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O desodorante Van Ess
patrocina este programa.
Então o nosso cérebro
tem a capacidade de
captar informações que vem do ambiente
através de imagens, de sons
e arquivar estas informações
para formar memórias.
Nós vamos ter alterações químicas
bioquímicas, morfológicas
Vamos deixar este neurônio traçado, marcado
e isto é a formação de uma memória.
A gente armazena a idéia
do que aconteceu nos anos 70,
do que aconteceu nos anos 80,
quais foram os fatos marcantes,
mais importantes
e os detalhes em particular vão se perdendo,
mais ou menos num processo semelhante ao que acontece com um filme
sendo guardado por muito tempo.
Você levantou e pegou um ônibus
e está fazendo um trajeto até o seu trabalho.
Quantas informações tem ali?
O número de pessoas que estavam naquele ônibus,
que roupa elas estavam vestindo,
tinha mais homens, mais mulheres,
jovens, velhos...
Quando você chegar no seu emprego,
que importância isto tem pra sua vida?
Nenhuma.
Então o que que eu vou fazer?
Vou esquecer.
Então como eu disse:
As decepções a gente procura esquecer.
Tudo de mal que nos passou não convém lembrar.
Vamos lembrar tudo o que é bom
e o que virá de mais bom futuramente.
Então, nós esquecemos de muitas coisas não é por acaso.
Nós somos programados pra esquecer
de uma boa parte das nossas experiências.
E é ótimo que aconteça isso,
por que aí você está com o sistema livre
para realmente armazenar aquilo que é importante.
Esquece nosso amor
vê se esquece
Por que tudo no mundo
acontece
E acontece que já não sei mais
amar
Vai chorar, vai sofrer
e você não merece
Mas isso acontece
Então eu diria que
presente é importante,
por que nós estamos construindo um futuro
mas o passado eu não posso renegar
por que ele é a construção de uma identidade.
Por que nós somos
aquilo que lembramos que somos.
Alguém sem passado é ninguém.
Dentro de uma cidade, da mesma forma,
se tem que preservar
a sua cultura, as suas memórias,
tentando saber
o que vale a pena ser guardado
e o que deve ser de fato reciclado
É lixo, não é lixo...?
Sete Quedas, né?
Você vê...
Isto aí não existe mais, né?
O complexo energético
terá uma potencia de 12 milhões de kilowatts
vai alagar uma área de 1.350 km2,
o lago será formado por 23 milhões de m3 de água
cobrindo uma extensão de 200 km2
Itaipu, entidade brasileira-paraguaia,
selecionou em 1979
e está treinando as primeiras
equipes de engenheiros e técnicos
eles irão operar e fazer a manutenção
da maior usina hidroelétrica do mundo.
As primeiras unidades geradoras
funcionarão a partir de 1983
Na Itaipu o homem é a prioridade número um.
Foi a maior sacanagem que fizeram
podiam ter feito em outro lugar
e conservado as Sete Quedas.
Lembra quem fez estas imagens?
Rosaldo Marx
Eu conheço por que o Rosaldo tinha uma,
ele tinha uma qualidade muito grande
como repórter cinematográfico.
Para ele tinha que estar perfeito.
E ele montava, sabe, as coisas.
Eu olhava primeiro, dava uma olhadinha assim,
e dizia: "Vou querer esta imagem.
Esta imagem vai ficar pra mim".
Eu fazia uma imagem mais, sabe...
e depois você...
Pra mim, me emocionava muito,
primeiro eram os assassinatos.
Esse aqui eu lembro.
Esta imagem aí é minha.
Isso aí foi,
num bar, num restaurante... eu não me lembro,
foi num bar em que mataram...
e aí tive que ir à noite fazer isso aí
eu via as famílias ali, sabe...
aquele choro, aquela coisa toda e eu tinha que filmar.
Ah, o incêndio da...
deixa eu ver, onde é...
Escuta, você morava nesta casa?
Quantos habitavam a casa?
Era só eu, meu pai e minha mãe já tinha saído.
Ela já não ficava com ele, por que ele bebia.
Tentou matar ela ontem à noite.
Como que é?
Ele tentou matar ela ontem à noite, o meu pai
por isso nós saímos,
ele ficou revoltado e por isto eu acho que ele botou fogo
Mas você acha que foi teu pai que pôs fogo na casa?
Acho que foi ele.
O filho suspeita que tenha sido
o senhor que tenha incendiado a casa,
que o senhor acha?
Ele tá revoltado, tá nervoso.
Ele nos confessou
que o senhor teve uma briga ontem com a sua esposa
e queria matá-la.
É verdade?
Matar eu não queria.
Eu queria que ela ficasse em casa,
que ela não saísse mais.
Vasp
a maior frota de Boing 737
da América Latina
informa:
O "Show de Jornal" foi um sucesso impressionante.
Hoje, as pessoas que viveram na época
lembram,
alguns inclusive da própria música do "Show de Jornal".
...e aí a câmera subia e mostrava os refletores...
Era fazer um jornal
pegando fatos pitorescos e interessantes da cidade
e comentando...
Comentando de uma forma sempre bem humorada.
Joãozinho foi pego
furtando e
pulou a janela
e levou azar que o cachorro mordeu.
e eu:
Miguelzinho camisa preta
caiu em galera
tava furtando
entrou pela ventana
pegou as tetéias da madame
quando pulou o au-au mordeu ele
e ele caiu em cana.
Tinha um delegado que costumava,
de vez em quando,
pegar todos os bagulhos que tinha na delegacia.
punha no pátio,
e punha meia dúzia de bandido,
malaco preso,
"iunfa".
"Iunfa" é ladrão, né?
E, todo o mundo tirava fotografia.
Um dia eu disse:
"Doutor Bucowsky,
por favor tire aquela, aquela TV,
que aquela TV não existe mais.
Ela já apareceu em três filmes,
se aparecer mais um a turma vai desacreditar no trabalho."
Tinha gente que ia pra casa de noite
pra ver o Show de Jornal.
A empresa geradora
da programação nossa,
já era a Globo em
princípio de vida, em começo de vida
e a Globo não tinha o equipamento
que tinha a TV Iguaçu.
Foi sensacional
o transmissor,
um imenso de um transmissor,
era um transmissor Marconi.
