Tip:
Highlight text to annotate it
X
SALÒ, OU OS 120 DIAS DE SODOMA
Amos
Narradoras
Vítimas masculinas
Vítimas femininas
Filhas
Milicianos
Colaboracionistas
Agressores e servos
Escrito e dirigido por
Norte de Itália, durante a ocupação Nazi-fascista,
ANTECÂMARA DO INFERNO
Excelência.
Presidente.
Monsenhor.
Tudo é bom quando é excessivo.
Vá rapazes, vamos!
Onde vais?
Cláudio! O teu cachecol!
Cláudio, meu filho!
Vai-te embora!
Desculpem, mas ordenaram-nos para agir assim.
Caros amigos, ao casar com as nossas respectivas filhas
uniremos para sempre os nossos destinos.
O Presidente, tomará como mulher Tatiana
a filha de Sua Excelência.
Eu casarei com Suzy, a sua filha, Presidente
e as minhas duas filhas, Liana e Giuliana
casarão uma com Sua Excelência
e outra com o meu irmão, o Monsenhor.
A preparação do nosso plano está completa.
Agora está tudo pronto, podemos ir.
"Na sombra, as donzelas em flor não vão acreditar na infelicidade
"Ouvem rádio, bebem chá, ignorando que vão perder a sua liberdade.
"Não sabem que a burguesia nunca hesitou em martirizar os seus filhos."
Ponham-se em fila, depressa!
Como se chama este?
Cláudio. Cláudio Cicchetti.
Como te chamas?
Franco.
Eu sabia que haveriam de o notar.
Prendemo-lo graças a uma rapariga.
Ele julgava que ia a um encontro romântico
e acabou no fundo dum saco!
Como te chamas?
Sérgio.
Não seria preferível observá-los um pouco melhor?
Dispam-se!
Voltem a vestir-se.
Afastem-se! deixem passar!
Senhores, aquele ali é Lamberto Gobbi .
Este aqui é Carlo Porro.
E este é Umberto Chessari.
Olhem-no.
Não me quero gabar, mas levei 13 noites
a apanhá-lo.
Graças a Deus, consegui!
Ângelo Scardocchia, Walter Cicala,
Romeo Bertelli.
E este aqui chama-se Tonna Ferruccio.
É de Castelfranco,
de uma família de subversivos.
E aquele ali,
chama-se Orlando Tonino.
Vens tu dizer-me a mim como ele se chama?
Dois anos, amigos,
faz dois anos que eu o atendo.
Excelência, peço-lhe. Ajude-me, por caridade.
O seu pai era um magistrado do supremo, como eu.
Um meridional, não é verdade?
Contudo, não sei se me caberá a mim desvirginar-te.
A seu tempo decidiremos
a quem caberá essa agradável incumbência.
Assim, Tonino...
Eva, rápido, chega aqui.
Depressa e tenta portar-te bem.
Aqui a têm, senhores.
Vamos lá, não te preocupes,
ninguém te vai fazer mal.
Mostra a estes gentis senhores o que escondes aqui debaixo.
Então, deixa ver!
Muito bem!
Olhem!
Que maravilha!
Um cuzinho delicioso,
rijo como nunca viram
Duas maminhas de dar vida a um morto.
Assim está bem. Faz entrar outra!
Sra. Castelli, é a sua vez.
Estes senhores esperam-na.
Albertina.
Meu Deus.
Senhora, por caridade, deixe-me partir.
Chama-se Albertina,
é filha de um professor de Bolonha.
Para a trazer do colégio de freiras,
"convencemos" duas irmãs.
Confessa que nos preferes a nós às freiras, não é verdade, Albertina?
Ainda não sei, senhor.
Bem, dispam-na!
Um momento!
Ninguém se apercebeu,
uma criança tão linda!
Senhora Castelli, leve-a daqui!
Se me fizeres fazer má figura, tem cuidado!
Olha que eu te conheço bem!
Chora porque, para a apanharmos, esperámos que saísse com a mãe.
A estúpida da mãe,
para a defender, atirou-se ao rio e afogou-se
mesmo em frente aos olhos deste anjinho.
Eram nove rapazes...
agora são oito...
A propósito de 8, sabem a diferença entre 8,
nenhum e a família?
Não. Conte-nos estamos ansiosos.
8 são 2 vezes 4,
nenhum é duas vezes nada.
E a família?
- E a família? - A família vai bem, obrigado!
A família vai bem, obrigado.
Está tudo pronto de acordo com os vossos desejos.
Pobres criaturas acorrentadas, destinadas ao nosso prazer.
Espero que não contem encontrar aqui
a liberdade ridícula concedida pelo mundo exterior.
Estão fora dos limites de qualquer legalidade.
Ninguém sabe que estão aqui.
Para o mundo,
vocês já estão mortos.
Eis as leis que regerão as vossas vidas aqui.
Pontualmente às 6 horas
toda a companhia se reunirá na chamada sala das orgias.
onde as narradoras, uma após outra,
se sentarão para contar,
cada uma, uma série de histórias.
sobre um tema em particular.
Os nossos amigos podem interromper a qualquer altura,
sempre que queiram.
A história tem por objectivo inflamar a imaginação.
Toda a lascívia será permitida.
Depois do jantar, estes senhores celebrarão
aquilo que designamos por orgias.
