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Uma viagem até o extremo norte,
onde o Sol do verão jamais se põe.
Aqui está uma das últimas paisagens naturais -
a gigantesca faixa de gelo da Groenlândia.
É o berço dos maiores
e mais espetaculares objetos do planeta -
os icebergs.
Com até 20 bilhões de toneladas de peso
e a altura de um arranha-céus,
esses monstros do oceano há muito nos fascinam.
Agora, nessa série,
uma equipe internacional de cientistas e aventureiros
deseja explorar essas maravilhas do mundo natural.
Uau! Vejam isso!
Eu sabia que eram grandes, mas isso é colossal.
Simplesmente fenomenal.
Eles esperam descobrir a vida secreta dos icebergs -
do nascimento espetacular...
...à sua morte nas águas.
Esse é um sonho tornado realidade.
Um urso polar em nosso iceberg.
Eles estarão arriscando suas vidas
em um dos mais imprevisíveis e violentos ambientes da Terra.
Está caindo aqui.
O pedaço todo está desmoronando.
Repare na onda! Repare na onda!!
Repare na onda!
Esse é um dos maiores casos de destruição natural
que eu já vi em minha vida.
Nesse programa,
a equipe explorará uma geleira ártica,
para tentar responder como os icebergs nascem,
desde blocos de gelo, com apenas mil toneladas,
a gigantescos mega-bergs.
Isso, para mim, é um incrível e grande mistério branco.
Cada medição é vital,
porque isso é como um abismo de conhecimento,
um abismo de dados.
Nós estávamos tentando medir essas coisas
na Catedral de São Paulo, mas nem sei por onde começar.
Se você acha que os icebergs
não são nada mais do que pedaços flutuantes de gelo,
prepare-se para reconsiderar.
OPERAÇÃO ICEBERG
NASCIMENTO DE UM ICEBERG
As geleiras da Groenlândia.
Anualmente, elas produzem 20.000 icebergs -
95% de todos os icebergs do hemisfério norte.
O iceberg que afundou o Titanic veio daqui.
E uma das mais poderosas geleiras da Groenlândia
é a Store.
Um grupo de 24 cientistas,
mergulhadores e equipe de filmagem
veio, agora, investigar essa geleira remota.
A Geleira Store fica na costa oeste da Groenlândia -
um rio de gelo com 400 km.
Ela encontra o mar
com um penhasco de gelo de 8 km de largura.
O acampamento-base da equipe ficará em uma península alta,
com vistas para a frente da geleira.
É uma expedição única,
para o naturalista Chris Packham.
Durante toda a minha vida,
eu fui fascinado pelo mundo natural,
por compreender como ele funciona.
Eu me lembro que, quando era criança,
eu abria minhas enciclopédias infantis
e, ao olhá-las, vi as geleiras.
Essa é a Geleira Store.
É magnífica.
Se for para sofrer um choque cultural com a paisagem,
então, conte comigo.
É um pesadelo logístico -
5 toneladas de equipamento científico e de filmagem,
e suprimentos o suficiente para três semanas.
A especialista em oceanos Helen Czerski
também é fascinada pela Store.
Eu sou física e eu estudo tudo ao nosso redor.
E, assim, ao ver isso,
é como um enorme enigma a ser resolvido,
do ponto de vista da física.
Andy Torbet costumava ser
um desarmador de bombas submarinas.
Aqui, ele estará ajudando os cientistas
a atingir locais onde normalmente não chegariam.
Todas as manhãs, quando eu acordo,
é isso o que eu vejo, e isso resume tudo.
O médico é o Dr. Chris Van Tulleken.
É o tipo de ferimento do qual realmente gosto.
Você vai ficar com uma bela cicatriz...
Maravilhoso!
Faz com que eu me sinta um pouco heróico.
Ninguém se fere demais.
Tanto quanto tratar dos feridos,
Chris está ansioso por descobrir como a equipe
irá se sair nesse ambiente extremo.
Bem, pessoal, boas notícias.
Tenho outro experimento doloroso,
e preciso de um voluntário.
A eles junta-se um grupo
de especialistas em gelo de todo o mundo.
Nós temos 3 estações climáticas operando aqui,
então, é legal ver que elas estão bem.
Todos estão aqui para tentar entender
o nascimento dos icebergs
e, particularmente,
por que geleiras, como a Store, criam tantos.
Todo esse gelo está se movendo.
Desliza-se lentamente, o tempo inteiro,
e, em parte, isso acontece
porque a gravidade força o gelo para baixo -
rumo ao mar -
para cá, onde está a frente do iceberg.
Mas se isso fosse a única coisa que acontecesse,
nós não veríamos tantos icebergs assim.
Então, há algo mais.
Essa incansável geleira
libera 15 bi de toneladas de gelo no mar, a cada ano,
com um máximo, agora, no verão.
É o primeiro dia
e o cameramen polar Doug Allan está filmando
o nascimento de um pequeno iceberg.
É um processo chamado desprendimento.
Mas não é nada, em relação ao que a equipe espera ver -
um mega-berg com vários milhões de toneladas.
O problema com o desprendimento,
até onde eu entendo, é a sua imprevisibilidade.
Há algum ponto na geleira
onde seja mais ou menos provável de acontecer?
Há bastante atividade pequena nessa enseada.
Ela foi meio que esculpida dessa forma,
mas nós veremos os grandões saindo dessas penínsulas.
Eu quero muito ver isso.
Estou bastante preparado
para aturar ser comido vivo por mosquitos
se, ao final disso,
puder ver uma dessas coisas acontecendo.
Seria incrível!
Só precisamos manter nossos dedos cruzados
para que a câmera grave quando acontecer.
Se acontecer.
- Tudo bem, Doug? - Bom te ver.
- Bom vê-lo. - Quer um biscoito?
- Vou trazer-lhe um biscoito. - Tudo bem.
Um biscoito de chocolate, muito obrigado.
É disso que eu gosto nesse cara.
Como todas as geleiras,
Store é um rio de água fresca congelada
em constante movimento.
Eu sou muito bom nesse tipo de coisa!
Digo, Jason também é craque nisso.
A primeira tarefa da equipe
é descobrir quão rapidamente ela flutua.
O glaciólogo britânico Alun Hubbard
quer um helicóptero para plantar um rastreador GPS,
para medir seu ponto mais rápido - a própria frente.
Acha que tem como descermos lá?
Não para pousar. Eu vou só saltar.
- Entendo. - Essa é a idéia...
Um jogo rápido é um bom jogo.
OK. Então, 3 minutos. GPS ligado, bem na frente.
É extremamente perigoso.
Essa parte da geleira
será a próxima a despencar no mar.
Ele calculou que, ligando o dispositivo
durante o tempo em que estivermos aqui,
ele irá se soltar
e conseguiremos todas as medições até então,
e isso é revolucionário, digo, é ciência de ponta.
Não há espaço para uma equipe de filmagem.
O próprio Chris terá que filmar Alun.
Consegue ir até ali?
Ele precisa prender seu GPS no gelo.
Mas ele precisa ser rápido.
OK. 2, 3 minutos, OK?
Oh, meu Deus!
Veja só onde ele está!
Francamente, isso é incrível!
De onde Alun está, no topo dessa parte da geleira,
deve ser uma queda de 100 metros,
e ele tem só uns minutos para fazer o furo,
e inserir o material;
e, francamente, se o gelo se mover
ele não terá chances de sair de lá a tempo.
É simplesmente um pilar
com essa enorme rachadura na lateral.
Se eu fosse apostar,
o próximo pilar de gelo... - Ele seria o próximo a cair.
O pilar deve ceder em breve.
O instinto de Alun lhe diz que isso não será hoje.
Mas ele não tem como saber ao certo.
Oh, isso é incrível!
Ele está inserindo o bastão.
OK, ele está pronto para ir.
OK, nos desça até lá. Ele já o fixou.
Ele quer sair de lá.
4 minutos e 30 segundos.
O dispositivo está seguro.
Não admira que se saiba tão pouco
sobre o nascimento dos icebergs.
É sempre emocionante estar em um lugar tão espetacular.
É uma coisa meio estranha de espaço-tempo, não é?
Eu estou aqui no momento certo ou no errado?
Se tudo der certo, o GPS transmitirá ao acampamento
a velocidade da parte frontal da geleira.
Vou-lhe dizer uma coisa: eu espero que funcione!
Se der errado e tivermos que voltar...
Oh, não, não, não!
A taxa com a qual a geleira flutua
afeta, sem dúvida, o número de icebergs formados.
Mas como irá uma geleira -
uma placa de gelo com 4 bilhões de toneladas -
mover-se, afinal?
Há uma teoria que Helen deseja investigar.
Algo mais está ajudando nisso.
A maioria dos icebergs se forma no verão,
então, a geleira flutua com mais rapidez no verão.
E nós acreditamos haver algumas pistas
para o porquê disso ocorrer, logo mais à frente.
15 quilômetros adentro da geleira,
há uma extensão cintilante de água, com 1 km de largura.
Ela é conhecida como lago azul.
Conforme nos aproximamos de sua superfície,
é como se alguém derramara corante azul lá dentro.
A Store tem meia dúzia desses lagos temporários.
Eles se formam na primavera,
conforme aumenta a temperatura.
A água começa a se acumular.
Uma teoria afirma que a água desses lagos
é drenada para o fundo da geleira,
ajudando-a a deslizar através do leito rochoso.
Mas haverá, realmente, água suficiente no lago
para mover uma geleira com 4 bilhões de toneladas?
É isso o que a equipe espera desvendar.
Oh, uau! Aqui temos uma baita visão.
Você realmente vê a cor. Isso é fantástico.
A glacióloga canadense Michele Koppes
acredita que esses lagos azuis ajudam a criar os icebergs.
Então, o que realmente estamos tentando fazer
é descobrir para onde vai essa água.
Estará ela contribuindo para o desprendimento
nas extremidades da geleira?
Então, é o que acontece daqui até a extremidade.
Em algum momento, o gelo abaixo irá se romper
e drenar o lago, tal como a água escorre por um ralo.
A equipe quer ver quanta água ele capta, antes de esvaziar.
E se eu for um pouco reta, e virá-la de lado?
Que tal assim?
O climatologista Jason Box
tem acompanhado os lagos azuis da Store.
Imagens de satélite de anos recentes lhe dizem que
esse lago já deveria ter sido drenado.
Bem, esse lago está, agora,
2 dias atrasado em relação ao momento de drenagem.
Poderá ocorrer a qualquer momento,
por isso, estou feliz de estarmos aqui fazendo isso.
Antes de ser drenado,
a equipe irá acompanhar o aumento no nível da água,
usando uma câmera de lapso temporal
e um sensor de profundidade.
Queremos obter o máximo de informação possível.
Cada medição é vital,
porque isso é como um poço de conhecimento,
um poço de dados.
Uma rocha age como âncora para o sensor de profundidade.
Mas ela precisa ser posicionada
em uma superfície estável, 10 metros abaixo.
É tarefa pros 2 mergulhadores mais experientes -
Doug e Andy.
Nunca nadei em um lugar assim.
