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Por proteção, os corais passam o dia em suas fortalezas de pedra.
Mesmo assim não estão a salvo destes peixes-borboletas.
À noite eles absorvem água, estendem seus tentáculos e se projetam para se alimentar.
Eles colhem plâncton.
Cada tentáculo tem uma série de células urticantes ativadas ao contato.
Uma vez pega, a presa é passada para a boca.
É à noite, com os pólipos estendidos, que eles aumentam a base de calcário.
lnevitavelmente, um cresce por cima do outro...
e isto significa encrenca.
O vizinho se aproxima demais e é detectado quimicamente.
O agressor à direita se prepara para a batalha.
Os pólipos projetam as entranhas para fora...
e digerem seus rivais vivos.
Uma terra de ninguém. Os esqueletos brancos...
são a única prova da batalha noturna.
Alguns corais são o alvo de predadores mais fatais.
Predadores que rastejam em busca de vítimas.
Como esta estrela-do-mar repleta de espinhos.
Máquinas devoradoras venenosas e invencíveis.
Elas também se projetam e digerem o coral.
Mas alguns corais têm ajuda.
Caranguejos que vivem nos corais resistem ao ataque...
e defendem seu lar.
Por baixo atacam o lado vulnerável da estrela-do-mar.
Até a estrela com espinhos foge deste ataque determinado.
Este coral saiu ileso.
Peixe-papagaio-cabeçudo. Quase 1 ,5 m de comprimento.
Seus maxilares poderosos atravessam até pedras.
Quando descem para comer, o próprio recife está ameaçado.
São comedores indiscriminados...
e atacam pedras e corais na sua busca por algas.
Eles têm um papel importante na erosão do recife.
Pedra e coral que engolem saem depois como areia fina.
Em um único recife produzem toneladas dela todo ano.
Esta areia macia forma as praias tropicais...
que achamos tão atraentes.
Com o tempo, a areia forma uma ilha...
que é colonizada por animais e plantas.
Árvores criam raízes... pássaros chegam.
O guano de milhares de andorinhas-do-mar...
que fazem ninho aqui, enriquece o solo...
que então pode sustentar mais plantas.
Mas as andorinhas, como outras aves marinhas...
dependem do mar para se alimentar.
No recife existe a luta por espaço...
e uma briga contínua entre predadores e presas.
Foi a disputa entre eles que, durante milhões de anos...
produziu a diversidade extraordinária de hoje.
O xaréu é um dos predadores-chave no recife.
Sua arma é a velocidade.
Eles procuram peixes-reis...
cuja defesa é formar cardumes de prata cintilante.
Os xaréus tentam levá-los para o recife.
Aqui têm mais chance de separar os peixes do cardume.
Agora eles podem pegá-los com ataques-relâmpago.
É bem mais seguro ficar escondido no recife...
nos túneis de uma esponja, por exemplo.
Estes camarões têm o tamanho de grãos de arroz.
Eles são únicos.
Descobriu-se que eles têm um sistema social sofisticado...
parecido com o de abelhas.
Todos os membros da colônia nasceram de uma fêmea.
Ela é a rainha e a única a produzir ovos.
Como em uma colméia...
indivíduos diferentes executam tarefas especiais.
Alguns são guardas...
e têm garras grandes e poderosas.
Estão sempre em alerta, prontos para atacar invasores.
Um poliqueta.
Para ele, a esponja é um ótimo local de caça.
Neste labirinto de túneis...
o ataque pode vir a qualquer momento de qualquer lado.
Quando os guardas são alertados...
ele perde sua vantagem.
Melhor recuar intacto do que se arriscar a ferimentos sérios.
A esponja é um lar seguro para os camarões.
Como também fornece alimento...
não precisam se aventurar lá fora.
Vale a pena defender um local...
que atende todas as suas necessidades.
Assim como os camarões protegem seu lar...
outros animais defendem seu local de caça.
Os peixes-vidro são presas atraentes para essa garoupa.
Sua estratégia é nadar lentamente entre eles...
até não a verem mais como ameaça.
Também há outros peixes.
O peixe-leão ataca de emboscada.
Sem pressa, espera o momento certo.
Mas não há espaço para dois predadores.
A garoupa encara os espinhos venenosos do peixe-leão...
e tenta expulsar seu rival.
Mas peixes-leões são persistentes.
Esta garoupa passou horas só defendendo sua área de caça.
Alguns animais preferem evitar conflitos.
Estes camarões-palhaço pegaram uma estrela-do-mar...
e a levam para um lugar seguro...
fora do alcance de rivais e de perigo.
Só que estrelas-do-mar têm opiniões próprias...
e cinco braços que grudam.
Quando eles conseguem soltar um braço...
o outro já grudou de novo.
Só virando-a de costas...
eles têm alguma chance de obter vantagem.
Mesmo assim levá-la para casa não é tarefa fácil.
A estrela-do-mar agora é uma despensa viva.
Se os camarões tiverem êxito...
ela vai alimentá-los durante dias.
O topo do recife é coberto por algas verdes...
outra despensa viva, e muitos peixes dependem delas.
'Powder blue tangs' defendem sua zona de alimentação.
Mas uma despensa tão bem abastecida como esta...
sempre tem concorrência.
Quando o cardume de 'convict tangs' resolve comer...
quase nada pode impedi-lo.
Os 'powder blue tangs' tentam afastá-los.
Mas são vencidos pela maioria.
O território é despido de algas em minutos.
Parece uma batalha perdida para os 'blue tangs'.
Mas por fim eles prevalecem.
Eles atacam até os saqueadores irem embora.
À noite criaturas muito estranhas saem de fendas...
e rastejam sobre o recife.