O salão e restantes compartimentos estarão aquecidos.
Todos os participantes se vestirão de acordo com as circunstâncias.
Deitados por terra, seguirão o exemplo dos animais,
mudarão de posições, misturar-se-ão,
copularão indiscriminadamente,
incestuosamente e sodomiticamente.
Este será o procedimento diário.
Todo o homem encontrado...
Fora com os criados! Apanhem-nos!
Todo o homem apanhado em flagrante delito
com uma mulher, será punido
com a perda de um membro.
Os mínimos actos religiosos
sejam eles quais forem,
serão punidos com a morte.
Agora todos para dentro! Façam-nos entrar!
CICLO DAS TARAS
Nasci praticamente num colégio
onde a minha mãe era criada.
Um dia a minha irmã perguntou-me
se eu conhecia o professor Gentile.
Disse-lhe que não. "Então olha lá para fora,
ele procura-te
para te mostrar o que já me mostrou a mim.
Não fujas, minha menina.
Se o deixares fazer, ele pagar-te-á bem."
Imediatamente corri para o professor Gentile.
Nem queria acreditar.
Ele deteve-me
e perguntou-me: "Onde é que tu vais?"
"Arrumar as cadeiras, professor."
"A tua irmã que o faça, vem cá
ver uma coisa que nunca viste.
Eu segui-o. Entrámos e ele fechou a porta.
"Bem, minha menina."
E tira um pénis monstruoso das calças.
"Diz-me", continuou ele masturbando-se,
"Já alguma viste algo parecido?
Já o mostrei à tua irmã e a todas as meninas da tua idade.
Ajuda-me aqui com a tua mão
a derramar a semente da qual todos fomos criados.
Fá-la-ei escorrer pelo teu rosto.
Esta é a minha tara, minha menina, não tenho outras,
não vais tardar a ver."
E, nesse mesmo instante, senti-me completamente banhada
por um jorro branco como espuma,
da cabeça aos pés.
Um momento, senhora Vaccari.
É preciso não negligenciar o mínimo detalhe.
Só assim poderemos retirar das suas histórias
o grau de excitação necessária
que esperamos delas.
Caro senhor...
eu sei, foi-me recomendado não omitir qualquer detalhe
e de entrar em todas as minúcias
sempre que eles nos possam servir para aclarar a personalidade humana
ou um determinado género de tara.
Julgo não ter negligenciado nada.
Bem, por exemplo,
eu não sei nada sobre as dimensões do pénis do seu professor.
Não sei absolutamente nada sobre o seu tipo de ejaculação.
Nem sei se você lhe tocou os órgãos genitais
ou se foi obrigada a tomá-los na mão.
Cara senhora Vaccari, um pouco mais de clareza!
Peço-vos perdão.
Prometo-vos que serei pródiga em detalhes.
- Posso continuar? - Um momento!
Só o tempo de fazer gozar o bastão da minha velhice.
Pouco tempo depois de fazer sete anos,
acompanhando, um dia, uma amiga a casa do professor,
encontrei-o na companhia de um colega.
os dois homens levaram-nos para dentro e um deles,
olhando para mim, disse ao outro:
"Então, Godofredo, eu não te tinha dito que ela era uma beleza?"
"Sim, tinhas toda a razão,
é bonita, uma verdadeira jóia."
Disse o Godofredo, colocando-me afectuosamente sobre os seus joelhos
e dando-me um beijo: "Que idade tens, pequenita?"
"Sete anos, senhor."
"Meu Deus, cinquenta anos a menos do que eu!"
disse o professor continuando a abraçar-me.
Enquanto o outro
preparava uma estranha beberagem.
Fizeram-ma beber,
Dizendo que era só para me fazer fazer xixi
e acrescentaram:
"para sermos sinceros, pequenita,
"nós queremos apenas que tu urines
"e que o faças em frente de mim,
"sozinhos, no meu quarto."
De joelhos!
Excelência!
Inflijam uma punição exemplar a este canalha.
Estamos à sua inteira disposição.
Não somente é um incapaz
como teve o descaramento de me recusar.
Leve outro; escolha um dos nossos
se nenhum o satisfizer.
Não, muito obrigado.
Os esforços para me satisfazer agora teriam de ser imensos
e bem para lá daqueles tão pequenos
que seriam necessários há apenas um instante.
Bem sabeis ao que nos conduz
um desejo frustrado.
A única coisa que vos peço,
é uma punição exemplar
para este filho da puta.
Monsenhor!
Eu sinto-me disposta a satisfazê-lo.
A mim não terá de me ensinar nada.
Não. Deixe estar.
Deveria saber que há milhares de ocasiões
em que não se deseja o ânus de uma mulher.
Eu esperarei.
A senhora Vaccari que continue!
A coisa tinha sido organizada de forma
a que o professor conseguisse engolir
até à última gota do meu mijo
ao mesmo tempo que o seu pénis, confuso pela vitória,
chorasse sobre mim lágrimas de sangue.
Neste ponto, o professor pareceu aperceber-se,
que já não tinha pelo seu ídolo,
uma vez que o combustível se tinha consumido,
o mesmo fervor religioso que o tinha dominado até ali.
assim, sem mais rodeios,
meteu-me 10 liras no bolso do meu avental,
E pôs-me fora de casa.
Meu Deus, esse rapaz não sabe masturbar.