E eu nunca nadei em um local tão remoto,
ou tão selvagem, ou tão dinâmico como esse,
e, certamente, em nenhum lugar onde,
a qualquer momento durante o mergulho,
a água toda poderá ser drenada sob seus pés.
No momento, parece bem calmo,
e acho que podemos nos preparar, entrar rapidamente,
fazer o trabalho, colocar os sensores onde necessário,
e, a seguir, sairmos e tudo ficará bem.
Famosas palavras de adeus!
Ninguém jamais nadou em um lago azul.
Se o lago for drenado inesperadamente,
eles poderão ser sugados para dentro da geleira.
A equipe de segurança irá, então,
tentar segurá-los com cordões de salvamento.
3, 2, 1, pular!
Aqui embaixo é absolutamente lindo!
Todas essas tonalidades de branco e azul.
Eu vou... tentar colocar esse sensor aqui.
O sensor irá, agora,
registrar qualquer variação de profundidade.
Vamos explorar um pouco,
ver se conseguimos encontrar onde está o ralo, não é?
Andy está ansioso para tentar encontrar a abertura,
através da qual o lago poderia ser drenado.
A parte inferior da fenda está aprofundando-se aqui,
conforme nos dirigimos mais para o meio do lago.
Mas há sinais preocupantes
de que o leito do lago é instável.
Saia do meio do lago
e as condições da água são bastante calmas.
Nós avistamos uma coluna ascendente de bolhas
nas águas profundas.
E isso, obviamente, nos dá motivos para preocupação.
Doug, tem uma caverna enorme aqui,
seguindo direto para baixo.
Eu vou dar uma olhada.
Esse poderia ser o ralo do lago.
Para Andy, é um desafio ao qual ele não resiste.
É bem escuro aqui dentro.
É, definitivamente, estreito.
Sem chance. Está muito apertado.
Está ficando apertado demais.
Eu ainda... sequer estou perto do fundo.
Já são 40 minutos de mergulho - 41, agora -
então, está sendo um mergulho longo.
A duração máxima acertada
não era muito maior do que essa, então...
E está frio, e estão consumindo ar rapidamente,
então, eles terão que sair logo,
não importa o que estejam fazendo.
Mas algo mais preocupante ameaça Andy.
Preciso subir.
Eu acho que essa mangueira de ar está congelando.
O gelo está bloqueando o suprimento aéreo de Andy.
Nesse tipo de ambiente,
não dá para tentar consertar o kit embaixo d'água.
Chega um momento em que
você precisa se despedir dele e ir pra casa.
Inteirinho.
Mas a câmera de lapso temporal agora está em posição,
e o sensor de profundidade irá acompanhar o nível da água.
A equipe irá retornar dentro de uns dias
para ver quanta água do degelo acumulou-se no lago.
Enquanto isso, Chris junta-se a Alun e equipe
no barco de pesquisa Gambo.
Na parte frontal da geleira,
a Store tem 8 km de gelo em contato com o mar.
A equipe suspeita que
o oceano também esteja desempenhando um papel
na formação dos icebergs.
Mas chegar até a frente não é assim tão simples.
Você poderia ir até a frente e indicar
esquerda ou direita?
O Gambo é ofuscado pelo imponente paredão de gelo.
É difícil ter uma noção da escala desde aqui,
mas quanto de altura, uns 100 metros?
Sim, um pouco menos.
Para entender como o mar afeta a geleira,
Alun quer mapear sua parte frontal.
Ele usa uma ferramenta poderosa -
um sonar de varredura lateral.
Ele revela a parte oculta da geleira que está submersa.
É o próprio equipamento que envia a onda sonora -
a onda acústica,
a qual repica na geleira e retorna até nós.
Então, esperamos ser capazes de mapear
toda a face da geleira e sua parte submersa.
O responsável por agrupar os dados é Nolwenn.
Feliz com a velocidade, capitão?
Sim, sim. Apenas tenho que reiniciar o software.
Ele acabou de quebrar. - Certo, OK.
Para obter uma imagem detalhada,
o Gambo precisa estar bem perto do paredão de gelo,
justamente onde os icebergs se desprendem.
Eles estão brincando de roleta russa com a geleira.
Só um pouquinho...
Só um pouquinho!
Estamos a 150 metros, agora. Quero manter 200, 300.
Sim, OK.
Como estamos com os icebergs, Johannes?
Você precisa ir um pouco a estibordo.
É a primeira tentativa de qualquer equipe de pesquisa
de mapear toda a frente de gelo submersa
de uma geleira tão grande como essa.
Se eles forem bem sucedidos,
o scan poderá explicar como o mar ajuda
a desencadear o desprendimento.
Mas justo então,
a geleira gigantesca lembra-lhes dos riscos.
Olhem aquilo!
O que aconteceu?
Nós temos um desprendimento, e o que o desencadeou
foi um grande pedaço de debaixo d'água
que subiu bastante para fora da água.
Esse é um caso menor de desprendimento -
lamento dizer, Chris.
Por menor que seja,
se o iceberg tivesse se desprendido minutos antes,
o Gambo teria sido esmagado.
Mas eles já têm resultados.
O que você vê aí?
OK, aqui temos um gráfico 2-D da geleira.
Então, aqui temos a frente da geleira
e o leito marinho aqui.
Aqui está o barco.
E olhando para essa parte, aqui, no topo,
a que distância o barco está, agora, do fundo?
Bem, o fundo do fiorde, nesse momento,
está a cerca de 400 m, aqui.
Então, estamos vendo penhascos
que têm cerca de 80-100 m de altura nível acima,
mas que há 400 metros abaixo d'água.
Sim, sim, no mínimo.
Será inclusive mais fundo em alguns locais.
- Ainda mais fundo? - Sim, passando dos 500 m.
E o gelo ainda estava tocando o fundo?
Ainda tocando o fundo, sim.
Claramente tocando o fundo.
Há 4 vezes mais dos penhascos de gelo
abaixo d'água do que acima.
E uma imagem revela outra surpresa -
o fundo da geleira está desnivelado.
Agora, qual a variação
entre a frente do paredão e suas costas -
de quanto é esse desnível?
No momento, é de cerca de 150 metros. No mínimo.
- 150 metros? - No mínimo, sim...
Pode ser mais profundo, mas não podemos ver
devido ao ângulo em que estamos.
O enorme desnível
significa que a geleira acima é instável.
Isso poderia explicar
por que a frente de gelo está tão propensa a cair.
É o final de um longo dia,
e a equipe precisará retornar para descobrir
como esse desnível está sendo formado.
A expedição está em curso há 1 semana.
A equipe veio preparada para os perigos da geleira,
mas ninguém esperava
uma ameaça muito mais enlouquecedora.
Mosquitos.
Durante o curto verão no Ártico,
os mosquitos sobrevivem do néctar das plantas.
Mas eles preferem o sangue de mamíferos -
qualquer um que eles encontrem.
Vamos dar uma olhada nisso.
Na verdade, são mordidas características.
O Dr. Chris é um especialista em medicina tropical.
Ele não esperava usar essas técnicas aqui.
Ele quer descobrir se algumas pessoas
são especialmente atrativas para os mosquitos.
Boas notícias, pessoal! Tenho outro experimento.
Ele vai ser doloroso e eu preciso de um voluntário.
Andy Torbet, obrigado.
- Eu te odeio! - Vamos lá.
Com amigos assim...
Então, qual é o plano?
Nós vamos nos sentar aqui, sem nossas camisas,
sem nenhum repelente, e ver quem é mais mordido.
Eu gosto de procedimentos experimentais simples.
Você é um gênio(!).
Então, obviamente, há um elemento competitivo nisso.
Quem for mais mordido obviamente perde.
Então, o que eles farão é nos cheirar,
e eles serão atraídos, primeiro, por nosso CO2.
Eles seguirão o rastro de saída do CO2
e, quando se aproximarem,
eles começarão a sentir o suor e os odores do corpo.
Algumas pessoas têm químicos em seu suor,
dos quais os mosquitos gostam bastante.
Verdade...
Todos eles são fêmeas.
E essa aqui está inchada de sangue.
A pessoa mais mordida estará produzindo
mais dos químicos que atraem os mosquitos.
Não há absolutamente nada em você.
Então, quantas?
Eu tenho uma aqui. Duas, três.
Quatro. Quatro. Cinco. Cinco.
Minha vez: 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17...
Por que você teve 32 do lado direito
e apenas 2 do seu lado esquerdo?
Eu acho que por ser a favor do vento.
Eles são mais atraídos pelo CO2 por esse lado,
e eles não estão sendo soprados para fora.
Então, eles foram mais atraídos a você.
Você foi mais mordido.
Meu suor é mais atraente para os mosquitos do que o seu.
Bem, se eu tivesse químicos como o octanol em meu suor,
os mosquitos iriam adorar.
Logo, eu venci!
Tudo o que venci foi em mordidas de mosquitos.
Faz vários dias que a equipe esteve no lago azul
para instalar a câmera de lapso temporal
e o sensor de profundidade.
Então, o que aconteceu?
O lago, definitivamente, ainda está lá.
Ele não foi drenado - ele ficou maior,
então, parece como se estivesse aumentando.
Está sendo preenchido.
Ele estava cheio de ilhas de gelo, antes,
e já não está mais.
O lago subiu tanto que a câmera está a centímetros
de ficar submersa.
Supunha-se que o equipamento
deveria ser retirado da margem.
Andy terá que improvisar.
Eu só quero ele fora d'água o mais rápido possível.
Eu acho isso...
É um pouco angustiante vê-lo.
Eu sei que ele é experiente, e sei que é um bom nadador
e que sabe o que está fazendo na água, mas...
essa água não é um habitat humano...
- Dê para mim. Isso! - Sucesso.
Mas para Helen e Jason, valeu a pena.
As imagens de lapso temporal e os dados do sensor
revelam o que tem acontecido.
É tão suave e, no entanto, vítreo...
Mas você pode ver que
ele está subindo, escalando as laterais do gelo.
Ele está enchendo.
Eu amo a forma pela qual você pode ver
os pedacinhos sendo soprados pelo vento.
Porque eles são acelerados -
eles simplesmente "voam" pelo campo de visão.
Sim, vamos chamá-los de "velocibergs".
Você viu aquele ali?
Mas o sensor de profundidade de Jason é mais preciso.
Ele mostra, exatamente, o quanto o lago subiu.
- Ele foi enchendo bem suavemente. - Sim.
Foi seguindo, seguindo e crescendo,
e, então, desacelerou um pouco no final. - Exato.
É como se enchesse... Você pode ver nesse eixo:
vamos considerar como de 18 a 25 m.
- 7 metros. - Sim, é impressionante.
- É muita água! - É sim.
A equipe calcula que só esse lago, agora, contém
mais de 5 milhões de metros cúbicos de água.
Isso equivale a 2.000 piscinas olímpicas.
Uma quantidade surpreendente.
Junto a outros lagos azuis e à água do degelo da Store,
há água mais que o bastante para ajudar a geleira
a avançar rumo ao mar e a criar mais icebergs.
Os glaciólogos acreditam que a água escoa por canais
para o centro da geleira.
Em sua base, ela espalha-se pelo leito rochoso
e é essa água lubrificante
que permite que o gelo deslize rapidamente.
