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Nossa...
Pegou tudo já?
Peguei.
Então voltando.
Voltando...
O que você acha que você tem de diferente de outros rappers do Brasil?
Acho que a diferença é que eu amo fazer aquilo ali.
Eu amo passar a mensagem.
Eu amo quando eu mando uma rima e uma pessoa entende.
Uma vez eu fiz um evento, juro por Deus...
Cantei pra 4 pessoas que estavam na minha frente...
Eu falei assim pros quatro:
“Vocês vão ter o show que vocês nunca tiveram na sua vida.”
Eu cantei com tanta emoção...
Os 4 que estavam ali, eu sei que a mensagem chegou nos 4.
Os 4 hoje escutam meu som e falam comigo...
Os 4 ali...os 4.
Pra mim não tem uma coisa melhor do que isso.
Não existe.
Se a pessoa escutar e se identificar com aquilo.
Porque no rap muitos cara que é...
contra mim, vai querer passar rasteira e não vai querer ter meu som lá...
No Rap é difícil ter uma pessoa assim oh que vai falar assim oh...
que vai me dar uma ajuda no rap.
Por que?
Muito difícil.
Porque no rap eles vão pensar neles mesmo.
Ou vão fazer o bolinho deles, aqui é muito assim, muito grupinho.
Vão se juntar aqui na nossa banca a gente se levanta...
Infelizmente é assim.
Você vai ter que se unir com alguns ali.
Porque vai ter outros que vai estar indo na sua contra mão.
Contra mão de idéia.
Eu não quero fazer um som com o cara que vai na contra mão da minha idéia.
Isso não faz sentido. É.
Não tem sentido, no rap fazer isso.
Então o que tem de diferente, mano,
é que eu procuro, assim, com quem eu vou cantar...
o cara que vai cantar um som comigo tem que bater a idéia...
E não ser um cara que eu conheci ontem e vou escrever um som.
Entendeu?
Tem que ter...
E você acha que no Brasil,
o rap tem a mesma influencia sobre as pessoas que pode ter nos Estados Unidos?
Porque você sabe que eu percebo que lá...
as pessoas falam “African Americans”
que eles tem esse orgulho,
essa auto confiança que vem do rap...sabe?
Aqui no Brasil eu não sinto que as pessoas tem isso tanto assim. Por que?
Porque eu acho que aqui tomo mundo não se apega muito a raiz, né?
Hum...
A pessoa ela não vive o Hip Hop, ela quer ser o Hip Hop...
tem muleke aí que - tem uma observação aí - que ele olha, vai...
Ahh escuta um rap. Ele achou da hora um rap...
Aí ele vai ali compra uma roupa daquilo...
Pra ser um rapper. E não é isso.
O Rap...você tem que viver.
A minha roupa aqui óh...
Porque? Eu preciso ter uma aparência de rap pra ser rapper?
Na minha visão, não.
Eu topo, eu colo num rolê de rap, eu vou...
Tem uns cara lá...Uns cara negão... assim... me chama de negão.
“Aíii Negão!” Os cara, fica de cara.
Tem mano que me olha assim, que vai... Chega onde?
Que olha pra mim e pensa que eu tô lá só pra ver o rap...
Só pra... Que eu não sei o que é rap...
Cantor de funk!! que eu canto funk!
Que eu...
O cara olha pra mim e pensa isso, meu.
Uma vez o cara olhou pra mim e falou...
Ele nem falou isso, tava só olhando pra mim assim, né...
“Esse cara vai rimar?"
Ele falou alguma coisa de preconceito. Aí eu peguei falei assim oh:
“É que eu só fumo do skunk, você também tem preconceito, aposto que pensou que sou Mc de funk.”
Aí eu já fui falando...
Passando a visão pra ele.
Que o próprio, ele mesmo que está falando de preconceito, eu sinto que ele tem preconceito.
Só porque ele tem uma camisa larga e eu não...
Só porque ele tá, sei lá... "Não, eu sou mais rap que aquele ali..."
Só porque eu estou com boné slapback eu sou mais rap do que aquele cara...
Mas eu gosto do seu estilo.
Sim, sim...
Eu gosto muito...
Da hora.
É, hahaha
E você? Eu? E você?
Eu sou empresário só.
Quanto tempo faz que você conhece ele?