Isso aí foi no Canal 4 ao vivo, que fizeram lá
e ai era,
Mário Vendramel
Programa do Mário Vendramel.
Olha as câmeras Marconi eram estas aí
Agora amiguinhos
vocês vão ver as minhas mágicas
vou tirar bichinhos coloridos da minha cartola
hum, é, quer dizer da minha Sharp Color
os coelhinhos que aparecem na Sharp Color
são branquinhos de verdade
os papagaios são verdinhos,
lindos
as araras são todas coloridas
e a girafa: a girafa, ahhhh!
Compre para você uma Sharp Color!
É televisão à cores
não, não: são cores na televisão
Você conhece égua?
Ok.
Agora nós vamos entrevistar um cavalheiro
que está á espera de um táxi também:
na sua opinião, o problema de táxi em Curitiba?
nunca como neste ano
Ademir da Guia foi tão badalado.
Ademir, você acha que
chegou a hora da convocação para seleção nacional?
O senhor acaba de afirmar que o consumidor
é o culpado da falta de óleo nas prateleiras.
E os supermercados
não estariam escondendo o óleo também?
"TV Mulher" numa entrevista
exclusiva no dia da aeromoça,
o dia de vocês.
Além de embelezar os ares
e encantar os passageiros,
quais são as outras funções que vocês exercem?
Secretário:
Por que a Arena perdeu as eleições
de maneira tão contundente?
Vitório, você é um dos exilados
que passou oito anos lá fora.
Chegando aqui ao Brasil,
como você viu a nossa política atual?
Você estava trabalhando na hora em que aconteceu o incêndio?
O que que você achou do concurso,
foi justo?
Como o senhor vê a seleção brasileira na Copa do Mundo?
O que a mídia por exemplo noticia,
e as pessoas assistem na televisão,
passam a ser incorporadas
e as pessoas inconscientemente acreditam
que aquelas memórias são deles
Que que é memória?
Capacidade do ser humano evocar
alguma coisa previamente aprendida.
Então a memória não é uma,
um retrato fidedigno
do que de fato aconteceu.
Ela é uma recriação das informações
que ele tinha do passado
e da forma como ele vai juntar aquelas informações pra produzir
o que ele chama de memória.
Lembro de uma entrevista
que eu dei na televisão,
mas assim de uma forma muito vaga...
Alexandre, o que que incentivou você a escrever um livro?
Foi que eu queria
fazer uma surpresa para o meu pai,
e aí dar no seu aniversário.
Ligaram pra mim: "Ah, eu te vi na televisão,
no trote."
Mas eu nunca vi esta fita. Vai ser gostoso de ver.
Gente fina é outra coisa.
Só isso? Legal então.
Tchau.
Não tenho a mínima idéia do que me foi perguntado.
Aliás eu me lembro que eu morria de medo.
Fiz umas duas ou três entrevistas destas na televisão
e eu morria de medo.
E, eu não lembro do que eu falei.
Mas eu lembro que eu fui entrevistada,
por uma televisão que estava lá,
mas não lembro. Minhas palavras eu não lembro.
Você pretende Alexandre, escrever mais livros?
Pretender eu pretendo,
mas não sei se vou conseguir, né?
Olha só que barato!
Pintem, pintem.
Me pintem...
Assumida. Assumi mesmo.
Sofri, penei um ano.
Oh, está gravando?
Oh, que legal, um barato.
Eu não lembrava.
Quem estudou...
Que legal que é uma gravação, não é?
Eu era tão bonitinha!
Ah, eu estudava muito, sabe.
Estudava à noite,
aí eu estudava de manhã,
aí estudava à tarde
Vovô, o senhor completa noventa e seis anos de idade,
o que de melhor o senhor lembra durante toda esta sua época?
Eu lembro que eu trabalhava na roça.
Trabalhava na roça e quando chovia...
Se você pensar numa pessoa idosa,
ela passa a ter dificuldade de formar novas memórias,
mas ela detém estas informações antigas.
"Em mil oitocentos e pouco,
o comandante geral da armada..."
Ele te dá detalhes, né?
O feitor pegava e ia pro serviço
com o relho nas costas.
Quando chegava lá,
aqueles que não queriam, as vezes trabalhavam muito pouco,
que ficavam ali com o corpo meio mole,
ele dizia assim: "afirma o corpo crioulo!"
E soltava o relho nas costas dele,
e o camarada tinha que corcovear para trabalhar.
E aí trabalhava.
Era assim.
Dona Juvelina, a senhora lembra ainda dos seus tempos de mocinha?
Lembro-me.
Eu gostava de passear,
eu gostava de andar bem arrumada
A senhora tinha um cavalo, não é?
Eu tinha um cavalo chamado preguiça...
Nós nunca nos lembramos,
em raras ocasiões nos lembramos
dos fatos exatamente como eles foram
E como é que foi a Proclamação da República, a senhora lembra?
A Proclamação da República?
Agora é que eu não me lembro.
Os seus pais foram...
Os meus pais foram
e eu fiquei em casa
e eu fazia muita arte
por que eu fiquei zangada de não me levarem, não é?
Onde é que você foi arrumar?
As memórias podem ficar na nossa mente,
serem evocadas a qualquer momento,
sem que ninguém
do nosso mundo externo se de conta disso.
Como se a gente tivesse um filme pra ver com toda a privacidade possível.
A lembrança, ela nasce com um fato real.
Então nós vivenciamos uma determinada experiência
e guardamos algumas informações daquilo ali.
Parte destas informações podem ir se perdendo
Eu só fui carregado na posse e na saída.
Uma das duas eram, deve ser...
Onde é que você foi arrumar isso aí?
Olhe nós lá dentro do túnel.
Passei mal aí por que explodiram,
era para ligar um túnel no outro e eles explodiram comigo lá dentro.
Austregésilo de Athayde.
Nem me lembrava mais.
Eu não trocaria nunca
uma vida política por uma vida empresarial.
A vida do empresário dá conforto, dá recurso, dá dinheiro,
dá bem estar e tudo,
mas não dá notoriedade.
Os empresários raramente passam para a história.
Os que passam para a história são os bons políticos.
Isso aí eu me lembro bem.
Quando mudaram,
tiraram a mulher nua, eh! Do Palácio.
Ela estava atrás do Palácio.