Então, exatamente com que velocidade a geleira se move?
O GPS que Alun montou no paredão de gelo
deve fornecer a resposta.
Mas às 4 h da manhã -
quando apenas as câmeras estão assistindo,
isso acontece.
Não apenas o pilar de gelo no qual Alun estava,
mas uma seção inteira da frente da geleira se desprende,
levando o GPS consigo.
É o maior desprendimento que a equipe viu até agora.
Mas antes de o GPS ficar submerso,
ele envia dados sobre a velocidade da geleira.
É muito revelador.
Ele diz que a velocidade é de cerca de 25 m/dia.
Isso é pouco menos do que 10 km/ano no paredão de gelo,
e você pode ver que ele variou de algo abaixo de 10 m/dia
e, exatamente antes de se desprender,
você pode ver que está se movendo a mais de 50 m/dia.
É uma idéia adorável, porque o temos examinado
e, na minha cabeça,
eu teria imaginado que ela estava quase parada,
mas não está.
Você está dizendo que ela acelera e desacelera,
e acelera e desacelera com o passar dos dias.
Essa média de 25 m/dia é o comprimento de 2 ônibus.
Ela torna a Store uma das geleiras mais rápidas do mundo.
Então, o fato de que a parte frontal da Geleira Store
está se movendo a uma velocidade tão alta
significa que há montes e montes de gelo escoando,
e isso está gerando montes e montes de icebergs.
É claro. É uma máquina de produzir icebergs.
Essa velocidade só é possível
graças à lubrificação da água do degelo.
Mas a equipe ainda quer descobrir como o oceano
controla a criação de icebergs.
O Gambo retornou para a frente da geleira.
Eles estão de volta para investigar
por que há um desnível tão grande em sua base.
Sim, tente meter em algum lugar, como aqui.
Nolwenn suspeita que a temperatura da água
possa ser a responsável,
e afunda uma sonda no leito marítimo.
A maior parte dos equipamentos do Gambo
foram construídos de modo engenhoso.
De onde veio isso?
A polia superior é, na verdade, uma roda de carrinho de bebê.
Pelos céus, o que está havendo aqui, Nolween?!
Isso é um freio.
Vejam isso!
"Depth" está escrito errado. (Depth: profundidade)
Ela diz D-E-P-H-T! Não há P em "Speed". (Speed: velocidade)
Podem zombar!
Maravilha... É uma engenhoca...
É uma engenhoca completa, sem sombra de dúvidas.
Mas ela funciona.
E as leituras de temperatura são reveladoras.
Então, aqui nós temos temperatura x profundidade.
Então, aqui nós temos a profundidade -
as superfícies aqui: 800 metros aqui.
São 0°C e ali são 6°C,
então, o que nós podemos ver é que, na superfície,
nós temos uma água relativamente quente,
a qual está esfriando muito rapidamente,
e, a seguir, aquece à medida que descemos,
com um máximo de 2.7°C.
E essa água - de 300 m até a base, nos 800 m, está a 2.4°C.
A água do leito marinho é, inesperadamente, quente -
bem acima do congelamento.
O impacto dessa água tão quente é dramático.
Está derretendo o desnível na base da geleira,
enfraquecendo o paredão de gelo,
criando icebergs.
- Grandes dados! - Sim, realmente incríveis!
- Mecanismo terrível. - Sim, mecanismo terrível.
Não se pode vencer todas.
A equipe acredita que a água quente
que está desnivelando a geleira
pode ficar ainda mais quente devido às mudanças climáticas.
Através da própria placa de gelo da Groenlândia,
temperaturas mais quentes na primavera
estão levando a um aumento drástico
na quantidade de gelo e de água do degelo
drenados para o mar.
É algo que preocupa bastante Jason Box.
Houve uma perda líquida de gelo na Groenlândia,
na década passada,
de cerca de 300 bilhões de toneladas por ano.
Isso está gerando, aproximadamente,
1 mm por ano de aumento no nível dos mares,
assim, em 10 anos, isso chega a 1 cm.
Mas não é um aumento linear.
No final do século,
isso produzirá um aumento global no nível dos mares
de entre 1 a 2 metros.
O aumento no nível dos mares é algo que eu acho...
...ele assusta muitas pessoas.
Ele poderia ter um efeito enorme
na forma como vivemos nesse planeta.
Sim, esse é um problema colossal
para centenas de grandes cidades ao redor do mundo.
É provável que a mudança climática acelere os mecanismos
que a equipe tem testemunhado na Store.
Até agora, eles viram como a água do degelo lubrifica
a base da geleira, acelerando-a rumo ao mar.
E eles também revelaram como o mar enfraquece
a base do paredão de gelo.
Juntos, isso resolve o mistério de como a Store,
e geleiras como ela, criam icebergs.
Mas se a equipe acha que eles, agora, revelaram
todas as forças em jogo,
eles estão prestes a ter um choque.
Podemos tirar essa coisa da água?
Eu sinto muito, eu quero sair daqui.
Uau! Vejam aquilo!
Uma parede de gelo está se separando da geleira.
Comparada a tudo que a equipe já viu até agora,
essa é gigantesca.
Ela criou, de uma só vez, uma nova enseada.
Esse é um grande evento de desprendimento.
O que estamos fazendo, Nolween? Fugindo daqui?
Sim, sim, estamos fugindo.
Reparem na onda! Reparem na onda!
Reparem na onda!
É uma onda de 10 metros.
- Vai se tornar um monstro? - Parece grande.
Parece gigantesca de cara.
Ela ainda não nos atingiu, mas parece bem grande.
Em cima, no acampamento-base,
o restante da equipe parece preocupado.
O Gambo - onde está o Gambo?
Eles estavam bem ali.
Ela estava desse lado do fiorde.
Eu acho que eles estão ali embaixo.
O que são esses grandões?
É o desprendimento de um mega-berg.
Ele é absolutamente enorme.
140 milhões de toneladas de gelo,
viajando tão rápido que poderiam 'varrer' o Gambo.
É um enorme fluxo de água - uma onda gigantesca
que se ergueu na lateral da frente da geleira,
e está bem claro
que ela irá, lentamente, espalhar-se até nós, aqui.
Um evento grande, Alun?
Se estivéssemos ali, Nolwenn, nós estaríamos mortos.
- Não quero pensar nisso! - Estaríamos mortos, cara.
Sim, estaríamos mortos.
Está desprendendo-se em uma escala muito maior
do que a equipe já havia presenciado.
As forças que eles viram até agora
não explicam esses mega-bergs.
Para entendê-los,
eles precisarão de uma nova teoria.
Esses são pedaços de gelo,
os quais soltaram-se da frente, intactos,
e foram parar no mar como icebergs gigantescos.
Há outro mecanismo
que está ajudando esses icebergs a se desprenderem,
e eu quero descobrir o que é.
O foco da equipe retorna para a geleira.
Eles sabem que a água do degelo, vinda daqui,
lubrifica a base da geleira.
Mas poderia um pouco da água
estar ajudando também a criar os mega-bergs?
Eu estou um pouco cética de que toda essa água
tenha percorrido toda a superfície,
descendo até a base.
Michele quer explorar os diversos buracos
espalhados pela geleira.
A água do degelo de um lago azul escoará por esse buraco:
é chamado 'dreno de geleira'.
'Moulin' significa 'moedor', em francês,
então, pense na água 'furando' sua passagem
através do gelo até o leito rochoso.
Então, eles são como enormes canos descendo,
e a pergunta é "até onde eles descem"?
Exatamente.
Andy irá descer até o centro da geleira.
Andy está muito entusiasmado com isso.
Eu acho que muitos diriam que ele é corajoso.
Acho isso uma loucura. É muito perigoso.
Até onde você acha que chegará com isso?
Eu não tenho idéia de onde acaba.
O que seria legal você descobrir, Andy,
é, à medida que desce, o que você vê?
O 'dreno' é grande e, no momento, está seco -
dando a Andy uma melhor chance de explorar.
Mas a geleira está em constante movimento.
Grande tremor, bem agora.
Todas as paredes estão bastante instáveis,
com todos esses flocos de gelo parecidos a pingentes,
então, quanto mais rápido descermos e sairmos, melhor.
Como médico da equipe, o Dr. Chris está nervoso.
Sinto-me bastante relutante,
devido a tudo que pode acontecer com ele -
eu poderia fazer muito pouco por ele.
Sabemos muito pouco sobre o que acontece
com a água abaixo da superfície.
Sabemos mais sobre o que ocorre na superfície da Lua
do que sobre o que ocorre dentro do gelo.
Vocês podem ver o chão abaixo de mim.
Há esses blocos gigantescos de gelo.
Coisas grandes como carros estão ali embaixo,
e eles pesam toneladas,
e eles foram arrancados do teto acima de mim.
Então se me houvesse de passar algo aqui, seria isso.
Há uma passagem lateral absolutamente gigantesca!
Você poderia dirigir um ônibus de 2 andares,
com outro ônibus de 2 andares sobre ele
e, ainda assim, passaria através dela facilmente.
É uma descoberta notável, em uma escala gigantesca.
Quando esse túnel estava ativo,
ele teria canalizado enormes quantidades de água.
Não para baixo, mas para os lados.
Nunca houve ninguém aqui antes,
e as chances são de que não haverá ninguém novamente.
Uma autêntica exploração.
Isso tudo é um território completamente virgem.
E essa...
Essa é a jóia da coroa -
esse enorme túnel semelhante a uma catedral.
O grupo desce uma equipe de filmagem para explorar.
Mas quando se preparam para entrar no túnel...
- Acho que deveríamos sair. - É sim.
OK. Temos que sair daqui.
A coisa ali em cima não está boa.
O teto do túnel começou a rachar.
Se ele cair, poderá enterrar a equipe.
Feliz de sair de lá.
Era enorme, absolutamente gigantesco.
E nós saímos, o que é ainda melhor!
O que é sempre bom!
Por falar nisso,
as imagens ainda estão no fundo do buraco -
devo resgatá-las?
Sim, a câmera está pronta para ser içada.
Então, não celebremos tão cedo!
Enquanto parte da água do degelo
flui para a base da geleira,
outra parte parece tomar uma rota alternativa.
A geleira tem um sistema de encanamento oculto -
uma enorme rede de túneis
que transportam a água do degelo
através do gelo, horizontalmente.
Agora que nós vimos esse 'dreno de geleira',
nós vimos que não é uma situação tão simples.
Não se trata simplesmente de um ralo para o fundo.
É muito mais complexo.
A água desce um pouco
e, a seguir, talvez ela segue pela lateral
e, a seguir, talvez, ela desça mais um pouco.
Em algum momento, tudo irá parar no mar,
mas chegando lá através de uma enorme variedade
de rotas diferentes.
A equipe se pergunta se esses canais laterais
poderiam estar ligados à criação dos mega-bergs.
Enquanto a equipe científica
prepara seu próximo experimento,
Chris está fazendo amizade com um morador local.
Essa pequena raposa do ártico tem vindo a nosso acampamento
praticamente todos os dias, em busca de comida, é claro.
Mas as coisas não estão fáceis aqui em cima -
não há muita comida.