Mano, eu conheço esse cara desde 2010, Santa Cruz.
E como que você se tornou empresário desse muleque?
Hahaha, desse bicho louco.
A primeira vez que eu escutei o som dele e eu nem...
Fazia tempo que eu não via ele...
Porque... Eu tinha viajado para os Estados Unidos...
Você morou em Miami é isso?
Morei em Miami...
E eu estou pegando cidadania americana também...
E como você conseguiu isso?
Ahh to fazendo uns esquemas... Hahaha
Uau...isso é difícil...
Ahh não vamos falar senão o FBI vem atrás do BIG
É complicado... Ah eh?
Você quer morar lá?
Eu gostaria de ficar uma temporada da hora lá.
Não esquece de levar eu... né?
Depois que você estorar, né? Paga minha passagem para lá...
Porque lá o salário lá é bem melhor...
Jeito que meu amigo, trabalha 3 vezes por semana e ganha...
Não é o que eu ganhava nem um mês.
Ele é veterinário lá.
Ele trabalha 3 vezes por semana lá e acho que ganhava lá uma média de 700 dólares por semana.
Mais um veterinário...
Sabe o que eu já ganhei fazendo rap até hoje? Em 4 anos... No máximo?
Quanto?
Lanche e Dolly. Hahahahaha
Sério???
Mas, como é que você se sustenta?
NUNCA ganhei um real.
Trabalho, faço uns bico, né...
Não, eu trabalhava, mas agora eu sai da minha empresa.
Trabalhava tipo de... numa empresa terceirizada, segurança...
os caras ficavam parado assim... Hahaha
Fazer o que, né?
Só que mano, nunca ganhei com rap e nunca nem pedi também.
Por que?
Você quer ganhar?
Quem sabe um dia, né? Esse não é meu objetivo.
Quando os caras me chamam pra evento aí... Eu vou, eu não cobro nada.
Eu não vou falar assim...
Eu vou falar: “Claro que eu vou mano, da hora!”
Não precisa de 1 real não, mano.
Se quiser fazer a condução, pelo menos, né?
Só, não... em Sorocaba.
Em Sorocaba que os mulekes de lá, chamam nós eles pagam a van...
... a van pra lá e pra voltar também.
Da hora...
Sorocaba o pessoal nunca tinha escutado nosso som lá.
Hoje tem vários, um monte de gente que curte.
dia 3 (2013) agora já tem outro show marcado para a gente ir, dia 03/03...
Ai, o meu parceiro Ben, ele saiu de São Paulo né, por causa de umas coisas, e foi morar lá em Sorocaba...
Ai o muleke só vai pagar a minha passagem.
É muito longe daqui, onde que é?
Ah... Eu acho que deve ser uma hora e pouquinho, 40 e poucos minutos....
Ai ele falou que vai pagar minha van. Eu falei: “demoro fechou, dia 03 nós tá aí.”
Lá é muito louco, lá é da hora...
E eu vou lá sexta-feira, para ficar na casa lá do muleke...
Aí nós vai fazer um rap, pá... Fazer um som e fazer os shows. Vai ser da hora.
E, tipo, eu sei que para vocês o rap não é moda.
Não é uma coisa que as pessoas seguem só porque querem ser cool.
Como é que você vê essa coisa de tipo, vamos supor: Nos Estados Unidos, rapper bem ricos...
Bling?
Essas coisas assim, eles tem o poder de influenciar as coisas,
de influenciar as pessoas, até as idéias deles podem chegar até o Presidente...
E muitas pessoas...
Exatamente. Muitas pessoas...
É, mas você não pensa, que tipo, para você por exemplo influenciar mais a *** você tem que ter mais...
Sim... sim... Só que eu acho que a diferença é que...
É o seguinte: nos Estados Unidos tem mais público para tudo...
Nos Estados Unidos tem mais publico para tudo. Porque? O rap, o reggae...
Pra tudo. Não sei...
Isso aí é na teoria só...
Não mano, mas aqui no Brasil não tem muito não, porque pensa:
No Brasil muita pessoa segue um padrão, aqui...
Lá tem mais público para outras coisas.
Aqui o hip-hop está chegando agora, tá tendo uma visão agora.
O hip hop, o rap, tá tendo uma visão agora... que saiu da periferia.
Muitos caras conseguiu por na televisão, né?