Eu não sei por que razões
separaram o homem nu da mulher nua.
E uma das coisas que eu fiz num dos meus mandatos
foi dar uma companheira,
é, trazer a companheira de volta.
Na cidade,
pra que a gente se sinta bem,
ela tem que ter estes espaços
que façam parte da nossa memória.
Por que a gente tem que ter do que se lembrar.
A gente tem que ter uma referência,
tem que ter uma âncora na vida.
Por que o futuro está logo ali, é só atravessar a rua, não é?
Mas é o passado que nos permite,
nós nos lançarmos ao futuro.
Olha a Fani, como era linda.
Linda, a Fani.
E a cidade assumindo
e amadurecendo a sua própria identidade.
Os caminhos que fizeram o nosso passado
serão o nosso futuro.
Eu acho que foi o segundo mandato, esse.
Eu nasci nessa rua, a Rua Barão,
e em frente ou quase em frente era a Câmera Municipal.
E eu garoto, eu jamais podia imaginar
que um dia eu fosse cruzar a rua
pra prestar juramento como prefeito da minha cidade.
A tarifa será de 50 centavos.
As duas linhas, as duas...
Eu gosto da cidade.
Gostava do que fazia.
Procurava fazer o melhor que podia.
No fundo, cuidar de uma cidade
é como o mágico dos pratos chineses:
você não pode deixar cair nenhum prato.
Senhor prefeito Jaime Lerner,
é um apelo que eu faço ao senhor
e desejo muitas felicidades pela sua brilhante carreira
nesta temporada de prefeitura,
mas este terreno aqui
é um patrimônio da prefeitura,
e nós esperamos uma praça. Não temos praças,
as crianças brincam na rua.
Estão sujeitos a morrer,
então estas crianças gostariam muito
de ter uma praça.
Então aparecia lá, uma, a Chandoca
que era uma velhinha que fazia fofoca:
- Puxa, você nem imagina,
tem um político aí
que saiu na rua, muito querido,
o prefeito era muito amoroso,
beijos pra todo o mundo,
mas isto aconteceu não aqui,
lá em Nova York. O prefeito de Nova York".
Meia hora por dia de pau puro assim:
Jornal "A Tribuna", o "Estado do Paraná", e o "Canal 4"
A imprensa podia se expressar
e criticar o prefeito e era, a critica era feroz.
E eu acho que isso foi bom,
por que a população tomou conhecimento das coisas que aconteciam na cidade.
A favor ou contra, foi positivo.
No fundo foram eles que me deram
esta sustentação pras mudanças que aconteceram em Curitiba.
A partir de domingo
será aplicado, infelizmente,
o racionamento da distribuição de água
para a população de Curitiba.
Como o senhor vê o problema da falta de água em nosso estado?
Eu vejo o problema de falta de água em nosso estado muito sério.
Nós pedimos à população
que se conscientize do uso da água,
para as necessidades mais restritas.
E como o pessoal faz para tomar o banho?
Tem que esperar dez e meia, onze horas da noite.
Agora as crianças que vão pra aula meio-dia,
tem que ir suja, chegam lá e a professora põe de castigo,
vai pro banheiro, tua mãe é relaxada.
Mas é o que? É por que não tem água em casa.
Está completamente alucinado o povo,
precisamos saber se tem agua para beber futuramente.
Quanto você cobra pra carregar água?
Pra encher o tanque dez, assim.
E o balde?
O balde é três, quatro cruzeiros.
E quantos cruzeiros você ja tem?
Eu ontem consegui dez.
Bem mais leve e refrescante:
Minuano Limão
Tem sabor delicioso:
Minuano Limão
No inverno, ou no verão:
Minuano Limão, o mata-sede.
Contém vitamina C
Minuano Limão
Aqui no bairro
as galinhas estão com peste ou doença.
O que é isso?
Não sei, deve ser peste.
Quantas a senhora criava?
Eu criei só treze, que tinha. Morreu tudo.
Ficou só esse o franguinho...
O que eles sentem?
Não sei. Eu não conheço o que eles sentem.
A gente fazia uma média de nove, doze reportagens dia.
A gente tinha uma lata de filme,
aonde você podia trabalhar com esta lata, o dia todo.
Não podia errar.
Olhando prá lá, ó.
O senhor sendo um rei, como se sente?
Como se sente sendo o rei do carnaval?
Naquela época, você imagine, você entrar num Couto Pereira,
sabe, para um futebol, não é?
E com os jogadores pelados. Nus.
Então você chegar... O jogador passou.
Auta feche os olhos! Eu digo:
Pô, mas que sacanagem!
Aí que eu tenho que abrir, não tenho que fechar.
Cobria-se tudo.
No mesmo dia em que você tinha uma visita presidencial,
você tinha alguma coisa no presídio.
Então não existia repórter especializado.
A senhora está preparando a mudança.
-Sai quando? - Hoje.
A senhora vai pra onde?
Vila São Pedro.
-A senhora conhece a casa que vai morar ? -Conheço.
Que que a senhora acha?
Eu acho que é bom morar lá, antes lá do que aqui, sabe?
Por causa do fedor do rio, né...
Por causa do nenê.
E o senhor a quanto tempo mora nesta favela?
Eu morava debaixo da ponte.
Depois foi inventada a favela
e foi formado quatro barracos.
Eu vivo de catar papelão.
Sou pobre indigente.
Peço auxílio, na verdade.
Acontece que eu não faço maldade a ninguém.
Todo mundo quer bem eu aqui. Eu sou o querido da favela.
Como a senhora se sente mudando da favela pra uma casa?
Ah, eu não sei não.
Vou ver quando chegar lá, né? Que a gente vai ver, né?
Foi o homem lá da prefeitura que,
o chefe deles lá, disse, que me ameaçou.
Disse que eu ficasse muito bonzinho, senão além de ir preso,
eles ainda me desmanchavam o barraco.
Foi a hora em que eles chamaram a polícia e prenderam o rapaz aí.
Então quando consegui sai de lá, quando eu cheguei aqui,
o barraco já estava caído todo no chão, todo já jogado.
E agora o senhor pretende morar aonde?
Não tenho destino ainda, por que eu não tenho condição,
por que...
não tenho destino. Não acho assim um jeito de,
fico meio nervoso...
Cante.
Alegre-se.
Vibre.
Participe.