Elas se alimentam de jovens pássaros
que elas encontram em seus ninhos,
lagópodes-branco, lebres.
Esse seria um dia bastante especial,
mas eu o estou atraindo com um pouco dessa ***.
Muitas pessoas não gostam muito de uma raposa.
Elas surgem com histórias sobre elas -
invadindo as barracas, mastigando os cabos.
Eu não consigo imaginar isso.
No inverno, ela tem um brilho branco,
e elas têm um incrível casaco de inverno,
porque elas são um pouco diferentes das nossas raposas.
Muito menores - é claro, nariz mais proeminente,
orelhas menores, patas mais curtas.
Tudo isso para conservar o calor, quando está frio aqui.
Você vai me meter em problemas.
Eu serei criticado
por encorajá-la a entrar no acampamento.
Eu não ligo, no entanto.
Eu prefiro ter a raposa do que os alimentos.
De volta ao topo da geleira,
a equipe preparou um experimento ambicioso.
Eles querem tentar traçar a rota da água do degelo
através dos túneis horizontais até as falésias de gelo.
Achamos um 'dreno' que está a cerca de
8 quilômetros do paredão frontal,
e parece que a água que está escoando através desse 'dreno'
está fazendo uma conexão direta
com o lado norte do paredão de gelo.
Eles irão lançar 30 bolas plásticas,
chamadas criosferas, dentro de um 'dreno'.
Elas podem parecer artesanais,
mas estão cheias de uma eletrônica sofisticada.
Parece razoavelmente provável
que o fluxo de água que sairá daqui
irá, em algum ponto, sair pelo paredão de gelo
que nós temos observado durante a semana passada.
Exatamente.
A grande questão está nesse "em algum ponto".
Então, se pudermos achá-las na outra extremidade...
Um grande SE!
...iremos obter diversas informações úteis.
É isso. Parece bom!
Se a equipe tiver sorte,
algumas criosferas podem viajar desde esse 'dreno',
seguindo todo o caminho até o paredão de gelo,
sem ficarem presas dentro do gelo.
Michele, a número 19 está indo às 5:56h.
As criosferas irão medir
a velocidade e a pressão da água
e, crucialmente, revelar onde está a saída dos túneis.
Você sabe, a glaciologia é uma ciência experimental.
Precisamos tentar coisas novas.
É por isso que ainda tenho uma sobrando e desejo que...
...ela retorne.
O especialista em eletrônica Mark Neal
projetou as criosferas.
Ele examinará o fiorde do topo de uma montanha.
Enquanto isso, Chris, de volta ao Gambo,
também está de olhos abertos.
As frases "caça a ganso selvagem"
e "agulha no palheiro" vêm a mente.
O que nós estamos buscando
são 30 bolas do tamanho de bolas de ping-pong,
em meio a todo esse gelo flutuando na superfície.
Eu passei muitas noites malucas na minha vida,
mas essa daqui é a maior delas.
Chris está confiante
em seu treinamento de observar pássaros.
Mas Mark usa uma abordagem de alta tecnologia.
Deveríamos ter a imagem do telescópio aqui, na tela,
e, então, eu posso ativar meu software de filtragem,
o que nos dirá se podemos ver alguns pontos laranja.
- Olá. - Ficarei olhando agora para você.
Bem, boa sorte.
Meus olhos estão totalmente exaustos,
e estou preparado para oferecer-lhe
um país sul-americano,
uma Ferrari de última geração,
e uma noite com uma modelo de sua escolha,
se você avistar uma dessas bolas.
Isso é generosidade sua.
É uma oferta generosa,
mas estou certo de que não terei que pagá-la.
Mark também está está tendo dificuldades.
Nenhum sinal de qualquer coisa laranja.
Se elas tiverem saindo, se elas forem sair,
provavelmente, estariam do lado de fora, agora.
Nem digo há quantas horas estamos aqui fora, agora,
buscando essas pequeninas bolas laranja de ping-pong,
as quais estão cheias dessa... parafernália científica,
mas nós não as encontramos.
O experimento não teve êxito.
Mas, durante a pesquisa, Chris avistou algo
que poderia prover uma pista
sobre a rota da água do degelo até o paredão de gelo.
Esse volume de água aqui é bem diferente do restante.
Há gelo quebradiço por toda parte
e, no entanto, esse está aberto, está turvo,
e partes dele estão fervendo.
Bem, não fervendo, mas parece bastante com uma 'jacuzzi'.
Uma 'jacuzzi' - é uma palavra bem legal para isso.
Esses afloramentos - essas 'jacuzzis' -
eu suspeito que sejam absolutamente fundamentais
para os processos que estão ocorrendo no paredão de gelo.
A equipe questiona se as 'jacuzzis' poderiam estar
relacionadas aos túneis ocultos dentro da geleira.
Para descobri-lo, recorreram a uma arma secreta -
o especialista em imagens Richard Bates.
Ele está transformando todo o scan subaquático
em um mundo 3-D.
Richard, o que temos?
Esses são os resultados do sonar de varredura lateral,
e você os transformou com softwares em algo?
Sim, exatamente.
Se eu colocar isso em 3-D, você começa a ver, agora.
Então, isso é apenas o leito marinho...
- Vemos apenas o leito aqui. - Nada de gelo.
Nós podemos inserir o gelo de volta nisso,
e aí você pode ver o gelo
prolongando-se do lado norte para o lado sul da geleira.
Vejam isso!
Mas, a seguir, vire a esquina,
e, dentro dessa enseada, uma caverna gigantesca.
E isso, aqui, no lado sul -
é onde está ocorrendo o afloramento.
Exatamente.
Esses locais correspondem
a por onde toda essa água está saindo.
Visto pela primeira vez,
elas são as bocas de túneis horizontais,
expelindo milhões de litros
de água fresca do degelo dentro do mar.
Elas são a fonte das 'jacuzzis'.
A maioria dos túneis está na base da geleira,
mas nem todos.
Isso seria uma caverna na face do paredão?
Sim, é um buraco ou uma caverna,
ou, ao menos, uma zona fortemente rachada.
Está saindo bem no paredão, e isso é algo muito novo.
Que visão incrível!
É adorável, não é?
Você realmente pode visualizar o fato de que
essa falésia de gelo não é só uma enorme parede plana.
- São nossos melhores dados. - Esse seria o apogeu?
Para mim, seria isso.
Nosso tempo no Gambo foi muito bem gasto.
Vejam isso!
Mas é o efeito dos afloramentos
o que mais intriga Alun.
Ele acredita que eles derretem
o paredão de gelo em certos locais,
formando uma série de baías profundas,
com consequências profundas.
O que estamos vendo são as baías sendo recortadas.
Isso está expondo bastante esses promontórios -
essas cabeceiras maciças -
com torres de gelo acima da linha da água.
Elas têm de 100 a 120 m de altura em certos locais,
e é onde nós estamos registrando
a formação desses realmente enormes mega-bergs.
Para a equipe, significa que todas as peças
finalmente se juntaram.
Nós vimos que quantidades enormes de água de degelo
são produzidas na superfície,
e elas infiltram-se no gelo através de drenos e fendas,
e uma teoria era de que toda essa água
fluía até o leito rochoso e por baixo do gelo,
lubrificando o movimento da geleira,
conforme ela avançava.
Mas nós também vimos que há uma nova teoria:
a água poderia estar usando uma rota diferente,
através de um pequeno número de túneis gigantescos,
e isso ajuda a derreter o gelo onde os túneis são formados,
e, assim, obtemos essas baías
e, entre esses baías, ficam as cabeceiras,
e são elas que parecem ser
os pedaços que se soltam intactos,
e isso forma os enormes blocos de gelo
que são levados ao oceano aberto como icebergs.
A equipe está empacotando as coisas.
Achei que ganharia um bolo!
Eles estão deixando a geleira
que foi parte de suas vidas durante 3 semanas.
Ela começou a virar um lar,
apesar de que estou pronta para um banho.
Mas a Store tem uma última surpresa
para a Operação Iceberg -
a culminação de tudo que eles descobriram.
- Oh, uau! Vejam! - Uau!
Gigantesco!
Tal como Alun previra,
uma cabeceira inteira está desmoronando.
É o maior e mais violento desprendimento que eles viram!
Simplesmente fenomenal!
O maior mega-berg de todos.
Aquele iceberg tem 1 km de diâmetro.
Nós falamos sobre geleiras
como uma metáfora sobre lentidão e tédio,
mas essa coisa está completamente viva.
Há uma série de rachaduras ocorrendo em sua superfície
então, tudo o que compunha o penhasco,
agora, está desmoronando.
E essa é a primeira vez que a água dentro dela
viu a luz do dia durante milhares de anos.
Sabe como todos têm uma criança no coração,
e amamos um ótimo acidente de carro.
Bem, esse foi, realmente, um ótimo acidente de carro!
Esse é um dos maiores casos de destruição natural
que eu já vi na minha vida. Foi fantástico!
Mas, dessa destruição, nasce um novo iceberg.
E, além disso,
a equipe agora compreende
as forças que conduziram a esse momento.
E, agora que eu já vi tudo o que ocorre
para produzir um único iceberg -
todas as coisas que ocorrem nos bastidores,
observar o desprendimento de um iceberg
é um evento muito mais significativo!
Nós estávamos tentando medir essas coisas
na Catedral de São Paulo,
mas eu nem saberia por onde começar.
Eu me pergunto aonde aquele iceberg irá parar.
Para onde ele irá à deriva?
Onde ele irá finalmente ser derretido?
Onde será, quando aquele último pedaço -
do tamanho de uma bola de golfe -
se derreterá e se tornará parte do oceano?
Faz você se questionar, não é?
A seguir, em Operação Iceberg,
a equipe está à procura de um dos maiores icebergs
de todo o Ártico.
- Satisfeito? - Sim. - Vamos lá!
Eles viram como um iceberg nasce.
Agora, eles esperam acompanhar sua vida...
...e morte,
dentro dos mares.
Mas, para terem êxito, eles precisarão confrontar
o predador mais perigoso do Ártico.
São todos os meus desejos de Natal de uma vez!
Eu realmente desejava muito ver um deles,
mas eu jamais pensei que isso aconteceria.
E é um mundo onde o gelo abaixo deles
pode rachar a qualquer instante.
Essa é uma nova rachadura se formando.
Todo esse pedaço está desmoronando.
Viaje rumo ao Atlântico Norte, tão ao norte
que o Sol do verão jamais se põe,
e encontrará uma ilha do tamanho de uma cidade,
mas feita de gelo.
Um gigantesco iceberg no Ártico.
E, agora, uma equipe internacional
de cientistas e exploradores
estão em uma expedição derradeira
para investigar essa maravilha do mundo natural.
Isso é absolutamente lindo.
Eles já viram como os icebergs nascem,
conforme se desprendem das falésias de sua mãe-geleira.
Esse é um dos maiores casos de destruição natural
que eu já vi na minha vida.
Agora, a atenção da equipe se vira
para um dos maiores icebergs do mundo.
Esse é um gelo muitíssimo duro.
Eles querem descobrir o que ocorre com ele em mar aberto.
Lindo.
E, acima de tudo,
as forças que irão levar à sua destruição definitiva.
