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É permitida e promovida a reprodução total ou parcial, cópia, modificação, tradução,
dobragem e/ou redistribuição, e exibição pública deste trabalho para fins não lucrativos.
Este filme é o resumo de uma aprendizagem que continua permanentemente e sob nenhuma circunstância, deve ser considerado conclusivo.
As pessoas apresentadas neste filme têm ideias e opiniões diversas,
a sua aparição não expressa necessariamente conformidade com todo o conteúdo do mesmo.
Co-produtores
A todas as crianças e jovens que querem crescer em liberdade.
Sempre me lembro de uma aula de filosofia onde o professor nos contou esta história ...
Numa caverna encontrava-se um grupo de homens, prisioneiros de nascimento,
encadeados de tal forma que só podiam olhar para o fundo da gruta.
Uma fogueira e figuras manipuladas por outros homens projetavam na parede todo tipo de sombras.
Para os prisioneiros, as sombras eram a única referência do mundo exterior ...
Estas sombras eram o seu mundo, a sua realidade ...
Um dos prisioneiros era liberado e lhe permitiam ver a realidade inteira fora da caverna
Quanto tempo ia lhe tomar acostumar-se ao exterior depois de toda uma vida de confinamento?
Possivelmente a sua reação seria de um profundo temor à realidade...
Poderia entender o que é uma árvore, o mar, o sol?
Assumamos que este homem pode ver a realidade tal qual ela é
e entender o grande engano que era a caverna...
O professor nos explicou brevemente as interpretações do mito
em relação ao conhecimento, à ilusão, à realidade, e como possivelmente
estamos dentro de uma grande caverna, que por sua vez está dentro de outra...
Mas não há dúvida, da necessidade de esse homem livre,
de voltar e compartilhar com o mundo o que tinha visto...
"A Educação Proibida"
-Bem, e é assim como na sua décima primeira tese ele chega à ideia de que
o filósofo não só tem que entender a realidade, mas também tem que conseguir transformá-la.
Meios de comunicação, milhares de livros, todos os discursos políticos,
organismos internacionais, especialistas, filósofos, páginas de internet.
Todos coincidem na importância que tem a educação.
Investe-se em capacitações, melhoras na infra-estrutura, investigações,
compram-se livros, notebooks, lousas digitais.
Se dão cursos, sobem salários, baixam salários, imitam-se modelos estrangeiros.
Tudo para melhorar a educação.
Isto não impede que existam tantas escolas como realidades sociais.
Escolas marginais, para pobres, escolas depósito,
escola de operários, profissionais, escolas de classe média,
escolas públicas e privadas,
escolas para ricos, escolas da elite.
Grande parte delas pretende incluir e conter à maior quantidade de estudantes,
muitas outras se ocupam de formar trabalhadores de diferentes hierarquias,
e só umas poucas se dedicam aos supostos resultados de excelência.
Além das suas diferenças, todas trabalham e aspiram a um ideal de escola comum...
Até que ponto esta escola ideal nos ajuda a desenvolver-nos individual e coletivamente?
Realmente este paradigma educativo procura que as pessoas tenham uma boa qualidade de vida
e trabalhem para melhorar a sua comunidade?
Há outro tipo de escola que o consiga? Há alguma educação pensada com estes ideais?
Isto nos levou a abrir as portas de um mundo oculto para muitos de nós...48
Este filme é parte de um processo que possivelmente não tenha fim,
uma pergunta que seguramente não tenha resposta,
uma pesquisa sobre qual é a natureza da aprendizagem e da educação,
que erros cometemos,
e principalmente que ideias são úteis para seguir procurando,
seguir aprendendo...
- Bem, acho que o que Alicia quer, o que a diretora quer é
simplesmente estar de acordo, entrar em consenso para ver o que é que vai ser dito,
é um ato do colégio, o colégio tem que saber o que é que vai ser dito.
- Claro, claro.
- Javier, e como ficamos?
- Bem, eu proponho à turma como um exercício, que escrevam um texto,
nos contando qual era o balanço desses anos na escola, é isso.
- "Muito pouco do que se passa na nossa escola é verdadeiramente importante."
"Nos ensinam a estar longe uns dos outros e a competir."
"Pais e professores não nos escutam."
"Por tudo isso dizemos: chega!"
"A educação está proibida."
"Se você busca resultados diferentes, não faça sempre a mesma coisa"
O estudante não aprende depois de 12 anos a ler compreensivamente,
não aprende as operações matemáticas, não aprende...enfim, aprende muito pouco...
O que é que faz que o estudante fracasse na escola?
E o convencimento vai pela comprovação de que não é o estudante quem fracassa,
é o sistema que está mal projetado.
É que as reformas educativas atuais em voga em muitas partes, estão mal enfocadas.
São arranjos cosméticos do que nós pensamos que devemos melhorar na escola,
o problema está no modo como concebemos paradigmaticamente a escola,
é um problema de concepção básica.
As escolas e os colégios da América Latina não são mais que espaços de tédio e aborrecimento.
E eu sempre os convido para que passemos pelos colégios
para que vejamos uma caricatura que deve ser rompida...
e é o professor em uma quadro *** ditando aulas,
em pleno século XXI, isso não tem sentido.
É uma matéria estática, uma matéria que não tem movimento,
uma matéria que diz somente palavras.
Eu sou o adulto, sou eu quem vai dar a vocês esta informação.
Isso tem que ser aprendido assim como está.
Porque é assim.
Vocês são as crianças, tem que calar e obedecer.
Silêncio!
Cale-se, que você nunca sabe nada!
Não buscam, por assim dizer, outro desenvolvimento que o desenvolvimento curricular.
Estão muito centrados nos próprios conteúdos.
Quem não aprende a ler, escrever e calcular, então não está educado.
Porque somente se enfoca o trabalho em algumas capacidades, em algumas áreas.
O conhecimento atual está particializado, porque a visão é parcial.
Nós dizemos que nas escolas convencionais a aprendizagem é preventiva.
"Senhora, para quê serve isso?" e a professora lhe diz: "Ah, algum dia você poderá necessitá-lo"
Mas temos visto que esses conhecimentos não duram nem prevalecem durante muito tempo.
Hoje em dia, os paradigmas estão mudando muito rapidamente.
O conhecimento está mudando permanentemente.
Então, o que passou foi que os sistemas educativos não tem mudado.
Tão rapidamente quanto o resto da sociedade.
É aí que está o problema de fundo.
Nas escolas normais e nas faculdades de educação nos disseram que
um objetivo é aquele que é medível, quantificável e observável.
Então, começamos a buscar a regra que nos permita medir os objetivos.
E a isso chamaram de qualificações. Seja um A, uma carinha feliz ou uma triste.
Mas a lógica sempre será a mesma: comparar.
Comparar o sujeito, suas aprendizagens.