Tem de aprender maneiras.
Dir-se-ia que ele nunca viu um membro viril.
Que escândalo!
Ora bem, não há qualquer dúvida
que a senhora Vaccari
as fará tornarem-se putas de primeira ordem.
Não há nada de mais contagioso do que o mal.
Para mim, engana-se.
Há pessoas que não sabem comportar-se mal,
excepto quando a paixão as empurra para o mal.
Há pessoas que estão sempre infelizes
e que passam a vida a arrepender-se
do que aconteceu na noite anterior.
Chegou finalmente o dia
em que me tornei uma porca
lavava os dentes na casca das árvores,
contemplava a minha máscara com delícia.
Umberto! Franco! Olhem!
O que dizem vocês?
Olhem, rapazes!
Rinaldo, peço-te, olha, olha bem.
Cláudio, Bruno, vocês também.
Olhem, olhem a maravilha!
Efísio!
A mim, a mim!
Sobre a ponte de Perati
Bandeira negra
É o luto da divisão Júlia
Que vai à guerra
É o luto da divisão Júlia
Que vai à guerra
Sobre a ponte de Perati
Bandeira negra
A melhor juventude
Vai para debaixo da terra
A melhor juventude
Vai para debaixo da terra
Andem, venham!
Aí, parem!
Estes senhores não estão satisfeitos convosco.
Uma das primeiras coisas a aprender é como segurá-lo.
Tu!
Chega aqui!
Então!
Vamos lá!
Para cima, para baixo.
Aperta mais.
E com a outra mão toca por baixo.
Vaca! Olha como se faz!
Assim também as raparigas em vez de serem nove, são oito.
A propósito do 8, veio-me à mente uma pequena história.
Trata-se de um homem que tinha um amigo chamado Seisvezoito.
Uma noite, voltando juntos de Siena,
perderam-se.
Então o nosso homem procurou o amigo.
Procurou, procurou...
finalmente, pareceu-lhe ver qualquer coisa a mover-se na escuridão.
Todo contente,
julga ter encontrado o amigo
e grita: Seisvezoito
E uma voz responde-lhe: 48!
Música! E agora, senhora Vaccari, outra história.
Qualquer coisa de estimulante
para dar nervo a novas batalhas.
Muito bem, meus senhores. tinha eu nove anos
quando a minha irmã me levou a Milão a casa da Sra. Calzecchi
que me examinou
e me perguntou se eu queria trabalhar para ela.
"Sim, senhora", respondi eu,
"não interessa o trabalho, desde que seja pago."
Uma meia hora depois de eu ter começado
apareceu um senhor corpulento
que me olhou da cabeça aos pés.
Chamava-se Vaccari.
Uma vez no quarto, eu mostrei-lhe a minha ratinha
que eu achava preciosa.
Vi, horrorizada, que ele tapava os olhos.
"Nem pensar,
"não estou interessado na tua ***.
"tapa-me isso, se fazes favor."
Ele cobriu-me e fez-me deitar sobre o seu ventre.
Ele disse:: "Tudo o que estas pobres putas sabem
"fazer é mostrar a ***.
"Agora, para me vir, terei de recuperar dessa repugnante visão."
Então ele envolveu-me num lençol,
da cabeça aos pés, como uma múmia,
e não deixou nada descoberto à excepção do meu rabo.
Primeiro, manipulou-o docemente
depois abriu-o, voltou a fechar
chupou-o avidamente e voltou a chupá-lo.
Pegou num escabelo e, meticulosamente,
colocou o seu membro entre as minhas nádegas.
O seus movimentos tornaram-se mais rápidos
até se tornarem convulsivos.
"Eis o adorável traseiro, o doce pequeno ânus...
"e como eu o vou molhar bem!"
disse por três ou quatro vezes.
Nunca mais o voltei a ver.
Esse senhor Vaccari, o seu primeiro cliente
tinha, da mulher, uma ideia
que a maioria não partilha.
É frequentemente verdade que a homenagem rendida a esse templo
é mais ardente que o incenso que brota do outro.
E esta é uma discussão que proponho a todos.
De que modo poderemos determinar
o verdadeiro sexo de um rapazinho ou de uma rapariguinha,
em suma, a sua melhor parte?
Julgo que é preciso masturbar
os diversos pontos dos seus corpos.
Proponho agarrar em todos os miúdos sobre os quais temos dúvidas
e levá-los imediatamente para a última sala
para verificar.
Observem como nós o fazemos.
com tanta paixão quanto apatia.
*** e Vaccari
masturbar estes dois corpos que nos pertencem
inspira-me uma série de reflexões interessantes.
Tenha então a bondade das nos comunicar, meu caro duque!
Nós, os fascistas, somos os únicos e verdadeiros anarquistas,
naturalmente, quando somos os chefes de Estado.
De facto, a única verdadeira anarquia é a do poder.
Entretanto, olhem!
Os gestos obscenos
são como uma linguagem de surdos-mudos, com um código
que nenhum de nós, apesar do seu livre arbítrio,
pode transgredir.
Não há nada a fazer.
A nossa escolha é estruturada,
temos de restringir os nossos impulsos a um único gesto.
Viva! Ele veio-se! É um homem.
Muito bem, óptimo!
O nosso pequeno Sérgio portou-se bem.