Todo esse pedaço está desmoronando.
Eles irão enfrentar enormes desafios...
Está caindo aqui...
De confrontar o maior predador terrestre...
Oh, olhos abertos... Ele está bem ali.
...a sobreviver a um dos mais imprevisíveis
ambientes da Terra.
OPERAÇÃO ICEBERG
VIDA E MORTE DE UM ICEBERG
A equipe de Operação Iceberg
trocou seu acampamento em uma geleira, na Groenlândia,
pelo navio de pesquisa Neptune.
23 cientistas, aventureiros e uma equipe de filmagem
partem em uma expedição ambiciosa de 2 semanas.
Eles estão atravessando essas águas
em busca de um enorme iceberg ártico.
Helen Czerski é física e oceanógrafa.
Ela está interessada no que acontece com o próprio gelo.
Eu sou fascinada pelos mecanismos -
o que e por que está havendo -
dentro desse iceberg.
E como ele dura tanto tempo.
Quando você olha para as fotos,
você pode ver as algas, na verdade, sobre o gelo...
O naturalista Chris Packham
deseja entender o papel que os icebergs desempenham
no ambiente dos mares polares.
Os icebergs carregam consigo uma aura quase mística.
Nós achamos que os conhecemos, mas não é assim.
Eles ainda são muito, muito misteriosos.
Juntando-se à equipe do iceberg,
está um grupo de renomados especialistas em gelo.
É uma oportunidade muito rara,
porque é muito raro ver um grande iceberg no Ártico.
Quando você o vê,
é muito difícil conseguir trabalhar nele.
A equipe identificou seu alvo.
Em 2010, na região noroeste da Groenlândia...
...um pedaço colossal de gelo
desprendeu-se da Geleira Petermann.
Ao longo de 2 anos,
ficou à deriva das correntes oceânicas, rumo ao sul.
Por 4 vezes, enormes pedaços de gelo se quebraram.
Agora, a mais de 1.000 km de sua mãe-geleira,
o maior pedaço está preso
exatamente na costa da Ilha Baffin, no Canadá.
Nós estávamos tentando medir onde sabíamos que
estavam ocorrendo as coisas mais dinâmicas...
Notavelmente, um dos cientistas, Richard Bates,
já conhece esse gelo.
Então, você já pisou nesse pedaço de gelo antes?
Exatamente, sim. Em 2009, estávamos lá.
Então, antes de ele realmente se partir,
nós estávamos fazendo medições nele, ao seu redor.
Essa rachadura alastrou-se aqui pela traseira
e essa rachadura prolongou-se até a frente,
e o partiu como um pedaço único,
e esse é o iceberg que se dirige rumo ao sul.
Para a equipe, há um mistério fundamental
que eles querem resolver.
Quais são as forças físicas que estão lentamente
destruindo esse enorme pedaço de gelo?
O oceano tem uma quantidade gigantesca de energia,
puxando, empurrando e torcendo,
e eu estou muito interessada em ver como o iceberg resiste
a todos esses estresses.
Após 36 horas no mar, prestes a sair do nevoeiro,
uma parede quase inimaginável de gelo.
A equipe encontrou seu objetivo.
Aí está ele!
Eu sabia que seria grande, mas isso é colossal!
É bom estar de volta aqui.
É o primeiro iceberg do Ártico para mim.
Meu primeiro iceberg, na verdade.
Ele parece bem assustador.
Está cheio de rachaduras e fissuras,
e de penhascos e rios. Há um enorme rio saindo.
E ele parece totalmente sem vida -
um pedaço inóspito de água fresca congelada
flutuando em águas marinhas.
É simplesmente uma visão chocante!
Eu nunca vi um pedaço de gelo tão grande assim....
Uma só molécula...
Bilhões e bilhões e bilhões dela em um único pedaço,
flutuando pelo oceano.
É uma visão absolutamente incrível!
Esse é o iceberg que a equipe planeja abordar e explorar.
Ele está pontilhado por fendas e rios de degelo.
Durante 2 anos, ele foi o maior objeto individual
a flutuar nos mares do Ártico.
Ele até tem um nome.
O iceberg Petermann.
Tão logo a equipe chega, o rádio é ligado.
# Nós perdemos o sinal do iceberg.
Nós tivemos tanto disso
que tivemos que resetar os transdutores.
A primeira tarefa: escanear o iceberg.
Richard e seu colega, Max,
querem saber, exatamente, o quão grande ele é.
Esse equipamento irá revelar suas dimensões,
tanto acima quanto abaixo d'água.
# Você precisa se aproximar mais, Max,
# ou acha que já está bom? - Boa resposta.
Para escanear o iceberg, eles precisarão contorná-lo,
e quanto mais próximo o barco estiver,
melhores são os dados.
A taxa de ping subirá até lá?
Mas é um jogo de negociação cuidadosa
com o capitão do barco, Raggi Ellison.
50 metros rumo ao iceberg, se o capitão concordar.
Nós estamos a 50 metros de distância do iceberg, então...
Eu não irei montar nele!
Raggi está cauteloso por uma boa razão.
Ele sabe que os icebergs são notoriamente instáveis.
Os menores podem virar subitamente.
E, sem aviso, podem partir-se completamente.
Subir em um desses pequenos seria suicídio.
Por isso a equipe buscou o iceberg Petermann -
é maior, mais plano e, segundo eles, mais estável.
É um dos locais mais remotos do mundo.
Mas eles não são os únicos visitantes.
Há um urso polar nadando a cerca de 50 m do barco.
Bastante próximo, e ele está lá seguindo.
Estávamos debatendo se avistaríamos um aqui.
Na verdade, estou tremendo.
São todos os meus pedidos de Natal de uma só vez.
Um urso polar.
Eu realmente desejava muito ver um deles,
mas jamais pensei que isso aconteceria.
Mas, bem, você sabe, esses são mamíferos marinhos.
Eles podem percorrer grandes distâncias no mar,
e frequentemente o fazem, nadando entre blocos de gelo.
Vejam, está a cerca de 20 metros, agora.
Honestamente, é muito excitante.
Os ursos polares caçam no gelo marinho
durante a maior parte do ano.
Mas, agora, é verão - o gelo marinho já derreteu
e o iceberg da equipe
é o último resquício de gelo na área.
E ele não está sozinho.
Há outro urso no próprio iceberg.
Um urso polar em nosso iceberg.
Esperem, esperem - onde estão os binóculos?
Dêem-me os binóculos, por favor?
- Vire, Keith. Vire! - Eu estou virando.
Oh, eu não acredito! Realmente não.
Há, na verdade, outro urso aqui sobre o gelo.
Vocês podem vê-lo...
...com meus binóculos. Ali, como um pontinho.
Então, no espaço de apenas meia hora,
nós vimos 3 ursos polares.
Um dentro d'água, está fora do iceberg...
Há um feliz aqui, sorrindo.
E cerca de 500 m para lá,
há um terceiro urso em nosso iceberg.
É "ursástico"!
É a Cidade dos Ursos.
Até o experiente cameramen polar
Doug Allan está animado.
Vejam-no - ele é adorável!
Um urso muito adorável.
Eles não parecem completamente em casa?
Eu sei, eu sei.
Eles resumem totalmente o Ártico e o gelo.
É disso que eu gosto nos ursos polares.
Os ursos permanecerão no gelo o maior tempo possível.
Eles não gostam de ir para a água -
eles permanecerão no gelo.
Bem, considerando que esse é, de longe,
o maior pedaço de gelo por milhas e milhas em volta,
talvez, não surpreenda tanto
que eles sejam encontrados aqui.
Apesar do entusiasmo da equipe,
esses predadores representam
um grande problema para a missão científica.
Bastante curiosos,
os ursos polares são plenamente capazes
de atacar qualquer coisa - ou qualquer um -
que entre em seu domínio.
A intenção é ir até o iceberg.
Mas 3 ursos em 15 minutos...
Bem, isso acrescenta um pouco de adrenalina à situação.
Precisa mudar a escala para fazê-lo se mover.
Fica muito mais óbvio ali em cima...
Os cientistas têm duas teorias diferentes
sobre quais forças estão lentamente quebrando o iceberg.
A equipe do degelo acredita que
a água marinha o está derretendo com o tempo.
Então, esse é o mar principal...
A equipe das ondas argumenta que as ondas oceânicas
estão sacudindo e flexionando o gelo,
transformando-o em pedaços menores.
E essas são ondas de superfície,
as quais percorreram uma enorme distância.
Essa é a teoria de Peter Wadham.
As ondas têm grande efeito, e nós precisamos entender
essa relação entre as ondas e os icebergs,
como parte da compreensão do relacionamento
entre as ondas e o gelo, em geral.
Trabalhando com Peter está Till Wagner.
Ele é o tecnólogo-chefe da equipe de ondas.
E essa é a bela antena verde.
Ela é simplesmente toda verde, brilhante, e concêntrica...
Eu a acho linda.
Para medir o tamanho e a frequência das ondas,
eles usam uma bóia de alta tecnologia.
Till, você ficará triste de vê-la indo embora?
Bem, eu estou um pouco ligado a ela.
É sempre engraçado ver esses instrumentos irem embora,
porque eles parecem tão pequenos.
E nós vamos simplesmente deixá-lo à deriva,
precisaremos encontrá-lo novamente depois,
e ele parece tão pequeno lá fora...
Mas ele está registrando
exatamente os dados de que precisamos.
Posto a sacudir-se nas ondas do oceano,
ele transmitirá essas informações para o barco.
Aqui está a borda externa dela...
Richard completou sua pesquisa.
9/10 do iceberg estão submersos.
Mas o scan ainda assim permite que Richard
faça uma estimativa precisa de seu tamanho.
O resultado é extraordinário.
OK, então, nós medimos a circunferência -
ela tem cerca de 27 km por aqui.
Nós medimos a espessura em volta,
e tivemos uma média de cerca de 70-75 m de espessura.
Isso nos dá um volume de cerca de
2 bilhões de metros cúbicos de gelo.
2 bilhões de metros cúbicos?
Pode-se dizer que cerca de
2 bilhões de toneladas de gelo ou...
2 trilhões de litros d'água, OK?
Então, isso equivale, talvez, a cerca de 200 dias
de consumo no Reino Unido.
Então, essa água atenderia a 200 dias de consumo
doméstico no Reino Unido?
Algo assim.
Se pegássemos o Tâmisa,
e usássemos a água do Tâmisa, teríamos isso.
Isso é incrível.
Mas o scan também revelou um problema.
Estranhamente,
a posição do barco em relação ao iceberg
parece estar em constante mudança.
De acordo com seu diagrama, estamos no meio do iceberg,
o que só pode significar uma coisa para mim...
Ele se moveu. - Exatamente.
Isso complicou um pouco a vida para você, não é?
Foi sim.
- Sinto muito por isso. - Obrigado.
É um choque.
O iceberg foi escolhido porque a equipe pensava
que ele estava encalhado e parado.
Ao invés disso, parece que ele está em movimento.
Richard precisará usar um equipamento adicional no gelo
para rastrear a sua posição de deslocamento.
E ele não é o único em dificuldades.
Raggi tem 30 anos de experiência nessas águas.