Frente a uma escala padrão que mede, o quê?
Se cada sujeito é único, singular e irrepetível.
Busca que um número defina, inclusive, a qualidade de pessoa que você é.
Então, por exemplo, crio conflitos em nível cognitivo. "Vamos ver quem é o primerio que realiza..."
Com o qual uns são ganhadores e os outros são perdedores.
Cada vez que existem perdedores, há alguém que se sente feio, era óbvio.
Se estimula muito às crianças a competir entre elas.
Os melhores alunos têm reconhecimentos, têm prêmios.
Aquelas crianças que não se saem bem nos exames, são chamadas à atenção.
em muitos casos, nem sequer são levados em conta.
Todo mundo fala de paz, mas ninguém educa para a paz.
As pessoas educam para a competição e a competição é o principio de qualquer guerra.
Em teoria, todas as leis de educação nos falam de objetivos de desenvolvimentos humanos profundos,
valores humanos, cooperação, comunidade, solidariedade, igualdade,
liberdade, paz, felicidade e se enchem de palavras bonitas.
A realidade é que a estrutura básica do sistema, promove justamente os valores opostos,
a concorrência, o individualismo, a discriminação, o condicionamento, a violência emocional, o materialismo.
Qualquer idéia que se promova a partir do discurso é incoerente com o que a estrutura sustenta.
Bem, apesar de que a escola teoriza e discute sobre princípios e valores,
os discute como conteúdos.
Se eu venho de um paradigma fragmentado, onde o que me interessa é ensinar história.
Vou ver quanto de história sabe este sujeito depois que
eu lhe fale de história e o faça ler um livro de história.
E para mim esse sujeito terminou, não tem mais nada a ver comigo,
se esse sujeito sofre ou não, vem de boa família ou não, tem dinheiro ou não.
Para o professor tradicional, o mais fácil é seguir fazendo o que fez durante muitos anos.
Você quer ser um medíocre por toda a sua vida?
Ou o que tem aprendido por tradição.
Você já não é mais uma criança de segundo grau.
Então, o ensinar se converte simplesmente num processo de reprodução simbólica.
Não quero que voe uma mosca.
Na Argentina, a imensa maioria das crianças neste momento diz:
"Que chato! Hoje é segunda e tenho que ir outra vez a essa escola!"
Mas esse não é o pior dos dados, a imensa maioria dos docentes na Argentina diz o mesmo.
Eu acredito que os professores atuais, são filhos de um sistema.
Não é que o professor nasça ou queira ser professor para ser bom ou mau.
É o que o estado lhe permite.
Chega, vão ficar sem recreio.
Ah, não, não me diga que você tem problemas em casa.
Como eu faço para educar a emoção destas crianças se no meu curso
de formação docente nunca me falaram uma palavra sobre as emoções?
Se continuam falando, eu vou separar vocês, hein!
Não quero que vá à escola para perder tempo, não quero que vá passar um mau momento.
Nestes momentos, um garoto de 8 anos passa na escola mais horas que um universitário na universidade,
não tem sentido algum, não há tantos conhecimentos para aprender na escola.
A escola então não é nem sequer o lugar de formação.
É uma grande creche ou, como eu chamo, un grande estacionamento de crianças.
Penso que são cárceres. Penso que é horror. Pensar que se tenha que encerrar as crianças,
que deva haver guardas os custodiando para que não escapem.
E, então, cada vez se encerram mais. Cada vez lhes colocamos muros mais altos.
Os muros podem ser de tijolos ou de árvores. Mas, de qualquer forma, são muros que isolam, que separam.
Quero que a escola seja para ele em espaço de crescimento pessoal,
e não um lugar aonde o adestram para um futuro ensino médio,
e depois para uma universidade e depois para o trabalho,
e depois, Para quê?
Mas é muito mais fácil dizer: "Agora, calem a boca,
agora, abram o caderno,
agora, peguem o lápis vermelho..."
O qual é um adestramento canino,
isso não é educação.
- Sim, hum... bem, na verdade, o que eles me dizem é que este texto eles pensavam lê-lo na comemoração.
É um esboço.
- Haha, não é um esboço, hum, não, assim como está vamos lê-lo.
- Não, não, não, Martín, aqui há palavras muito ofensivas
Não podem nos atacar dessa maneira tão gratuitamente.
- Bem, e se se sentem atacados, será por algum motivo. Ou não? - Bem, pára um pouco
Alicia, o que fizemos foi simplesmente cumprir uma tarefa que o professor nos deu.
- Alicia, por isso digo, é um esboço. Eles vão suavizar este texto.
- Não vamos suavizá-lo, vamos lê-lo assim como está... - Martín!
- E se não vamos suavizá-lo. - Não!
- Martín, assim como está é uma falta de respeito.
- Me desculpa. Me esquecia que dizer o que se pensa é faltar o respeito.
"Nosso problema para a compreensão da escolarização obrigatória tem sua origem num fato inoportuno:
o dano que faz desde uma perspectiva humana,
é um bem desde uma perspectiva do sistema."
Isso quase não se sabe, mas a educação
pública, gratuíta e obrigatória
foi inventada em algum momento da história.
Antes não existia.
A educação na antiguidade se distanciava muito do que hoje entendemos por educação.
Na Atenas Clássica, por exemplo, não havia escolas, as primeiras academias de Platão
eram espaços de reflexão, conversação e experimentação livre.
A instrução obrigatória era coisa dos escravos.
Por outro lado, a educação em Esparta era mais parecida a uma instrução militar.
O estado se desfazia daqueles que não alcançavam níveis esperados.
Havia classes obrigatórias, fortes castigos e modelagem da conduta através da dor e do sofrimento.
Antigamente, a educação estava nas mãos da igreja católica, pelo menos no mundo cristão ocidental.
E foi recentemente, no século XVIII, em uma época da história que se chama Despotismo Esclarecido,
com certeza escutaram a respeito no colégio, onde se criou o conceito de educação
pública, gratuíta e obrigatória.
A escola, como hoje a conhecemos, nasce no final do século XVIII e princípios do século XIX na Prússia.
Com o objetivo de evitar as revoluções que ocorriam na França,
os monarcas incluiram alguns princípios do Iluminismo para satisfazer o povo,
mas mantendo o regime absolutista.
A escola prussiana se baseava na forte divisão de classes e castas.
Sua estrutura, herdeira do modelo Espartano, fomentava a disciplina, a obediência e o regime autoritário.
O que buscavam estes déspotas esclarecidos?
Um povo dócil, obediente
e que pudesse se preparar para as guerras que houveram nessa época entre todas as nações
que estavam nascendo.
Por exemplo, Catarina a Grande, da Rússia,
chamou aos enciclopedistas franceses para preparar isso mesmo.