Estamos comemorando a Semana da Pátria,
a festa da nossa Independência
e esta é uma festa de todos nós.
Comemore a Semana da Pátria!
Nossa maior arma foi a paciência,
da geração dos anos setenta, foi a paciência.
Entrevistar um Ernesto Geisel era impossível.
Ele vinha muito bem escoltado
e ninguém chegava perto dele.
Mas a gente arriscava.
E as vezes a gente perdia, microfone,
perdia tudo, mas a gente arriscava,
não conseguia.
E o Figueiredo, foi a mesma coisa.
O Brasil é um só.
O militar é exatamente igual ao civil.
Não é melhor, nem é pior.
Não estamos fazendo nada mais que o nosso dever.
O senhor afirmou aos jornais
que o Presidente Costa e Silva
não estava consciente quando assinou o AI-5.
Eu não disse assim propriamente.
Eu disse que não creio
que ele conscientemente
assinasse aquilo.
E efetivamente ele não estava em boa, em bom estado de saúde
quando saiu aquele Ato Institucional Número 5.
O Costa e Silva formava um grupo e o Geisel, outro grupo
por que era chefe do gabinete militar.
Aí então eu tinha que governar e eu me liguei ao Costa e Silva
e o Geisel não tolerava isto.
O ministro da justiça do Geisel,
ele me telefonou, o Alfredo Buzaid, e me disse: o Paulo,
estou mandando um avião da FAB
te pegar pra você conversar comigo,
que nós temos um assunto muito sério pra tratar.
Quando o avião da FAB dele,
que ele mandou, chegou à Curitiba,
eu estava no gabinete dele já, voando de comercial,
por que corria a história
de se jogar no mar, como aconteceu na Argentina.
Ficou com medo?
Fiquei com medo.
E eu não embarcaria nunca num avião militar,
naquela época de ódios violentos,
de desespero pra não perder o poder dos militares.
Semana do Exército!
O "Show de Jornal", ele tentava driblar justamente a censura existente da época,
e nós estamos falando de um período extremamente complicado da vida brasileira,
o ápice do regime militar, o governo Médice, da censura,
as proibições chegarem em tirinhas ás redações:
é proibido por ordem superior falar nisto, nisto e naquilo.
Haviam policiais federais infiltrados em todas as áreas:
nas universidades, nos cinemas, nos teatros, nos bares,
e a gente tinha que ter muito cuidado.
Nosso intuito era escrever:
Anistia Ampla, Geral e Irrestrita.
Quando a gente estava no AM...
chegou a polícia, prendeu um dos rapazes,
a gente que estava no carro ainda tentou sair,
o pessoal foi atrás da gente, fechou a gente.
Foi requerida uma medida penal contra eles
pelo fato deles terem causado dano.
O senhor acredita que isto não deveria ser também de cunho político?
Eu acredito que não.
O que a gente falou lá para os caras do DOPS, foi o seguinte:
O governo tem a televisão, tem o rádio, tem revista e jornais.
Vai aí e diz o que quer.
Tudo o mundo dá declaração toda hora.
E nós, aonde que a gente pode falar?
A gente só pode escrever nas paredes,
distribuir panfleto,
e quando faz isso, vai preso não é?
Quer dizer: Não querem mesmo que a gente fale.
Dentro da filosofia do Ministério das Comunicações,
que nós aqui representamos,
de fazer o Brasil falar,
nós, sem dívida alguma, governador,
com este ato que acabamos de presenciar,
vamos fazer o seu estado falar.
O estado está armado contra o povo.
E há uma necessidade de restabelecimento das garantias
e também de restabelecimento do estado de direito
que não existe atualmente na sua integridade.
Eu peço a extinção da Delegacia de Ordem Política,
por que eu acho que é uma medida que se impõe.
O país vive a 14 anos
num estado de excepcionalidade.
Isto tudo já foi longe demais.
No Aeroporto Afonso Pena,
o presidente Gen. João Batista Figueiredo
é recepcionado por autoridades locais.
Por que o Paraná é um dos melhores exemplos
que temos no Brasil,
de entendimento e coordenação
entre os governos, federal,
estaduais e municipais.
Uma parte do nosso organismo social das cidades
que tem uma facilidade de esquecer muito grande
são os políticos.
Eles tem uma facilidade muito grande também
de nos fazer esquecer das coisas que eles fizeram.
Se não fosse isso, a gente não votaria neles de novo.
Se hoje nós somos um partido que temos a maioria no Brasil,
nós agora, muito mais temos o direito de consolidar
e ampliar esta maioria,
uma vez que temos um presidente da república,
que está hoje numa posição
extremamente popular,
cumprindo os compromissos de campanha
e se afirmando cada vez mais perante
ao povo brasileiro como um grande estadista.
O Presidente Figueiredo, nas suas ações,
ele cada vez mais conquista a confiança do povo
Banco Real,
o banco que faz mais por seus clientes
apresenta:
"Fantástico, O Show da Vida.
Em 1988, eu e o Paulo Friebe
estávamos fazendo a produção do filme
sobre o compositor paranaense Lápis,
e fomos até a Televisão Iguaçu Canal 4,
a procura de imagens.
Chegando lá, conversamos com o responsável,
e ele nos indicou um salão grande,
enorme, bolorento, mofado,
mal cuidado,
onde se encontravam um maquinário,
projetores e vários envelopes
com rolinhos de filmes espalhados pelo chão.
Fui eu que levei ele lá em cima.
Lembro.
Eu era o chefe do departamento.
Estes envelopes estavam úmidos,
rasgados, sujos.
Alguns dos filmes com fungos.
O Paulão e eu ficamos deslumbrados
com a quantidade de material que tinha ali.
Tinham imagens de uma época
que estavam jogados no lixo, bem dizer.
Por ser de lá,
do sertão lá do serrado,
lá do interior do mato,
da caatinga,
do roçado.
Eu quase não saio,
eu quase não tenho amigos,
eu quase que não consigo
ficar na cidade sem viver contrariado.
Ah, não!
Não pode perder um negócio desse.
Imagine, olha.
Se eu não cuidar deste suporte físico,
ele vai se destruir.
Então este arquivo,
era um arquivo que você ficava bobo de ver.
Ali tinha tudo.
Daqui a pouco, se desfez.