Mesmo assim, ele está cauteloso sobre
desembarcar uma equipe em um alvo móvel.
Você sempre deve pegar o pior cenário
e trabalhar sobre ele.
Preparar-se para o pior.
Não é sempre que você atraca num iceberg, sabe?
É muito excitante.
Há bastante inércia em um barco assim,
então, é muito fácil e rápido sofrer danos.
O comportamento do iceberg é imprevisível.
É difícil evitar colisões.
E há outro problema inesperado.
A equipe descobre um enorme banco de gelo,
justamente abaixo da linha da água.
Está a 13 m do deque.
Esse "banco de gelo", como é conhecido,
está embaixo da embarcação.
# Sem problemas.
# Irei para a frente. Irei para a frente.
# Obrigado.
Há várias centenas de milhares de toneladas de gelo,
lá embaixo, nesse banco,
e nós estamos sobre ele.
Se uma rachadura se abrir e ele se partir,
o empuxo traria a coisa toda para acima do nível do mar,
e nós seríamos tombados de um modo ou de outro.
Parece um lugar bom e agradável para atracar,
mas, na verdade, é bastante perigoso.
Raggi insiste que eles busquem
um local de descida mais seguro.
# Estamos em cima ou embaixo? # Em cima ou embaixo?
E como se isso não fosse o bastante...
...em um único dia, eles avistaram mais 5 ursos -
8 no total.
O responsável pela segurança
convoca uma reunião de emergência.
Bem, teremos umas poucas e simples regras por aqui.
Acho que podemos nos acostumar logo com elas:
Número 1 -
ninguém sai da embarcação para andar sozinho.
Número 2 -
precisamos nos assegurar de haver observadores lá fora.
Número 3 -
vocês precisarão andar com alguns equipamentos,
para terem certeza de que poderão fugir,
caso um urso se aproxime demais.
Tendo visto os ursos perseguindo focas no gelo,
de modo semelhante a esse,
eles são muito inteligentes.
Eles vêm uma foca a uma grande distância,
e eles irão tirar vantagem das depressões e buracos
para ficarem fora de vista.
Assim, de certa forma,
tentem estar plenamente conscientes dos ursos.
Mas se um urso, de repente...
Você sabe, você encontra um cara a cara,
então, jogue um pedaço de roupa no gelo.
Ponham um par de meias sujas em seus bolsos,
algo legal e fedorento,
de modo que vocês tenham algo para lançar.
Serão segundos vitais, caso você esteja recuando.
Os Inuítes têm um grande ditado, o qual diz:
"Não é o urso que você vê que irá pegá-los".
É a manhã do dia seguinte,
e Raggi encontrou um possível lugar para atracar.
O risco dos ursos exige precauções adicionais.
- Aqui está o rifle. - Obrigado, capitão.
Aqqaluk ficará de guarda.
Nativo da Groenlândia,
está acostumado a viver sob a ameaça dos ursos polares.
Deve haver alguns cartuchos aí dentro,
algo que precisamos confirmar com o capitão.
Esperemos não ter que usá-los.
Está a mais de 1 km de distância. Talvez, 1.2 km...
O homem liderando o grupo na costa é Andy Torbet -
um especialista em ambientes extremos.
Eles precisam prender o barco ao gelo.
Estamos prestes a cruzar a prancha rumo ao iceberg
e dar aqueles primeiros passos.
Nós faremos um reconhecimento local,
buscando onde ancorar essa grande embarcação.
O ponto de tudo isso
é levar os cientistas até lá em segurança,
para que continuem fazendo sua ciência.
Vamos lá!
É por isso que precisamos de grampos.
- Primeiro no iceberg. - Isso.
- Qual a sensação? - Um feito. É incrível!
É quando a aventura realmente começa.
Sim.
É assim que você imagina grandes pedaços de gelo.
- Sinta o topo, sinta o topo. - É como mármore, não é?
Definitivamente, não há nada que pareça frágil.
# O gelo parece bem sólido aqui.
# Ótimo, ótimo.
Está bem, sigam em frente.
Eles precisam de um gelo forte e estável o bastante
para prender as amarras.
Mas não demora muito...
...a terem companhia.
Sim, ele parece estar se movendo
um pouco mais pra esquerda, não é?
- Indo pra esquerda, certo? - Sim, exatamente.
Olhos atentos. Ele está lá.
Ali está ele. Aqqaluk!
Ele está muito próximo, muito próximo de nós!
# Poderiam nos deixar a par da situação?
# Ainda está se movendo da esquerda para a direita.
# OK, maravilha, obrigado.
Contanto que o urso mantenha sua distância,
a equipe pode prosseguir.
Perfeito.
Sim, lancem, lancem.
É uma boa motivação para um trabalho rápido.
- Mais duas. - Mais uma.
Incrível - concluído.
Primeiro passo no iceberg.
A primeira pessoa a cair em um iceberg!
Primeira pessoa... Sim.
Eu acho que é, sim, sem a menor cerimônia,
"o primeiro passo para um homem,
um salto gigantesco para a humanidade".
Levou 2 dias para encontrarem o local,
apenas 1 hora para atracar.
No momento, os ursos desapareceram,
então, os cientistas podem finalmente adentrar.
Está tarde
mas, como eles estão no centro do Ártico,
ainda há luz o bastante para trabalhar.
Tudo bem.
Till e Peter são os primeiros a pegar seus kits.
Aqui está ele.
Esse GPS SATICE irá, segundo eles,
medir a flexão do iceberg,
conforme ele é atingido por ondas.
Finalmente...
Eu estava esperando por esse momento.
Agora, instalamos esse GPS SATICE de alta resolução,
o qual irá nos dizer, com precisão centimétrica,
como o iceberg está se movendo.
Perfeito.
Mas um GPS não é o bastante.
Eles precisam colocar a estação base de Richard
exatamente no interior,
para rastrear como todo o iceberg está se movendo.
Sim, eu acho que nós estamos longe o bastante
de qualquer desprendimento, ou ruptura imediata.
Ainda há grandes fendas e rachaduras por aqui,
mas acho que poderíamos ir para o outro lado do iceberg,
e, ainda assim, as encontraríamos.
Mas os ursos costumam usar a cobertura da névoa para caçar,
e o clima está piorando.
A neblina está vindo com bastante rapidez.
Um pouco de pressa seria bom.
Sim, 5 minutos, menos do que isso.
Aí é onde toda a mágica acontece.
# Estamos perdendo visibilidade
# com muita rapidez com essa aproximação.
# OK, entendido. Entendido.
Quando ela realmente congelar,
teremos um belo registro do que está fazendo.
OK, pessoal, vamos lá.
De volta ao Neptune,
há uma sensação de alívio
por terem finalmente saído do iceberg.
Na manhã seguinte,
com todos os instrumentos no lugar,
a equipe deixa a ciência do gelo de lado.
Ao invés disso,
eles decidem fazer um experimento ártico,
com uma diferença.
O médico da expedição é Chris van Tulleken.
Ele é fascinado pelas reações fisiológicas do corpo
ao frio extremo.
Ele preparou um experimento simples
para ele próprio e Andy.
Quando vocês saltam em uma água muito, muito gelada,
vocês têm essa resposta de choque.
E vocês têm dois problemas diferentes -
você têm, em sua pele, um enorme número de nervos
enviando adrenalina para seu coração,
o que o acelera.
Mas vinda dos nervos de seu rosto,
você tem uma resposta de mergulho
a qual, na verdade, quer que seu coração desacelere.
Então, vocês têm 2 nervos em conflito
atuando em seu coração,
e acreditamos que é isso que causa ataques cardíacos,
quando eles saltam na água.
Chris quer ver
se essas respostas podem ser controladas
usando o poder da mente.
Andy esteve no Exército,
onde ele teve um treinamento regular em águas geladas.
Chris se questiona se esse condicionamento
permite que ele lide de uma melhor forma.
Você pode aumentar suas chances de sobrevivência,
se você cair na água gelada,
estando preparado psicologicamente
e estando também fisicamente preparado.
Acho que será divertido.
Isso será interessante - um trabalho pioneiro.
'Diversão' não seria a palavra que eu usaria,
mas vamos fazer isso.
Doug está cuidando da segurança do pessoal,
mas ele tem privilégios - roupas secas.
Vejam Doug, ele está vestido como uma foca, não é?
Esse kit funciona.
Sei que esse kit funciona, já suas calças, não.
Você não viu minhas calças, parceiro.
Eu estou ficando um pouco nervoso, agora.
Monitores cardíacos à prova d'água
registrarão seu pulso e capacidade respiratória,
e quaisquer diferenças entre elas duas.
Isso é muito, muito impressionante.
Como você está se sentindo? Consegue falar comigo?
Sim...
- A propósito, sabe seu nome? - Sim.
Você consegue até transpirar?
A grande chave ali é preparar sua mente.
Sinceramente, não quero parecer fantasioso,
mas precisa botar na cabeça
que vai estar frio, que irá doer.
Aceitá-lo e apenas cuidar de si mesmo.
Agora, é a vez de Chris.
Mãos frias, mãos frias, Tim!
Desculpe.
Pronto?
3, 2, 1,...
Como está indo, parceiro?
Doloroso! Sua cabeça...
Dói, dói...
Dor de cabeça 'sorveteira'...
É a pior dor de cabeça 'sorveteira' que já tive.
Voltemos ao barco aquecido e baixemos os dados,
porque acho que meu coração ficou totalmente enlouquecido.
Então, os resultados aqui, na verdade, são muito bons.
Quanto entramos na água,
seus batimentos cardíacos foram de 145;
os meus foram 175.
Então, muito mais elevados do que os seus.
Taxa respiratória -
sua taxa respiratória subiu até 30,
minha taxa respiratória subiu até 40, então...
Em todos os sentidos,
minha resposta de choque ao frio
é muito, muito mais extrema do que a sua.
Esse, para mim, é o fator-chave -
se você está psicologicamente preparado e relaxado,
e mantém sua cabeça no lugar por 30 segundos,
tal como você fez,
então, você tem muito mais chances de sobreviver.
E você será mais capaz
de sobreviver mais tempo na água fria,
porque está com um excesso de... isolamento.
Exatamente isso.
Essa é a minha estratégia de sobrevivência.
Se eu permanecer calmo, poderei fazer isso.
Mais tarde naquele dia,
o tempo clareou o bastante
para uma nova incursão no iceberg.
Peter e Till estão desesperados
para obter os primeiros resultados do próprio gelo.
Poderiam as ondas
fazer esse enorme pedaço de gelo se partir?
Os dados funcionam
e nós estamos coletando dados
sobre como o iceberg está se movendo
para cima, para baixo e para os lados,
e como está respondendo às ondulações.
Posso ver os arquivos dos dados.
Nós, na verdade, estivemos medindo
o movimento exato do iceberg durante as últimas 12 horas,
então, isso é exatamente o que nós queríamos.
Temos cerca de 12 arquivos - levará uns 15 segundos.
Peter já está animado com as leituras prévias.
Como ele é um iceberg muito grande,
ele está inclinando
em uma espécie de ressonância oscilatória.
Nós vimos outros icebergs fazerem isso.
E, assim, ao ter um inclinômetro na borda,
ele realmente vai subir e descer.