Diderot, um dos mais famosos, esteve lá para armar este
pacote, sim?, formador, não de cidadãos, senão de
obedientes súditos desses estados.
As notícias do bem sucedido modelo educativo viajaram rápido,
e, em poucos anos, educadores das Américas e Europa visitavam a Prússia para se capacitar.
Com o passar do tempo, o modelo se expandiu a nível internacional.
Muitos países importaram a escola moderna com o discurso de acesso à educação para todos,
elevando a bandeira da igualdade, quando justamente a essência mesma do sistema
provinha do despotismo, buscando perpetuar modelos elitistas e a divisão de classes.
Essa é a origem da educação pública.
Vejam que Napoleão,
um pouco depois,
e inimigo jurado de todos estes déspotas fez a mesma coisa.
Ele dizia com todas as letras:
"Eu quero formar
um corpo docente
para poder dirigir a opinião dos Franceses".
Dá para entender? Ele tinha as coisas claras e isso opera assim, saiba-se ou não, até os dias de hoje.
A escola nasce num mundo positivista regido por uma economia industrial,
portanto, busca obter os maiores resultados observáveis com o menor esforço e investimento possível,
aplicando fórmulas científicas e leis gerais.
A escola era a resposta ideal à necessidade de trabalhadores,
e os mesmos empresários industriais do século XIX
foram os que financiaram a escolarização obrigatória através de suas fundações.
Aonde coloco os filhos dessas pessoas para que possam trabalhar?
Como educamos para que aprendam a ler? Como criamos operários inteligentes?
A educação continua sendo a mesma, uma ferramenta para formar trabalhadores úteis ao sistema
e uma ferramenta útil para que a cultura permaneça sempre igual e sempre se repita.
O qual é conservar a estrutura atual da sociedade.
A escola se complementou com pesquisas sobre o controle da conduta,
propostas de utopias sociais e até teorías de superioridade racial.
Não é de se estranhar que os primeiros estados com o sistema prussiano, ou similar,
foram, com o passo das gerações, focos de xenofobia e nacionalismo extremo.
O modelo de produção industrial em linha de montagem era perfeito para a escola.
A educação de uma criança era comparável à manufatura de um produto,
portanto, requeria uma série de passos determinados numa ordem específica,
separando as crianças por gerações em graus escolares.
e, em cada uma dessas etapas, trabalharia sobre determinados elementos,
conteúdos que assegurariam o sucesso, pensados minuciosamente por um especialista.
Digamos que o professor é a figura que é a encarregada de ensinar uma série de conteúdos que tocam,
porque alguém determinou assim, numa idade determinada.
Mas a educação não é preparada por biólogos,
e, curiosamente, muitas vezes também não são educadores que a preparam,
são administrativos,
são pessoas que não fazem aulas.
Nesta linha, uma pessoa estaria a cargo de uma pequena parte do processo.
insuficiente tanto para conhecer o mecanismo na sua totalidade nem às pessoas em profundidade.
um docente por ano, por matéria, cada 30 ou 40 alunos.
chegando ao ponto de que o processo termine sendo meramente mecânico.
A educação como estamos vendo hoje é administrativa,
há alunos que chegam, professores que dão aula,
alunos que se vão, professores que se vão e, no dia seguinte, se repete o ciclo.
Um professor estatal é um funcionário.
A quem a autoridade diz: "O senhor tem que ensinar isto, isto e isto, e desta forma."
Porque tem que ser repetido a demasiadas crianças com um professor com demasiadas horas de aula
e com poucas horas de atenção ao aluno em forma particular.
Então, vai se dirigir sempre a um grupo coletivo.
Porque, evidentemente, se eu tenho 30 crianças
Não posso pretender que todas elas queiram fazer a mesma coisa ao mesmo tempo.
Este sistema de linha de montagem, que nasce com o Taylorismo foi aplicado tanto na indústria,
na escola e no exército de diferentes países e culturas de Ocidente.
Até poucas décadas atrás, a escola tinha estas coisas de quartel e de asilo,
inclusive o recreio termina com um sinal anônimo, não humano,
que indica às crianças que devem se adestrar, pouco a pouco para parar numa determinada lajota
atrás de determinada cabeça, para formar uma fila, geralmente do menor ao maior.
Durante os últimos séculos, temos construído nossas escolas
à imagem e semelhança das prisões e fábricas,
priorizando o cumprimento das regras, o controle social.
A escola foi pensada como uma fábrica de cidadãos obedientes, consumistas e eficazes,
aonde, pouco a pouco, pessoas se convertem em números, qualificações e estatísticas.
As exigências e pressões do sistema terminam desumanizando a todos,
porque vão além dos professores, diretivos ou inspetores escolares.
Estão considerados como grupos homogêneos,
com conteúdos homogêneos que tem que obter resultados parelhos.
Que todos temos que saber o mesmo.
Apesar de que, adultos, não sabemos todos a mesma coisa,
apesar de que não nos dedicamos todos à mesma coisa.
Nas escolas, todos tem que querer fazer a mesma coisa e fazê-la igualmente bem.
Então, a escola tem pouca capacidade de responder às necessidades individuais,
porque a escola instrui, é um centro de instrução e é o que faz.
Quem não aprende, fica. Essa é a realidade.
Isso, de alguma maneira, implica em que o sistema educativo é um sistema de exclusão social:
seleciona o tipo de pessoas que irão à universidade
para chegar a formar parte de uma série de elite
que domina as empresas, que domina os sistemas de produção, econômico, de comunicação, etc.
E outro tipo de pessoas
para as quais a escola não é suficientemente adequada
que estão destinadas a outro tipo de trabalho mais precário porque não vão dispor dos diplomas para fazer isto.
Ao sistema e aos estados,
não lhes preocupa isso,
honestamente, não lhes preocupa o ser humano enquanto pessoa, enquanto indivíduo.
E, nestes termos, toda a educação que busque outra coisa tem que ser proibida.
A realidade é que a essência da escola prussiana está imersa na estrutura mesma da nossa escola.
Os exames padronizados, a divisão de idades, as aulas obrigatórias,
os currículos desvinculados da realidade, o sistema de qualificações,
as pressões sobre os professores e crianças, o sistema de prêmios e castigos,
os horários estritos, o claustro e a separação da comunidade, a estrutura vertical.
Tudo isso continua sendo parte das escolas do séclo XXI.
A escola está fechada ao mundo exterior.
Te explicava o título do meu livro " Do mapa escolar ao território educativo",
para indicar essa fábula do cartógrafo que conta (Jorge Luis) Borges
que começa a fazer um mapa de um território determinado
e se entusiasma por fazê-lo o mais perfeito possível.
O mapa termina substituindo o território.
Então, hoje em dia, a escola se fechou, se meteu dentro do mapa.
O que se ensina? Verdades que estão no mapa, não no território.