Então eu preciso de uma imagem de feira livre.
Você tem alguma imagem de feira livre?
Ele ia lá, rebuscava no maço dos seus filmes,
lá tem uma. Legal! Se não tem, ele vai fazer.
Era assim que funcionava o arquivo.
E depois houve a mudança, ninguém mais cuidou.
Alguns destes arquivos foram parar nas cestinhas de papel
debaixo das escrivaninhas na redação.
Não tem.
Acabou.
Jogaram fora.
Com tristeza, não é?
Que a gente vê
os filmes que a gente revelou,
que a gente fez,
estão mortos.
Pra eles era coisa diária,
então era pra jogar na TV
e jogou, joga fora. Era coisa rápida.
Televisão sem memória.
Uma televisão sem memória.
Meus caríssimos telespectadores do Canal 4,
é com prazer que nós entramos em contato
com os numerosíssimos telespectadores,
para mostrarmos a nossa catedral, que está sendo demolida.
Pôxa, eu podia ter cuidado disto.
Eu podia ter cuidado.
Dos filmes. Não é?
Recuperado esta memória que hoje estava aí.
Está ali, a cultura do povo paranaense,
como o povo agia,
como o povo era,
numa época, na década, era de setenta,
e isto tava sendo jogado no lixo,
tava sendo jogado fora, tava sendo perdido.
Curitiba por exemplo, é um exemplo,
tem sido assim um exemplo citado
de uma cidade em que a própria população
e as próprias, inclusive empresas,
tem se interessado na preservação de...
depois que a prefeitura deu exemplo disto
Se você pega uma empresa organizada,
e que sabe que tem esta necessidade de guardar essa memória,
ele sabe que é importante ter o arquivo.
Talvez pensando num projeto histórico,
ou de olhar mais atento
sobre aquela realidade
O nosso problema nos anos de ditadura
era a falta de identificação com a própria história.
Claro, é uma questão cultural,
mas também de dinheiro destas emissoras.
Senhor ministro:
quantos milhões de dólares no Brasil,
serão exportados este ano?
Bom, é cedo pra fazer previsões,
mesmo por que a conjuntura internacional
é extremamente incerta
O nosso caixa continua bem
Mas hoje,
hoje o quadro é inteiramente outro.
Em um ano de governo,
não fizemos milagres.
O que o senhor gostaria que o Presidente Figueiredo fizesse
no início do seu governo?
Na frase mais curta possível:
conter a inflação
Por favor,
como é que está o papai Noel este ano?
Eu acho que está bacana, né!
E os preços?
Está meio caro, não é?
O óleo diesel e o querosene aumentam segunda-feira,
para 8,70 o diesel e 9,45 o querosene.
É um percentual que ultrapassa 50%
Nós não concordamos com este aumento de 25%,
por que não cobre as despesas que nós temos diariamente.
me desculpem vocês,
mas é uma vergonha, aqui em Curitiba,
nós termos, que, nós profissionais do volante,
passar por uma situação dessa,
que não podemos no final do dia,
levarmos duzentos cruzeiros pra casa
Com dois mil cruzeiros dá
pra preparar muito bem uma mesa,
contando nisso aí,
uma boa champanhe francesa,
um whisky de primeira qualidade,
umas duas garrafas de vinhos alemães ou franceses,
um licor Cointreau,
um Benedictine,
dois mil cruzeiros é suficiente.
E ainda acompanhado de uns queijos franceses,
e mais um caviarzinho.
Infelizmente a nossa, as nossas televisões aqui no Paraná,
elas foram deixadas um pouco de lado,
não se imaginou que isso seria uma coisa valiosa,
sabe, preciosa,
que é o passado
que a gente sempre pode resgatar.
Talvez por a gente trabalhar com cinema,
a gente tivesse mais noção
da importância deste material.
Estas imagens, estas imagens aí, não tem preço, não é?
Nós juntamos dois sacos pretos,
mais ou menos uns duzentos rolinhos,
que foi nos permitido.
Inclusive o responsável falou
que a gente podia levar o que quisesse.
Em seguida, nós levamos este material para o MIS,
que era o local apropriado mesmo pra conservação,
é um museu feito pra isso.
Eu acho que a gente deu o primeiro passo
pra este material ser salvo.
E quanto à televisão,
nestes dez anos em que eu faço teatro,
na verdade eu participei apenas de três novelas.
Por que chegou uma hora em que eu decidi
não aceitar o tipo de trabalho,
o tipo de convite que me faziam...
Eu nunca tinha visto esta fita.
cada vez que eu pedia emprego na televisão, diziam:
não temos nada pra você fazer, não tem nenhum papel
sendo que as vezes estavam começando duas novelas.
Então com o tempo eu compreendi que isto significava:
não estamos precisando de uma empregada.
Você vê, este troço, há quanto tempo atrás, isso aí,
é antes de 80, não é?
É uma mensagem corajosa, interessante, não é?
e eu resolvi partir pra música.
A televisão explora o máximo,
depois descarta.
Muitas coisas eram destruídas,
agora eu não tenho como examinar,
porque que isto ocorria.
Agora, isto é um fato, não é?
Não é por menos que se diz que o país, o Brasil
é um país meio desmemoriado.
Agora sim:
Chegou Brasinha!
Mais quente do que nunca, em aventuras infernais.
Brasinha! Já nas bancas!
A gente não se esquece por que quer,
ou voce só se lembra das coisas boas.
Lembrarmos de uma lista telefônica inteira
sem que aquela informação seja necessária
nos ocupa tempo e espaço que poderiam estar sendo ocupados
com processamento de informações mais importantes
...nove, meia, meia.
Não se pode guardar tudo. Nem congelar o passado.
Claro que as memórias e a história da gente nem sempre são
tem a mesma importancia para outras pessoas
eu entendo que a nossa sociedade aí vá
aos poucos descartando
reciclando
e nem tudo possa ser mantido.
As nossa memórias também podem ser tratadas da mesma forma,
uma parte delas vão para um determinado acervo
e uma parte delas são jogadas fora mesmo
como lixo.
A memoria e uma questão muito seletiva, tem que ver quem está fazendo a memoria
se é a memória da burguesia, ela vai guardar o que interessa a ela
se é uma coisa que só pensa em hitech,
vai querer o melhor equipamento e vai descartar
então depende sempre de que lugar voce esta falando.