E esta aqui é uma mulher.
O primeiro casal está formado.
Coragem, Sérgio, demonstraste que és um homem.
Aqui tens o prémio.
Mexam-se!
Uma vez que estes senhores
acham por bem conceder-vos este privilégio,
celebremos solenemente o vosso casamento.
Que belas coxas!
Que puta, ui!
Desapareçam, cabras!
Retomemos a cerimónia interrompida.
Sérgio, queres tomar como mulher
Renata, aqui presente? - Sim, quero.
Renata, queres tomar por marido
Sérgio, aqui presente? - Sim, quero.
Assim sendo, declaro-vos marido e mulher.
Saiam todos!
Desapareçam!
Deixai sós os vossos gurus parampara.
Toda a gente para fora!
Tu também, vai-te!
Agora vá, coragem!
São recém casados, ou não?
São livres para dar livre curso aos vossos sentimentos.
De joelhos!
Então?
Comecem, imbecis.
Não, isso não!
Esta flor está-nos reservada.
O princípio de toda a grandeza sobre a terra
está total e invariavelmente
coberto de sangue.
E também, meus amigos,
se a memória não me atraiçoa,
sim, é isso, sem derramamento de sangue
Não há perdão, sem derramamento de sangue.
Baudelaire.
Perdão, Excelência, devo dizer-lhe
que esse texto não é de Baudelaire
mas de Nietzsche e é tirado de "Zur Genealogie der Moral".
Não se trata nem de Baudelaire nem de Nietzsche,
Nem mesmo de São Paulo,
Carta aos Romanos. É dadaísmo!
Canta essa doce melodia que eu tanto gosto. Que faz da-da...
Criatura deliciosa,
queres as minhas cuecas sujas,
as minhas velhas cuecas?
Sabes que é de um refinamento incomparável?
Vê como eu sou sensível ao valor das coisas.
Escuta, meu anjo.
Tenho o maior desejo de te contentar,
pois tu sabes que eu respeito os gostos e os caprichos,
por muito barrocos que eles sejam, eu acho-os respeitáveis,
seja porque não somos árbitros,
seja porque o mais singular e o mais bizarro,
em boa análise,
deriva sempre de um princípio básico de refinamento.
Sim,
velhos enrabados, espíritos refinados.
Um dia, a patroa do bordel
enviou-me a casa de outro libertino.
Ele recebeu-me numa sala com o chão coberto
por um esplêndido tapete chinês.
Fez-me despir,
pôs-me de quatro, como um animal.
Depois de me acariciar a cabeça duas ou três vezes, disse-me:
"quero ver se é tão rápida como os meus cães."
Atirou duas castanhas assadas ao chão,
dizendo, como se eu fosse uma cadela:
"Vai! Busca!"
Pensei então que a melhor coisa a fazer
era prestar-me ao seu jogo.
De modo que, corri a quatro patas atrás da castanha
tentando levá-la ao meu cliente.
Tens bons olhos para ver?
Então, olha!
Mija, mija!
"Esterco nojento!
"Puta! Cadela imunda!"
Gritou ele, aproximando-se de mim
e ejaculando-me nas costas.
Assim acaba o episódio.
O homem desapareceu, eu levantei-me
e encontrei 25 mil liras no meu casaco.
Comam, comam!
Tu também, come!
Então, Excelência, está convencido?
É vendo aqueles que não gozam que eu mais gozo,
e que sofrem mais,
que nasce o fascínio de poder dizer:
Sou mais feliz que esta escumalha a que chamamos "povo".
Quando os homens são iguais
e não há diferenças,
a felicidade também não pode existir.
Vós não socorreis então nem os humildes nem os desafortunados?
Neste mundo,
não há volúpia que mais adule os sentidos
que o privilégio social.
Come!
Chegou o momento de vos revelar
a tara do ministro Missiroli.
Eu apresentei-me em casa do ministro por volta das 10 da manhã.
Assim que entrei,
todas as portas se fecharam atrás de mim.
"que fazes tu aqui, cadelita?"
disse-me o ministro, inflamado.
"Quem te autorizou que me incomodasses?"
Ninguém me tinha advertido do que me aconteceria.
Podem imaginar
como fiquei assustada com aquele acolhimento.
Eva!
"Então despe-te, depressa."
Não aguento mais.
"Quando eu te puser as mãos em cima, puta de merda,
"não irás salvar a pele. Sim, tu vais morrer."
Chorando, deitei-me a seus pés, mas nada o demoveu.
Arrancou-me as peças de roupa, rasgando-a,
e o que mais me aterrorizou foi vê-lo jogá-las ao fogo.
uma a uma.
Assim, fiquei nua diante dele.
Ele, que nunca me tinha visto,
contemplava-me um pouco o traseiro,
pronunciava alguns palavrões
e acariciava-me,
mas sem aproximar os lábios.
Depois, cai num estado de semi-inconsciência,
atira-se a uma cadeira
e ejacula
fazendo cair o esperma sobre os restos carbonizados
das minhas roupas.
CICLO DA MERDA
Permitam-me fazer uma sugestão.
Não pensa a senhora Maggi que seria oportuno,
antes de começar as sua história,
que nos mostrasse sua parte melhor?
Certamente! Com o maior dos prazeres.
Eu bem lhes dizia,
que um traseiro tão extraordinário
merecia ser visto!