Escola não é sinônimo de educação. A escola pode ser um velho mapa da sabedoria.
Mas a educação é o território onde todo o aprendizado acontece.
O que é uma boa educação? Conseguir que a maior quantidade de crianças atravesse os padrões de qualidade?
Que obtenham ferramentas e conhecimentos que não os interessam
para superar barreiras que outros lhes impõem?
Não era o objetivo da educação alcançar uma boa qualidade de vida?
Esqueçamos, por um momento, tudo o que sabemos sobre educação,
toda nossa forma de entender a escola,
tudo o que nos disseram que devemos aprender na vida e o que devemos ensinar aos nossos filhos.
Começar a ver cada coisa,
a revisá-la como se nunca a tivéssemos visto
Ou seja, cada ação, cada atitude, cada costume.
Se não estivéssemos fazendo as coisas como as estamos fazendo porque sempre as fizemos assim.
Como as faríamos hoje?
Não? É como balançar a cabeça e dizer, bom,
começamos de novo.
Comecemos de novo.
Vejam crianças, vocês tem que entender que o discurso que escreveram é algo que pode incomodar muita gente.
- Bom, está bem, mas se é o que sentimos e o escrevemos assim, por que não podemos lé-lo assim?
- São nossas palavras, o que pensamos, qual é o problema? - Se faz responsável pelo que escrevemos aí.
-Não, não, não para, para, para. -(Discussão)
- Para, para, para um pouco Martin porque te conheço.
Te aborrece tudo nesta escola, te aborreço eu, te aborrecem os professores. Te conheço bem.
- Não, você a mim não me conhece.
- Sim te conheço. - Não, não me conhece.
“Não me sigam, sigam à criança”
Nos não queremos ensinadores, queremos educadores.
Isso é fácil. O que é dificil é
ajudar a produzir o normal desenvolvimento de uma pessoa.
Se eu quero fazer isso tenho que conhecer o ser humano intrínseco,
Que potencialidades traz?
Em que idades traz quais potencialidades?
Mas, mas, não segue à criança . Não esta observando à criança.
Não conhece realmente à criança, a cada uma particularmente. Mas conhece muito à teoria.
Então, é como queum adulto que sabe o que deve fazer a criança, mas está cego, um pouco, sobre a realidade.
Quer dizer, o centro dessa educação é a criança.
Então, ela é pensada a partir de quais são suas necessidades.
E não desde quais são as nossas necessidades como adultos.
As crianças desde que nascem, nascem com essa capacidade de criar, são criativas, observadoras e curiosas.
E na escola podem acontecer duas coisas:
Que o processo seja acompanhado e se propiciem-se atividades/npara desenvolver essa capacidade ou que seja frustrada.
De fato, poderiamos caracterizar que o ser humano tende a aprender.
Inclusive podemos dizer mas ainda, não é merito nenhum do ser humano aprender.
Porém, é que não pode não aprender.
Você o vê. O tempo todo está te perguntando "E isto por quê? E isto por quê? ".
Não é que alguém tenha que lhe proporcionar a vontade de perguntar, ele a tem na sua essência.
Basta que tenha órgãos sensoriais e percebe, não é verdade?
Basta que tenha seu cérebro e pense, raciocine/n e imagina, cria e fantasia.
Mas na escola, consegue-se apenas silenciá-lo.
Assim, se prestares atenção, cada vez, à medida que crescem as crianças,
vão perdendo sua curiosidade e seu desejo de aprender.
Uma criança com 12 anos
dificilmente quando sai da escola pega um livro,
É a minoria que faz isso.
Por quê? Porque está cansado, está totalmente cansado de que lhe digam o que deve e o que não deve fazer,
e já perdeu toda curiosidade por aprender.
A mente da criança tem qualidades de aprendizagem qualitativamente superiores às dos adultos,
porque está naturalmente desenvolvida para perceber o que lhe é apresentado
e, com isso, cria sua mente, se constrói a si mesmo.
Em poucos anos, aprende a controlar seu corpo,
pode comunicar-se em vários idiomas, compreende as regras da natureza e as características da sua cultura.
Todo este complexo e maravilhoso processo, se dá de maneira inconsciente.
Aprende sem muito esforço por conta própria.
Das coisas que aprendemos na escola, inclusive quando na escola aprendíamos muitas coisas,
Há muito poucas que necessitamos na vida cotidiana.
É possível que a escola seja conveniente, eu não acredito que a escola seja necessária.
Acredito que pode ser demais, na melhor opção muito conveniente na sociedade, mas podemos prescindir dela.
Porque podemos viver sem saber logaritmos, mas não podemos viver sem saber nos relacionarmos com outras pessoas.
ou sem saber caminhar, ou sem saber usar ferramentas.
Todas essas coisas as crianças aprendem brincando.
As crianças, desde que nascem, têm a habilidade de se construir a si mesmas,
aprendendo do que encontram à sua volta,
através do brincar e explorar o mundo.
As crianças absorvem cultura, as crianças vêm a absorver a cultura dos pais,
e isso se vê inclusive na linguagem.
Está no contexto cultural humano, os números e as letras e as palavras, então eles o aprendem.
Igual que aprendem a andar, porque há adultos que andam.
Quer dizer, quando um ser humano nasce,
Sua biologia não o obriga a ser humano.
Necessita nascer em um entorno humano.
Tudo o que nos rodeia, influi tremendamente em nossa aprendizagem.
Os espaços, os tempos, as atitudes das nossas famílias.
As emoções, os gostos, as crenças.
Tudo é parte desse ambiente com o qual construímos a nós mesmos.
A pergunta então é
Que ambiente estamos oferecendo às crianças, para que os adultos se desenvolvam dessa maneira?
Porque a criança entra, e entra a um meio dogmático.
“Sente-se aqui”,”Fique 6 ou 7 horas sentado nessa fila” Que horrível!
Se estamos numa família onde essa rede de afetos é supremamente fraca, os níveis de agressão são muito altos,
de violência, a criança vai ser uma criança provavelmente muito violenta.
Não é seguro que vai ser violento, não estou dizendo isso, mas, sim, estamos falando que
em contextos violentos, a violência se reproduz facilmente.
A criança vai dar o que recebe.
Então, por isso temos que conseguir relações muito mais amorosas, muito mais profundas nas aulas.
Estudos indicam que, atualmente, na idade de 5 anos, 98% das crianças poderiam ser consideradas gênios.
São curiosos, criativos, e têm a habilidade de pensar de formas diversas, resolver problemas,
quer dizer, têm a mente aberta.
O problema é que, 15 anos mais tarde, só 10% dessas crianças mantém essas capacidades.
Ou seja, de alguma forma, estou dizendo que desde além da mente,
desde o mundo da consciência, todos somos gênios.