- O que houve lá, Till? - Apenas tivemos um enorme...
Uma parte gigantesca do iceberg despencou lá atrás,
mas eu acho que estamos bem.
Eu vou apenas desconectar isso.
- Peter, você tem o adaptador para o outro... - Sim.
Provavelmente, ele terá registrado esse evento.
Mas o que eles não notaram
foi uma linha de falha de 200 metros,
abrindo-se por trás deles.
Essa é uma nova rachadura?
É uma nova rachadura sendo formada.
É, definitivamente, uma nova rachadura.
# Diga novamente. Perdi essa última...
Nós podemos sentir a rachadura sob nossos pés.
Então, está, provavelmente... E está cedendo aqui...
Certo, nós deveríamos ir...
Simplesmente saiam.
Eu acabei o download, agora.
Corra, Peter. Corra, corra, corra.
Eles precisam sair de lá.
Tivemos um grande colapso lá embaixo,
tivemos um grande colapso bem ali.
As pessoas no gelo sentiram a rachadura sob seus pés,
então, ninguém se arriscará.
E por uma boa razão.
Não é apenas uma rachadura -
um bloco gigantesco está, na verdade,
começando a se separar do iceberg principal.
# Uma enorme rachadura de 150 m. A coisa toda está cedendo.
# A coisa toda está vindo abaixo.
A peça desprendida terá um novo centro de gravidade,
o qual poderia, facilmente, fazê-la se virar.
# Toda a lateral do iceberg está cedendo.
Com o Neptune preso ao gelo,
há o risco de que o barco seja afundado.
# Eu sugiro que cortemos as amarras.
# Entendido, entendido.
# Estamos prontos para soltar as amarras? Prontos?
É loucura - é a maior loucura que eu já vi.
Para a maioria da equipe,
evacuar o gelo é um grande revés.
Mas Peter acha que eles conseguiram
os resultados de que precisavam.
Estamos feliz por salvar nossos equipamentos,
porque os dados que obtivemos, foram, numa sorte incrível,
exatamente do instante em que
o iceberg quebrou-se debaixo de nós.
Então, nós...
Agora, temos alguns dados que nos dizem
o que acontece quando um iceberg se separa
de um iceberg maior. Então, isso é ótimo!
Peter e Till têm dados únicos...
...mas os demais cientistas estão frustrados.
Ninguém sabe se poderão atracar novamente.
Para Chris, é uma oportunidade.
Agora é hora de estudar a vida selvagem.
Ele quer saber como tantos ursos
podem sobreviver no iceberg.
Há um grupo de 4 focas aqui.
Elas são "hambúrgueres" para os ursos.
São exatamente a razão pela qual os ursos estão aqui,
e as focas não estariam aqui,
se não houvesse comida para focas aqui -
peixes, krill, outros crustáceos.
Então, esse iceberg comporta um ecossistema inteiro.
Isso é muito excitante.
Ele é quase como um pequeno mundo perdido,
o qual somos capazes de estudar em certos detalhes.
Doug e Andy estão ajudando Chris
a investigar esse mundo perdido.
Eles querem descobrir se o mar próximo ao iceberg
é mais rico em vida do que outras partes do oceano.
Mas sua preocupação imediata
é o animal que está no topo da cadeia alimentar.
- Olá, urso. - Ele está se movendo.
Poderíamos ter um colega de mergulho, parceiro.
Vamos ver o que esse urso faz.
Você irá mergulhar mesmo, Andy, se ele saltar?
O quê, se ele saltar?
Eu acho que essa seria uma jogada perigosa.
Foi registrado que eles mergulham a até 24 metros.
Eu não gostaria de entrar na água com ele por aí, não.
Esse som que ele fez não é um bom sinal.
O que é isso?
Normalmente fazem isso quando estão um pouco...
- Famintos? - Sim, sim.
Oh, vejam! Ele está observando.
Está pensando: "posso comer isso?"
Eu não posso acreditar que ele vá saltar...
Seu sentido de olfato é absolutamente incrível.
Então, eles irão farejar as pessoas à distância -
talvez, eles também as escutem,
e, se estivesse bem atrás daquela subida,
o som dos motores e da conversa -
ele os teria escutado e viria averiguar.
Bem, eu diria que ele veio dar uma olhada,
mas simplesmente se foi.
Mas, bem, a primeira vez que eu vi Doug Allan,
eu olhei para ele e eu também corri.
Então, para ser franco, eu não estou surpreso.
Está fechado? OK?
Doug e Andy agora se sentem a salvo para seguir em frente.
Livre para partir.
- Sério? - Sim, livre para ir.
Quando estiver pronto. Quando estiver pronto.
Esse lugar é incrível.
Eu nunca vi paredes de gelo...
...e essas cores azuis e brancas...
Isso é absolutamente lindo.
A superfície, essa parede de gelo -
está cheia de minúsculas covinhas.
A superfície inteira parece uma bola de golfe.
Não consigo acreditar
na quantidade de plâncton aqui embaixo.
O tamanho dessas coisas!
Andy está impressionado
com a riqueza das águas ao redor do iceberg.
É uma juba-de-leão?
Essas criaturas fazem parte
de uma cadeia alimentar complexa,
a qual alimenta os peixes...
...que alimenta as focas...
...e que, por fim, alimenta os ursos polares.
Essa é uma amostra para Chris.
Isso deve deixá-lo feliz.
OK, vamos subir.
Hora da verdade.
O que quer que esteja aqui dentro,
é improvável que eu já o tenha visto antes,
e conhecer um novo animal
é sempre muito, muito entusiasmante.
Eles encheram até o topo, então, está um pouco confuso.
Algumas dessas coisas são muito, muito frágeis.
Então, farei meu melhor para colocá-las aqui.
Oh, meu Deus!
Vejam estas!
Vejam! Elas poderiam até ser de outro planeta.
Absolutamente fantástico.
Pessoal, venham ver isso! Venham dar uma olhada.
Eu sei que vocês já as viram,
mas vocês devem ser capazes de vê-las melhor aqui
do que quando estavam usando suas máscaras.
Eles não são lindos?
Quem precisa de ficção científica quando se tem isso?
Absolutamente. Eu concordo.
O nome comum para essas coisas é 'carambolas-do-mar'.
Vejam os cílios se mexendo! Conseguem vê-los?
Estão cobertos por pequenas células pulsantes,
ondulando com a luz que passa através delas.
Mas, francamente, isso não é nada,
se comparado a essa outra coisa, aqui embaixo.
O nome comum delas é 'borboletas-marinhas'.
Elas são parentes bem próximos da lesma e do caracol,
os quais você encontraria no jardim de seu quintal.
Eles são animais elegantes. São muito graciosos.
O que você vê aqui é o intestino dela?
É o seu intestino,
e essas 'asas' batendo são pés modificados.
Porque ela é um molusco, e isso equivale ao pé -
em um molusco ou caracol, ele só se move ao redor
e, nesse animal, ele está dividido em dois,
e ele os usa para, literalmente, voar através da água.
- E eu amo o fato de que ele seja transparente. - É sim.
Tenho que admitir,
esse é o ponto alto de minha viagem inteira, até agora.
Eu encontrei dois -
dois animais cujos traços jamais vira antes.
Eles são extraordinários. Eles são belíssimos
e, obviamente, muito importantes
no ecossistema ao redor do gelo.
Ponham seus trajes de novo.
Ponham esses 2 de volta - já terminamos com eles.
Eu quero mais!
...é um pico significativo,
mas não é um grande pico de energia...
Na sala de varredura,
a equipe das ondas analisou os resultados do GPS SATICE.
O que eles revelam sobre a grande ruptura do iceberg?
A linha vermelha é onde nós, na verdade, fomos no iceberg,
para fazer o download dos dados.
E, à medida que avançamos, o iceberg se parte.
E nós vemos esse enorme salto de 60 cm,
então, a caixa que estava posicionada sobre o iceberg
simplesmente foi atirada,
arremessada 60 cm para cima,
pelo movimento completo do iceberg,
após haver se desprendido do iceberg principal.
Isso é algo muito impressionante, e é...
Fomos realmente sortudos de, na verdade, estarmos lá,
com nosso sensor, quando houve a ruptura.
Isso jamais foi obtido antes.
A seguir, Till compara os resultados da bóia
para ver se ondas oceânicas causaram a ruptura.
Esse é o dia em que a ruptura aconteceu.
O ponto exato da ruptura
foi onde está esse quadrado azul,
e, a partir disso, nós podemos ver
que não há nada importante acontecendo.
As ondulações são muito pequenas -
não há um pico na altura das ondas,
ou algo desse tipo, antes da ruptura.
Então, pode-se conclusivamente dizer
que essa ruptura em particular
não foi, de modo algum, causada por ondas oceânicas,
ou por uma curvatura devido às ondas.
É oficial -
as ondas não causaram a grande ruptura.
Nesse caso, a equipe das ondas
provou que sua própria teoria estava errada.
Agora, é a vez do outro grupo de cientistas entrar em ação.
A equipe do degelo acredita que
as águas do Ártico que circulam o iceberg
estão quentes o bastante
para derreter quantidades significativas de gelo.
Eles são liderados por Keith Nicholls,
do Levantamento Antártico Britânico.
Nos últimos anos,
temos visto muito mais icebergs planos
se desprenderem da placa de gelo da Groenlândia,
e eles... eles estão indo parar na Baía de Baffin.
Essa é uma mudança, e a única razão pela qual pode mudar
é que o clima ao redor da Groenlândia está mudando.
E Keith acredita que isso ficará mais extremo.
Eu acho que é um aviso para todos nós, realmente,
de que as coisas estão mudando.
As coisas serão bastante diferentes daqui a 20 anos,
daqui a 50 anos.
E eu acho que deveria preocupar a todos.
A primeira coisa que a equipe do degelo
deseja investigar
é a temperatura do gelo nas profundezas do iceberg.
Para fazer isso,
eles precisarão perfurar o gelo...
...o que significa que eles terão de retornar ao iceberg.
Raggi não está preparado para atracar novamente.
Dessa vez, ele manterá a posição
bem próximo ao iceberg.
Ao seu próprio modo, igualmente traiçoeiro.
Helen se junta a eles. É sua primeira vez no gelo.
Ela esteve aguardando esse momento durante 8 dias.
Estou aqui!
Nós travamos tantas batalhas -
contra o clima, contra a logística do barco,
contra a neblina, contra ursos polares - não literalmente.
Assim, o fato de que eu esteja de pé aqui
é, obviamente, incrível para mim,
e isso me faz apreciar ainda mais as dificuldades
de estudar aquilo sobre onde estamos.
Agora que nós estamos aqui, a coisa é perfurar o gelo
e medir a temperatura no meio,
e a razão pela qual isso é importante
é que, desde que esse iceberg separou-se da geleira,
ele tem acumulado o calor do ambiente
e tem aquecido.
A partir de medições feitas na Groenlândia,
a equipe sabe que a temperatura do iceberg
estava em cerca de -15°C quando ele se desprendeu.
Então, o que estamos ansiosos por fazer é descobrir
qual é a temperatura no centro do gelo,
porque isso nos irá ajudar a entender
com que rapidez ele está derretendo,
e por que está derretendo a essa velocidade.