Aí isso também atingiu muitas pessoas...
Deixa eu falar, nos EUA o rap tem bem mais público.
Eu vi um show do Snoop Dog lá que ele fez, eu vi na Internet ele ao vivo,
você vê os caras de terno... mó ricão no show dele tá ligado?
E aqui você vê um cara de terno no show de rap? Não vê. Tá ligado...
Lá os rappers eles falam... eles falam de outra coisa, mais tipo de mulher, de riqueza, essas paradas...
Então, mas aí, isso que eu falo... Isso não deixa de ser rap.
Só que então, eu faço o seguinte: eu faço rap protestante e pronto.
Vem aqui uns caras de São Paulo também tá começando a fazer uns rap bling bling. Ah...
Pronto. Ele faz o bling bling e eu faço o do protesto.
Porque o rap é isso, vai ter o rap de amor, vai ter o rap de...
Mas cada um vai ter uma hora para escutar então mano...
Eu faço o de protesto. E cada um faz o seu.
Mas o que eu acho legal de você é que fazia tempo que não tinha, sei lá...
Eu sou norte americana, então eu tô bem acostumada com esse rap bling bling,
Hip hop bling bling, mas assim tipo. Ah, ta...
As vezes é um pouco bom porque é meio engraçado,
porque eles falam coisas engraçadas, porque o beat é bom mesmo.
O beat é bom.
As produções de lá são as melhores, tem nem...
A produção é... dessas (mísicas) é mais a produção do que a letra.
A produção de lá é tipo divina.
Só o microfone compra um estudio de um cara daqui de SP que manda muito.
O mic dos cara... um mic só.
E ai... mas...você...
Pra mim a sua letra é muito melhor, do que a letra dos tops dos EUA.
Então para mim foi uma revelação, sabe? Você é incrível.
Nossa obrigado...
Então... Não mais eu sei que você pode se tornar uma pessoa muito importante.
Entendeu?
Se você tem..., quando você fala comigo, você é muito articulado.
Você fala como um político, entendeu? Naturalmente...
E isso é muito bom, porque você não aprendeu isso e você tem isso natural...
É... eu nasci assim né?
Nasceu assim...
Eu nasci assim e graças a deus eu descobri o rap.
Nossa como o rap mudou minha vida em tudo, em tudo..
Quando eu comecei rimar, eu lembro que eu começava a rimar...
o Luca, o Pauê... Esses mulekes que são do Di Lupa hoje né?
O Ferap. Eu comecei a rimar, dos meus parceiros eu fui o primeiro que teve a iniciativa né....
Falei: “Não... vamo la...”
Ai comecei a rimar, e os caras rimava muito, muito, e eu chegava la...
Ai quando acabava a roda, os cara falava assim...
- eu tropeçava várias vezes, errava... -
Só que os caras falavam assim: “Mano, continua, porque você é original,
você não tenta imitar ninguém.”
“Caralho... você manda sua rima, eu nunca vi um cara rimar assim... Mano continua, trabalha nisso!”
Comecei... hoje os cara escuta minha rima. E aeeee grita...
Como eu grito para eles também, mas hoje os caras grita para a minha rima.
Os caras que me incentivaram e falaram: “Oh vai mano... corre atrás que vai dar certo.” E é isso...
Como muita gente também falou que... muita gente também né?
Como muitas pessoas não me apoiou no rap.
Já pensei em parar uma vez só...
Ah é? Porque?
Ah... por um monte de coisas que tinha acontecido na minha vida...
eu tava quase me tacando, me jogando mesmo.
Ai eu parei e escutei uma música do Facção Central., que chama “Proteção”.
Nossa...
Aí é a musica mais divina do rap...
E é apenas uma oração que ele faz...ele faz uma oração.
E essa música, depois que eu escutei ela...
Era tipo assim, eu nem sei cantar ela, porque eu não escuto ela direto.
Tipo assim, quando eu to num momento muito difícil, eu vou lá e ponho esse som.
Quando ele começa eu troco, eu não escuto...
Eu só escuto quando eu tô meu...
Sei lá, com a cabeça muito confusa eu ponho esse som, fecho o olho...
Quando você precisa de foco, quando você precisa de...
É, reflito. Nossa...
Cada vez que eu escuto essa música eu aprendo uma coisa mano.