E, realmente, o que o professor tem que aprender é que seus alunos
Possam abrir as portas de suas mentes para que desça todo esse conhecimento
e essa criatividade e essa genialidade que todos temos dentro.
Se olharmos os grandes homens da humanidade e mulheres da humanidade,
todos tem sido grandes sonhadores, quer dizer que tiveram uma imaginação enorme.
Como seres humanos, somos o resultado de milhares de anos de adaptação natural e evolução.
Trazemos dentro aquelas características que nos tem permitido sobreviver, transformar-nos e crescer.
Desde a vontade de comer quando temos fome, até a curiosidade interna das crianças de explorar o mundo.
Este potencial está esperando que lhe permitamos manifestar-se.
Nas crianças, o vemos nas brincadeiras espontâneas,
nos adolescentes de hoje através da rebeldia e a necessidade de transformar a realidade.
Por que insistimos em matar sua espontaneidade e castigar sua rebeldia?
quando são estas as características que manifestam suas necessidades humanas internas de desenvolver-se?
A criança tem um professor interior, sobretudo nos primeiros anos,
que a impulsiona a aprender, que a impulsiona a descobrir, que a impulsiona ao movimento,
que a impulsiona a participar, a trabalhar, a repetir comportamentos,
que a impulsiona a decidir quando quer deixar de repetir algo porque já o superou.
Observando como atuam as crianças, descobrimos que usam todos os critérios de um investigador verdadeiro,
exatamente os mesmos. É claro que existem distintos níveis de complexidade, não é verdade?
Mas não há criança que não seja sistemática na observação,
não há uma menininha pequena que esteja observando que não produza experimentos.
Como podemos fazer para que sejam mais criativas? Elas já são,
a única coisa que temos que fazer é lhes oferecer as possibilidades para que possam expressar-se
de diferentes maneiras.
Se continuarem a fazê-lo, amanhã serão cientistas,
amanhã serão artistas.
Há que deixá-los.
- Basta, deu Martin, não faz falta, vamos ver, que você ganha com isto?
- Eles apresentam o tema das notas, por exemplo. Dizem que somente o que nos importa é a nota final.
- Que não nos importa se estudam o não estudam, se aprendem ou não aprendem.
- Vai Martin.
- Chega, já era, o que ganho? Me tirou a vontade. - Por que é tão teimoso?
- E, mais ainda, de alguma maneira estamos fazendo com que compitam entre eles por isso.
- Você também pensa assim?
- Olha, acho que não é uma explicação tão equivocada, tão errada.
Evidentemente, alguma coisa da estrutura da escola não lhes faz bem.
Olha, Javier, eu acho que o que faz mal para eles é a sociedade
E com a sociedade que temos, o melhor que pode lhes acontecer é vir à escola, não acha?
- Esta bem, mais isto é bastante forte. - Eu sei, mas...
- Desculpem! - Sim.
- Aqui está tudo o que aprendi em cinco anos de escola.
- Sabem o que vai acontecer com isto?
- Eu vou esquecer tudo.
- Ainda mais.
- Já me esqueci.
"Estudar não é um ato de consumir idéias, mas de criá-las e recriá-las"
Então, a educação nasce assim, colocar mais informação porque achamos que essa informação é necessária.
A pergunta que eu me faço é:
Quanto concordamos do que nos ensinaram na educação básica por exemplo?
Quanto lembramos dos conteúdos ensinados no Ensino Médio?
É que a maneira com que o senhor o apresenta, não motiva a ninguém.
E o estudante acredita que a unica coisa que tem que fazer é repetir, repetir, repetir até que tudo se enfie na cabeça.
- Repitam, vejamos
"Actínio, Ac, 3, metal,
"Actínio, Ac, 3, metal"
Vejamos.
Quando eu repito, quando eu repito
alguma coisa que me dizem que devo repetir,
simplesmente me transformo num repetidor.
"ácido desoxirribonucleico,
ácido desoxirribonucleico,
ácido desoxirribonucleico"
Compreenda ou não compreenda não interessa, porque o que importa é que eu diga da mesma maneira o que foi dito.
"ácido desoxirribonucleico,
ácido desoxirribonucleico",
Se eu exijo de uma criança mais do que ela pode dar, começo a gerar estresse nesta criança.
"ácido desoxirribonucleico,
ácido desoxirribonucleico,
ácido desoxirribonucleico"
Aprender se converte num processo maçante,
num processo difícil,
e deixo de aprender.
Tudo o que você possa aprender na escola no dia a dia,
passa a segundo plano, se não é parte da tua decisão, se não é parte da tua opção.
São conhecimentos frios, são palavras que podem se perder com o tempo.
A informação ou o saber podemos armazená-la no nosso cérebro, em um livro ou um computador.
Mas a compreensão é uma ferramenta em constante crescimento,
com características únicas que variam segundo cada pessoa,
implica criar e estabelecer relações entre critérios,
e assim, resolver problemas e construir novos conhecimentos.
As crianças não eram autômatas que simplesmente copiavam ou repetiam as coisas porque sim, senão que realmente havia,
havia como mais consciência de parte deles, do que estavam fazendo.
Esse conceito vai entrar nele, vai assumi-lo de uma maneira, relacionada com a sua vivência.
Se não se desfruta da aprendizagem, não existe aprendizagem autêntica.
E, sobretudo, a genialidade que cada um leva dentro não pode se manifestar,
e não pode enriquecer ao resto da classe, nem ao próprio professor.
A aprendizagem profunda só pode estar embasada no interesse, na vontade, na curiosidade,
e se origina além das fronteiras da razão.
É muito mais que analizar ou relacionar conceitos.
Aprender implica um profundo processo onde se criam relações entre a pessoa e seu entorno.
Porque existe um principio que também é utilizado pela neurociência:
"O que o cérebro humano mais gosta é conhecer,
mas quando conhece com felicidade, gozo e prazer, que é o aspecto lúdico."
Temos partido do cérebro emocional, para ir ao cérebro lógico,
e essa lógica é válida, é boa, é mais completa.
Existe algo maravilhoso em ver o momento do descobrimento,
que é o momento da aprendizagem. Essa criança não se esquece nunca mais
quando chegou a entender o porquê.
Antigamente, o conhecimento só podia ser encontrado nas bibliotecas ou universidades,
ter acesso era vital para a aprendizagem.
Hoje, o livre acesso à informação, as bibliotecas virtuais, a construção coletiva do conhecimento,
conseguem que não apenas o conhecimento esteja ao alcance de todos,
de forma aberta e plural, senão que se atualiza constantemente.
O que nós possamos aprender na escola hoje,
dentro de 4 anos, talvez quando a criança deixe a escola,
já vai estar completamente desatualizado.
A educação, ao se escolarizar, se meteu dentro da escola
e perdemos os critérios exteriores da natureza.