Este arbusto móvel é um animal, um equinodermo...
que estica seus braços para pegar plâncton noturno.
O recife torna-se estranhamente calmo.
Os peixes se retiram e se escondem onde podem.
Estas raias vêm caçar presas enterradas na areia.
Usam eletroreceptores para examinar o leito do mar.
Sua atividade atrai tubarões.
Tubarões-gália-branca.
À noite, quando a visão é pouco útil...
tubarões têm uma vantagem.
Podem usar o olfato...
e a eletrorrecepção para rastrear peixes.
Estes também caçam peixes escondidos dentro do recife.
Com seu corpo delgado podem passar por fendas estreitas.
Não há esconderijo.
Poucos animais se salvam nesta alimentação frenética.
Toda noite os animais do recife sofrem estes ataques.
Mas a vida no recife não é apenas comida.
Também há sexo.
Há muitas estratégias de procriação...
mas todas maximizam o número de filhotes que sobreviverá.
Toda tarde, durante dois meses...
o peixe-barbeiro atravessa recifes no Mar Vermelho.
Todos vão para a mesma área, em geral um local saliente.
Aqui esperarão a luz desaparecer.
De repente, as fêmeas saltam...
e liberam seus ovos.
São seguidas pelos machos mais rápidos e próximos...
que lutam para fecundar os ovos.
Outros vêm se alimentar desta comida fácil.
Enquanto os barbeiros desovam...
Fusileiros surgem para comer os ovos nutritivos.
São os primeiros de muitos predadores...
que se alimentarão dos ovos e das larvas...
que fiarão à deriva no mar nas próximas semanas.
Outros tomam mais cuidado com seus ovos.
O peixe-cachimbo fica perto de uma área escolhida no recife.
Toda manhã a fêmea deixa seu local de dormir...
e sai para achar seu parceiro.
Eles ficam juntos por 10 minutos...
reafirmando o laço que é vital para sua relação.
Nadam em volta do seu território...
em uma dança de saudação.
No verão, quando os ovos da fêmea estão maduros...
a corte de manhã é séria.
É demorada e após duas horas...
eles sobem juntos, entrelaçando seus corpos.
O macho se esfrega na fêmea...
e a estimula a soltar os ovos.
O macho, rapidamente, os pega.
Os ovos, agora presos na sua barriga...
são levemente pressionados para não se soltarem.
A fêmea vai embora...
mas toda manhã ela voltará para o nado sincronizado...
que manterá a sua união.
Dez dias depois, sob o manto da escuridão...
o macho agita o corpo...
e os jovens peixinhos nascem.
Só agora são independentes dos pais.
Como o macho cuida dos ovos assim que são postos...
a fêmea pode começar a produzir a próxima leva.
Sem sua ajuda só procriariam a cada 20 dias e não 10.
Dividindo o trabalho dobram o número de filhotes...
que podem ter em um ano.
Um vistoso molusco, o cuttlefish.
Diferente de outras espécies, esta aqui anda...
em vez de se propulsionar. Este é um macho.
Ele exibe suas cores para seduzir a fêmea maior...
que não parece impressionada.
Por fim, ela cede.
A transferência do esperma é rápida.
O canto de uma jubarte macho.
Jubartes são apenas visitantes do recife.
Após uma gestação de um ano...
as fêmeas vêm aqui para dar à luz...
e amamentar os recém-nascidos.
Seu investimento no único filhote é considerável.
A fêmea o amamenta por mais 6 a 12 meses.
Mas os machos vieram acasalar.
Os machos solteiros cantam...
para estabelecer sua prioridade.
Quanto mais alto e longo o canto...
maior e mais forte o cantor.
Quanto melhor o canto e maior o macho...
mais oportunidades de acasalar ele terá.
Todas as estratégias de acasalamento têm a mesma meta.
Garantir que o maior número possível de filhotes...
viverá o bastante para procriar.
Corais também se reproduzem sexuadamente...
mas como estão presos no solo...
não podem sair para achar um parceiro.
Eles têm que sincronizar sua atividade ***...
e o fazem usando a água quente da primavera...
e as fases da Lua.
Após a Lua cheia no fim da primavera...
quando as correntes de maré estão fracas...
os corais da Grande Barreira estão prontos para desovar.
Alguns corais são machos e soltam nuvens de esperma.
Perto dali uma fêmea soltará ovos.
Outras espécies de corais são macho e fêmea.
Estes soltam pacotes de ovos...
pré-embrulhados em esperma.
Pacotes de ovos e esperma flutuam para a superfície...
para se misturar com outros mais adiante no recife.
Cada tipo de coral marca essa liberação...
para uma certa hora, em uma certa noite.
lsso aumenta a chance de fecundação cruzada.
Os ovos fecundados se afastam do recife.
A estação das tempestades é um perigo para os animais do recife.
Lagostas-das-Caraíbas sentem uma mudança na água.
A temperatura cai...
e ondas violentas agitam a areia.
Na escuridão saem para fugir da tempestade...
e se arriscam a atravessar os baixios expostos...
para se abrigar em águas mais profundas.
Todo ano fazem esta viagem.
De todos os lados lagostas se juntam à marcha.
Uma segue o remoinho da outra para poupar energia.
E juntas, há o benefício da segurança.
Ao amanhecer chegam à beira do recife fundo e descem.
Durante a estação tempestuosa...
se abrigarão em água profunda, fora de perigo.
Nesta época às vezes se forma um furacão...
e então a estrutura do recife em si está ameaçada.
Um recife inteiro pode ser destruído...
por uma única tempestade.
Centenas de anos de crescimento se vão em poucas horas.
No mar, vida nova se desenvolve.
Larvas de coral voltarão para colonizar os escombros...
e um novo recife crescerá na terra devastada.