Impressionante...
Hum... Só queria voltar para os Estados Unidos...
Por que lá, sabe é...
As pessoas de pele branca querem ser negros.
Isso é a realidade: os wiggers (white ***) né?
Até querem imitar o jeito de falar...
E ai faz com que a letra do hip hop de lá esteja sempre evoluindo.
Eu preciso ir num site chamado urbandictionary.com porque...
Ou tem um site que se chama também rapgenius.com, ai eles explicam...
Por que tipo a cada musica eles inventam coisas quase, é muito difícil.
E essa coisa aqui no Brasil, não é assim,
você conhece muitas pessoas brancas que querem ser... sabe?
Sim., tem. Mas não tem tanto assim....
Mas tem também. Mas não é muito não...
É porque aqui... Eu acho que os negão daqui é mais suave, pá..
Eles são mais da hora.
Os de lá, eu acho que eles são meio assim:
“Você é branco...”
Os daqui não, os cara é da hora...
Eu cresci lá...
Os cara me chama de negão, eu chamo os caras de negão...
Eu chego: “E aí negão!”
E o negão: “E ai branquelo azedo!”
“Salve pretinho!”
E não é um preconceito. É eu com o cara. É um bagulho de eu com o cara.
Não é um negócio que eu faço com qualquer um...
É eu com o cara...
E lá as vezes eu acho que não tem isso, eu acho que se um cara fizesse isso, os cara ia ficar... Nossa!
(Chega um garoto pra vender pirulitos)
Tô sem money, velho.
(Eu compro um e ele dá mais um pro Felipe e outro pro Anderson)
Bom...
Acho que não combina muito bem com ele...
Você quer dá um para ele?
Ah eu to bem!
Eu acho que ele quer...
Quem quer? Você?
Ah ta bom... ta bom... Que legal...
Valeu!
Como se chama isso?
Pirulito.
Todo mundo tem pirulito.
Eu vou falar palavras para você e você me fala o que vem na mente de você.
Trem Lotado.
Trem lotado?
Situação de hoje em dia.
Trem Lotado... É... e a Copa?
A copa?...
Na minha visão é um desastre.
Porque eu acho que o Brasil não devia investir na copa, né?
Tem muita coisa que ele precisa melhorar...
Como que ele investe milhões e milhões em cada estádio, e ele não tem 1 milhão para fazer uma biblioteca?
Ou um hospital...
Para fazer outra faculdade. Pra gerar mais faculdades públicas... Porque?
Melhora isso primeiro, depois pensa em fazer uma copa.
É
É isso que eu penso da Copa.
É verdade.
Educação no Brasil.
Educação no Brasil...
Não pode falar que a educação não melhorou... Mas...
Melhorou?
Ela melhorou. O que eu acho que ainda é muito desinteresse do aluno.
E tem professor que também é desinteressado.
Acho que precisava de melhores profissionais.
E também mais coisa na escola né? Porque vai...
A escola pode ter o período inteiro,
mas pode fazer meio dia só de educação física,
porque o muleke pode querer ir para escola. Almoça na escola, joga bola na escola, depois joga um voley,
depois vai lá fazer uma matemática, vai para as aulas e depois... pum...vai para a quadra de novo.
Pronto isso ai mantém a criança o dia inteiro na escola.
Faz os trabalhos na própria escola. Computador na escola...
Lá no Canadá é assim: a criança fica na escola o dia todo.
Acho difícil aqui no Brasil porque, o que a mãe e o pai que trabalham vão fazer com a criança na metade do dia, sabe?
Tão trabalhando... onde que vai ficar essa criança?
Eu, tipo assim... Meu irmão ele tem dois filhos, né... uma menina e um menino.
Um de cada mulher.
O Rafael quando era menor - eu tinha... acho que era 15 anos que eu tinha - eu cuidava dele.
Meu sobrinho. Ele foi meu filho, eu sempre cuidei dele, fiz tudo para ele...
Ele foi meu filho... Da hora... O Rafa, eu amo esse muleke, tá ligado?
E quantos anos ele tem agora?
Vai fazer 11.
Muito bom...
É... Aborto:
Ah não, para mim não dá... Só se, eu acho, em caso de estupro.
Só
Meu sonho é ser pai! Como que uma pessoa pode...
Quantos anos você tem?