Hoje em dia, lemos critérios que saem nos livros,
o problema é que como muitos deles são verdadeiros,
para quê vou discutí-los?
Mas com isso, desvirtuamos o que é o processo educativo, que é de descoberta,
não de aprendizagem das verdades.
Já não vai aceitar as coisas como verdades, vai apresentá-las
e, ao mesmo tempo, vai estar disposto a duvidar delas e a revisá-las juntos, não?
BOLA FEITA EM CASA
CASA VIZINHA
BOLA COMPRADA
BOLA PERDIDA
"O que temos que aprender o aprendemos fazendo."
Em todo nível, o ser humano sempre aprende o que faz.
Tem que se esforçar para aprender o que não faz.
Primeiro foi ação, depois vem o cognitivo.
E, às vezes, olhamos o motriz pejorativamente,
e resulta que a motricidade está muito ligada à parte cognitiva.
O jogo é um desafio ao desconhecido.
Um desafio ao que pode acontecer, porque quando um menino joga ou se coloca frente a isto,
parte do princípio de que coloca algo em movimento,
na educação sempre estamos colocando algo em movimento.
À casa do tio-escola, digo eu,
viemos aprender, isso é obvio não viemos brincar e nada mais,
porém, de brincadeira em brincadeira se aprende muito.
Estudamos quando saímos à natureza,
a procurar coisas, explorar, encontrar, ter vivências.
Quando você trabalha e conecta às crianças com a natureza, tudo flui.
Ir nessa escola é um prazer, porque todos os dias temos tantas coisas
para experimentar, para pesquisar para agradecer que estamos vivos.
A tarefa do educador então consistirá, em todo momento, em mostrar mistérios, mostrar
situações na natureza que, ainda que já estejam descritas pela ciência, não o estão para o educando.
De modo que o educando, se surpreenda frente a algo e trate de lhe encontrar uma explicação.
Se tem gerado todo um movimento de décadas chamado escola ativa,
onde a criança faz, produz, sai da cadeira.
Mas isto não é novo, o escreveu Piaget nos anos 50,
não se coloca em prática porque dá preguiça.
A princípios do século XX surgiram diversos movimentos na pedagogia,
pensadores de diferentes partes do mundo desenvolveram experiências educativas concentradas na ação,
a liberdade da criança e a construção autônoma da aprendizagem,
repensaram toda a estrutura da escola tradicional.
Porém, a mediados de século, todas estas ideias transformadoras começam a cair no esquecimento
com o medo aos estados totalitários.
Bom...o método está centrado em que a criança é quem aprende, totalmente.
Tem que ter, necessariamente tem que ter objetos físicos,
objetos concretos para que a criança manipule, que a criança experimente.
Tudo no ensino fundamental é operativo, tudo é operativo, tudo é com material concreto.
A criança na medida que erra, vai se dando conta, porque o mesmo material leva à correção.
Normalmente não é o adulto quem deveria estar corrigindo à criança.
É a própria criança quem tem que estar corrigindo-se a si mesma.
Agora também existe muito a correção por parte de outras crianças
Eu acredito que desde o ponto de vista educacional são bem-vindos os erros e os equívocos.
De fato, a ciência apresenta mais erros e equívocos que acertos.
É verdade que avança, nós sabemos que pode avançar quando há um acerto,
mas os erros são os que permitem que os cientistas possam avançar.
Ao ver as crianças que dizem "Não importa se erro porque estou aprendendo,
porque ninguém tem que ganhar aqui, senão que todos estamos para melhorar".
O inventor da lâmpada elétrica teve mais de mil tentativas falidas antes de fazer funcionar a lâmpada.
Quando um jornalista lhe perguntou o que sentia ao fracassar mil vezes ele respondeu:
"Não fracassei mil vezes, a lâmpada elétrica é um invento de mil passos".
Igual que uma descoberta científica, a educação informal é o resultado de um processo profundamente caótico,
onde o homem procura uma ordem causal, lógica, passando do caos à ordem alternadamente.
Mas esta aprendizagem nasce da pergunta no caos, não de uma resposta numa ordem.
A sociedade quando nós nascemos, a sociedade
nos torna mais ignorantes porque nos dá respostas a estas perguntas.
E nos dá respostas pré-fabricadas, pré-fabricadas na filosofia, na política e até nas religiões.
Então mata as perguntas e a capacidade de aprender.
Eu acredito que de maneira sintética poderíamos dizer que a escola está orientada para a resposta.
Em troca, os processos educativos que ocorrem fora do âmbito escolar, mas também dentro dela,
estão orientados para a pergunta, para a indagação,
nos quais a resposta vem, mas não é o cerne no processo.
O que deve fazer o educador então? Ajudar à revelação daquilo, não impor uma resposta.
A importância da pergunta está colocada desde o começo da filosofia na antiga Grécia,
onde a aprendizagem surge do repensar e do voltar a questionar.
Mas, se essa é a natureza da aprendizagem,
Por que insistimos em estruturá-lo, limitá-lo, condicioná-lo, ordená-lo?
PLANEJAMENTO CURRICULAR
É assim como todos os seres vivos aprendem, através de interagir com os outros e com o entorno,
não através de um currículo prévio que alguém estabelece.
O tempo escolar então é um tempo enganoso, no sentido de que nos coloca numa programação,
a ideia de que o educando irá progredindo de acordo como o programa está planejado.
Nesse sentido, a escolarização é linear,
passo um, passo dois, passo três,
E o décimo passo vai estar depois do nono.
Mas na aprendizagem a situação é diferente, pode ser que a pessoa avance
progressivamente de maneira linear, um, dois, três e pula ao décimo.
O currículo é um guia ordenado para construir o conhecimento baseado em experiências prévias.
Mas se a aprendizagem se caracteriza por processos tão diversos e individuais,
Qual é a necessidade de forçar isso e alcançar objetivos?
Normalmente os objetivos educativos no mundo são colocados a partir de fora do aluno, da criança:
"Espera-se que seja um bom cidadão" "Espera-se que possa participar desta sociedade competitiva", etc, etc.
Portanto, a criança começa a entender que as ações do ser humano não partem tanto de uma força interna,
de uma conexão com a natureza, de uma percepção de uma sensibilidade pela vida.
Senão que estão motivadas por alguma coisa exterior, estudo para passar o exame,
não leio para aprender, não me interesso pelos animais porque eu gosto deles,
não, não, é que agora não cabem os animais, agora cabe outro tema.
Se eu não mudo o interesse, se não desenvolvo as partes criativas, estou gerando robôs com objetivos
e, portanto, no caminho vão ficar um 60 ou 70% das crianças com potencialidades maravilhosas.