Posso garantir que nunca vi nada de melhor.
Obrigado senhores! É muita gentileza a vossa.
Nós declaramo-nos satisfeitos.
Senhora Maggi, pode começar.
Visto estes senhores
terem apreciado tanto
aquilo que eu própria considero a melhor parte de mim mesma,
procurarei que a minha história fique
o mais perto possível do sujeito.
Tenho a certeza que a minha história estará longe de desagradar
ao Presidente.
Ele deverá permitir-me entretê-lo
com a descrição de uma tara
que o entusiasma
e que me fez valer a honra de o conhecer.
Vai contar as minhas depravações
em frente destas inocentes crianças?
Basta! Estou ansioso por ouvir a voz da Sra. Maggi.
Não vou perder muito tempo com anos da minha infância,
anos ocupados a dar ao meu corpo
a capacidade de satisfazer os piores desejos,
os mais extravagantes.
Tornei-me rapidamente perita nesse tão difícil trabalho
e a minha reputação espalhou-se por toda a Itália.
Tenho como clientes numerosas personalidades
e a todos dei
o melhor de mim mesma.
Vou contar-lhes primeiro
um episódio curioso da minha vida:
A Sra. Evola, a madame para quem eu trabalhava,
enviou-me um dia a casa de um cliente
depois de me dar um laxante ricamente condimentado com especiarias.
Cheguei a casa do cliente,
um velho general da polícia
que quis ser despido e que lhe pusesse fraldas como a um bebé.
Habituada a tais manias,
coloquei-o sobre a cama e esperei à sua disposição.
Pouco depois, comecei a sentir cólicas terríveis.
O homem obrigou-me a defecar
sobre os olhos dele, coisa que fiz sem o menor embaraço.
Depois, balbuciando
como um bebé,
obrigou-me a amassar os meus excrementos com a ponta dos dedos
e dá-los à sua boca como se fosse uma papa.
Tudo decorreu de modo conveniente.
O meu homem, engolindo tudo,
simulou o choro de um bebé.
E ejaculou nas suas fraldas.
Conheci um tal que era capaz,
entre outras coisas,
de refinamentos do género.
Esperamos de si o que há de melhor,
bem sabe!
Com certeza.
Tenho em reserva o que é preciso.
O que vos vou contar teve lugar em Verona.
O rapaz que me veio buscar tinha-me dito
que o cliente que me esperava
era um velho nobre conhecido na região
pela sua depravação.
A minha curiosidade, como compreenderão, era enorme.
A minha mãe, nessa noite, estava mais intolerante que o habitual
Ela suplicou-me
para não ir, para mudar de vida e...
E então?
Não consegui resistir à tentação
e matei-a.
Era a única coisa a fazer.
A excitação que vos esperava
era mais forte do que tudo no mundo.
Isso merece, portanto, qualquer sacrifício.
É uma parvoíce pensar-se que devemos alguma coisa à nossa mãe.
Deveremos agradecer-lhe ter gozado
enquanto um qualquer a possuía?
Isto deveria bastar.
Eu lembro-me de, há muito tempo, ter tido também uma mãe
que me provocava os mesmos sentimentos
que você sentia pela sua.
Assim que tive a oportunidade mandei-a para o outro mundo.
Nunca conheci um prazer mais subtil
do que no dia em que ela fechou os olhos pela última vez..
Porque chora essa pequena?
Eu digo-vos porquê?
O vosso discurso fê-la lembrar-se da mãe.
Como sabe,
ela foi morta tentando proteger a filha.
Esplêndido!
É pela tua mamã que choras?
Vem cá que eu te consolo!
Vem ao pé de mim!
Vem, pequenita, vem ao teu papá
A tua linda ama te cantará
Minha menina, que ocasião me ofereces!
A história da Sra. Maggi deve ser de imediato posta em prática.
Senhor!
Por piedade! Respeite a minha dor!
Sofro tanto com o destino da minha mãe.
Ela morreu por mim
e eu não voltarei a vê-la.
Dispam-na!
Matem-me!
Ao menos, Deus terá piedade de mim.
Matem-me antes de me desonrar
Que os meus olhos sejam malditos, se esta cadela
não é o que de mais excitante eu já ouvi.
Matem-me para me libertarem do tormento
de ver e ouvir tantos horrores!
Ouviram?
Ela invocou Deus.
Excelência, inscreva-a imediatamente no livro das punições.
Ela merece uma punição terrível.
Sim, mas a mais terrível de todas
para poder reencontrar a minha mãe.
Não tão depressa! Nós sabemos muito bem o que faremos contigo.
Serás punida e desflorada no momento certo.
Não julgues que me escapas.
Não julgues que travas o meu desejo com o teu desespero.
Pelo contrário!
Vem, minha pequena!
Está pronto!
De joelhos!
Vai!
Coragem!
Come!
Apanha a colherzinha!
Come mais.
É insuportável
que esta estúpida se comporte assim perante tão requintado manjar.
Um amigo meu de Ferrare
exigia que os excrementos que eu lhe servisse
viessem de uma velha pedinte
a fim de que fossem mais pútridos e deliciosos.
Arranjei-lhe uma velha de 70 anos
coberta de tumores e úlceras
e fi-la defecar perante ele.
Ele dizia que era excelente e eu descobri com o tempo
que podíamos tornar o manjar ainda mais apetitoso.
