativos americanos vivos.
John e seus colegas montaram o que parece ser
nada menos que um mapa das antigas rotas genéticas.
Alguns anos atrás um amigo meu me telefonou
e me disse que tinha identificado DNA
de uma antiga mandíbula
encontrada no sul do Alasca, numa caverna do sul do Alasca.
O que era fascinante, é que era um tipo raro de DNA.
Encontrado entre apenas 2% dos índios americanos.
Quando John comparou o DNA da antiga mandíbula
com amostras modernas dos dois continentes,
ele notou um padrão.
Ok, temos aqui no sul do Alasca
o DNA original da mandíbula.
Depois temos os índios Chumash que vivem nessa parte da Califórnia.
Também achamos esse tipo no noroeste do México.
Também encontramos entre os índios Caiapó na costa do Equador.
Também encontramos entre os índios Mapuche no sul do Chile.
Entre o povo Yagan no sul da Patagônia.
E aqui em sepultamentos pré-históricos na Terra do Fogo.
Por todo o caminho da costa do Pacífico.
Primariamente de distribuição na costa do Pacífico.
Então para você, isso é realmente decisivo?
Isso significa que houve uma dispersão costeira?
Acho que é a melhor evidência até agora.
É uma evidência indireta de uma antiga migração costeira,
que esse grupo particular desceu a costa do Pacífico,
tirando vantagem dos recursos costeiros.
E deixando para trás descendentes que ainda vivem em todas essas áreas.
Parece que o grande mistério disso,
nossa última jornada humana, está resolvido.
Olhando para todas essas linhas de evidências, então,
parece que a rota mais provável tomada pelos primeiros americanos
não foi através dos lençóis de gelo,
como muitos arqueólogos pensavam,
mas descendo ao longo das costas americanas do Pacífico.
Podemos imaginar esses primeiros pioneiros
remando ao longo das margens de gelo há uns 17.000 anos atrás.
E seus descendentes se movendo ao longo da costa,
alcançando a ponta mais ao sul das Américas,
dentro de apenas um par de milhares de anos.
E com o pé nesse novo mundo,
os primeiros americanos floresceram aqui,
até que eventualmente uns 15.000 anos depois,
eles ficaram frente a frente com alguns membros distantes de sua árvore familiar.
Em 1492,
um pequeno grupo de exploradores europeus chegou nas costas das Américas,
onde foram encontrados por nativos confusos.
Mesmo que ambos os grupos fossem ramos
do êxodo original da África há 70.000 anos atrás,
os europeus não viram os habitantes das Américas
como primos há muito perdidos,
mas sim como incultos, selvagens, até não humanos.
E os nativos americanos viram esses estranhos visitantes
como deuses possuidores de poderes sobrenaturais.
Eles não se reconheceram.
Pelos próximos 400 anos, essas diferenças físicas e culturais
ajudaram a impulsionar a carnificina do povo nativo.
Mesmo estimativas conservadoras apontam centenas de milhares de mortos.
Uma tragédia que parece muito mais sem sentido
à luz do que atualmente sabemos sobre nossa história humana.
Nossas origens na África, as jornadas que nossos ancestrais fizeram
e a ligação genética próxima que todos compartilhamos.
As diferenças entre nós são realmente apenas superficiais.
Somos todos membros de uma espécie jovem que retrocede menos de 200.000 anos,
e todos somos parentes surpreendentemente próximos.
Essa é a história
que surgiu do estudo de pedras,
ossos e dos nossos genes.
Seja onde for que terminemos mundo a fora,
somos africanos sob a pele.
E revelando essa história, refazendo os passos de nossos ancestrais,
me foi dado um senso profundo da nossa humanidade comum,
do nosso passado compartilhado e nosso futuro juntos.
Tradução e sincronização Afonsoaero
Tradução: AW_AMARAL Revisão e Sincronia: igorc