- Novamente, repitam:
"Actinio ac 3 metal"
Vamos ver
"Actinio ac 3 metal,
Actinio ac 3 metal,
Actinio ac 3 metal,
Actinio ac 3 metal"
Ajo, porque se eu faço isso, conseguirei um prêmio, terei um carro desta maneira e tal.
E se isso significa que tenho que especular, ou que tenho que passar por cima de quem quer que seja,
tenho que mentir e tenho que pisotear quem está ao lado, dá na mesma.
A que tipo de relação educativa leva isto? Uma relação educativa que põe a ênfase no resultado.
Ao crescer, a escola e a sociedade nos levam a assumir motivadores externos para alcançar os objetivos,
e dificilmente podemos entender que alguém pode realizar alguma coisa sem interesse,
mais que o próprio prazer do processo.
Mas uma criança pequena não tem um lugar aonde ir,
simplesmente desfruta de crescer, caminha pelo simples prazer de caminhar e explorar,
e isso faz com que se desenvolva,
sua motivação não está no objetivo, nem no resultado, está no caminho.
O que podemos dizer é que não temos objetivos concretos sobre a vida das crianças,
que tenham que aprender determinadas coisas, que tenham que ser de determinada maneira, não temos esses objetivos.
O currículo que se faz aqui, é um que está plasmado num caminho
e que a criança maneja esse caminho, então ela o tem e ela sabe.
Então o professor não é protagonista do filme,
o conteúdo não é o protagonista, o protagonista é a criança que
acompanhada do adulto que faz de intermediário,
põe-se em contato com o conhecimento, e o conhecimento já atrai e age por si só.
E aí, nisso que estou lhes contando, se respeita o ritmo da criança,
ou seja, não existe a pressão fundamental de que tem que chegar a este resultado em tal tempo.
Se eu concebo que ao longo do curso tem que aprender a escrever seu nome,
assim vou estar preocupado e, em lugar de ver à criança, vou ver ao objetivo,
e vou tentar adaptar a criança ao objetivo.
Se o que quero é que aprenda e viva,
digamos, de maneira espontânea, pois isso ela vai aprender de qualquer maneira
mas eu não vou estar preocupado por isso e vamos a poder fluir e desfrutar do processo.
Finalmente, as crianças não vão somente passar melhor, quer dizer, dentro de 20 anos
terão uma melhor lembrança da sua escola, que já é muitíssimo,
senão que, além do mais, têm rendimentos melhores
com resultados a longo prazo melhores.
- Vamos, Micaela: Porquê você insiste com esse discurso?
- Por que eu quis me expressar, colocar o que penso, o que sinto.
- Meu amor, todos nós queremos fazer o que sentimos e muitas vezes, temos que fazer coisas que não gostamos.
- Não, me desculpa, mas eu não tenho a mesma opinião que você.
- Bem, eu te entendo, mas... - Me escuta Micaela: Você não quer passar de ano,
ter um diploma, uma profissão, ser alguém na vida?
- Mas...
eu já sou alguém na vida.
"Na verdade, só existe o ato de amar, (...) Significa dar vida, aumentar a sua vitalidade.
É um processo que se desenvolve e se intensifica a si mesmo."
A gente se encontra com duas vias pedagógicas básicas.
Uma que é: "devo adaptar a criança à cultura",
e outra que é: "devo adaptar a cultura à criança",
leia-se: direita e esquerda pedagógicas, é simples assim.
Em algum caminho do meio deve estar a verdade.
A escola construiu seus embasamentos sobre uma ideia fundamental, que transcende toda sua estrutura:
a noção de que as crianças estão vazias,
e, em consequência, a sua individualidade pode ser rompida e reformada,
interceptada de acordo com as necessidades externas.
A criança tem sido considerada como um objeto de estudo,
um rato dentro do maior laboratório de socialização da história,
cujo principal objetivo foi o de modelar ao ser humano.
Isso é muito humano, não é? Pensar que se não cuidarmos do bosque ele se estraga,
para o bosque, deixá-lo tranquilo é suficiente, sempre,
tudo que temos de bosque é porque o ser humano não tem interferido.
Mas o ser humano acredita que intervindo faz mais, faz melhor as coisas.
Dentro da semente de uma árvore, se encontra toda a informação que este ser necessita para se desenvolver.
O ambiente que a rodeia contém tudo o que essa árvore necessita para crescer,
porém este desenvolvimento depende da estrutura interna dessa semente.
Todas as reações às condições externas estão planejadas no interior de cada ser,
tanto de uma árvore, como do homem.
A formação dos órgãos vitais, a estrutura óssea, os tecidos,
as características básicas de cada um de nós
são o resultado de um processo interno, autônomo,
que não requer a intervenção do ser humano,
onde a mãe satisfaz apenas os recursos necessários, mas não dirige
Qualquer célula tem uma estrutura interna que lhe permite saber,
inconscientemente, o que precisa a cada momento, como deve que ser o entorno ao seu redor
para satisfazer as necessidades internas da célula, expressadas geneticamente,
para que essa célula possa chegar a ser o que ela é em potência.
Quer dizer, o objetivo da vida é viver e se autorealizar
para isso, esse organismo precisa encontrar um ambiente que respeite,
que satisfaça essas necessidades internas.
Havia um jardineiro que tinha tanto amor pelas plantas,
e então as cuidava tanto que ia ali, e enquanto começavam a brotar ia esticando seus caules.
O que aconteceu? Todas se deformaram ou morreram.
Ou seja, o crescer, é inato, não temos que esticar ninguém,
não temos que fazer que nada apareça, somente temos que procurar que lhe chegue o necessário
Para sobreviver esta célula tem algumas necessidades básicas:
alimento, segurança e talvez o elemento mais importante,
que tem feito possível toda a evolução biológica,
o amor.
Uma vez que a célula conta com estes recursos começa a se desenvolver, a se autorrealizar.
O amor é necessário durante todo o desenvolvimento da vida,
em sua gestação é a companhia e proteção do útero,
depois é o contato corporal, apoio emocional, expressões, gestos, sons,
até o entendimento, a aceptação, o respeito e a confiança no outro.
Se o amor é vital para o desenvolvimento e o aprendizado,
Por que geralmente tentamos educar com ameaças, castigos, tensões, esquecendo o amor?
E o que fazemos os adultos?
Temos que conseguir que faça o que nós queremos,
e aí entram os prêmios e os castigos:
"Não. Eu te avaliarei e te darei uma prova, e você terá que passar o exame, e se não passa
chegarão a tua casa umas notas, umas classificações ruins que quando teus pais vejam te darão uma bronca e
bla, bla, bla, haverá uma série de consequências."
Nos falta capacidad de amar,
então normalmente amamos de uma forma limitada.
"Eu te amo se concordar comigo, senão não te amo." Esta é normalmente a nossa forma de amar.
Quando a pessoa não se sente amada ou tem conflito nisto,
cria uma representação de si mesmo. Vai contando algo dele que não é ele.