- E como? - É simples.
Basta provocar ao sujeito uma pequena indigestão.
É inútil tentar fazê-lo comer coisas que ele não gosta,
embora seja frequente
que a comida estragada produza excelentes diarreias.
Basta fazê-lo comer depressa
a diversas horas
quando a digestão está em curso.
Temos de o experimentar rapidamente.
Caro presidente,
estou verdadeiramente ansioso por saber
como é que travou conhecimento com a Sra. Maggi.
Espere, espere! Quero que seja ela a contá-lo.
Após o casamento de sua Excelência com o Sérgio,
podereis rir-vos nas minhas costas.
Não os quero privar desse prazer.
O tema abordado pela narradora
exige, na minha opinião, uma rectificação das nossas leis.
Se queremos aproveitar o fruto
da nossa estadia nesta casa,
convirá rever o nosso regulamento.
Instalem nas casas de banho um grande alguidar
para recolher as fezes dos nossos hóspedes.
Foi aqui dito que nada se deverá perder.
Sigamos o exemplo e os conselhos da Sra. Maggi
e demos ao nosso querido Presidente
o prazer de ver o seu sonho realizado.
Bom dia, Sra. Castelli.
Bom dia, Presidente.
Desculpe, elas estão quase prontas.
Só queria assegurar-me
Vamos! Os bacios!
Depressa!
Tu sabes o regulamento?
Sim, senhor, mas...
Como te chamas?
Suplico-vos.
Com todas as porcarias que nos fizeram comer
Como te chamas?
Chama-se Doris.
É uma das mais indisciplinadas.
Bem! Ela irá fazer companhia
aos que já estão inscritos nesta lista.
- Isto é de quem? -É meu. Quer provar?
É assim que obedeces ao regulamento?
Pequeno impertinente!
Rino, faz-me a gentileza de me mostrares o teu traseiro.
E o pior é que tiveste o descaramento de te limpares.
Terás o que mereces.
Sr. Presidente, estamos prontos. Desculpe.
Para preparar este rapaz,
não tive tempo de vigiar como devia estes desgraçados.
Não há evasivas
a não ser que o povo alemão caia
Estamos preparados para qualquer eventualidade
para salvar uma vida humana mesmo neste canto da África...
Os senhores sabem
que, para nós, as suas instruções são leis
e que cada desejo é uma ordem
que temos prazer em obedecer.
Tive o cuidado
de alimentar as criaturas mais aptas
do modo que me foi ensinado
a fim de que elas fornecessem para esta boda
os mais requintados alimentos.
As raparigas abstiveram-se
de satisfazer as suas necessidades em privado
como a vossa lei exige
para vos oferecer isto.
Comecemos então o ritual.
O nosso guia reintroduziu o carácter divino da monstruosidade
através dos actos reiterados, isto é, dos rituais.
Sabei vós, que não existe desejo mais inebriante
e que os vossos sentidos serão revigorados
para os desafios que vos esperam.
Come, minha querida esposa.
Tens de refazer as forças.
Tens de te preparar para a nossa noite.
Não há nada pior do que um hálito desprovido de odor.
Eva, não aguento mais!
Fá-lo pela Nossa Senhora.
Faz assim com os dedos!
És capaz de dizer: "não consigo comer o arroz"
com os dedos assim?
Não posso comer o arroz.
Então come só a merda!
Os factos que vos vou contar
referem-se ao Cupido em pessoa.
Aludo, como compreendem,
ao nosso ilustre Presidente.
Depois de o ter satisfeito,
fiquei maravilhada de encontrar gostos tão particulares
numa pessoa ainda tão jovem.
Gostos que...
se revelarão claramente na continuação da minha história.
Ora bem, meus amigos,
uma vez liberta da minha mãe,
a vida apresentou-se-me em todas as suas delícias.
A mulher para quem eu trabalhava
apresentou-me ao libertino de que vos falo.
A suas taras parecer-lhes-ão
bastante insólitas.
A cena passa-se em casa dele, em Rovigo.
Introduziram-me num quarto sombrio
onde vi um homem estendido numa cama
e um caixão ao meio da sala.
"Tem à sua frente", disse-me o libertino,
"um homem jazendo no leito da morte
"e que não vai fechar os olhos pela última vez
"sem render uma última homenagem ao objecto
"da sua adoração.
"Eu adoro o traseiro
"e embora esteja morrendo,
"quero partir a beijar um.
"Quando a vida tiver deixado o meu corpo,
"Você mesma me levará para esse caixão,
"embrulhar-me-á na mortalha
"e fechará a tampa.
"Quero ser escrupulosamente servido
"neste supremo instante
"com o único objecto
"dos meus desejos lúbricos.
"Venha, venha!",
continuou ele, com a sua voz quebrada e soluçante.
"Despache-se.
"estou no limiar da morte."
Fui até ele, virei-me
e exibi-lhe as minhas nádegas.
"Ah! Que cu maravilhoso!",
gritou ele.
"Poderei levar para o meu túmulo a visão
"de um belo traseiro como esse!"
Ele acariciou-o, abriu-o,
brincou com ele e beijou-o
como teria feito o homem mais saudável do mundo.
Depois, forçou-me a libertar-me do que...
os meus intestinos continham.
O que fiz sem o menor embaraço.