Olha que lindo, não é?
Que alegria, que momento legal.
Uma pena se tivesse ido pro lixo.
Todos nós temos uma sensação assim,
ou gostaríamos que aquilo que a gente fez, ou que aquilo que a gente viveu,
pudesse ser transmitido pros outros, né?
Eu acho que é importante pra todo o mundo.
Um jornal velho pode ser lixo,
dependendo do destino que é dado para ele.
Ele guardado numa biblioteca, num acervo,
ele vai guardar informações valiosas
sobre o tempo que já não estamos vivendo mais.
É lixo, não é lixo?
Este contexto vai depender
de quem estiver vendo, e da importância.
Então depende do quanto isto é importante pra mim.
Emocionalmente, as vezes a gente não quer resgatar isso
por que nos causa uma certa dor
mas ela está lá, está numa gavetinha,
em determinado momento você pode trazer essa memória
Você pode resgata-la.
Olhe ele aí, ó. Roberto Carlos:
tempo do lencinho,
terninho escuro,
ele vinha deste jeito em Curitiba,
com o violão debaixo do braço;
Ney Braga cumprimentando ele,
eu me lembro disso daí
Eu tive na casa dele. Eu dormi, eu e minha esposa estava em lua de mel,
dormi no quarto aonde o Roberto Carlos nasceu.
Então, existe uma afinidade maior,
então o que vai determinar se é lixo ou não é lixo.
são as afinidades da pessoa.
São as emoções, não é? Bicho
Ele usava esta golinha pra fora,
paletozinho cruzado:
Tem um aspecto emocional, se você coloca aí, por exemplo:
Pelé em setenta.
Que coisa fantástica. Não é?
É, aquelas lembranças de Pelé
fazendo mágica no campo e toda aquela equipe.
Então o que que é importante pra mim.
Aquilo que eu conheço.
Ah... O contexto social,
político do momento.
O quanto eu estou inserida nisso. Isso vai ser importante.
Por exemplo: o Teatro Guaíra, que era a inauguração;
se alguém participou desse dia, eu duvido que vá esquecer,
porque isto teve uma relevância na vida dessa pessoa.
Ai, ai, ai.
Vixí, a construção!
Sua Excelência determinou
que no próximo dia 19...
A fachada já tava pronta.
se entregue oficialmente
o grande auditório do Teatro Guaíra.
"O Lago dos Cisnes" de Tchaikowsky:
"El Amor Bruxo" de De Falla;
"Fantasia Brasileira" de Mignone;
"O Mandarim Maravilhoso" de Bartók;
Toda a beleza e emoção do balé,
na temporada oficial do corpo de baile
do Teatro Guaíra.
Participação de primeiros bailarinos
do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
De 18 a 23, no Grande Auditório,
com preços populares.
O Guaíra é seu,
viva com ele!
Que fantástico!
É importante o arquivo!
É muito importante o arquivo,
mesmo sendo lixo; se fala assim:
pomba, peguei um, negocio lá,
um cara andando na rua. Andando na rua aqui em Curitiba?
eu preciso disto!
Eu quero ver como é que eram os prédios. Como é que era o trânsito.
Isso, nada é lixo, se fosse guardado.
Neste ano,
quero paz no meu coração...
Eu acho que vale a pena trabalhar com memória.
Ou com patrimônio histórico.
Por que a tendência é você olhar pro passado
pra entender o seu presente, né?
O tempo passa
e com ele caminhamos todos juntos...
O que está acontecendo hoje com o nosso clima, por exemplo?
Marcas do que se foi
sonhos que vamos ter...
O passado, a caracteristica, a identidade
isso é uma coisa que tem que ser preservada
se a gente quer atuar no mundo onde nós estamos vivendo
nós precisamos usar essa informação
para transformá-la ou para nortear nossas ações
E para isso passam os aspectos de educação
do que queremos construir
por isso tem que fazer o resgate lá trás.
Marcas do que se foi
sonhos que vamos ter
como todo dia nasce
novo em cada amanhecer
A paz se faz com quem ama o mesmo chão.
O coletivo nada mais é do que
a projeção individual de cada um né?
se está acontecendo um problema de memoria individualmente
isso vai se refletir
...jamais tu vai ter guerra, mostre ao inimigo quanto pode a nossa terra...
as armas nobre guerreiro...
A maior memória que uma cidade
pode ter são seus próprios moradores,
que vão passando de um pra outro,
as informações que eles armazenaram durante a sua vida.
a construção de uma memória coletiva.
Quando essas memórias começam a se perder
no caso humano
com doenças neuro-degenerativas
como por exemplo, com a doença de Alzhaimer
nós vamos tendo uma despersonificação da pessoa
assim imagino acontece com as cidades:
se elas se esqueçem das suas origens de como elas foram formadas
aí existe uma descaracterização completa
da identidade daquela cidade.
Em determinadas culturas
é extremamente importante lembrar aquilo.
E as pessoas acham importante, dão importância à isso.
E em outras culturas, não. E isto é perdido, é esquecido.
Eu assisti ao início da TV Iguaçu.
Eu tinha 8, 9 anos quando a Televisão Iguaçu começou a existir.
Então eu tinha acompanhado os programas,
sabia de alguma coisa que tinha ido ao ar, e tudo o mais.
Aquilo me tocou,
porque não era só um simples arquivo que estava ali jogado.
Eram coisas que eu conhecia, que eu vi, não é?
Você já conhece Wilson Fittipaldi Junior;
E logo, logo você vai conhecer:
o Copersucar Fittipaldi;
o primeiro Fórmula-1 brasileiro
que participará do Campeonato Mundial de 75.
A Copersucar ajuda o Brasil a competir
Na época eu já tinha uma relação com alguns cineastas da cidade,
com algumas pessoas.
Sabia que o Museu da Imagem e do Som,
apesar de não estar aí muito preparado pra receber este arquivo e tal,
mas era o lugar mais adequado.
Eu liguei, na época eu acho que pro cineasta Valêncio Xavier
que estava lá, e o Valêncio determinou:
não, eu mando buscar aí
Eu me lembro do Valêncio: tava todo empolgado.
que ia chegar uma coisa fantástica,
genial,
que era a história da televisão paranaense,
e que ele ia chamar a imprensa...