Eles estão perfurando o próprio núcleo do iceberg.
Parece que ficaremos aqui por um longo tempo,
fazendo isso,
mas está descendo. A broca está descendo
e nós estamos perfurando um material incrivelmente duro.
Se isso fosse fácil,
o iceberg não estaria ainda aqui.
Ao tornar o núcleo exposto, ele ainda está mantido
na temperatura que estava,
quando ele estava dentro do próprio gelo.
A seguir, podemos colocar o termistor
na base do poço de sondagem, uma vez que conseguirmos,
e obter outra medição a partir do poço de sondagem,
mas isso nos dá uma boa primeira aproximação
da temperatura do furo de sondagem.
Enquanto eles perfuram, Chris observa os ursos.
O que é aquilo ali?
É um urso.
- É um urso? É não. - Você o vê? Ali.
Está a quilômetros de distância.
Não temos problema - está muito longe.
Mas não é apenas um urso.
# David, nós os localizamos. Eles parecem bem perto.
É uma mãe e seus 2 filhotes.
O mais provável é que ela venha dar uma olhada em nós,
porque ela está curiosa
e, a seguir, os levará para longe.
Digo, as pessoas não são agradáveis com os ursos.
Ela não quer expor seus filhotes,
os quais são muito valiosos para ela.
Então, a chance de que ela chegue muito perto de nós
é bastante pequena.
Mas os ursos seguem se aproximando.
A 80 metros, eles estão perto o bastante para alarmar.
# Sim, estão vindo em nossa direção.
# OK.
Eles apenas conseguiram perfurar 2 metros,
mas Keith acha que já é o bastante.
# O grupo está, gradualmente, retornando para nós.
# Todo o pessoal a bordo. Temos caminho livre.
E tem sido uma experiência única.
Eu não estou acostumado a ser interrompido por ursos.
Viemos do Levantamento Antártico Britânico
e nós não permitimos ursos polares perto de nós.
Nós podemos, talvez, ter irritado os pinguins,
mas foi só isso que precisamos enfrentar.
A equipe do degelo tem seus resultados.
O iceberg está a -6.16°C, a 2 m de profundidade.
A partir disso, eles estimam que,
em seu ponto mais frio, ele estará a -13°C.
É surpreendentemente frio.
O gelo está apenas 2 graus mais quente
do que quando ele se desprendeu da geleira,
dois anos antes.
Mas por que ainda está tão frio?
A equipe do degelo sabe que o principal regulador
da temperatura do iceberg é a água ao seu redor.
Então, eles dirigem sua atenção rumo ao mar.
Eles usam um dispositivo chamado CTD.
Ele mede o quão frio ou quente está a água ao seu redor,
bem como sua salinidade.
Queremos examinar a temperatura do oceano,
sua salinidade - ao redor de todo o iceberg,
de modo que possamos ver se o iceberg está derretendo.
Keith vê uma chance para obter as melhores medições,
bem próximo ao iceberg.
Uma vez mais, Doug e Andy irão ajudá-los.
Durante anos, imaginamos o que realmente acontece
naquela camada fronteiriça entre o oceano e o gelo.
E nós, simplesmente, não podemos nos aproximar dele,
porque os barcos simplesmente não podem chegar lá.
Mas quando você usa mergulhadores,
os mergulhadores podem levar
o instrumento diretamente até a parede.
É muito excitante ver os dados
que nós iremos obter.
Tudo pronto e preparado para prosseguir.
- Tudo está ligado. - OK.
Passando dos 30, agora. Seguindo em frente.
Ninguém registrou a temperatura do mar
e a salinidade, dessa forma, antes.
Eu tentarei mantê-lo o mais próximo da borda possível.
Essa borda plana aqui.
Tanto quanto obter essas leituras únicas,
Keith deu aos mergulhadores outro experimento.
Essa garrafa contém um corante marcador.
Ele irá revelar se correntes poderosas
movem para cima e para baixo as laterais do iceberg.
Isso é absolutamente lindo.
É como uma espécie de cobertor de veludo enorme.
Que formato estranho!
Não parece estar se movendo muito,
está apenas suspenso aí.
Os resultados são surpreendentes.
Se houvesse correntes fortes,
o corante teria se espalhado rapidamente pela água.
Mas isso não está acontecendo.
Parece haver muito pouco distúrbio na água,
bem na borda do gelo.
O corante mostra que as águas ao redor do iceberg
estão paradas, estacionárias.
Isso é brilhante. Verdadeira ciência em ação.
Um dia nada mal no trabalho.
E que tal a temperatura da água?
De volta ao barco, Alon tem seus resultados.
E um insight revelador.
Como vocês podem ver,
o oceano é separado em duas camadas.
Então, essa é a superfície, e esse é o fundo.
Nós pusemos o que parece um iceberg no meio
apenas para nos dar um pouco de orientação.
E o que você vê é que
o oceano está separado em duas camadas.
A camada inferior,
a qual constitui a maior parte do oceano,
é fria e salgada.
Está em torno de -1.5°C,
o que significa que ela, na verdade, não está
derretendo demais o iceberg.
A parte mais profunda da água, aqui, é incrivelmente fria.
Abaixo do congelamento normal.
Isso protege o gelo submerso
e explica por que o centro do iceberg é tão frio.
Mas a equipe do degelo descobriu algo mais.
Os 10 primeiros metros do mar são muito diferentes.
Aqui, há uma camada bem mais aquecida,
a qual ficará no topo da camada mais profunda.
E essa camada é quente o bastante
para ter um impacto decisivo sobre o iceberg.
O que está realmente derretendo o iceberg
é a camada superior, a qual é bastante quente.
Isso está erodindo o iceberg,
o que é, exatamente, o que temos visto lá fora.
Enquanto eles ficaram aqui, os cientistas perceberam
uma característica surpreendente -
um desnível no gelo onde ele se encontra com o mar.
E, agora, eles sabem o que causa isso.
A água quente na superfície marítima
está derretendo essa estreita faixa de gelo.
Delineando um sulco ao redor do iceberg.
- São uns 4 ou 5 metros. - Sério?
É uma longa reentrância.
A razão pela qual esse iceberg
está se quebrando tão rapidamente a nossa frente,
deve-se ao que está ocorrendo na linha de corte das ondas,
na camada de água aquecida, exatamente na superfície.
A equipe está percebendo que
essa ranhura de aparência insignificante
está intimamente ligada
ao desmoronamento do gelo sobre ela,
e ao batente submarino que eles viram antes.
As peças do quebra-cabeça se juntaram.
A superfície quente da água derrete a ranhura.
O gelo acima perde a estabilidade e cede.
Isso expõe o enorme degrau de gelo, ou batente,
o qual está protegido do derretimento
pelas águas profundas e frias.
Conforme esse 'degrau' de gelo aumenta,
ele torna-se mais instável.
E, finalmente...
...a pressão para cima é, simplesmente, grande demais.
O gelo se desprende.
Apenas vendo isso ocorrer diante de seus olhos,
foi que a equipe pôde ter esse insight.
Há essas enormes tensões no gelo,
e o local onde ocorrerá o dano é nos pontos fracos.
E eu pensei que essa fosse uma desculpa fabulosa
para usar o chocolate.
Essa é a nossa plataforma de gelo, vista dessa forma.
E o que nós estamos dizendo
é que a base está empurrando-a aqui,
e se eu empurrá-la o bastante...
ela se quebra.
Está, na verdade, criando essa enorme alavanca,
a qual está forçando
a borda frontal do iceberg para cima,
fazendo com que rache ao longo da linha de fraqueza.
Agora, acho que deveríamos comer seu experimento.
Acho que é uma parte bem importante do experimento.
- Prove um pedaço. - Muito obrigado.
Acho que são umas poucas milhares de toneladas.
A equipe descobriu uma forma completamente nova
pela qual os icebergs podem se romper.
Durante a expedição,
a equipe enfrentou constantemente
a ameaça dos ursos polares.
Apesar de que eles tornaram a vida difícil,
eles fascinam Chris.
Ele quer saber quantos ursos o iceberg pode comportar.
Como seu trabalho final, ele quer fazer um censo.
Nós pegaremos o helicóptero,
e nós iremos sair e dar uma olhada em volta.
Eu estou realmente animado com isso.
Eu esperei bastante tempo para poder fazer isso.
Então, eu espero que nós encontremos alguns ursos.
Até agora, eles foram apenas capazes de observar os ursos
ao redor da borda do iceberg.
Mas há 40 km² de gelo.
E, ao voar pelo interior,
Chris pode ter uma estimativa mais precisa
do número total de ursos.
Nós temos um bem aqui embaixo, agora.
Está na margem de um pequeno lago.
Um urso adulto sozinho.
É uma cor creme que constrasta com o branco da neve,
o que significa que nós podemos vê-lo.
Eu irei tirar umas fotos dele com minha câmera.
A presença desses ursos adicionais no interior
confirma que aqueles na borda
devem ser apenas uma fração da população.
Então, no total, examinando pela circunferência,
a qual é de cerca de 27 km,
e baseado na frequência com que os vimos,
diria que há ursos jovens, e de até 20 anos, nesse iceberg.
O que há lá para eles é segurança,
e eu acho que eles estão tirando vantagem disso.
Então, eu acho que eles se agarram a esse iceberg,
basicamente, para permanecerem a salvo,
e simplesmente esperar pelo retorno do gelo marinho.
A seguir, eles poderiam simplesmente sair e caçar.
Com as temperaturas na primavera do Ártico
ficando mais quentes,
há muito menos gelo marinho.
Isso torna a sobrevivência dos ursos polares mais difícil.
É por isso que a pesquisa de Chris é tão valiosa.
Essa é a primeira vez
que uma grande população de ursos polares
foi registrada em um iceberg plano,
usando-o como moradia.
É hora de partir.
Apesar das dificuldades,
a equipe conseguiu cumprir mais em 10 dias
do que eles sequer imaginavam.
Eu suponho que esse seja, então...
...o final da Operação Iceberg,
e que baita expedição ela foi! Que baita expedição ela foi!
É sério, jamais pensei que estaríamos aqui,
e, agora, é hora de irmos embora.
Não posso pensar que jamais estarei em algum outro.
Foi incrível, absolutamente incrível.
Uma última pergunta, agora -
o que irá acontecer com ele após partirmos?
Onde ele desaparecerá? Onde irá ser derretido?
Onde a última molécula dessa *** de gelo
irá escorrer para o mar?
Eu espero que descubramos.
E nós iremos,
porque a equipe deixou um dispositivo de rastreamento.
Ele nos irá enviar a localização do iceberg
ao longo dos meses seguintes,
revelando sua jornada futura.
Foi uma aventura notável.
A equipe viu como nascem icebergs gigantescos,
conforme eles se separam das geleiras.
E o que acontece com um iceberg em mar aberto.
Eles continuarão a rastrear o Iceberg Petermann,
conforme ele flutua para o sul, rumo ao Atlântico.
E, com o o tempo, talvez tão logo quanto um ano,
todo o iceberg desaparecerá...
...de volta às águas.
Traduzido por: VitDoc