"Isso! Agora devo morrer.",
disse ele, virando-se no leito.
"O momento supremo chegou."
E, dizendo isto, exalou um profundo suspiro.
Ficou rígido e representou o seu papel
com tanto talento que o julguei verdadeiramente morto.
Recobrei os meus sentidos e envolvi-o no sudário.
Mija!
Vai, vá lá, força!
Não consigo, não sai.
Esta nuvem de desgosto que vem perturbar o espírito de um libertino
quando a ilusão se dissipa.
O limite do amor é termos de precisar sempre de ter um cúmplice.
Esse seu amigo conhecia bem o refinamento da libertinagem
que é ser ao mesmo tempo carrasco e vítima.
A minha irmão conhecia um senhor,
funcionário num escritório,
baixo, porcino,
com um rosto extremamente desagradável.
Ele punha um bacio debaixo deles,
onde os dois se sentavam costas com costas
e defecavam em simultâneo.
Depois, pegando no bacio, ele mergulhava os dedos,
apanhava e engolia.
A minha irmã contou-me, que lhe bastava
ver o traseiro dela sujo para ejacular.
Diga, Sra. Maggi, a sua irmã tinha um bom cu?
Podeis avaliá-lo por isto:
Um pintor célebre,
encarregado de fazer uma Vénus com belas nádegas,
pediu-lhe que posasse como modelo, depois de ter consultado
todas as "madames" de Itália
sem encontrar um que o igualasse.
Diga-me, que idade tinha ela?
Quinze anos.
Aguçou-nos a curiosidade.
Querida, porque não organiza um concurso de beleza dos cus destes rapazes?
Fá-lo-ei, senhor,
sou uma especialista.
Excelência, esta situação não vos sugere nada?
Sra. Maggi, está pronta?
Um momento!
O gesto ***ítico
é o mais absoluto pelo que contém de mortal
para a raça humana
e o mais ambíguo, porque aceita as normas sociais
para as infringir.
Há algo ainda mais monstruoso, do que o gesto do sodomita
é o gesto do carrasco.
Certo,
mas o gesto do sodomita tem a vantagem de poder ser repetido milhares de vezes.
Pode-se arranjar maneira de reiterar o gesto do carrasco.
Meus senhores, está pronto.
Apaguem as luzes!
É a minha obra prima.
Um momento.
Antes de começar, tenho uma proposta a fazer.
Diga.
Não decidimos ainda o prémio a entregar
àquele, ou àquela
cujo traseiro seja decretado o mais belo.
Eis o que eu proponho:
aquele ou aquela
cujo traseiro seja julgado o mais belo
será morto imediatamente.
De acordo.
Assim, não sabendo quem eles são,
podemos estar seguros de ser imparciais.
- Uma justa observação! - Obrigado, sua Excelência.
Saber que um cu pertence a um rapaz em vez de a uma rapariga
poderia influenciar a nossa decisão.
Devemos ser livres na nossa escolha.
É justo.
É uma armadilha na qual não quero cair.
Quando temos uma preferência inata pelos homens,
é difícil conceber uma mudança.
As diferenças entre um rapaz e uma rapariga são enormes.
E não podemos andar em busca daquilo que é manifestamente inferior.
Mas, a avaliar pelas histórias que ouvimos até agora,
podemos concluir que, muitas vezes,
uma rapariga é preferível a um rapaz.
tentemos contudo ser objectivos.
Olhem, senhores, notem a beleza desta ranhura,
a elasticidade da pele deste cu.
Penso que não deve haver qualquer dúvida.
Esperem!
Não é para vos contradizer, mas gostaria de rever um
que me tocou particularmente.
Iluminem aqui!
Com certeza.
Não me parece que a potência deste lombo possa ser comparada
à graça que eu fiz notar anteriormente
e que, na minha opinião, é o melhor cu da casa.
É apenas uma opinião pessoal, remeto-me à maioria.
Eu vou votar no candidato do duque.
Quanto a mim, dou o meu voto ao candidato do duque.
Caro Presidente, como vê são três contra um.
Acato a maioria.
Mas peço que me seja, ao menos, concedido
este meu candidato
quando for o momento de lhe fazer a festa.
Seja!
Luz!
Revelemos o mistério.
É o Franchino.
Dispara!
Imbecil, como pudeste crer que te mataríamos?
Não sabias que te queremos matar mil vezes,
até aos limites da eternidade,
se a eternidade pudesse ter limites?
Queria contar-vos a história de um misterioso cliente
cuja tara particular tem a ver com aquelas
que serão objecto das histórias da Sra. Castelli,
pelo que lhe peço perdão.
O homem em questão
apenas queria mulheres condenadas à morte.
Quanto mais próximas elas estavam da morte,
melhor ele lhes pagava.
Ele exigia que a sua visita só tivesse lugar depois de confirmada a sentença.
Graças à sua alta posição social
que lhe permitia pagar qualquer preço,
ele conseguia não falhar uma.
Mas ele não se unia a elas fortuitamente.
Pretendia
que lhe mostrassem o traseiro
e que defecassem em frente dele.
Ele sustentava
que não podia haver melhores fezes
do que as de uma mulher
que acabara de ouvir
a sua sentença de morte.
CICLO DO SANGUE
Senhor bispo,
estamos prontos!