Eu, eu me lembro.
Não me lembro muito bem da história.
Eu sei: eu fui procurado
e realmente eu achei que nas mãos
do Museu estaria em melhores mãos do que a nossa,
por que nós estávamos sempre modificando
e tudo ia pra sucata
e aí chegaram os filmes do Canal 4.
E eu cheguei e assumi o Museu da Imagem e do Som
e encontrei aqueles montes de filmes
dentro de sacos de lixo amontoados até o teto.
Aí nós separemos tudo por ano.
Aí, cada ano, fazia o montinho do mês.
E com isto nós fizemos a primeira,
limpeza do material,
Eu sou o diretor da peça "O Amante de Madame Vidal"
que atualmente está no Guaíra e ficará até domingo.
Esse comercial eu agradeço a televisão pela chance que me deram
e pela chance que o Museu da Imagem e do Som
nos proporcionou
de podermos deixar o nosso depoimento aqui
para os historiadores futuros.
São duas coisas muito boas:
uma é o suporte.
É a história que este filme, este formato traz,
Quando a gente já está hoje em era digital, quase pós digital.
Então aquilo é historicamente muito importante.
A outra coisa é o pepino que você tem,
que é a quantidade e o acervo,
que ele tem que estar em condições ideais,
por que não basta eu dizer assim: isso aqui é importante,
é a história do telejornal e da publicidade do Paraná.
Primeiro eles tinham que sair daquele lugar
onde ele estava, no saco de lixo,
eles tinham que ir para um armário,
pra depois você começar a poder ver o conteúdo dele.
Nesta quarta-feira o lançamento de Dercy Biônica.
Porque Biônica?
É por que eu me sinto uma mulher biônica,
Dercy...
Que tá bonita aí, não é?
Setenta anos, ai?
Minha idade!
Uma mulher de setenta anos
fazer uma menina de quinze anos...
Ela tinha setenta anos já aí, cara?
Olha a Nara Leão!
Como você analisa a musica popular brasileira
desde a bossa nova até a atual que nós vivemos.
Olha, eu acho que a música brasileira...
Estas marquinhas já são deterioração, não é?
Fuga de sais de prata, né?
Engraçado que ela aí está mais parecida com a Danuza, não é?
Porque uma nunca teve nada a ver com a outra,
mas aí tá meio parecida
Se eu não arranjar um lugar pra colocar este filme,
vai acabar tudo junto.
Vai o conteúdo e vai o suporte embora, não é?
Vamos ficar a semana inteira aqui, em Curitiba...
Quem que é ela?
mas ela tem o cabelo crespo assim?
ela mudou completamente ao longo dos anos
olha só!
Esse é o Burle Marx?
...uma compreenção maior do presente.
e fomentar a criatividade.
Não é fazer
o que se fez no Rio...
Aquela lá trás, quem é a fotografa?
A Tonica?
Olha a Tonica!
a Tonica.
A Tonica foi uma baita de uma apresentadora da televisão.
Tudo samba. São treze sambas
sambas que falam de amor,
sambas que falem de orgia, de boemia,
sambas que falam de barracão,
de morro, de humildade
e todo mundo participando do nosso samba
cantando conosco
E vou dizer uma coisa:
pretendo sexta feira botar todo mundo sambando também.
Ah que pena! Eu queeria ter visto isso.
por que Curitiba é fogo
as pessoas ficam duras na cadeira assim
elas no máximo mexem o pezinho.
Eu queria ter visto o pessoal sambando no Guaíra.
agora com paciência, é o seguinte:
Se as pessoas sairem daqui confusas,
eu acho extraordinariamente útil.
Tudo para mim, defino
a minha definição é igual
para mim tudo é, é uma coisa
eu gosto de quando vou cantar um jongo,
eu canto...
Sinceramente, era uma delicia fazer matéria
com todo este pessoal da área cultural:
Juca Chaves era uma pessoa fantástica na época,
e você ria, por que você gravava o que se podia,
mas você conversava muito mais.
Então, eu não abro mão do processo que estou fazendo contra o Teatro,
porque com isto haverá uma limpeza da área,
pra que o artista não seja mais usurpado,
pra que o artista não precise
mais dar 150 ingressos grátis, pra que estes ingressos sejam distribuídos
pela corriola da cúpula, num antigo coronelismo,
entre amigos correligionários.
Falei pouco, falei bem e não cuspi em ninguém.
Ah, eu preciso desta cena
Pra mim o teatro só faz sentido,
quando o palco é uma tribuna livre
onde se pode discutir até as últimas
conseqüências o problema do homem
O que espanta,
é que um material desta natureza,
tenha, esteja, tenha passado
sei lá, vinte e tantos anos, não é?
Num depósito na televisão
Na verdade, eu acho que todo este acervo
é uma memória do cotidiano,
de como se vivia naquela época, né?
Não sei nem te dizer quanta coisa dá pra fazer,
sabe, porque, é registro de muito tempo.
Então, eu acho que este acervo, é de uma importância, sabe:
sem preço.
Eu que já andei os quatro cantos do mundo
procurando,
foi justamente num sonho
que ele me falou:
Eu escolhi o caminho da música,
pela música ser o meio mais fácil
de chegar ao povo.
E não, deixei, abandonai o livro,
por que o Brasil não lê.
Abandonamos o teatro,
porque o teatro está em plena decadência,
e não queremos esquemas undergrounds fechados,
porque é hora de abertura, é hora de Intelsat,
é hora de você abrir o jogo,
porque já não cabe este tipo de hermetismo.
Eu faço música comercial,
botei 85 músicas na parada de sucesso,
e quero continuar botando,
e nunca parar.
Tá legal?
Acontece que aqui no Brasil, as tentativas são várias.
Agora todo o fim-de-semana tem um festival,
mas as condições que eles dão pras pessoas são terríveis, quer dizer: não tem,
o pessoal que vai assistir, também, ele quer ficar legal,
ele quer assistir bem, ele quer ter comida,
quer dizer: não aquele absurdo de preços que eles estão cobrando, e exigências.
tudo se é feito "free", então tem que ser "free" pra valer, mesmo.
Ou então, vamos fazer muito bem feito,
quer dizer: Já com grana em cima,
e fazer uma coisa que não seja pobre. Ou então, pobreza total.