Quanto más intensa a dor, más distante é a representação da pessoa real.
Se me obrigam a fazer uma série de coisas,
com as quais eu não estou interessado em absoluto,
mesmo que tentem me motivar extrínsecamente através de prêmios, castigos, notas e balas,
minha necessidade pode ser outra.
Mas esta necessidade, eu não posso atendé-la porque estão me obrigando a fazer outra coisa.
Com o qual eu vou perdendo cada vez, a conexão com meus próprios recursos, com minha própria força vital.
Os prêmios e castigos atuam manipulando as necessidades bâsicas.
Quando não recebemos amor e proteção fazemos o possível para obté-los,
gerando mecanismos de conduta e comportamento que nos permitem sobreviver
nos condicionamos.
Essa criança não estuda para aprender, não trabalha por prazer, nem para se realizar,
faz isso porque senão perde a segurança, o amor, sente que morre.
Todo o seu acionar passa a ser controlado pelo medo.
De alguma maneira, o que se faz na escola atual, estou generalizando, é semear esse medo.
Se coloca limites à pessoa, em vez de fazer o contrário, e pôr limites é o medo,
Em nossa mente estruturada quando criamos dentro de uma crença,
a forma que tem a mente para não sairmos dessa crença e criar fora, é o medo.
Quando nós aproximamos à beira de uma crença sentimos medo.
É um mecanismo de controle, é um mecanismo de manipulação ética.
Se você se comportar bem, eu te qualifico bem. É um modelo condutivista,
esse é o grande modelo condutivista que tanto mal tem feito a nossa sociedade.
O manifesto condutivista de 1913 promovia uma psicologia
< cujo o objetivo era a predição e o controle da conduta.
Mediante experimentos com ratos, animais e seu condicionamento,
se desenvolveu uma ciência de controle social,
utilizada para pensar as bases da escolarização moderna,
a publicidade, a propaganda política, o treinamento militar e os exercícios de tortura.
A manipulação das massas através do medo.
Todo o que vemos na atualidade no nosso mundo, Todo tem como base, o medo.
O medo à mudança, o medo ao progresso, o medo de ser você mesmo,
o medo de amar, o medo a revelar teu ser perante este mundo.
Então, estamos criando uma sociedade onde a gente trabalha em coisas que não gosta
para conseguir dinheiro, para conseguir posição. ou seja, é a sociedade de autoengano.
"Tenho um diploma de, tenho um título de, tenho"
E o " ter" é o que nos separa realmente de nossa identidade,
o que nos leva de novo ao medo. "Tenho que aparentar que sou".
As crianças que tem ficado e tem saído de este tipo de escolas,
nos dizem muito alegres que não sentem essa pressão,
porque tem descoberto ao longo de sua infância e de sua adolescência que as fazem as coisas por um
prazer pessoal, por um gosto pessoal, por uma meta pessoal.
O importante é esta vontade de viver, sem esta vontade de viver
a vida não vale a pena, não?
Então as crianças nos mostram esta vontade de viver que como adultos temos perdido.
Então as primeiras perguntas teriam que ser
Estou cuidando da vontade de viver desta criança ou não?
Quer dizer, quando a criança está bem cuidada,
e bem cuidada significa respeitada em seus processos vitais acompanhada por adultos disponíveis,
com uma serie de límites que o ajudam a fortalecer-se, quando a criança está bem cuidada,
a criança tem vontade de construir coisas com os outros desde o amor.
Se uma criança sempre faz o que o adulto lhe manda,
chega um momento que se desconecta-se de si mesmo.
No entanto, se eles estão habituados a seguir o seu próprio impulso, seguem relacionados com o seu interior
sabem o que querem, sabem quem são.
As crianças, além disso, te levam pela mão, e te mostram realmente, te dizem o que necessitam,
a questão é ouvi-los e colaborar com eles na sua busca.
Uma descrição dos organismos vivos é que são autopoiéticos,
sistemas com a propriedade de produzir-se a si mesmos continuamente,
e as relações que se dão entre eles nunca são instrutivas, mas de vida, desenvolvimento e progresso.
Quer dizer, na natureza não existem ordens externas,
simplesmente organismos conscientes conectados mas em pleno desenvolvimento autônomo, num aparente caos.
Digamos que o estímulo não é necessário, não temos que motivar às crianças para nada.
Se eles querem fazer algo, fazem-no, e se não, não o fazem. Mas não temos que motivá-los
para que façam algo onde irão bem,
porque eles sabem se irão bem ou não.
E que eles possam ir escolhendo e se posicionando de forma instintiva naquilo que realmente
vai chamando sua atenção, os estimula, que descobram realmente o dom que cada um deles tem.
Se transforma em tua própria responsabilidade, em vez da responsabilidade de um sistema.
Ou seja, quem eu queira ser é minha própria responsabilidade.
A criança se faz consciente disto desde pequeninho.
A célula gera uma mebrana que a separa do entorno exterior.
Esta membrana é semipermeável, quer dizer,
permite que ingresse o que precisa do entorno, quando o necessita.
Somente é necessário, que estes recursos estejam disponíveis no exterior,
mas sem forçar seu ingresso ao ser, sem violar sua segurança e bem-estar.
Desta maneira o organismo pôde criar-se a si mesmo, se autorealizar.
É assim como aprendemos da cultura.
O debate entre o inato e o adquirido não tem uma resposta,
porque ambas atuam numa complexa interação... que requer amor e respeito.
Por tanto, a criatividade é a maneira como o organismo se expressa,
expressa algo que tem construido através do respeito a suas próprias necessidades.
Com os conhecimentos bases, tentar ver
em que momento se encontra, que é o que necessita, o que ele quer, o que será que lhe dará mais impulso.
Porque lá no fundo é a criança que vai dar os passos, na realidade ninguém aprende de forma forçada,
não é aprendizagem o que se produz quando é forçado.
A infância é o mais belo, ou seja que é a alegria.
E neste sentido eu creio que
qualquer educação é boa se cuida da alegria e da vontade de viver da criança.
- Então pessoal, semana que vem é a prova final.
Leram o livro? Era curto, era curto
-Eu não o li professora, o ano já está terminando. Chega, para que me serve tudo isso? eu quero ser bailarina.
Não me serve de nada tudo isso. -Não claro, não...se as bailarinas não estudam.
-Para mim sim vai servir, eu vou estudar marketing então vai me servir.
-Ah, para mim também não vai servir de nada, profe
por qué temos que aguentar anos estudando coisas que depois não nos servem para nada?
-Não, claro. Para nada, para nada -É como a carta que escrevi.
- Ai, outra vez com o assunto da carta. Pessoal, chega. -Me interessa o assunto da carta.
O que isso, shh, hey, hey, ora, ora.