Queremos um casamento maravilhoso.
Primeiro o Presidente.
É o com mais tusa de todos!
É verdade, confirmo.
Filhos da puta!
Que velório é este? Estes parasitas
não fazem nada pela festa?
Urrem de alegria, façam o que queiram, mas, sobretudo, riam!
Vamos, imbecis!
Demonstrem como estão felizes!
Vamos, riam!
Tu!
Porque não urras de alegria?
Porque não cantas?
Porque não te partes a rir?
Não riem?
Vocês as duas!
O que é que estão a fazer?
Excelência, peço-vos, tire nota!
Muito bem, meninas,
já que tanto gostam de se lastimar,
faremos com que se lamentem pelo resto dos vossos dias.
Os poucos que vos restam.
Então, Sr. Royale, devia ter pago as suas contas!
Claro, Sr. Juju.
Não acha que também devia pagar as minhas?
Porquê, Sr. Juju?
Porque 2 mais 2 são 4 e porque eu já não tenho dinheiro!
É preciso ganhá-lo, Sr., Juju.
- E como se faz para ganhar dinheiro? - A trabalhar com as suas mãos.
Mas eu não sei.
Então é preciso fazer comédia!
Oh, isso é difícil!
Bem, então, não tem mais do escrever...
não interessa o quê.
Estás doida?
Espera que eu cumpra o meu dever e já trato de ti.
Só têm de pedir.
Eu e o meu amigo estamos sempre prontos.
Senhor, peço desculpa.
Fala.
O que me irá fazer?
Amanhã decidiremos.
Amanhã decidimos muitas coisas.
Eu sei uma coisa que nenhum de vós sabe.
Alguém aqui trai as vossas leis.
A Graziella esconde uma fotografia na sua cama.
Dá-me a fotografia.
- Dá-me! - Não.
Dá-me a fotografia!
Se não me fizerem nada, eu mostro-vos o que a Eva e a Antoniska fazem todas as noites,
desobedecendo aos vossos regulamentos.
Ah, é assim? Filha da puta!
Piedade! Se me matar eu não lhe poderei contar o que sei.
Fala, sua puta porca!
Todas as noites, o Enzio encontra-se com a criada negra.
Posso levá-los lá.
Lá estão eles.
Paneleiros!
Metem-me nojo.
Todos os que forem chamados serão vestidos com um laço azul.
Podem imaginar o que vos espera.
Os outros, se colaborarem,
virão, talvez, connosco a Salò.
O que fizemos nós? O que nos vai fazer?
Verão em breve.
Vocês percebem o quanto as vossas faltas são graves?
Para começar a minha história,
escolhi um personagem
já citado em histórias anteriores.
É um homem de 40 anos de enorme estatura
e dotado de um membro enorme, como um garanhão.
É, também, um senhor muito rico,
muito potente, muito severo e muito cruel.
Um coração de pedra.
Tem uma casa perto de Milão
apenas devotada aos prazeres.
Em cada festim, ele exige pelo menos 15 raparigas
entre os 15 e os 17 anos.
As escolhidas
devem, primeiro que tudo, mostrar-se a ele completamente nuas.
Ele toca-as, apalpa-as, acaricia-as,
examina-as,
e depois faz cada uma delas defecar na sua boca.
Ele não engole.
No fim
desta primeira operação, e terrivelmente sério,
marca cada uma no ombro
com um número sobre a tenra carne.
Após estes preliminares,
abre a janela,
coloca a menina no meio da sala,
em pé, direita,
o rosto virado para o vidro.
Depois dá-lhe no traseiro, um pontapé tão forte
que a pobrezinha voa pela sala,
atravessa a janela aberta
e desaparece na cave.
O nosso homem, claro,
conhecera não apenas Nietzsche mas também Huysmans.
Um carrasco com uma máscara e símbolos do demónio
preside seriamente a cada uma destas horríveis cerimónias.
E quando todas as raparigas estão reunidas, o nosso homem...
terrivelmente excitado
por ter tido 30 contactos sem jamais se "libertar",
está nu e o seu membro está como que colado à barriga.
Está tudo pronto.
Todos os aparelhos são accionados
e as torturas começam ao mesmo tempo,
provocando um terrível barulho.
A primeira é uma enorme roda
provida de lâminas
sobre a qual se prende uma rapariga que deve ser esquartejada viva.
A outra, introduz-se um rato vivo na ***.
Meu Deus! Porque nos abandonaste?
Uma pessoa racional
não se contenta em matar a mesma pessoa
recomendará matar tantas quanto possível.
Umberto, chega aqui!
Óptimo, estavas pronto.
Umberto!
Sabes o que faz um bolchevique quando mergulha no Mar Vermelho?
Ah, não sabes o que ele faz?
Não, diga lá!
Faz: pluff!
O canto da poesia: Ezra Pound, Os Cantos.
Canto 99.
"Disputas e gritos, voos também e toda a família paga.
"Toda a tribo nasce de um só homem como pensar doutro modo?
"O apelido e as nove artes.
"A palavra paterna é compaixão.
"A do filho, devoção...
"Passarinhos cantam em coro
"Harmonia na proporção dos ramos."
Sabes dançar?
Não.
Experimentamos?
Experimentemos.
Como se chama a tua namorada?
Margarita.
FIM
Tradução, a partir do francês, por: DeBosch