Abre essa porta
não me mande embora
deixa a "Chave" entrar
Abre essa porta
não me mande embora
deixe a Chave entrar
ah...
chegue mais para cá
Eu acho a mini-saia, super legal.
Eu uso por que eu gosto,
por que eu acho que está na moda.
Olha aí, cara, a mini-saia!
A mulher tem que ter... sempre...
uniformizada
bem vestida
não aparecendo o corpo todo como elas estão usando ai.
Eu sou a favor da mini-saia, por que...
Que polêmica! Vê a polêmica da época...
Ninguém imagina hoje, se debater esse assunto.
É muito importante, é muito bonito.
Acho que o brasileiro, ele gosta muito mesmo
Num momento, era uma reportagem
de comportamento de uma época,
que, pela preservação passou a ser um registro histórico.
Este é o carnaval chinelo nosso, não é?
Na Marechal Deodoro.
Não pode, a gente deixar imagens da nossa história,
da nossa vida
Esta memória que está lá, é nossa.
Independente se é por que eu vivi,
ou por que eu fiz jornal naquela época.
Ela é do menininho de 10 anos,
que daqui a alguns anos vai ser estudante de comunicação
ou não, mas que quer saber
E é um absurdo que não tenha, não é,
por exemplo, para o estudante de jornalismo,
para citar apenas um caso,
analisarem como é que era, este jornalismo meio pré-histórico.
Escute, quais os crimes em que vocês foram acusados?
Olhe, está aí, minha filha,
o doutor que sabe, aí, a gente não sabe de nada.
Tá vendo, olhe aí, ó. Já chega errado:
"Qualé os crimes?"
Oi, simpatia, o que que deu errado?
Aí o cara desembaraça tudo
que viu o Assis de perto, conversar com o juiz
Se você viveu uma década,
você não pode esquecer esta década.
Se você viveu meio século, você não pode esquecer.
Nunca me lembrei à que horas
Nunca me lembrei à que horas
Eu vi aquela lua passar
Eu vi aquela lua passar
Sei que só esperava um toque
Sei que só esperava um toque
Eu vi aquela lua passar
Eu vi aquela lua passar
Pela janela, na neblina
Junto à uma estrada, rumo ao sul
A roupa das pessoas, né
olhe o cabelo nossa época
Ô, cara,
a gente fica, é de emocionar assim
por que, claro, a gente sabia que tinha,
conseguido salvar muita coisa,
mas não tinha dimensão assim.
Bem gente: nós vamos estar aqui hoje e amanhã,
no Círculo Militar apresentando o show...
No fundo você faz uma viagem
pra trinta e tantos anos atrás não é?
Eu fico até pensando o quanto a memoria não nos trai também.
trinta anos depois
o quanto a gente ja nao lembra das coisas do jeito que a gente imagina que foram?
...foi mil novecentos sessenta e..?
ah, não me lembro, setenta e não sei o que
não me lembro a data,
tem cenas que a gente não esquece né
tem muita coisa interessante ali
coisa que com o passar do tempo vai ficando mais valioso né.
eu sei que ali tinha material da neve de 75...
o Magno fez um belo filme que depois...
foi um belo filme sobre a neve em 1975
a neve. Cenas da neve...
filme colorido mudo...
Magno, grande filmador...
me lembro da neve, mas da neve, não tem...
cada vez que eu vejo isso me emociona por que
é o que tem sabe sobrou graças a Deus.
Então, cara, é isso ai que a gente ajudou a salvar.
Então a minha preocupação na época era isto,
Por que, é aquilo que eu te falei,
eu tinha uma história ligada ao cinema desde a infância,
com minha tia bilheteira de cinema.
Eu entrando no cinema, todo o dia de graça.
Laboratorie Cinematographare
Eu, quando era garoto, brincava em vários lugares da cidade.
Um dos meus locais preferidos, na Saldanha Marinho,
e tinha um depósito da Paramount,
um escritório, e tinha,
e eles jogavam trechos de filmes de celulóide fora.
E a gente pulava o muro pra recolher celulóide pra ver:
Aladim, pra ver filmes de faroeste, pedaços de filmes.
E agora, vocês me acham estes recortes e fazem um filme.
Vocês foram atrás da fotografia ou do filme perdido.
Os filmes estavam enrolados há muito tempo,
são filmes de quatro décadas atrás, né
E eles não se desenrolavam,
estavam secos, sujos,
E então, deu um trabalhão.
E eram muitos, eram 2.500 rolos,
mas, foi bacana de fazer.
porque é uma coisa que é muito demorada,
acervos que requerem muita tecnologia,
muita paciência, não é?
Porque é cada frame, cada...
Eu nunca imaginei que pudesse ter este arquivo ainda.
Sinceramente eu acho que para vocês terem uma idéia,
vocês tem um resgate aí,
até anterior do que eu achei que vocês iam conseguir,
é gostoso voce relembrar que foi uma época difícil,
uma época sonhadora,
uma época romântica,
uma época guerrilheira, uma época...
sabe...
achei magnífico. Meu Deus estou assim, emocionada,
sinceramente
Do meu ponto de vista isso aí é a minha história,
isso aí é a minha vida,
resgata um pouquinho do que foi,
eu olhei pra este menino, aqui agora e pensei:
poxa vida isso aí é o meu filho de três,
ele está mais parecido com o meu filho do que comigo, agora.
Meu filho de três anos se parece mais com este menino de onze, do que eu.
Tem alguns filmes que estavam bem bons,
que a gente até nem entende como que
o tempo age pra alguns de um jeito
e pra outro de outro jeito.
O que vocês estão fazendo com estas informações guardadas,
com estas imagens,
é um processo semelhante ao que o cérebro faz,
com o que nós ainda temos de informação:
uma recriação de um tempo,
de uma, de determinadas memórias, fatos, eventos,
de acordo com a perspectiva de quem à está recriando.
A memória, quanto mais fundo se puxa,
mais longe você alcança.
e mexe com a gente,
emociona a gente,
primeiro que você lembra dos amigos,
Aí vem a a lembrança dos amigos que já foram.
Isso tudo é, sobretudo é emocionante, não é?
É sentimental. Toca, faz lembrar de
Muitos sonhos que foram realizados,
muitos sonhos que foram adiados,
E coitado daquele que não tem um sonho.